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PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE PSICOLOGIA SOBRE O ENSINO EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

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PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE PSICOLOGIA

SOBRE O ENSINO EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

Leonardo Augusto Couto Finelli Ane Geruza Santos Daied Vaz Soares

Faculdade de Saúde Ibituruna – FASI finellipsi@gmail.com

RESUMO

A Avaliação Psicológica refere-se a uma prática de cunho exclusivo dos psicólogos e seus procedimentos são usados para nortear uma prática profissional mais segura. No entanto, muitas vezes esta prática é ministrada na graduação de forma pouco sólida o que pode comprometer a formação e atuação profissional. Nesse sentido, este artigo proporciona conhecer a percepção que os acadêmicos tem com relação ao ensino da AP em três instituições de ensino superior do norte de Minas Gerais. Foi utilizado um questionário de cunho próprio com 20 questões semiestruturadas. Os resultados demonstram que os alunos receberam formação em AP e que a considera como importante para a prática profissional, no entanto, esta formação se encontra falha. Conclui-se que há uma necessidade de aprofundar os conhecimentos na área para maior compreensão do que perpassa a AP e maior valorização de sua prática.

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INTRODUÇÃO

No final do século XIX, a Psicologia obteve, na Europa, o status de ciência que, posteriormente, se disseminou por vários países aliando instâncias teóricas e práticas, através de diversas abordagens de conhecimento. No Brasil, tal reconhecimento se deu pela lei 4.119 de 27 de agosto de 1962, o que tornou a Psicologia uma profissão. Previamente a essa data, no Brasil, seu ensino já era realizado de forma indireta, pois as discussões e reflexões se enquadravam aos currículos de diferentes cursos como, por exemplo, de Filosofia e Pedagogia. Só após a regulamentação da profissão, o curso de psicologia passou a ser ofertado aos interessados e ampliaram-se as possibilidades de pesquisa e produção científica a seu respeito (Junior; Catarini; Prudente, 2006).

Aqualidade dos serviços oferecidos pelos psicólogos está estreitamente relacionada com a formação desses profissionais. Por esse motivo, é de grande relevância a reflexão acerca desse assunto. A formação de psicólogos tem como objetivo primordial oferecer um conjunto amplo e variado de conhecimentos, habilidades, atitudes e procedimentos, procurando caracterizar a psicologia como ciência e profissão (Paula; Pereira; Nascimento, 2007).

Desde que a psicologia foi apresentada como profissão, a formação do psicólogo brasileiro vem sendo questionada. Percebe-se que há defasagem quanto ao tipo de planejamento curricular e há preocupação com a qualidade de ensino que as entidades formadoras apresentam. Isso porque o foco das matrizes curriculares muitas vezes direciona-se para a formação em massa. Atividades práticas e de pesquisa nem sempre são bem exploradas (Noronha et al., 2005). Desse modo, considera-se que a formação adequada vem aliada a uma longa etapa de treinamento intensivo e experiência supervisionada, o que muitas vezes não é mediado no momento de formação. Tal processo pode levar o futuro profissional a defasagens e inadequações em sua atuação (Noronha; Beraldo; Oliveira,2003).

Este contexto vem sendo estudado e questionado. Tal fato tem levado as instituições de ensino superior a repensar suas propostas curriculares considerando que um curso de psicologia envolve um amplo conhecimento que possibilite a atuação em diferentes conjunturas e áreas especificas (Bardagiet al., 2008). Uma destas áreas específicas diz respeito à Avaliação Psicológica (AP), que não deixa de demonstrar dificuldades relativas à formação profissional e que será o objeto de estudo do presente trabalho.

A AP é função privativa do psicólogo que utiliza da coleta e interpretação de informações psicológicas como principal ferramenta de avaliação do comportamento. Os procedimentos realizados na AP são usados para nortear uma ação mais segura e adequada do psicólogo no seu

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trabalho. É composta por regras e objetivos bem definidos para encontrar respostas a questões propostas, levando os vários psicólogos examinadores ao mesmo resultado (CFP, 2000).

Este processo está relacionado a um conjunto de habilidades necessárias pelo psicólogo e por esse motivo, é considerada como uma área de formação básica em psicologia. Os acadêmicos de psicologia têm seu primeiro contato com a AP através de disciplinas, que ganham diferentes nomes em cada instituição de ensino, mas, que possuem objetivos em comum: permitir a compreensão das técnicas de coleta de dados, relação de dados de diferentes fontes, relato e devoluções de informações e resultados (Nunes et al., 2012).

