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MESTIÇAGEM NA CRÍTICA PERIÓDICA: LENDO MACHADO POR SUA VIDA E IDENTIDADE

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Academic year: 2021

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MESTIÇAGEM NA CRÍTICA PERIÓDICA: LENDO MACHADO POR SUA VIDA E IDENTIDADE

André Luis Mitidierii

Entre o século XIX e a primeira metade do século XX, abordagens de teor biográfi-co, sociológico e psicológico marcaram o cenário crítico brasileiro e, como não poderia ser diferente, a crítica em torno a Joaquim Maria Machado de Assis, representada em especial por Araripe Júnior, José Veríssimo e Sílvio Romero. Também historiadores da literatura, os dois últimos revelaram-se desencantados com o tempo em que viviam. De tal modo, “con-tradisseram um tique da historiografia literária, depois restaurada pelos modernistas: a de que a narração das fases do trajeto culmina na elevação do hoje, exaltado enquanto auge de um processo, de que ele é efeito e síntese”1. Assim, os primeiros romances de Machado

apenas passaram a receber maior atenção depois da publicação de Helena (1876).

Essa narrativa, junto a Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874) e Iaiá Garcia (1878) foram consideradas basicamente quanto às balizas do estilo e da forma, das fontes e influências, nacionalidade e originalidade, bem como da escola literária e do subgênero que poderiam ou não integrar. A perspectiva biográfica atingiria com força maior os livros edi-tados na década seguinte, mas já figurava no seguinte comentário: “dotado de uma imagi-nação fria e positiva que, por assim dizer, embaraça-lhe a pena na descrição das paixões vi-olentas e deixa incompletos os quadros das grandes tempestades do coração. Nota-se isso no seu belo romance Ressurreição”2. Por sua vez, Araucarius, pseudônimo utilizado pelo

cônego Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro (1875), convocava o detalhe biográfico para dizer que “A mão e a luva tal é o título dum romance do nosso simpático Machado de As-sis”.

i Professor Adjunto de Língua Espanhola e Literaturas Hispânicas no Curso de Letras da UESC, Professor Efetivo no Mestrado em Linguagens e Representações dessa universidade. Docente-Colaborador do Mestrado em Literatura Comparada da URI, campus Frederico Westphalen.

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Uma característica que parcela dos críticos havia enxergado nos romances Ressur-reição, Helena e Iaiá Garcia – a pouca “brasilidade” – passaria a ser transferida, desde o plano das criações literárias, a um traço no caráter de seu criador. Na via oposta, outras re-senhas publicadas na imprensa viam suas personagens como representativas da sociedade brasileira durante o Segundo Reinado. Mesmo que até então a crítica pudesse convocar a biografia do escritor, em apreciações negativas ou positivas, em grande parte, ainda não se desviava dos textos de sua autoria.

A partir das edições de Memórias póstumas de Brás Cubas, primeiro em folhetim na Revista Brasileira, durante 1880, e em livro no ano posterior, o “bom Machadinho pen-durara num cabide sua auréola de bom moço e apresentava-se como uma espécie de apren-diz de Mefistófeles”3. As ferrenhas objeções de Sílvio Romero se agravaram desde “a

con-sagração das Memórias póstumas. O sucesso dos inimigos incomoda, se bem que nem tanto quanto o dos amigos. No êxito do livro encontra-se a gênese do texto que figura no folheto O naturalismo em literatura, onde, sem nenhuma preocupação crítica, predominam a gros-seria, o despeito e o ressentimento”4.

Assim como ocorreu a Romero, durante longo tempo, muitos críticos não puderam separar a obra ficcional do “‘escritor correto e diminuído’, na opinião de Raul Pompéia, ou ‘mulato que escrevia de cócoras com uma pena de pato’, como sentenciou Martins Fon-tes”5. Ainda com motivação biográfica, o desprezo revelado por José do Patrocínio (1888)

deveu-se ao fato de o “homem da porta da Garnier” haver permanecido estático frente ao movimento abolicionista:

O país inteiro estremece; um fluido novo e forte, capaz de arrebatar a alma nacio-nal, atravessa os sertões, entra pelas cidades, abala as consciências... Só um ho-mem, em todo o Brasil e fora dele, passa indiferente por todo esse clamor e essa tempestade... Esse homem é o Sr. Machado de Assis. Odeiem-no porque é mau; odeiem-no porque odeia a sua raça, a sua pátria, o seu povo.

