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Jerusalém e o Bet Hamicdash

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Academic year: 2021

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Jerusalém e o Bet Hamicdash

Como é sabido, assim que o mundo atingir o seu estado ideal, o Bet Hamicdash, a “Morada de D’us”, será reconstruído. No entanto, é necessário ir mais a fundo na questão, afinal, D’us, que é um Ser espiritual, não necessita de moradia. Vejamos, primeiramente, qual o significado da cidade na qual o Bet Hamicdash será situado.

Jerusalém é uma espécie de Capital do Mundo. Assim como cada País possui a sua capital política e administrativa, o mundo, que é governado por D’us, tem a sua capital em Jerusalém. Por esse motivo, toda a Humanidade sempre teve enorme interesse nela; mas não necessariamente tem consciência do porquê. As brigas pela soberania nesta região perduram desde que a conhecemos até os nossos dias.

No entanto, devemos saber que ela não pertence a povo algum nem é a capital de nenhuma Nação específica; ao contrário, é a Capital do Mundo. Sabemos que, mesmo assim, D’us escolheria as pessoas corretas para assumir a sua administração espiritual e revelar a verdade para o mundo, no caso, o Povo Judeu. Caso esse povo se comportasse de maneira condizente ao seu cargo, teria o direito de permanecer ali. Caso contrário, seria expulso por meio de invasões perpetradas por outros povos.

Jerusalém não apenas abrigava o Bet Hamicdash, mas era, por si mesma, um local de forte influência espiritual. Ainda hoje é uma cidade que inspira o conhecimento e a busca pela verdade. Existe um clima propício para isso; mesmo as pessoas que não têm conexão com a Torá sentem isso. Muitos ainda não têm uma mente preparada e predisposição para receber sobre si a influência dessa cidade de maneira positiva, mas mesmo assim acabam sendo afetados por esse ambiente diferenciado. Muitos indivíduos já tiveram algum tipo de distúrbio mental em decorrência do ambiente dessa cidade; é o que muitos psicólogos chamam de “síndrome de Jerusalém”.

Por sua vez, o Bet Hamicdash será a construção a partir da qual o mundo será governado espiritualmente por D’us. Portanto, assim como a Casa Branca é o centro das decisões políticas dos EUA e o Palácio do Planalto é o mesmo no Brasil, o Bet Hamicdash será o local a partir do qual o mundo receberá as suas decisões espirituais e as suas bênçãos materiais.

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Em um sentido mais profundo, o Bet Hamicdash era, e será, uma extensão no tempo do que foi a revelação no Monte Sinai. Como as pessoas não podiam mais sentir tão intensamente a Presença Divina, D’us criou um lugar onde essa percepção pudesse continuar. Ele ficava no centro de Jerusalém e era o local onde a verdade do mundo e da vida podia ser atingida no seu grau máximo. Quem ali entrasse ficaria imune aos obstáculos para se chegar à verdade, conforme já comentamos anteriormente.

Na realidade, as mesmas forças que servem de obstáculos para a verdade, podem, quando bem utilizadas, nos conduzir a ela. Por exemplo, a Sociedade pode tanto nos desviar do caminho correto como nos ajudar a seguir na sua direção. O mesmo pode se dizer dos sentidos e dos sentimentos.

Aliás, não há elevação espiritual maior do que aquela na qual os sentimentos e os sentidos humanos estão presentes. O Rabino Yehuda Halevi explica, no Sefer Hacuzari, que o objetivo do ser humano e a sua conexão com as coisas espirituais está no coração. Portanto, os sentimentos, quando bem utilizados, alcançam níveis que a mente jamais atingirá. Podemos perceber que todas as atividades executadas no Bet Hamicdash estavam relacionadas com algum dos cinco sentidos humanos, capazes de elevar a alma de quem ali estivesse presente.

Com certeza você já passou por diversas experiências em que um aroma lhe levou a uma sensação incrível, um tipo de nostalgia que lhe fez mudar de estado emocional. O mesmo já deve ter acontecido ao ouvir uma música bonita, com uma melodia capaz de acalmar, alegrar e até fazer chorar.

