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Fatec Bacharelado em Sistemas de Informação UM PADRÃO PARA DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS EM AMBIENTES DIGITAIS

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FUNCESI – FUNDAÇÃO COMUNITÁRIA DE ENSINO SUPERIOR DE ITABIRA

Fatec – Bacharelado em Sistemas de Informação

UM PADRÃO PARA DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES

CONTÁBEIS EM AMBIENTES DIGITAIS

Leonardo Lacerda Alves

ITABIRA 2004

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FUNCESI – FUNDAÇÃO COMUNITÁRIA DE ENSINO SUPERIOR DE ITABIRA

Fatec – Bacharelado em Sistemas de Informação

Leonardo Lacerda Alves

UM PADRÃO PARA DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES

CONTÁBEIS EM AMBIENTES DIGITAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Sistemas de Informação.

Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação – FATEC – FUNCESI – Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira.

Orientadora: Profa. Juliana Santiago Teixeira

ITABIRA 2004

(3)
(4)

Eu

dedico com carinho à

Mãe e Pai

Fernanda

Amigos

I

dedicate with affection to

Mom and Dad

Fernanda Friends Mi kore dediĉas al Gepatroj Fernanda Geamikoj

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus Pais, fonte ímpar de inspiração, força, motivação e direção.

Agradeço à professora Juliana Santiago Teixeira pela valiosa orientação e expressiva contribuição ao meu desenvolvimento acadêmico.

Agradeço aos professores Júlio Vilela da Silva Neto, Valéria Alves da Silva e Eráclito de Souza Argolo pela atenção e por suas respectivas contribuições a este trabalho.

Agradeço aos professores do curso de Sistemas de Informação, especialmente aos professores José Teófilo de Carvalho e Júlio Vilela da Silva Neto pelas inúmeras possibilidades de aprendizado e desenvolvimento em atividades extra-acadêmicas, monitorias e eventos acadêmicos.

Agradeço à Capes e à UFMG por conjuntamente disponibilizarem meu acesso ao portal Periódicos Capes.

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RESUMO

Neste trabalho nós discutimos a disseminação das informações contábeis através de diferentes tipos de arquivos e serviços eletrônicos na Internet. Nosso trabalho apresenta a situação atual para investidores pessoais e estrangeiros, especialmente para os primeiros, e seus principais problemas. Então desenvolvemos e apresentamos um modelo de informação que minimiza os problemas da disseminação eletrônica dos relatórios contábeis. O modelo é representado de acordo com a Extensible Markup Language (XML) e seus componentes. As demonstrações eletrônicas contábeis (DEC) são especificadas e projetadas através dos principais relatórios contábeis. Nós testamos as DEC através de diversos softwares para diferentes objetivos como impressão, visualização, cálculo automático e também audição por pessoas com deficiência visual.

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ABSTRACT

We discuss the dissemination of accounting demonstrations through different data formats and different electronic services on Internet. Our work presents the current situation specifically in brazilian Stock Exchange, its implication for personal and foreign investors and its main problems. Then we develop a information model that reduces the problem implications for electronic dissemination of accounting demonstrations. The model is represented as data format based on Extensible Markup Language (XML) and its extensions. Electronic Accounting Demonstrations (DEC), as is called the proposed format, is specified and illustrated with main accounting demonstrations. Finally, we test it on existing softwares for some purposes as printing, viewing, access by automatic calculators and also sound access by people with visual disabilities.

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RESUME

Ni diskutas la disvastigo de librotenada informacio per malsamaj arĥiv-tipoj kaj elektronika servoj en Interreto. Nia laboro prezentas la hodiaŭa situacio por personaj kaj eksterlandaj investantoj kaj ĝiaj ĉefaj problemoj. Ni kreas informacia modelo tio, kio etigas la problemaj implicoj por elektronika disvastigo de librotenada reportoj. La modelo estas representita kia Extensible Markup Language (XML) kaj ĝiaj komponentoj. Elektronica librotenada reportoj (DEC), kiel ĝi nomiĝas, estas specifikita kaj projektita tra ĉefaj kontecaj reportoj. Ni testas ĝin per diversaj softvaroj por diversaj objektivoj tiuj, kiuj premado, vidado, aŭta kalkulado kaj ankaŭ por aŭdado pro iaj personoj kiaj blindaj.

