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Objetivos Quantificar as proporções das ocorrências nas diferentes espécies ou taxa encontrados;

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Academic year: 2021

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QUANTIFICAÇÃO DE ATROPELAMENTOS DE VERTEBRADOS SILVESTRES EM UM TRECHO DA GO 213.

Kaio César Damacena Silva (UEG) kaiodamacena@gmail.com Dhesy Allax Cândido de Freitas (UEG) dhesy_allax@hotmail.com Kyrly Morais Carneiro (UEG) kyrlymonitor@hotmail.com Nilson Kássio Pereira Lima (UEG)

ambikassio@gmail.com Pâmella Aparecida de Souza Pires (UEG) pamellapires@hotmail.com Jonas Byk (UEG) jonasbiologia@hotmail.com

Introdução

As rodovias são causadoras de muitos impactos nos ecossistemas em que estão inseridas, provocando invasão, fragmentação e perda de habitat, dispersão de espécies exóticas e remoção de espécies nativas, doenças, poluição luminosa, sonora, visual e atmosférica; interrupção de secções de corpos d’água, criação de efeito de borda, aumento de focos de incêndio, “cicatrização” do solo e intensificação do calor, quando há pavimentação; entre outros; podendo as perturbações se perpetuarem até mais de 1 km, transversalmente as vias (TROMBULAK & FRISSEL, 2000). Os impactos diretos à fauna, como o obstáculo ao deslocamento natural dos animais, obrigando algumas populações a evitarem os locais próximos às estradas ou até mesmo se isolarem. Isso provoca mudanças no comportamento de indivíduos, como, por exemplo, nos padrões de área de vida e reprodução; deterioração fisiológica; alterações nos níveis tróficos de cadeia alimentar em certas comunidades; e os atropelamentos de vários indivíduos que, apesar de tudo, se expõe para forragear, acasalar, etc. Em outros casos alguns indíviduos são atraídos pelas rodovias, quando há alimentos nas mesmas (LIMA & OBORA, 2004; PRADA, 2004; TROMBULAK & FRISSEL, 2000).

Em Goiás, as malhas rodoviárias federais e estaduais encontram-se em constante expansão quantitativa e qualitativa (GONÇALES & JÚNIOR, 2005). A GO 213, que liga as cidades de Caldas Novas e Morrinhos, encontra-se próximo ao Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (PESCAN), que segundo Nascimento et al (2008) possui alto nível de riqueza e diversidade de espécies. Existe grande possibilidade das populações destes locais também estarem sendo afetadas pelas rodovias, em decorrência destas estarem em rotas turísticas com fluxo elevado (CAMPOS et tal 2005).

Objetivos

Quantificar as proporções das ocorrências nas diferentes espécies ou taxa encontrados;

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2 Avaliar as variações espaciais e temporais;

Propor soluções preventivas, compensatórias e mitigatórias ao problema.

Metodologia

Foram realizadas 24 viagens ao longo de um trecho da GO 213 no sentido Morrinhos – Caldas Novas. O trecho tem aproximadamente 58,5 Km pavimentados, com acostamento, em variadas condições geométricas e de conservação e quase em sua totalidade de pista única, com exceção de um pequeno trecho de pista dupla próximo a um posto da PM Rodoviária Estadual localizado na saída do município de Morrinhos. Foi percorrido um total de 1406,4 Km ao longo de todas as coletas, não contabilizando o trajeto de retorno. Estas foram realizadas duas vezes ao mês, no período compreendido entre maio de 2010 e abril de 2011, de forma que se procurou manter constante o intervalo entre as mesmas. As viagens foram feitas em veículo automotor do tipo passeio, com dois observadores, procurando-se manter uma velocidade média de 55 km/h. Começaram no início da manhã, para que se pudesse observar também as carcaças de animais vitimados no crepúsculo e aurora imediatamente anteriores, que é o período de maior movimentação da maioria das espécies, principalmente carnívoros (SILVEIRA, 1999), e ainda às condições climáticas nesse período serem normalmente mais propícias à observações. Sempre que foi avistado algum animal atropelado, era feita uma parada imediata, para melhor visualização, onde fazia-se o registro e a identificação do indivíduo, conforme bibliografia especializada: Gwynne et al (2010), Oliveira e Cassarro (1999).

Grande parte das ocorrências foram fotografadas com câmera digital Kodak Easyshare Z 980, possibilitando assim o esclarecimento de dúvidas quanto à identificação dos indivíduos, como também a geração de um acervo fotográfico. Foram registradas as coordenadas geográficas dos registros em aparelho receptor do sistema GPS. Para analisar os dados, foi usada a ánalise descritiva, de forma a calcular as taxas de espécies e grupos atropelados por Km da rodovia e do percurso, por viagem, por mês e por estação. E ainda, a abundância relativa de cada espécie, em relação ao total de registros em geral e por grupo, percentuadamente. Também, utilizou-se da estatística inferencial, com o intuito de se observar a distribuição temporal das ocorrências de atropelamentos. Por meio daquela, foi observada a relação destes com as duas estações no Cerrado (seca e chuvosa). Para tanto, foi usado o teste estatístico paramétrico t de student para amostragem independente.