Desde muitos anos a AP vem atrelada ao uso de testes. No entanto, é importante ressaltar, que a AP pode se dar através do uso não só de testes, mas de outros instrumentos como entrevista psicológica, observação e dinâmicas de grupo. Percebe-se, então,que os testes são pouco utilizados e são objetos de críticas onde muitos profissionais relatam a não confiança nos instrumentos, uma vez que não encontram referencias de fácil acesso sobre os procedimentos nacionais de construção, revisão ou padronização, bem como a sistematização de tais materiais e de sua qualidade (Noronha

et al., 2002). No entanto, é ressaltado que além da qualidade dos instrumentos, a competência

científica do psicólogo é essencial para a obtenção de dados fidedignos com os testes (Padilha; Noronha; Fagan, 2007).

Os psicólogos ao realizarem a AP devem utilizar técnicas e instrumentos nas quais tenham domínio (Noronhaet al., 2009). Porém,a atual Resolução nº. 02/2003 do Conselho Federal de Psicologia, que delibera critérios pertinentes à produção e comercialização de instrumentos psicológicos no Brasil, ainda é de conhecimento de poucos(Padilha; Noronha; Fagan, 2007).

A este respeito, pode-se tomar o ensino da AP como um problema, uma vez que, por muito tempo o ensino dessa prática baseou-se na instrução de testes psicológicos, o que acarretou em uma série de erros na atuação profissional. Atualmente, essa ainda é uma realidade em alguns cursos, principalmente aqueles que incluem as técnicas de avaliação como única disciplina representante da AP (Noronha; Alchieri, 2004).

Os cursos de psicologia, no que diz respeito à AP, devem enfatizar na sua matriz curricular a escolha e utilização dos instrumentos e procedimentos de coletas de dados, analisando os problemas quanto ao uso, bem como a construção e parâmetros psicométricos; avaliação cognitiva, comportamental e afetiva em diversos contextos(Noronha, 2006). Para que o aluno, ao final processo de ensino em avaliação psicológica, seja capaz de empregar o método experimental de observação e outros métodos básicos de investigação científica; realizar entrevistas; empregar os recursos da matemática e da estatística para análise e apresentação dos dados e para a preparação de instrumentais para atividades profissionais, de ensino e pesquisa (Noronha et al., 2010). O

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grande problema está em traduzir tais premissas em ações práticas, do tipo, o que priorizar e qual metodologia utilizar nas disciplinas (Noronha, 2006).

Dos congressos de AP, no que se referem ao ensino, as principais discussões giram em torno de quais testes devem ser ensinados, quantas disciplinas são necessárias, qual metodologia utilizar, como devem ser realizadas as atividades práticas, quem devem ser os sujeitos utilizados na prática, qual a função do monitor, qual bibliografia deve ser utilizada, entre outros (Alves; Alchieri; Marques, 2002).

No entanto, o mais importante durante o processo de ensino-aprendizado é a qualidade do conteúdo ministrado e, não a quantidade. É imprescindível a utilização de atividades práticas nas aulas, mas essas devem estar embasadas em fundamentações teóricas previamente apresentadas e discutidas com a turma. Um número excessivo de atividades práticas pode diminuir a aprendizagem teórica, aumentando a probabilidade de decoração por parte dos acadêmicos(Lima, 2001).

Diante disso, a AP que deveria servir para pautar as ações profissionais do psicólogo concedendo-o maior segurança na atuação, passa a ser objeto de críticas e banalização por se tratar de algo pouco explorado devido, na maioria das vezes, à baixa competência para administrá-los (Paula; Pereira; Nascimento, 2007). O ensino da avaliação psicológica tem o dever de levar ao estudante o conhecimento necessário para uma reflexão teórico-prática da utilização dos instrumentos psicológicos, o orientando para uma atuação ética, independente e responsável(Nunes

et al., 2012).

Considerando os dados apresentados, este trabalho tem como principal objetivo conhecer a percepção de acadêmicos de psicologia sobre o ensino em AP. Esses dados são relevantes, uma vez que, propor tais informações podem levar a uma reflexão sobre como são ministrados e talvez uma reorganização de carga horária e/ou matriz curricular. Isso porque, reconhecendo-se que a formação em AP é importante para a atuação profissional, é possível que profissionais pouco instruídos apresentem dificuldade na atuação laboral. Além disso, tal investigação contribui para a reflexão de como vem se estruturando/organizando os cursos de formação de psicólogos. Assim torna-se possível uma discussão crítica, baseada em argumentação consistente sobre o tema.