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LISTA DE CÓDIGO-FONTE

Código 1. Elementos XML... 22

Código 2 . Especificação XSLT para Dados em Tabela... 23

Código 3. Regra de Processamento Account... 24

Código 4. Regra de Processamento de Item...24

Código 5. Conta Permanente em XML... 31

Código 6. Conta Ativo em XML... 31

Código 7. Valores em Moedas Diferentes... 32

Código 8 (a). Tradução por Duplicação de Contas... 33

Código 8 (b). Tradução por Definição de Tipos... 33

Código 9. Demonstração Balanço Patrimonial em XML... 34

Código 10. Notas Explicativas em XML... 34

Código 11. Programação por Usuário-final: função endividamento...40

Código 12. Programação por Usuário-final: função patliquido... 40

Código 13. Programação por Usuário-final: função passivo... 40

Código 14. Programação por Usuário-final: função valordaconta... 40

Código 15. DEC em Documento XML Completo...52

Código 16. Transformação do DEC para Audição via Dosvox...54

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1. Informação Eletrônica Contábil em XML... 21

Tabela 1. Balanço Patrimonial da CVRD em uma Coluna...27

Tabela 2. Balanço Patrimonial da CVRD em duas Colunas...28

Tabela 3. Esquema de uma DRE... 29

Tabela 4. Demonstração do Resultado do Exercício da CVRD... 29

Figura 2. Texto com Leitura em Linhas...36

Figura 3. Texto com Leitura em Colunas... 36

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SUMÁRIO

1. Introdução...12 1.1. Trabalhos Relacionados... 13 1.2. Metodologia...14 1.3. Contribuições...15 1.4. Organização do Trabalho... 16

2. Informações Eletrônicas no Mercado de Capitais... 17

2.1. Repositório de Informação Contábil... 18

2.2. Formato da Informação Contábil...19

2.3. Informações Estruturadas, Semi-estruturadas e Não-estruturadas... 20

3. A Linguagem de Especificação... 21

3.1. XML... 21

3.2. DTD e XML Schema...22

3.3. XSLT... 23

4. Contabilidade e as Demonstrações Contábeis... 25

4.1. As Demonstrações Contábeis... 26

4.2. Balanço Patrimonial... 27

4.3. Demonstração do Resultado do Exercício...28

4.4. Notas Explicativas...30

5. Especificação do Formato DEC... 31

5.1. Especificação de Contas... 31

5.2. Grupos de Contas... 31

5.3. Suporte a Múltiplas Moedas...32

5.4. Suporte a Múltiplos Idiomas... 32

5.5. Arquivo de Demonstrações Eletrônicas Contábeis... 33

5.6. Notas Explicativas...34

6. Avaliação do Formato DEC... 35

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7.1. Revisão do Trabalho...37 7.2. Conclusões...38 7.3. Trabalhos Futuros...39 Referências Bibliográficas...41 Glossário... 44 Índice Remissivo...46

Anexo A - Amostra completa de uma DEC... 47

Anexo B - Código-fonte XSLT para audição de DEC... 53

Anexo C - Código-fonte XSLT para exibição de DEC em browser... 55

Anexo D - Amostras de demonstrações em formato eletrônico (1)...56

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Um padrão para disseminação de informações contábeis em ambientes digitais 12

1. INTRODUÇÃO

Em 2003 foi movimentado o volume de R$ 204,5 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa, sendo que o sistema eletrônico respondeu por 86,7% do volume operado em compra e venda de ações, enquanto o pregão viva voz respondeu por apenas 13,3%, o que confirma a presença de pessoas físicas no mercado de capitais com 24,4% da movimentação financeira no período, as quais em conjunto com investidores estrangeiros somam 48,5%. (BOVESPA, 2004)

A importância econômica do mercado de capitais e alta participação de estrangeiros e pessoas físicas justifica um esforço de prover aos investidores informações de qualidade, de acordo com as práticas e formatos contábeis sugeridos no Brasil e em outros países onde se concentram as fontes de recursos, além de acessíveis com garantias de integridade, confiabilidade, atualidade e formato adequado ao usuário da informação.