Com a edição de Quincas Borba em volume e o ingresso de José Veríssimo no pa-norama crítico nacional, incrementavam-se as apreciações à obra machadiana, não só em número, como “também em termos qualitativos, já que sobre o livro também escreveram

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Magalhães de Azeredo, José Anastácio (provável pseudônimo de Teófilo Guimarães) e Ar-tur de Azevedo”6. Foi quando Araripe Júnior (1892a, 1892b) tentou desfazer juízos

negati-vos que havia emitido, entre os anos de 1870 e 1880, sobre os textos de Machado. Sua re-senha, entretanto, sublinhava a inabilidade do narrador no tratamento concedido à persona-gem Sofia Palha, de acordo com o crítico, ligada a uma real deficiência do ser histórico:

‘para bem retratar mulheres, é indispensável senti-las ao pé de si e cheirar-lhes o pescoço, ou brigar com elas, intervindo e perturbando os seus negócios’ [1892], sentenciava o crítico, para quem ‘Machado de Assis, asceta dos livros e retraído ao gabinete, não as invadiu por nenhum destes aspectos’ [1892]. As observações, que podem ser lidas como insinuação de que Machado teria pouca experiência com mulheres, lançando dúvidas sobre sua virilidade ou mesmo sobre os encan-tos de sua discreta esposa, D. Carolina, de fato magoaram o escritor7.

A crítica biográfica assim realizada não se confirmaria caso fossem de conhecimen-to público os bilhetes, cartas, cartões postais e telegramas, enviados ou recebidos por Ma-chado, os quais foram reunidos por Irene Moutinho e Sílvia Eleutério8 em Correspondência

de Machado de Assis. O primeiro volume dessa coleção, abarcando intervalo compreendido entre os anos de 1860 e 1869, mostra que, antes de seu casamento com Carolina Novaes, “Machadinho” era um galanteador, conhecido no meio teatral nem tão somente pelas críti-cas às peças em cartaz no centro do Rio, mas igualmente por seus namoros com atrizes.

Outro foi o alvo de José Veríssimo (1892), em cuja apreciação a Quincas Borba, os detalhes de ordem biográfica serviam para justificar uma “obra eminentemente pessoal de um escritor que, pelo seu gênero de vida, pelas próprias circunstâncias especiais de tempe-ramento e de caráter, ficou alheio ao conjunto de fatos de toda ordem que eu chamaria a Vida brasileira”. Da mesma forma, o jornalista José Anastácio (1892) qualificava o sujeito histórico “para dar uma idéia do estilo primoroso, como só o simpático escritor brasileiro o sabe burilar”. Também Antônio Salles (1898) recorreu à vida de Machado na crítica à se-gunda edição de Iaiá Garcia (1897). “Caminhando para a velhice (que ele nos perdoe a im-pertinência do acerto!), era natural que o autor entrasse a cuidar menos de paixões e se fos-se refugiando pouco a pouco na região fos-serena das idéias, como quem sai de um boulevard mundano para uma ilha sossegada e discreta, onde o coração repouse e o cérebro trabalhe”.