No Bet Hamicdash havia atividades elaboradas de uma forma perfeita, que penetravam nos sentidos dos presentes da forma ideal para proporcionar a sua elevação. Os Leviim eram os responsáveis por tocar e cantar. Quem os ouvia mudava radicalmente o seu estado de espírito, atingindo um objetivo espiritual.

Por sua vez, os incensos eram preparados com ingredientes rigidamente selecionados com o intuito de proporcionar um aroma que provocasse uma elevação verdadeira.

Ao observarem os Corbanot, o sacrifício ritual de animais, os presentes testemunhavam a saída de uma vida deste mundo para um mundo espiritual. Quando olhamos um animal sendo abatido por ordem de D’us ficamos chocados, refletimos sobre a vida e a sua fragilidade, o que também proporciona uma elevação espiritual. Todavia, obviamente os

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sacrifícios só eram realizados no Bet Hamicdash e parte deles era consumida pelos Cohanim (Sacerdotes). Hoje em dia não é permitido tirar a vida de um animal com este propósito.

No entanto, como dissemos, esses estímulos sensoriais só poderiam ser aproveitados de forma positiva quando utilizados da forma estritamente correta; caso contrário, poderiam se transformar em um obstáculo à verdade. Por isso, quase um quinto da Torá Escrita é dedicada à descrição dos detalhes dos serviços do Bet Hamicdash.

Assim, não era qualquer pessoa que podia entrar ali. Era preciso estar extremamente preparado para cumprir as tarefas. Apenas o Cohen Gadol podia entrar no Codesh

Hacodashim (o local Santíssimo) e, mesmo assim, apenas uma vez ao ano; caso contrário,

morreria no ato. Entrar em lugares onde a Presença Divina é mais intensa pode ser perigoso para quem não está preparado.

Acho que fiz, em alguns dias, uma apresentação da História sob um enfoque diferente. O enfoque Divino. O que mais você quer saber?

Pensei um pouco e respondi:

– Aprendi muito em pouco tempo. É interessante que quanto mais aprendo, mais me dou conta de que não sei quase nada. É incrível o quão grande é o universo do conhecimento. – Na realidade, ele é infinito, nunca acaba... Ainda bem! A coisa mais triste que poderia acontecer é se um dia conhecêssemos tudo e não tivéssemos mais o que aprender ou pesquisar. A fome por sabedoria é o que deve mover a nós e à Humanidade.

– Ainda tenho muitas perguntas, mas quero parar um tempo para refletir, ver o que posso escrever, depois destas aulas, nas minhas páginas.

– Você vai continuar por aqui?

– Ainda quero aprender muito. Mas vou parar por uns dias. – Espero revê-lo em breve.

Voltei para o albergue. Resolvi permanecer no meu quarto por alguns dias a fim de escrever algumas páginas e talvez pesquisar um pouco sobre a História Contemporânea. Vou dedicar as próximas linhas a discutir com você as conclusões que tirei da minha experiência na Sinagoga.

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Já lhe relatei as conversas que tive com o velho livro e acredito que você já percebeu o seu papel fundamental, não apenas no seu objetivo particular de se auto-aperfeiçoar e se aproximar de D’us, mas também no objetivo de toda a Humanidade. A construção do mundo ideal não é feita apenas por D’us. Ao contrário, por Sua consideração Ele delegou ao homem a responsabilidade de fazer as coisas avançarem. Assim, você e todas as pessoas podem estar tanto conduzindo como afastando o mundo do seu estado ideal. Tudo depende dos seus atos.

Na realidade, há discussões nos livros Judaicos que debatem se a chegada da Era Messiânica depende ou não dos atos do homem, em especial do Povo Judeu. O Rabi Eliezer sustentava que a chegada do Mashiach depende sim do arrependimento do povo e das suas conseqüentes boas ações. Por outro lado, o Rabi Yehoshua sustentava que, independentemente dos atos das pessoas, essa Era chegará. A conclusão final é que Rabi Yehoshua estava certo e que a redenção do mundo irá chegar incondicionalmente20.

