ANTICORRUPÇÃO
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NO
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BRASIL
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Leopoldo U. C. Pagotto 30 de junho de 2010Introdução
Introdução
• Objetivos desta apresentação
• Breve histórico do combate à corrupção.
• Algumas considerações gerais sobre estratégias anticorrupção.
Anticorrupção no Brasil
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• Origens do Estado no Brasil.
• Ocupação territorial: empreendimento privado.
• Presença esporádica do Estado no período colonial. • Corrupção reconhecida como problema.
Come-o o meirinho, come-o o carcereiro, come-o o escrivão, come-o o solicitador, come-o o advogado, come-o o inquiridor, come-o a testemunha, come-o o julgador e ainda não está sentenciado, já está comido [...] o que anda em juízo, ainda não está sentenciado e já está comido. Padre Vieira
Anticorrupção no Brasil
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IMPÉRIO
• Gradual importação da dicotomia público-privado para um estado patrimonialista.
Para o funcionário “patrimonial”, a própria gestão política apresenta-se como assunto de interesse particular: as funções, os empregos e os benefícios que deles aufere relacionam-se a direitos pessoais dos funcionários e não a interesses objetivos, como sucede no verdadeiro Estado burocrático, em que prevalecem a especialização das funções e o esforço para se assegurarem garantias jurídicas aos cidadãos. A escolha dos homens que irão exercer funções públicas faz-se de acordo com a confiança pessoal que mereçam os candidatos, e muito menos de acordo com as suas capacidades próprias.
Anticorrupção no Brasil
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REPÚBLICA VELHA
• Várias falhas na legislação fragmentária: ofertante de suborno não era condenado.
• Corrupção: mais um problema do sistema politico do que de apropriação do publico pelo privado.
– Dom Pedro II nao era corrupto, mas Estado era um sistema corrupto.
– República Velha: acusação similar feita pelos tenentistas
Anticorrupção no Brasil
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• Combate à corrupção: condicionado pela agenda da mídia
• Mar de lama de Lacerda e construção de Brasília. • Profusão de leis anticorrupção:
– Lei de crimes de responsabilidade (Lei n. 1.079/50) – Nova lei sobre perda de bens (Lei n. 3.164/57)
– Nova lei de improbidade (Lei n. 3.502/58)
• Corrupção como justificativa para o Golpe de 1964
– Comissão Geral de Investigação: amplos poderes – Decreto-lei n. 359/68: perda de bens sem processo
Anticorrupção no Brasil
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“o recurso não sai do caixa da empresa [Furnas]. Isso é da relação com as empresas que fornecem serviços à empresa. É assim em todas as estatais. Por isso os partidos se digladiam pelas nomeações. Sempre foi assim”.
Roberto Jefferson • Para 17,3% dos parlamentares julgam alto o nível de corrupção no Congresso Nacional, e 48,9%, mediano (Instituto FSB 2009).
• Em 18 países da América Latina, 41,8% da população pagaria suborno para que “as coisas funcionem” (PNUD)
2,70 2,96 3,56 4,00 4,1 3,9 4 4 3,9 3,9 3,7 3,3 3,5 3,5 3,7 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Anticorrupção no Brasil
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Índice de Percepção da Corrupção - Brasil
37 40 36 46 45 49 46 45 54 59 62 70 72 80 75 41 54 52 85 99 90 91 102 133 146 159 163 179 180 180 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Posição no Ranking Total de Países Pesquisados
Anticorrupção no Brasil
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• Pós 1988: normas à reboque da pressão da imprensa & crescente pressão da sociedade civil.
• Repressão criminal
– Administração Pública Estrangeira (Lei n. 10.467/02)
– COAF
Operações rastreadas entre 2003 e 2008
1 .3 4 4 4 .0 0 1 1 0 .9 5 6 2 7 .3 0 5 2 3 .8 5 8 4 4 .8 1 7 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 2003 2004 2005 2006 2007 2008
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• Repressão administrativa:
– Lei de Improbidade Administrativa – Crescente ativismo do MP
– Preocupação inédita com recuperação de ativos para além da ação civil pública e da ação popular. • Repressão político-constitucional:
– Lei de Crimes de Responsabilidade
– Lei de Crimes Eleitorais. Repressão ao abuso do poder econômico
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Como combater a corrupção?