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Entre as décadas de 1880 e 1890, as publicações de Araripe Júnior, José Veríssimo e Sílvio Romero na imprensa obedeciam à seguinte dinâmica:

Araripe respondia de forma velada e Veríssimo reagia explicitamente a Sílvio Romero que, em 1882, desancara o autor das Memórias póstumas, chamando-o de ‘tênia literária’, ‘ente infeliz’, acusando-o de oportunista e anacrônico, por não ter forças de romper com o passado e por equilibrar-se comodamente numa com-binação de classicismo e romantismo. Mais recentemente, Romero excluíra Ma-chado de Assis da sua História da literatura brasileira, publicada em 1888. Por outro lado, a reação em linhas gerais entusiástica a Quincas Borba serviria de es-tímulo e daria munição para Sílvio Romero produzir seu ataque final a Machado, não mais por meio de artigos na imprensa, mas na forma de um livro, Machado de Assis: estudo comparativo de literatura brasileira9.

Lafayette Rodrigues Pereira (1898), o Labieno, quis defender Machado e seus traba-lhos contra as diatribes lançadas por Sílvio Romero nesse texto publicado em 1897. No en-tanto, o empenho se perdia em meio a outras acusações dirigidas ao crítico que, contudo, havia ressalvado:

quando o escritor dá largas ao seu próprio temperamento, produz as melhores e mais espontâneas páginas de seus livros; quando se entrega aos preceitos e regras que aprendeu nas obras alheias, aos tiques que foi adquirindo aos poucos, resvala, algum tanto, para o extravagante e gera tipos incertos de suposto humorismo, como Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e quejandos. Para tudo dizer sem mais rodeios: Machado de Assis é grande quando faz a narrativa sóbria, ele-gante, lírica dos fatos que inventou ou copiou da realidade; é menor, quando se mete a filósofo pessimista e a humorista engraçado10.

O intelectual sergipano até poderia aceitar alguns textos de Machado que se distan-ciassem dos modelos clássicos e românticos, em seu julgamento, predominantes no autor. Por outro viés, negava-se a nele reconhecer marcas positivas que o habilitariam a integrar tendências estéticas e filosóficas em vigor na época. Tampouco incluiria o romancista entre os condutores do progresso. Em todos os casos, as falhas no que considerava uma obra de baixa qualidade se vinculariam à existência do sujeito “pobre, pouco escolarizado, tímido, gago, mulato”11.

No campo inverso, José Veríssimo (1900) saudava Dom Casmurro conjeturando que Machado talvez fosse

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e muito a seu modo, um ruskiniano: a paisagem, que ele, aliás, não ama, e da qual, que me lembre, jamais se ocupou, não será para ele um conjunto de árvores, montes, águas, com este ou aquele aspecto particular, senão a impressão moral e estética que ela produz no artista. Se esta é, como creio, a característica da sua re-presentação literária, tanto nos romances como nos contos, a da sua psicologia é idêntica a esta, mostrando assim que os seus processos literários, como próprios e pessoais que são, derivam do seu mesmo temperamento de escritor e procedem de um fundo comum de idéias e sentimentos. Ele não faz a psicologia, nem à mo-da de Balzac, nem à momo-da de Bourget; sobretudo não a faz à momo-da deste e de seus imitadores, essa psicologia meticulosa, minuciosa, rebuscada, preciosa como a língua das sabichonas e, no fundo, falsa.

Em sua consideração ao mesmo romance, o crítico argentino Martin Garcia Merou (1900) baseava-se em Veríssimo para notar que um traço culminante na personalidade de Machado era “ser perfeitamente um escritor, um homem de letras. Passou pelo jornalismo, mas nele ou fora dele continuou sendo um artista, o mais respeitado e querido pelos jovens escritores do seu país, o único talvez que num meio tão pouco propício fez da literatura a única preocupação de sua vida e conseguindo viver das letras e para as letras”. Por sua vez, um resenhista que se utilizou do pseudônimo WALFRIDO (1904) vigiava o próprio texto crítico sobre Esaú e Jacó (1904) a fim de não enveredar “pela discussão, ou, talvez, tentati-va de estudo do romancista. Estaria fora de lugar e do dever atual... que é fechar a notícia com a delícia de falar no estilo do Sr. Machado”.