De fato, assim funciona o Universo. D’us disse que o mundo tem um objetivo final, quando todos O reconhecerão e terão um enorme prazer em servi-Lo. Essa época irá chegar de qualquer jeito. No entanto, Ele delegou aos humanos a tarefa de ajudá-Lo a construir esse mundo; afinal, o que adianta ter um mundo perfeito se você não ajudou a construi-lo? O Rabino Joseph Sitrouk dá um exemplo:

A História da Humanidade se compara a um trem que se dirige rumo ao seu objetivo final, e existe lugar no trem para o ser humano participar dessa viagem. No entanto, o homem pode escolher entre ficar parado na estação, olhando para cima, como se nada estivesse acontecendo, ou pegar carona na História e participar ativamente. Do contrário, o trem passa à sua frente e vai embora, como se nada tivesse acontecido. Assim é a vida. É um direito de escolha. Mas, no final, quem vai gostar de não ter participado do jogo?

Portanto, cada pequeno gesto, cada sorriso ou moeda que damos para ajudar alguém, cada detalhe de mitsváii garante a nossa participação no Projeto Divino e na chegada do mundo ideal.

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Participar da melhora do mundo não quer dizer, necessariamente, engajar-se em questões políticas ou ser um grande ativista dos direitos humanos. Isso pode até ser positivo, mas o principal meio para participar é por meio dos próprios atos pessoais.

Se você estiver interessado em melhorar o Planeta, saiba que não é possível mudar nem mesmo uma pessoa antes de mudar a si mesmo. Você não pode dizer para alguém parar de mentir se você mesmo continuar mentindo; imagine então querer mudar o mundo inteiro sem antes parar para pensar nas suas próprias falhas! Portanto, o mais importante para se chegar a um mundo ideal é saber consertar a si mesmo.

Mas como? Para saber o que é preciso para se chegar a um ideal, é necessário saber a causa de não o estarmos vivenciando. Nossos Sábios ensinam que a cada geração que passa e o

Bet Hamicdash não é reconstruído, se deve ao fato desta não ter tido o mérito de vê-lo, pois

os seus erros continuam os mesmos da geração que causou a sua destruição. Então nos perguntamos o que causou a atual dispersão do Povo Judeu e a destruição do Bet

Hamicdash, e assim poderemos reconhecer nossos erros e tentar consertá-los.

O segundo Beit Hamicdash foi destruído em conseqüência de algumas atitudes erradas praticadas pelo Povo Judeu. Na verdade, o que faltava não era o cumprimento de todas as leis da Torá; as pessoas daquela época praticavam bem as mitsvot. O maior problema foi a relação entre elas; os indivíduos não se respeitavam. O principal fator que mede a boa relação entre as pessoas é o modo como uma fala da outra. O fato de as pessoas fofocarem e falarem coisas que depreciam outras – como: “Sabe aquele ali? Outro dia eu o vi fazendo...”, ou então: ”Você não sabe da última! Sabe a Etti? Ela estava ridícula na festa de ontem!”, frases bem conhecidas em nossos dias – foram a causa da destruição do segundo

Bet Hamicdash21. É claro que a causa visível foi o poderio militar dos Romanos, mas para qualquer acontecimento há uma razão que se encaixa no Projeto Divino. Desde então, cada dia que o mundo se encontra longe do seu estado ideal se deve a esse tipo de atitude ainda não consertada. Se alguém realmente quiser um mundo melhor, o primeiro passo será consertar os seus próprios defeitos (e não de outros), principalmente no que se refere ao respeito às outras pessoas. No entanto, isso não descarta a necessidade de ser ativo na Sociedade, engajando-se em atividades comunitárias e lutando diretamente por um mundo mais justo, como veremos adiante.

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Referências

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