Todavia, estes mesmos usuários da informação têm dificuldades para obter tais informações, uma vez que sua forma de obtenção varia entre diferentes empresas.

As pessoas físicas desconhecem onde obter e processar com rapidez tais informações, tendo também dificuldades de analisá-las e interpretá-las no seu estado bruto, como fornecido pela contabilidade e nos formatos eletrônicos disponibilizados pelas empresas e agentes do mercado.

Os estrangeiros, por sua vez, limitados pelo desconhecimento da língua portuguesa e diversidade de formatos de arquivos usados por empresas brasileiras em meio eletrônico, interpretam como incerto o mercado brasileiro e tendem a investir em mercados onde a informação sobre o mercado e sobre as empresas está mais acessível e flui com maior velocidade (FELDMAN, 2004).

A publicação destas demonstrações, no Brasil, nos Estados Unidos da América e em outros países, ocorre como a publicação em papel. A estrutura visual e organização das demonstrações respeitam padrões internacionais, mas os dados apresentados e a estrutura visual são inseparáveis, o que reduz consideravelmente a flexibilidade de seu uso. (KORNFELD, 1998 e PADOVEZE, 2000)

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1. Introdução 13

dados e os distribuem, atendendo a maioria dos usuários. Mesmo assim, os formatos continuam não suprindo softwares especialistas de cálculo automático e dificultam comparações entre demonstrações de empresas diferentes (KORNFELD, 1998).

O presente trabalho propõe um modelo de intercâmbio de informações contábeis eficaz segundo os atributos sugeridos, discute sua aplicabilidade na divulgação de demonstrações contábeis pelas Bolsas de Valores e sociedades abertas brasileiras, e pretende avaliar o modelo através de testes em softwares existentes e um software criado exclusivamente para o processo de cálculo automático.

A monografia possui como objetivo:

a) Investigar a sistemática de obtenção de informações contábeis oficiais de sociedades abertas, em duas dimensões que tratam dos locais onde obter a informação e o formato de arquivo, destacando os pontos fortes e deficiências destes;

b) Desenvolver uma arquitetura, para o intercâmbio de informações contábeis em meios eletrônicos, que potencialize a tomada de decisões baseada nos indicadores obtidos através dos documentos, inclusive para minimizar o trabalho de sociedades e outros agentes do mercado de capitais na produção, manutenção e disseminação de diferentes versões das demonstrações obrigatórias;

c) Avaliar diferentes perspectivas da aplicabilidade da arquitetura, especialmente em função de necessidades como visualização, análise e importação ou conversão para outros softwares.

1.1. Trabalhos Relacionados

A Security Exchange Comission, nos EUA, assim como a CVM no Brasil, também faz uso de um formato plano, embora a CVM possua o formato Divext, o qual é estruturado e independente de apresentação e software. (KORNFELD, 1998).

O processo de extrair e converter dados de um formato para outro é de elevado custo e o aparato computacional usado, denominado wrapper, é de difícil construção como abordado por TEIXEIRA (2002), e seu uso muito restrito como ilustrado por KORNFELD (1998).

O uso de wrappers é bem mais comum em dados semi-estruturados porém organizados segundo o modelo relacional, sendo incomum o tratamento de tabelas financeiras e

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1. Introdução 14

desconhecida uma abordagem sobre demonstrações contábeis.

1.2. Metodologia

Foi realizada inicialmente pesquisa bibliográfica sobre os assuntos, com o objetivo de reunir contribuições de órgãos do governo, agentes do mercado de capitais, sociedades abertas, instituições financeiras, profissionais da área contábil e academia. Com base no material obtido, foram desenvolvidos os capítulos relativos ao estado da arte em demonstrações contábeis e tecnologias de suporte ao intercâmbio e processamento de informações em ambientes eletrônicos.