José Veríssimo (1904) alertava ao fato de que, “apesar de enganadoras aparências, em todo caso mais pessoais que literárias, em contrário, é grande e forte a personalidade do autor de Esaú e Jacó”. Por sua vez, Araripe Júnior reconsideraria, no ano de 1908, aquela mencionada avaliação de Quincas Borba, na qual destacava a contenção e o recato do fic-cionista. Hélio de Seixas Guimarães (2004) pensa que a referência do crítico ao talento e à vocação aponta certa “necessidade de abertura a outros parâmetros, individuais, quase psi-cológicos, para justificar a exceção, o deslocamento e a excentricidade da obra machadiana; mas também reafirma a prevalência e a centralidade do meio, a cujas influências e determi-nações a maioria dos escritores sucumbiria, de acordo com o pensamento determinista do tempo”.

O parâmetro individual faz-se notar no mesmo texto de José Veríssimo (1904), ante-riormente mencionado: “À obra do Sr. Machado de Assis, a de mais perfeita unidade em

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nossa literatura, é tanto mais preciso aplicar esta regra de crítica quanto a sua maneira lite-rária, o seu estilo que, como em raros, é ele próprio, são por assim dizer o seu temperamen-to individual”. Essa citação contradiz o afirmado no parágrafo imediatamente anterior, quanto à divisão da obra machadiana em duas “maneiras”, sendo que, na “série dos roman-ces da segunda – e agora, parece, definitiva – maneira do Sr. Machado de Assis, Esaú e Ja-có mantém o primado adquirido pelas Memórias de Brás Cubas, Quincas Borba e D. Cas-murro”12.

Da mesma forma, em sua História da literatura brasileira: de Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908), lançada em 1916, o crítico apresentaria uma conclusão parado-xal. No último capítulo, com foco no escritor carioca, de um lado, sugeria que sua trajetória perfaz “uma linha ascensional que desemboca no presente, colocado acima de todos os de-mais períodos, graças ao aparecimento do expoente máximo da arte nacional; de outro, a obra de Machado não corresponde ao corolário individual de uma propensão coletiva, e sim o inverso – e, nesse aspecto, o crítico irmana-se ao ficcionista – daquilo que se verifica na época”13.

Desconfortável com o tempo no qual vivia, como já observado, Sílvio Romero tran-sitou desde o positivismo comtiano, que havia marcado seu pensamento inicial, ao determi-nismo de Herbert Spencer e ao evoluciodetermi-nismo de Charles Darwin. Nas avaliações à produ-ção machadiana:

É no plano pessoal que o crítico centra fogo. Por exemplo, chamará a atenção pa-ra o fato de Machado de Assis não possuir diploma, ter instrução limitada, ‘de princípio demasiado parca’, numa referência à origem pobre do escritor, o que te-ria feito dele um funcionário mediano, para não dizer medíocre. Mas o grande problema de Sílvio Romero, para quem as questões de raça e miscigenação eram centrais na definição e na singularização da nacionalidade e, portanto, da literatu-ra bliteratu-rasileiliteratu-ra, está no fato de Machado, ‘genuíno representante da sub-literatu-raça bliteratu-rasi- brasi-leira cruzada’, não se entregar ‘à sua condição de meridional e mestiço14.

A crítica ao Memorial de Aires (1908) não contemplou incursões pela biografia do escritor. No entanto, uma carta publicada na Gazeta de Notícias, a 16 de novembro do mesmo ano, de Hemetério José dos Santos a Fábio Luz, denunciava o pouco caso que o in-telectual carioca teria feito da madrasta negra, após casar-se e mudar de status e passar a

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conviver com brancos. Brito Broca (1975) pondera: “embora nos pareça que não se pôde aferir até hoje, em termos exatos, até onde teria ido essa lamentável fraqueza do ‘filho’ de Maria Inês [...] Sim, é verdade que Machado, pelo desejo de subir na escala social, eximira-se de lutar pela sorte do negro” (p. 214). Agrippino Grieco (1959, p. 161) ainda informa que, além de “Cruz e Sousa, José do Patrocínio, Tobias Barreto e Hemetério dos Santos, Tito Lívio de Castro, jovem bem escuro, não parecia fremir de entusiasmo por Machado de Assis”.