Resultados e Discussão

Ao longo dos doze meses de estudo foram registrados um total de 100 vertebrados silvestres atropelados referentes a 4 classes, 13 ordens, 15 famílias e 19 espécies. Devido ao estado de deterioração de algumas carcaças houveram 40 espécimes não identificados a nível de espécie e 6 aves, 14 mamíferos e 2 répteis não foram identificados ao nível de ordem e 3 indivíduos não puderam ser registrados sequer quanto à classe. Levando em conta os 1406,4 Km totais percorridos ao longo do estudo espaço amostral, houve uma média de 0,0685 animais/km percorrido (A/Km P).

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Numero este elevado, quando comparado com outros artigos: Prada (2004) com 0,048 (A/Km P), Montovani (2001) que encontrou 0,0015 (A/Km P), Silveira (1999) com 0,045 (A/Km P) e Jácomo et al (1996) que registrou 0,06 (A/Km P).

A classe de mamíferos somou maioria (66%); seguida por aves (23%); e anfíbios e répteis, que tiveram o percentual 5% e 3%, respectivamente. Os espécimes que não puderam ser identificados nem quanto à classe corresponderam a 3%. Os resultados não diferiram da maioria dos levantamentos realizados para estas quatro classes em outras regiões do país. Em geral, nesses trabalhos, mamíferos e aves estão entre os dois grupos mais registrados, e répteis e anfíbios são apresentados como os de menor ocorrência. Essas semelhanças dos dados devem estar relacionadas ao tipo de amostragem empregado ou às características do local de estudo, ou a ambos. Como a maioria dos estudos, as coletas deste foram feitas em carro de passeio, o que influência bastante na visualização dos espécimes, visto que os de menor porte serão mais difíceis de se notar (LIMA E OBARA, 2004; PRADA, 2004).

Foram registrados apenas cinco carcaças de anfíbios, sendo quatro da ordem Anura e um da ordem Gymnophiona, porém não identificados quanto á família devido ao estado de conservação das carcaças. Talvez a contabilização dessa classe tenha sido a mais subestimada entre todas. Isso devido ao porte reduzido dos animais e a maior velocidade de deterioração das carcaças, o que dificulta muito os registros (HENGEMUHLE e CADEMARTORI, 2003; PRADA, 2002).

Quanto as aves, ocorreram vinte e três indivíduos pertencentes à seis ordens e mais seis espécimes não foram identificados nem quanto à esse nível. A espécie mais encontrada nesse grupo, foi a siriema (Cariama cristata), com sete registros. Este é uma animal que vive no chão e voa apenas em situações de perigo, mesmo assim a curtas distâncias e é considerado comum neste local segundo relatos de usuários do trecho de estudo. Somado a isso, seu porte maior, quando comparado ao grupo das aves, deve ter facilitado à sua contabilização durante as coletas. Foi também a quarta espécie mais vitimada com atropelamento, ao longo do estudo, entre todos os registros, correspondendo portanto à 7% da amostragem. O segundo mais registrado entre as aves foi o urubu (Coragypus atratus), que foi encontrado atropelado três vezes. Vale a pena salientar, ainda, as ocorrências de Falconiformes da família Falconidae, dos quais foram obtidas três carcaças, sendo dois caracará (Caracara plancus), (Figura 4) e um carrapateiro (Milvago chilmachima). È importante ressaltar, que assim como os anfíbios, muitos dos indivíduos dessa classe possuem porte reduzido, o que pode ter dificultado a visualização (HEGEMUHLE e CADERMATORI, 2003).

Ainda em relação aos mamíferos, houveram sessenta e seis indivíduos, pertencentes à quatro ordens, oito famílias, mais quatorze não identificados. A ordem mais atingida foi a Carnívora, com vinte e um indivíduos, ou seja, aproximadamente 32% da classe, sendo que quinze eram Canidae. Número este, também muito semelhante com alguns dos inventários no Brasil, onde esta ordem normalmente é a mais vitimada entre os mamíferos. (HENGEMUHLE e CADEMARTORI, 2003; PRADA, 2002).

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A segunda e terceira ordem mais registrada entre os mamíferos foram, respectivamente: Xenartha com 15 espécimes e Cingulata com 14. Inclue-se no primeiro grupo o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridacyla), que representou 11% dos atropelamentos e assim foi o mais registrado entre todas as espécies. Com 10% das ocorrências, a segunda espécie mais encontrada, entre todas, foi também um mamífero:

Eupharactus vilosus, pertencente à ordem Cingulata.