Os usuários de informação considerados são investidores pessoais. Estes foram separados em diferentes grupos com necessidades tais como de leitura, manipulação, impressão e cálculo automático dos dados.

Desta forma, para testar o formato proposto, são avaliados os atributos: leitura da informação por browser, cálculo por programa de planilha eletrônica, acesso por pessoas com deficiência visual por software leitor de telas (DOSVOX, 2004) e cálculo automático de indicadores através de software desenvolvido exclusivamente para este trabalho.

A seleção de empresas considerou aquelas com ações mais negociadas durante o ano de 2003, no Brasil, em volume financeiro (BOVESPA, 2004b).

Baseado neste critério, as companhias escolhidas e pesquisadas foram Tele Norte Leste Participações SA - Telemar (TELEMAR, 2004b), Petróleo Brasileiro SA - Petrobrás (PETROBRÁS, 2004a), Companhia Vale do Rio Doce - CVRD (CVRD, 2004a) e Banco Bradesco SA (BRADESCO, 2004a).

Os web-sites e demonstrações disponibilizados por estas empresas foram avaliados e serviram como amostra para o universo de fontes de dados e formatos de dados usados pelos usuários da informação.

Os formatos e dados foram discutidos no capítulo 2 e as principais funcionalidades dos formatos de dados foram propostas para a arquitetura DEC. E finalmente todas as avaliações realizadas em formatos de dados foram aplicadas também ao formato DEC resultante.

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1. Introdução 15

1.3. Contribuições

Um número expressivo de tecnologias está presente no mercado de capitais atualmente, garantindo a integridade e rapidez do sistema de operações para compra e venda de papéis entre seus participantes.

Um complexo sistema de informação é necessário para garantir o bom funcionamento deste mercado, pela integração de corretoras de valores, governo, acionistas e organizações, com transparência em suas ações e informações divulgadas, as quais devem ser disseminadas em tempo hábil, ser verdadeiras, não estar sujeitas a incorreções e ser acessíveis, em nível tal que assegure tomada de decisão com menor risco conhecido ou maior consciência dos riscos.

Esta classe de informação, representada muitas vezes por demonstrações contábeis diversas, é útil ao ser visualizada ou impressa, embora para ser analisada sejam necessários efetuar cálculos, consolidações, comparações com demonstrações de períodos anteriores ou ainda com demonstrações de outras empresas, do mesmo setor econômico ou não. Tal processo, portanto, exige que as informações sejam manipuladas para a formulação de análises, o que torna-o suscetível a erros nas transcrições de cadeias numéricas.

Uma simplificação neste processo seria eliminar a necessidade de transcrições, através de um software apropriado para geração dos índices de análises contábeis, ou a importação dos dados diretamente para planilhas eletrônicas, processo atualmente de elevado custo na medida em que aumenta-se o número de demonstrações usadas para a análise, e inexista uma regularidade entre as demonstrações com planos de contas contábeis diferentes.

Um formato de dados unificado usado pelas organizações, corretoras e acionistas se faz necessário, sem a necessidade de se manter os formatos anteriormente usados. Este deve abrigar o atributo de acessibilidade como nenhum outro formato o faz.

Tal formato, por sua vez, se limita exclusivamente aos dados transportados e seu significado, sem qualquer referência à formatação visual de uma demonstração contábil. Pode incentivar o desenvolvimento de softwares nacionais de análise e acompanhamento de informações sobre empresas. Pode também auxiliar no acompanhamento de informações financeiras e contábeis das organizações abertas brasileiras por investidores estrangeiros, e no esforço de adoção de um padrão internacional por parte dos governos, o que torna o mercado de capitais mais transparente. Este formato ainda permite a disponibilização das informações contábeis a

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1. Introdução 16

novos grupos, dependentes de outras fontes informacionais, tais como os deficientes visuais.