O romancista carioca seria incisivamente criticado por Lima Barreto:

Sob o império da mesma concepção determinista que o levara a afirmar: ‘A Arte, por sua natureza mesma, é uma criação humana dependente estreitamente do meio, da raça e do momento – todas essas condições concorrendo concomitante-mente’, o criador de Policarpo Quaresma não escondia sua aversão a Machado de Assis. Recusava qualquer parentesco literário com o criador de Capitu. Achava-o tíbio em questões de língua – ‘Machado escrevia com medo do Castilho e escon-dendo o que sentia, para não se rebaixar’; falso – ‘Não tem naturalidade. Inventa tipos sem vida’; e indiferente às questões sociais – ‘Machado era um homem de sala, amoroso das coisas delicadas, sem uma grande, larga e ativa visão da huma-nidade e da Arte’15.

Após a morte do fundador da Academia Brasileira de Letras, a crítica precisou espe-rar o trabalho de Alcides Maya, editado originalmente em 1912, para demonstespe-rar alguma novidade em torno à obra daquele. À inserção do humour como critério de abordagem, o estudioso somava a projeção do sujeito histórico nas personagens ficcionais, como se verá. Contudo, após o prefácio de Graça Aranha ao volume de cartas trocadas entre Joaquim Na-buco e Machado de Assis, seguiu-se “quase uma década de silêncio, passando pouco menos que despercebidos os tardios comentários que lhe dedicou Luís Murat, em 1926. Um ou ou-tro pequeno ensaio, artigo de revista ou de jornal, e até algum livro inteiro, mal e mal per-cebido, não conseguiam quebrar o silêncio”16.

Diverso era o panorama em 1932, quando “surgiram os livros dos Srs. Fernando Nery, Vianna Moog, Mario Casasanta [...] Ainda de 36 é o ensaio do Sr. Teixeira Soares, todo ele simpatia e compreensão. A seguir apareceu o volume do Sr. Peregrino Júnior, de-vassando os desvãos clínicos ainda obscuros da vida e da obra de Machado”17. Todavia, o

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modernismo literário brasileiro não teve na crítica seu ponto mais forte. Segundo Wilson Martins (2004, p. 592), dois nomes lembrados a esse propósito realizaram seus trabalhos fora do movimento, e por razões diversas. De uma ou de outra maneira, suas restrições a Machado calcaram-se no parâmetro biográfico. Assim, Tristão de Athayde, pseudônimo de Alceu Amoroso Lima, “confessa em 1935 o ‘ressentimento’ provocado pelo escritor; da sua parte, Mário de Andrade observa, em 1939, que ‘a um Machado de Assis só se pode cultuar protestantemente’, já que ‘não se pode amá-lo’”18.

Apreciações à obra de Machado se renovariam por ocasião do centenário de seu nascimento (1939) e dos 50 anos de sua morte (1958). No primeiro momento, uma nova forma de estudar a ficção machadiana não cortava os laços com a perspectiva biográfica. Norteada principalmente por fatores de cunho psicológico, tinha por fim “estabelecer uma corrente recíproca de compreensão entre a vida e a obra, focalizando-as de acordo com as disciplinas em moda, sobretudo a psicanálise, a somatologia, a neurologia”19. Nesse âmbito,

Augusto Meyerii concentrou-se nas personagens criadas pelo intelectual fluminense para

mostrar que tinha por objeto de seu ensaio um “sujeito demoníaco”.

A década de 1940, na qual sobressai o ensaio Introdução a Machado de Assis, pu-blicado em 1947 por Barreto Filho, trazia novamente à cena o ângulo sociológico de abor-dagem aos textos literários. Esse prisma juntava-se com aportes filosóficos no arranjo me-todológico da crítica que, cada vez mais, passaria a ser exercida nas universidades, enfat i-zando uma história nacionalista. O insight de Arariper Júnior (1893) na análise de Quincas Borba então parece reiterado por Astrojildo Pereira (1944) quando esse chamava atenção para “aquilo que está bem à mostra, mas que tanta gente insistia em não ver: de como nos romances e contos do autor do Dom Casmurro encontramos o espírito vivo de um longo período da civilização brasileira”20.