Foco nos incentivos para os agentes envolvidos na corrupção: funcionários públicos (do PM ao Presidente da República) e particulares (empresas, ONGs etc.)
Consenso: aumentar os custos e diminuir os benefícios. Probabilidade de detecção Baixa Alta Probabilidade de punição
Baixa Benefícios altos Benefícios medianos Alta Benefícios medianos Benefícios baixos
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• Como fazer essa alteração nos custos e benefícios? – Repressão mais certa?
– Repressão mais dura?
• Ênfase na modernização do Estado: melhores práticas, melhores arranjos institucionais, melhor remuneração, maior cooperação internacional etc.
Mas e a sociedade civil? E as empresas? • Existe sim corrupção no setor privado. Nas empresas, se
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• Limitada cooperação com as autoridades: – Delação premiada possível
– Pouco espaço para imunidade total
• O que pode uma empresa fazer se descobrir seu envolvimento com um caso de corrupção?
COLABORAR!!! COLABORAR!!!
• Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. • Perjúrio não existe para pessoa física sob investigação.
O que fazer em caso de uma busca e apreensão? • Leia o mandado e deixe as autoridades entrarem
– atenção para o endereço indicado e o que é determinado
• Avise o advogado da empresa imediatamente e peça que as autoridades esperem-no chegar
– provavelmente, não farão isso
• Siga as ordens, fornecendo os documentos requisitados
• Forneça as informações solicitadas
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O que fazer em caso de uma busca e apreensão? • Tente estabelecer internamente que apenas uma
pessoa se comunique com as autoridades
• Não destrua qualquer documento, pois isto é crime
• Observe o que as autoridades fazem e tome nota do que foi copiado
• Peça uma cópia de tudo
• Todos os envolvidos devem reportar imediatamente após a saída das autoridades
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Vantagens de um programa de compliance:
• Obediência à lei, reforçando a noção de ética empresarial.
• Aumenta o valor de mercado da empresa, na medida em que diminui o risco de passivo oculto.
• Evita punições administrativas (vedação para participar de licitações, multas, vedação a parcelamento de tributos etc.)
• Evita possíveis ações civis de indenização – são raras, mas permitidas por lei.
• Evita repercussões penais.
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COMO FAZER UM PROGRAMA DE
COMO FAZER UM PROGRAMA DE
COMPLIANCE
COMPLIANCE
CONTRA
CONTRA
CORRUPÇÃO NA EMPRESA?
CORRUPÇÃO NA EMPRESA?
ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA
Talvez seja apenas o caso de se adaptar programas de compliance pré-existentes no exterior às peculiaridades do contexto brasileiro, aumentando sua eficácia.
1º PASSO:
Análise das particularidades da empresa• Identificação das necessidades específicas das
empresas.
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2º PASSO:
Due diligence– Investigação interna, especialmente de áreas sensíveis
que possam se relacionar à corrupção (relações governamentais).
– Identificação dos problemas e
apresentação de sugestões para eliminar ou minorar os riscos.
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3º PASSO:
Implementação– Adequação das normas internas e procedimentos das
empresas, se for o caso.
– Conscientização e treinamento
– Mecanismos disciplinares internos (disque-denúncia).
Possíveis focos de atenção:
1. Comunicação com autoridades e mensagens internas com descuidos na linguagem.
2. Licitações públicas.
3. Defesa da interesses perante o governo (lobby).
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4º PASSO:
Monitoramento constante– Política interna direcionada aos funcionários.
– Adoção de procedimentos internos pelo departamento
jurídico.
– Regulação dos setores de maior risco interno.
– Estruturação de auditoria interna e, possivelmente, de
auditoria externa.
– Análise jurídica dos atos empresariais relevantes de
relação com seu público consumidor e seus
fornecedores.