MÉTODO Sujeitos

Foram investigados 87 acadêmicos do último ano de psicologia de três instituições privadas de Montes Claros – MG. Desses, 71,26% do sexo feminino, 19,54% são do sexo masculino e 9,20%

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não informaram o sexo. Os respondentes tinham idades variando entre 21 e 71 anos (M = 27,22; DP = 8,20 anos).

Quanto à distribuição por instituição, 45,98% cursam na instituição A, 37,93% na instituição B e 16,09 % na instituição C. Considerando a distribuição por períodos 18,4% estavam no nono período de graduação, 65,51% cursavam o décimo; 14,94% estavam no décimo primeiro, e 1,14% não informaram o período. É importante ressaltar que o curso de psicologia das instituições A e C pode ser concluído em 10 períodos e, na instituição B em até 11 períodos letivos regulares.

Instrumentos

Utilizou-se um questionáriopróprio, composto por cabeçalho com dados de caracterização dos participantes, seguido de 20 questões semiestruturadas, sendo 12 fechadas e oito abertas. Teve como objetivo averiguar a concepção dos acadêmicos sobre o ensino da avaliação psicológica. Para isso foi avaliado: 1) a importância que os estudantes concedem à avaliação psicológica; 2) asdisciplinas estudadas durante a graduação; 3) a satisfação com a metodologia utilizada nas aulas das disciplinas dessa área; 4) o interesse em trabalhar com avaliação psicológica; 5) quais os testes conhecidos e utilizados pelos estudantes.

Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro e outubro de 2013. Após a autorização dos respectivos responsáveis pelas três instituições de ensino e a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Os pesquisadores se dirigiram aos dois últimos períodos de cada instituição, fornecendo as informações referentes à pesquisa, a participação e orientação da forma de preenchimento do questionário de coleta utilizado. Somente foi aplicado o instrumento aos respondentes que anuíram à participação na pesquisa mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS, 2012). Todo o procedimento se deu em sala de aula em espaço cedido pelo docente que lecionava no momento da coleta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente é possível verificar que não há uma distribuição equitativa de acadêmicos por turma entre as instituições de ensino superior desta cidade. O número de acadêmicos matriculados e em curso no último ano concentra-se na instituição A. A priori, não foram investigadas as razões

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que levam a tal distribuição de matrículas o que pede ser associada a fatores externos como o custo da mensalidade, localização do campus, corpo docente, qualidade do curso, entre outros. Também se verificou de modo informal, que o número de respondentes por sala, nas instituições A e B foi quase completa, enquanto que na instituição C apenas cerca de 50% dos matriculados estavam presentes ou quiseram responder ao questionário.

Percepção dos alunos quanto a importância da Avaliação Psicológica na formação

Como foi salientadoanteriormente acerca da relevância da AP na atuação do psicólogo, verificou-se que a maioria dos acadêmicos atribui grande importância à mesma sendo que 71,26% dos respondentes consideram-na muito importante, 23,00% consideram-na importante e 5,74% consideram-na mediamente importante. É digno de nota que não houve respostas associadas a pouco ou muito pouco importante. Esses achados corroboram com os daliteraturaonde consta que os alunos do último ano de graduação atribuem grande importância aos conceitos e práticas em AP (Noronha et al.2009). Em contrapartida, 63,21% da amostra estudada ponderam que o número de disciplinas ofertadas durante o curso é insuficiente para atender a demanda de formação e somente 36,79% consideram que a carga horária de ensino é adequada para uma boa formação.

Disciplinas

Com relação às disciplinas de avaliação psicológica cursadas pelos estudantes, foram citadas no mínimo uma e no máximo cinco disciplinas por sujeito.Dos 87 respondentes, nove não responderam a questão, os motivos são desconhecidos pelos pesquisadores, mas pode associar-se ao fato dos mesmos não lembrarem a nomenclatura das disciplinas, ou a falta de interesassociar-se em responder ao item. Foram encontrados 16 títulos diversos, tendo sido listados no total uma frequência de 164 disciplinas. As mesmas foram: TEAP, TEP, Psicodiagnóstico, Testes Projetivos, Testes Objetivos, Medidas em Psicologia, Diagnóstico em Psicologia, Avaliação Psicológica, Psicologia Hospitalar, Entrevista Psicológica, Prática em Testes Psicológicos, Ética, Seminário de Pfister, Orientação Vocacional, Processos Psicológicos Básicos, Observação do Comportamento.