A dominância da preocupação com o elemento nacional entre os críticos universitá-rios evidencia-se nas seguintes instituições, já instaladas a partir da década de 1930: USP;

ii O livro Machado de Assis (1935) foi relançado pelas editoras cariocas São José (1952) e Simões (1958). Junto com o ensaio “Machado de Assis”, de À sombra da estante (1947) e uma série que abarca diversos trabalhos, intitulada “Presença de Machado de Assis” (1938-1958), esses textos compõem o volume Machado de Assis, publicado pelo Instituto Estadual do Livro (RS) – MEYER, 2005.

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universidades do Distrito Federal e do Brasil (antecessoras da UERJ e da UFRJ); Universi-dade de Minas Gerais. “Há indícios, no entanto, da presença simultânea, ainda que minori-tária, da orientação retórico-poética, identificáveis na assimilação pelo ensino superior de dois livros inicialmente destinados ao nível colegial [...] Teoria da literatura (1944), de An-tônio Soares Amora, e Introdução ao estudo da literatura (1945), de Cecil Meira”21.

Boa parte da nova ordem, amparada em Afrânio Coutinho, viria hostilizar as contri-buições que os críticos publicavam em jornais e outras edições periódicas, rotulando-as como “impressionistas”. Também a perspectiva biográfica deveria ser execrada:

Os anos 1950 redefinem a recepção da literatura machadiana. À frente da mudan-ça de rumo está Augusto Meyer, condenando veementemente a crítica biográfica e conclamando os devotos de Machado de Assis a aderirem a um programa de produção crítica sobre a obra, compreendendo edição crítica, estudo estilístico, revisão bibliográfica e crítica22.

Nesse contexto, Brito Broca (1957) buscou livrar Machado de Assis das acusações de omisso quanto aos temas da raça e da escravidão, mas para tanto, amparava-se em seus textos ficcionais. Na mesma década, Agrippino Grieco (1959) realizou trabalho biográfico, crítico e histórico, em que as exaustivas informações sobre a vida e as análises aos textos de Machado entremeiam-se a referências literárias européias. A obra lhe rendeu enxovalhos, dos quais se defenderia no intróito ao livro posterior, “diante do furor a que os machadófi-los investiram contra um suposto machadófobo [...] Não sei converter num elemento bur-guês, num valor oficial, num medalhão, o espírito mais livre, mais voltairiano que nosso país já produziu, incapaz de venerar a religião, o patriotismo, a família, o exército, o parla-mento e o resto, sem excluir o próprio Cristo”23.

Por seu turno, Augusto Meyer (1965, p. 47) não deixava de incorrer em análise, de certa forma, biográfica, ao sublinhar mais uma característica de Machado: “a vocação ver-dadeira só produz e perdura com o exercício de uma disciplina [...] o gênio é um duro impe-rativo de renúncia e trabalho, uma longa paciência”. Desse modo, em vez da genialidade, o caráter autodisciplinador é que permitiria comparar o escritor brasileiro e o ficcionista russo Fiódor Dostoiévski.

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Sinalizando a outra vereda crítica em uma série de trabalhos, Eugênio Gomes (1939, 1949, 1953, 1958, 1967) contribuiu sobremaneira para com novas análises das obras literá-rias de Machado, destacando nelas o jogo intertextual e as peculiaridades do narrador. No meio tempo, a legislação brasileira de 1962 reservava um espaço facultativo à teoria da lite-ratura. A disciplina conseguiu a proeza de ser adotada na grande maioria dos currículos das faculdades de Letras: “ocupando os primeiros períodos dos cursos, usualmente correspon-dentes ao que se conhece como ciclo básico, precede o estudo das literaturas nacionais – em particular as vernáculas –, investindo-se assim de nítido caráter propedêutico em relação a estas”24.