Desta forma, a pesquisa se justifica pela utilidade inerente ao sistema de informação existente no mercado de capitais e as contribuições potenciais desta pesquisa para os usuários incluídos e excluídos deste mesmo mercado.

1.4. Organização do Trabalho

A monografia está organizada em sete capítulos e quatro anexos.

No capítulo 2 contextualizamos o mercado de capitais no Brasil, oferecendo informações sobre o processo de aquisição da informação contábil das sociedades anônimas que negociam suas ações através da Bovespa. Também investigamos os meios e formatos de acesso às informações contábeis dos quais dispõem atualmente os investidores do mercado de capitais, incluindo aqueles geridos pela Bolsa de Valores e pelas próprias sociedades através da Internet.

No capítulo 3 apresentamos o estado da arte sobre a tecnologia XML e suas principais extensões, com seus respectivos usos na Internet.

No capítulo 4 apresentamos e caracterizamos as demonstrações contábeis obrigatórias no Brasil e nos EUA, apresentamos os principais usuários da informação contábil e ilustramos o processo de sua análise.

No capítulo 5 é descrita e avaliada a arquitetura para o intercâmbio eletrônico de informações contábeis das sociedades abertas, tecendo comentários sobre as principais tecnologias necessárias para a produção, armazenamento, divulgação e acesso das informações.

No capítulo 6 avaliamos o modelo proposto através de testes de processamento e acesso às informações armazenadas no formato desenvolvido.

No capítulo 7 concluimos e sugerimos estudos para o desenvolvimento e implantação do padrão e trabalhos futuros.

Finalmente apresentamos as referências bibliográficas utilizadas no desenvolvimento da monografia e os anexos com amostras de demonstrações em formatos atualmente usados, armazenados no padrão desenvolvido por nós e apresentamos alguns componentes importantes para o processamento e teste do nosso formato.

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Um padrão para disseminação de informações contábeis em ambientes digitais 17

2. INFORMAÇÕES ELETRÔNICAS NO MERCADO DE CAPITAIS

A contabilidade é a linguagem dos negócios e um sistema de informação capaz de auxiliar seus usuários na tomada de decisão, medindo resultados das empresas e avaliando seu desempenho, através de dados puros, presentes diretamente nas demonstrações contábeis, ou através de indicadores de análise. (IUDÍCIBUS, 1998 e MARION, 2003)

Para a avaliação de negócios e empresas muitas informações são necessárias. Entre elas estão as demonstrações contábeis as quais são obrigatórias por lei. As principais demonstrações são o Balanço Patrimonial, o Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados, Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos e as suplementares Notas Explicativas. Todas serão abordadas no capítulo 4.

Estas demonstrações são disponibilizadas nos web-sites das organizações, da CVM, da Bovespa e de outros agentes do mercado, como também através de outros serviços. A divulgação desta informação é obrigatória e em formato contábil segundo normas fixadas por entidades nacionais e internacionais.

Porém, o termo formato possui dois significados em nosso trabalho. O primeiro deles trata da aparência, segundo exige a contabilidade. Este formato será ilustrado no capítulo 4, para as principais demonstrações obrigatórias já citadas. O segundo significado é o de formato eletrônico, o qual descreve os dados de maneira que um software possa reconhecê-lo e representá-lo para o usuário, na impressora, na tela do computador ou em outro dispositivo.

Finalmente, um terceiro significado para formato será neste trabalho chamado de representação. Uma representação é a exibição de um demonstrativo através de um dispositivo de saída, em uma forma que pode ser o formato normatizado (do primeiro significado do termo), ou em outra forma adequada para um software externo, um particular usuário da informação ou um dispositivo que não possa exibir tabelas e posições. Em nosso trabalho, uma representação avaliada é a exibição das demonstrações contábeis através do som, em um formato de dissertação não usado pela contabilidade mas interessante para os deficientes visuais.