É possível perceber que disciplinas que não possuem o foco voltado para a Avaliação Psicológica, mas que durante seu ensino, trabalhou com conceitos da AP ou, até mesmo, com testes psicológicos foram citadas pelos participantes. Verificou-se também que nem todas são ofertadas regularmente nas matrizes dos cursos, algumas foram apresentadas nas disciplinas optativas e outras como seminários de temas atuais o que favorecem a dispersão de conteúdos e a formação diversificada.

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Essa pluralidade de nomenclaturas encontradas na pesquisa corroboram relatos da literatura. Em que éencontrado certa dificuldade na concordância de nomenclatura das disciplinas entre as universidades brasileiras (Noronha, 2006). Isto pode evidenciar falta de coerência e lógica, demonstrando pouca articulação da própria área.

Satisfação com a metodologia utilizada nas aulas das disciplinas dessa área

Outro aspecto investigado indicou que apesar de serem ofertadas várias disciplinas referentes à AP nas três IES,a forma com que as mesmasforam ministradas é tida por 68,96% dos acadêmicos como insatisfatória. Investigou-se a razão da insatisfação e os resultados indicam que na maioria das vezes há poucas aulas práticas, ineficácia da metodologia utilizada nas aulas, pouca carga horária e disciplinas que abordam este tema. Somente 29,88% dos entrevistados ficaram satisfeitos com o ensino e 1,16% não opinaram. Esses dados corroboram os de pesquisas que verificaram que os alunos de psicologia avaliam que a graduação não os capacita de maneira satisfatória para realizarem avaliações psicológicas, uma vez que, consideram que há uma insuficiência de conteúdos na área, e analisam o treinamento para o uso de testes psicológicos escassos (Paula; Pereira; Nascimento,2007).

Interesse em utilizar testes na prática profissional

No que se refere ao interesse em utilizar testes psicológicos na prática profissional, averiguou-se que 58,62% dos pesquisados dizem possuir interesaveriguou-se em utilizar dessa ferramenta, e os demais não o possuem.No entanto, apesar do interesse destes acadêmicos apenas32,18% se consideram muito preparados, preparados e mediamente preparados, o restante (26,44%) se considera pouco preparado ou sem preparo. Do montante que não possui interesse em trabalhar com tal instrumento (41,38%), uma parcela de 22,98% se considera pouco preparado ou sem preparo, enquanto apenas 18,40% se acham muito preparados, preparados e mediamente preparados. Foi identificado que 83,90% dos pesquisados consideram que o teste psicológico auxilia na prática quando articulado a outras formas de avaliação psicológica amparada pela técnica e ética profissional. E apenas 9,19% consideram que estigmatiza, rotula e dificulta a prática.

Os entrevistados atribuem seu despreparo, há poucas aulas práticas, falta de conhecimento na área e a metodologia utilizada durante as aulas não contribuíram para essa prática. O fato de algumas faculdades também não oferecerem essa disciplina como optativa ou de, quanto oferecida, poucos alunos se interessarem a realizar também pode resultar no desinteresse dos alunos para a prática (Paula; Pereira; Nascimento, 2007).

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Testes conhecidose utilizados pelos acadêmicos

No contexto brasileiro, na data da realização da pesquisa, a psicologia dispunha de 145 testes psicológicos aprovados para uso a partir da avaliação do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), destes foram citados 24 testes psicológicos e um psicopedagógico como estudados nas disciplinas de AP. Foram citados no mínimo zero e no máximo 11 testes por participantes. A distribuição e frequência destes são apresentadas na tabela 1. É importante destacar que no questionário da pesquisa, esse item foi de pergunta aberta, onde o acadêmico, ao responder deveria lembrar-se e escrever os nomes dos testes que conhecia. Houve alguns erros de redação quanto à sigla ou nome dos testes, porém tais não inviabilizaram a categorização (ex: “fister” no lugar de Pirâmides Coloridas de PFISTER; ou “wisch” ou “wisk” no lugar de WISC).