Frutos de tal orientação, manuais de Heitor Megale, Hênio Tavares, Massaud Moi-sés e Orlando Pires, publicados entre os anos 1960-70, denunciam pouca reflexão teórica e acirrada sobrevivência da retórica-poética. O prefácio de 1968 à obra de historiografia lite-rária dirigida por Afrânio Coutinho (2002) testemunha o acolhimento das novas formula-ções teóricas. Nem o reforço da textualidade, todavia, com a semiótica, o estruturalismo francês e a semiologia, impediram que considerável segmento de estudiosos se repetisse no ato de lançar ao mesmo caldeirão: o “Bruxo do Cosme Velho”, sua instância autoral e os elementos internos de suas obras literárias. Parecia não haver novidade na crítica brasileira quando Machado era o tema.

A tradução do estudo de Helen Caldwell, em 1960, apontava outro rumo, junto aos trabalhos publicados nas décadas seguintes por Jean-Michel Massa (1971), Raymundo Fao-ro (1974), José Guilherme Merquior (1977, 1989), Roberto Schwarz (1977, 1987), Silviano Santiago (1978), Enylton José de Sá Rego (1983), John Gledson (1984), Leonardo Afonso de Miranda Pereira y Sidney Chalhoub (1988). Porém, o veredicto de Luiz Costa Lima (1981) ainda ressoa:

Ante a insensatez com que seus maiores antecessores se referiam a Machado, o crítico brasileiro contemporâneo pode-se sentir de algum modo confortado. Pelo menos, dirá para si, não sou capaz de semelhantes sandices. Mas o alívio é de pouco efeito. Não só se tornou fácil para nós elogiar Machado, quanto para nós continua a dificuldade que Sílvio, Veríssimo e Araripe em comum encontraram, a de saber a razão do discurso ficcional, que não se justifica mediante critérios ape-nas sociológicos, apeape-nas retóricos ou fundados na mera impressão. Para que tais critérios grosseiros sejam superados é preciso que a reflexão teórica adquira

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condições de continuidade e não seja, como permanece até hoje entre nós, forma-da por ilhas isolaforma-das, sem contato com a terra geral (p. 53).

As perspectivas críticas em torno ao romance machadiano vêm sendo redimensio-nadas, dentre outros estudiosos, por Roberto Ventura (1991), Juracy Saraiva (1993), Abel Barros Baptista (1998, 2003), Regina Zilberman (2003, 2004, 2005), Hélio de Seixas Gui-marães (2004a, 2004b, 2008), José Luiz Passos (2007), Antonio Carlos Secchin, Dau Bas-tos e José Luiz Jobim (2008), Marta de Senna (2008) e Paulo Franchetti (2008). Além dis-so, continuam a deter as atenções de John Gledson (1991, 2003, 2006), Luiz Costa Lima (2002, 2008, 2010) e Roberto Schwarz (1990, 1991, 204, 2006). Muitos desses estudos procuram apontar a vinculação e as reações de Machado ao pensamento dominante na épo-ca por ele vivida. Desse modo, afastam o escritor do desenépo-canto notado tanto em Sílvio Romero e José Veríssimo quanto em suas críticas ao Bruxo do Cosme Velho.

A gradativa eliminação das questões biográficas como parâmetro crítico, no que diz respeito à obra machadiana, verificada ao raiar do século XX, coincide temporalmente com a derrocada do paradigma romântico-positivista do gênero biográfico. Por sua vez, o estudo psicologizado da vida do sujeito escrevente, a vingar entre as décadas de 1930 e 1940, tor-na-se paralelo ao novo fôlego cobrado pelas biografias, em seu paradigma moderno. A reo-rientação da crítica em torno ao romance machadiano, especialmente notada a partir dos anos 70, ocorre ao mesmo tempo em que a biografia, a autobiografia e gêneros afins ven-cem preconceitos de vária ordem e ingressam na academia, ganhando renovados espaços tanto nos estudos históricos quanto literários.