Os répteis foram representados por apenas 3 indivíduos, sendo eles uma serpente: Boa constrictor, da família Boidae e dois Tupinambis morinae, que são da ordem Squamata e família Teiidae. Essa classe foi a de menor expressividade, chegando a se igualar em número com as carcaças não identificadas nem quanto à classe. O resultado se mostra totalmente o inverso do trabalho de Hengemuhle e Cademartori (2003), que registrou 58 répteis e teve esse grupo como o de maior ocorrência entre as quatro classes. Na metodologia, as coletas foram feitas a pé, o que deve ter facilitado a visualização de carcaças de menor porte, que é o caso dos répteis e também dos anfíbios. Além disso, em geral, répteis parecem não serem muito comuns se arriscando em atravessar estradas.

Foi quantificado 49 indivíduos na estação seca e 51 na chuvosa. Utilizando-se o teste estatístico paramétrico t de student não pareado, para comparar o número de atropelados nesses dois períodos encontrou-se o valor calculado de 0,4086, que por ser menor que o valor tabelado à 5%, 15 graus de liberdade (2,95), não é significante, ou seja, a estação não interferiu no número de ocorrências e as médias em ambos os casos não são significativamente diferentes entre si. Como se pode observar já pela pequena diferença entre os dois períodos, provavelmente eventuais mudanças em fatores como nível do fluxo de veículos, características das espécies ou do clima não têm interferido na vitimação dos animais.

Para interpretar os dados geográficos, advindos do registro das coordenadas, foi dividido o trecho em estudo em cinco partes iguais, conforme os graus de longitude da rodovia e analisado o número de indivíduos encontrados em cada trecho. Assim, considerando o sentido Morrinhos–Caldas Novas, obteve-se os seguintes resultados: Trecho 1 (longitude 49° em diante): 16 indivíduos; Trecho 2: (longitude 48°51’ à 48°60’): 45 indivíduos; Trecho 3: (longitude 48°41’ à 48°50’): 34 indivíduos; Trecho 4: (longitude abaixo de 48°40’): 05 indivíduos.

Considerações finais

Os resultados demonstram um diagnóstico preliminar acerca das espécies mais afetadas com esse trecho da GO 213, como também aspectos da biologia e ecologia da fauna do local: ao que parece, padrões sazonais e de deslocamento, por exemplo. Isso parece bem evidente, visto que animais mais abundantes, de maior atividade e área de vida têm mais chance de serem atropelados, considerando a área de estudo.

Embora seja este um estudo básico, e que portanto necessita de maiores esforços amostrais e de outros estudos mais avançados, devido ao maior número de registros encontrados no trecho 2 (quarenta e cinco espécimes), aconselha-se empregar maior

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sinalização nessa parte. Poderiam ser, por exemplo, placas e/ ou redutores de velocidade.

Referência

CAMPOS, J. E. G.; TRÕGER, U. & HAESBAERT, F.F. Águas Quentes de Caldas Novas, GO Notável ocorrência de águas termais sem associação com magmatismo. Instituto de Geociências (UNB). DF. 2005.

GWYNNE, J. A. Aves do Brasil: Pantanal & Cerrado. Editora Horizonte. SP. 2010.

HENGEMUHLE, A. & CADEMARTORI, C. V. Levantamento de mortes de vertebrados silvestres devido a atropelamento em um trecho da Estrada do Mar (RS-389). Rio Grande do Sul, Centro Universitário La Salle.3 p. 2008.

JÁCOMO, A. T. A.; SILVEIRA, L. & CRAWSHAW. P. G. Impacto da Rodovia estadual GO-341 sobre a fauna do Parque Nacional das Emas, Goiás. IN: 3° Congresso de Ecologia do Brasil. (ANAIS).UNB. 174p. DF. 1996.

LIMA. S. F.& OBARA, A. T. Levantamento de animais silvestres atropelados na BR-277 às margens do Parque Nacional do Iguaçu: subsídios ao programa multidisciplinar de proteção à fauna. Maringá, Universidade Estadual de Maringá. 2p . 2004.

MONTOVANI, J. L. Telemetria convencional e via satélite na determinação de área de vida de três espécies de carnívoros na região nordeste do estado de São Paulo. 118 f. Tese (Doutorado em Ciências). Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, SP. 2001.

OLIVEIRA, T, G & CASSARO, K. Guia de felinos do Brasil. Instituto Pró-Canívoros, Fundação Parque Zoológico de São Paulo, Sociedade de Zoológicos do Brasil, Pró-Vida Brasil, SP. 2005.

PRADA, C. S. Atropelamento de vertebrados silvestres em uma região fragmentada do nordeste do estado de São Paulo: quantificação do impacto e análise dos fatores envolvidos. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos. SP. 2004.

SILVEIRA, L. Ecologia e conservação dos mamíferos carnívoros do Parque Nacional das Emas. 117 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) – Departamento de Biologia Geral, UFG. GO. 1999.

TROMBULAK, S. C.& FRISSEL, C. A. Review of ecologycal effects of roads on terrestrial and aquatic communities. Conservation Biology. 1(14): 18-30. 2000.

Referências

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