Tabela 1 - Testes que os acadêmicos estudaram durante a graduação

Nome do Teste Nº de

citações Frequência F r e q u ê n c i a Acumulada

D2 (Teste de atenção concentrada) 51 11,56 11,56

IFP (Inventário Fatorial de Personalidade) 50 11,34 22,90

PMK (Psicodiagnóstico Miocinético) 49 11,11 34,01

AC (Teste de atenção concentrada) 36 8,16 42,17

WISC (Escala Wechsler de intelig. p/ crianç.) 29 6,58 48,75

Matrizes Progressivas de Raven 29 6.58 55,33

G-36 (Teste não verbal de inteligência) 28 6,35 61,68

G-38 (Teste não verbal de inteligência) 25 5,67 67,35

QUATI (Questionário de Aval. Tipológica) 25 5,67 73,02

TDE (Teste de desempenho escolar) 23 5,22 78,24

HTP (Casa, árvore, pessoa) 22 4,99 83,23

Pirâmides coloridas de Pfister 15 3,40 86,63

TAT (Teste de apercepção temática) 11 2,49 89,12

BFP (Bateria fatorial de personalidade) 09 2,05 91,17

Teste gestálticovisomotor de Bender 09 2,05 93,22

CPS (Escala de Personalidade de Comrey) 08 1,82 95,04

RORCHASCH 06 1,36 96,40

TEACO (Teste de atenção concentrada) 03 0,68 97,08

R1 (Teste não verbal de inteligência) 03 0,68 97,76

QVI (Questionário vocacional de interesses) 03 0,68 98,44

PALOGRÁFICO 03 0,68 99,12

LIP (Levantamento interesses profissionais) 01 0,22 99,34

BPR-5 (Bateria de prova de raciocínio) 01 0,22 99,56

BDI (Inventário de depressão de Beck) 01 0,22 99,78

IHS (Inventário de habilidades sociais) 01 0,22 100

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Pode-se averiguar que a frequência de citações de testes objetivos é superior aos testes projetivos, com prevalência de testes que se propõem a mensurar personalidade e inteligência. Foram reconhecidos pelos acadêmicos 16,55% dos testes disponíveis e autorizados para uso. É importante considerar a citação de um teste desautorizado atualmente para uso que provavelmente foi estudado pelos alunos nos anos iniciais da graduação que é o PMK. Em média cada estudante dispõe de conhecimentos sobre 5,07 testes que corresponde a 21,12% do conjunto de apresentados pelo grupo ou 3,50% dos testes disponíveis no mercado.

Em pesquisa realizada por Alves,Alchieri e Marques (2002), que tinha como objetivo conhecer a situação do ensino das Técnicas de Exame Psicológico de acordo com os professores da área foi averiguado que os testes indispensáveis para a atuação profissional competente são, na opinião dos professores, TAT, WISC, Matrizes Progressivas de Raven, Rorschach, HTP e Bender. Desta forma, é possível perceber, que todos os testes citados como indispensáveis pelos professores pesquisados por Alves,Alchieri e Marques (2002), foram estudados pelos acadêmicos da presente pesquisa.

Foi possível verificar ainda, que apesar de terem sido apresentados vários testes aosrespectivos alunos, 39,08% considera sua interlocução com a prática como mediana, 27,59% considera boa, 22,99% considera razoável e somente 10,34% considera muito bom.

Em uma pesquisa que objetivava avaliar, sob a ótica de estudantes, o grau de importância de competências profissionais. Os pesquisadores encontraram uma baixa importância conferida ao conhecimento de testes variados, nesse sentido, os autores destacam a necessidade de provocar os alunos para a necessidade de conhecer diversos testes para poder escolher o mais adequado para as diferentes situações e público alvo. Sem o conhecimento das características dos testes corre-se o risco da escolha aconteça em função do gosto pessoal do psicólogo e, não da adequação do teste a aquela situação (Noronha; Nunes; Ambiel, 2007).

Outro aspecto investigado foi à utilização de testes durante os estágios curriculares e extracurriculares.Verificou-se que 55,18% dos acadêmicos não utilizaram deste instrumento durante o estágio curricular, enquanto 42,52% dos acadêmicos fizeram uso dos testes durante o estágio curriculare 2,3% não responderam. Dentre os testes utilizados estão: PMK, G-36, TEACO, IFP, BFP, D2, G-38, QUATI, BENDER, TDE, WISC, Matrizes Progressivas de Raven, AC, Palográfico, Escalas Beck, TADIM, BPR-5, BDI, TACOM, TADIS, IHS, TIG. A maioria foi utilizado durante o Estágio Básico de Formação e em Projetos Multidisciplinares.