NOTAS _______________________ 1 Zilberman, 2003, p. 880. 2 Ferreira, 1872. 3 Machado, 2003, p. 17. 4 Id. Ibid. p. 19. 5 Meyer, 2005, p. 107. 6 Guimarães, 2004. 7 Guimarães, 2004.

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8 Cf. Rouanet, 2008. 9 Guimarães, 2004. 10 Romero, 1992, p. 305. 11 Guimarães, 2004. 12 Veríssimo, loc. cit. 13 Zilberman, 2003, p. 880. 14 Guimarães, 2004. 15 Bastos, 2008, p. 3. 16 Pereira, 1959, p. 257. 17 Id. Ibid. p. 258. 18 Zilberman, 2005, p. 8. 19 Mello e Souza, 1970, p. 20. 20 Brito Broca, 1957, p. 12-13. 21 Souza, 1999, p. 102. 22 Werneck, p. 78, 1999. 23 Grieco, 1969, p. 5-6. 24 Souza, 1999, p. 103. RESUMO

Entre o século XIX e a primeira metade do século XX, aspectos biográficos, sociológicos e psicológicos marcaram o cenário crítico brasileiro e, como não poderia ser diferente, a crí-tica em torno a Machado de Assis. Seus romances apenas passaram a receber maior atenção depois do lançamento de Helena (1876). Essa narrativa, junto a Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874) e Iaiá Garcia (1878) foram consideradas basicamente quanto às bali-zas do estilo e forma, das fontes e influências, nacionalidade e originalidade, da escola lite-rária e do subgênero que poderiam ou não integrar. A perspectiva biográfica atingiu com força maior os livros que Machado editou na década seguinte, ao passo que a eliminação das questões biográficas como parâmetro crítico, verificada ao raiar do século XX, coincide com a derrocada do paradigma romântico-positivista do gênero biográfico. Por sua vez, o estudo psicologizado do sujeito escrevente, a vingar entre os anos de 1930 e 40, torna-se paralelo ao paradigma moderno das biografias. A reorientação da crítica em torno ao ro-mance machadiano, notada a partir dos anos 1970, ocorre ao mesmo tempo em que a bio-grafia e gêneros similares ganham renovados espaços tanto nos estudos históricos quanto li-terários.

PALAVRAS-CHAVE: Crítica literária. Identidade. Machado de Assis. Mestiçagem.

RESUMEN

Entre el siglo XIX y la primera mitad del siglo XX, aspectos biográficos, sociológicos y psicológicos marcaron la escena crítica brasileña y así la crítica en torno a Machado de

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As-sis, muchas veces, negativa debido a la identidad del escritor mestizo. Sus novelas solamen-te recebieron asolamen-tención más destacada luego de la presentación de Helena (1876). Esa narra-tiva, juntamente con Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874) e Iaiá Garcia (1878) fue-ron consideradas basicamente cuanto al estilo y la forma, las fuentes e influencias, naciona-lidad y originanaciona-lidad, la escola literária y el subgénero a los cuales serian o no capaces de pertenecer. La perspectiva biográfica atingiria más detidamente los libros de Machado edi-tados en la siguiente década, mientras la eliminación de las cuestiones biográficas como pa-rámetro crítico, verificada al albor del siglo XX, coincide con la derrocada del paradigma romántico-positivista del género biográfico. Por su turno, el estudio psicologizado del suje-to escribiente, a vingar entre los años de 1930 y 40, se hace paralelo al paradigma moderno de las biografías. La reorientación de la crítica a cerca de la novela “machadiana”, notada a partir de los años de 1970, ocurre al mismo compás en que la biografía y sus géneros veci-nos ganan espacios para análisis tanto en los estudios históricos cuanto en los literários. PALABRAS-CLAVE: Crítica literária. Identidad. Machado de Assis. Mestizaje.

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