Nos estágios extracurriculares, verificou-se que 74,71% dos estudantes não utilizaram testes, 24,14% utilização dos testes e 1,15% não responderam. Dentre os testes utilizados estão:

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PMK, G-36, TEACO, IFP, Pfister, D2, G-38, QUATI, Matrizes Progressivas de Raven, AC, R-1, Palográfico, TEAD, TADIM, BPR-5, BDI, CPS, TACOM, TADIS, Beta III, IHS. A maioria utilizou tais instrumentos no setor de Recursos Humanos e outra parte em processos de Orientação Vocacional.

Durante o período de graduação os estudantes passam a ter, além do contato com a teoria, a experiência prática que colabora para a solidificação dos campos de trabalho profissional do psicólogo. E é nessa prática que eles adquirem experiência para utilizar os testes que são considerados repertório mínimo necessário para uma boa formação e que consequentemente leva os alunos a aprofundarem seus conhecimentos buscando novos cursos ou novas pesquisas na área (Paula; Pereira; Nascimento, 2007).

CONCLUSÃO

Esta pesquisa procurou identificar a concepção de acadêmicos, do último ano do curso de psicologia de três instituições de ensino de Montes Claros – MG, quanto a diversos aspectos relacionados ao ensino em AP. De forma geral é possível perceber que os acadêmicos concedem grande importância a essa prática, uma vez que, as respostas à questão sobre a importância da AP variam entre muito importante e importante. Entretanto, apesar da grande importância, eles consideram que não estão sendo bem capacitados para exercer essa prática, pois avaliam a carga horária insuficiente, poucas disciplinas que abordam o assunto, escassas atividades práticas, e a metodologia adotada pelos professores dificultam a aprendizagem.

Em seus estudos, Noronha (2006), alerta que o psicólogo brasileiro tem tido uma formação mais técnica, ou seja, ensinam-se quais técnicas e como deve ser feito a aplicação, mas não necessariamente a se pensar sobre as razões de aplicar uma ao invés da outra. O mesmo tem ocorrido no ensino da AP, uma vez que, a prática vem desvinculada da sólida formação teórica; carga horária insuficiente, que faz com que as disciplinas tenham que abordar muitos conteúdos para conseguir ensinar um pouco de cada tema.

Apesar de ser considerado pouco os testes citados, pelos acadêmicos, como estudados durante a graduação, levando em consideração o grande número de testes disponíveis para uso, pode-se averiguar que os mais conhecidos e utilizados foram apresentados pelos estudantes. É importante lembrar que a graduação não permite conhecer tudo sobre todas as áreas da psicologia, e que a matriz curricular do curso deve abranger os principais conteúdos, para que a partir disso, o acadêmico/profissional, busque aprofundar seus conhecimentos na área de seu interesse e na que ele se propõe a atuar.

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Foi identificado que 83,9% dos pesquisados consideram que o teste psicológico auxilia na prática, desde que ele seja utilizado em conjunto com entrevistas, observações e que o profissional tenha domínio da técnica e ética. Diante disso, e da grande relevância da AP e dos testes psicológicos para a psicologia, visto que, eles são atividades exclusivas do psicólogo, evidencia a necessidade de uma sólida preparação dos acadêmicos para essa prática, para que como profissionais, utilizem dessas técnicas com responsabilidade e ética, não contribuindo para estigmatizar, rotular e segregar os pacientes.

Os estudantes identificaram múltiplos fatores que afetam sua formação acadêmica, sendo que os principais deles referem-se a pouca carga horária, a metodologia utilizada nas disciplinas, através desses dados é possível realizar uma alerta aos estudiosos da área para repensar a forma com que a AP vem sendo ensinada aos acadêmicos. Apesar de essa pesquisa ser restrita a uma região do país, seus dados apontam para uma necessidade de maiores estudos na área, tendo em vista, que a aquisição de conhecimentos que ocorre durante a graduação é imprescindível para o desenvolvimento profissional, bem como para o desenvolvimento da AP e da própria psicologia. Como já ressaltado no início desse trabalho, a qualidade dos serviços oferecidos pelos psicólogos possui estreita relação com a qualidade da formação acadêmica, dessa maneira é importante aprofundar os estudos de como essa formação tem acontecido no país, e nesse caso específico, de como tem sido ensinada a AP nos cursos de graduação em psicologia no Brasil.

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Referências

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