Para avaliar a sistemática de obtenção de informações contábeis, os locais onde estão disponíveis e os formatos nos quais podemos encontrar as demonstrações contábeis, com suas respectivas funcionalidades, são avaliados nas seções 2.1 e 2.2 respectivamente.

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2. Informações Eletrônicas no Mercado de Capitais 18

2.1. Repositório de Informação Contábil

Os usuários da informação podem obter demonstrações contábeis, análises sobre as mesmas e outras informações em geral através da CVM (CVM, 2004a), Bovespa (BOVESPA, 2004a), web-sites de companhias e através de serviços eletrônicos de terceiros. No entanto, serviços de terceiros não serão avaliados no presente trabalho.

As demonstrações contábeis, observações e decisões relevantes dos agentes reguladores do mercado de capitais e das organizações são disponibilizadas pela CVM, através de seu próprio web-site e através de outros agentes, tais como a Bovespa. Estas duas provêem relatórios com informações semi-estruturadas em HTML e informações estruturadas no formato eletrônico Divext (CVM, 2004b).

Para os investidores pessoais e estrangeiros a CVM e a Bovespa oferecem mais vantagens na obtenção da informação. Tais informações são mais confiáveis, por serem estes dois agentes reguladores do mercado. Também tais informações abrangem todas as organizações de capital aberto que negociam suas ações no Brasil, centralizadamente.

As organizações, por sua vez, possuem um profissional responsável pelo relacionamento com os acionistas, e em seus web-sites tentam aumentar a qualidade do atendimento deste profissional.

A este relacionamento chamam normalmente Relações com o Investidor (RI), e por meio de seus web-sites, as organizações provêem os mesmos recursos informacionais disponíveis na CVM e na Bovespa, com informações adicionais sobre seus respectivos negócios, previsões relacionadas a novos produtos, serviços, expectativas da administração e outras. Cada companhia normalmente oferece tais recursos em pelo menos dois formatos, para diferentes grupos de usuários de informação.

Mesmo assim, a obtenção de informações através dos web-sites das organizações não oferece vantagens para o investidor pessoal. Isso porque o usuário da informação necessita realizar um esforço tão elevado quanto realiza para obtê-las através dos dois serviços eletrônicos já citados. Além disso, as organizações, embora agreguem novas informações às encontradas em outros locais, estas não facilitam a comparação entre diferentes negócios e empresas por parte do investidor, nem são garantidamente compreensíveis para o investidor, o que não representa um problema trivial.

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2. Informações Eletrônicas no Mercado de Capitais 19

2.2. Formato da Informação Contábil

Hypertext Markup Language, abreviada HTML, é muito popular na Internet (WWW, 2004c). Os documentos HTML são acessíveis através dos browsers como Microsoft Internet Explorer e outros. HTML apresenta alta disponibilidade e portabilidade, mas os processos de produção, importação e impressão de dados por usuários é muito difícil (BOVESPA, 2004A e TEIXEIRA, 2002).

Os documentos HTML criados por Bovespa e CVM, particularmente, são inflexíveis para visualização em configurações não convencionais de hardware e software, porque usam recursos avançados e apropriados para os browsers mais modernos. Assim algumas pessoas como usuários de dispositivos móveis e usuários com deficiência visual não podem usar corretamente este formato. Algumas companhias também usam documentos HTML (PETROBRÁS, 2004b).

Portable Document Format, abreviado PDF, é o mais usado por companhias. PDF é acessível pelo software Acrobat Reader em diversas configurações de hardware e software (ADOBE, 2004). A portabilidade é garantida porque seu uso principal é impressão e visualização. No entanto, o processo de importação é difícil, uma vez que os documentos PDF criados por companhias, por exemplo, são diferentes entre si e todos incluem informações diversas sobre seus respectivos negócios (PETROBRÁS, 2004c, BRADESCO, 2004c, CVRD, 2004b e TELEMAR, 2004a).

O formato de planilha-eletrônica Microsoft Excel, abreviado XLS, é criado e acessível através do software Microsoft Excel (MICROSOFT, 2004). Assim sua portabilidade é muito baixa, além de ser recomendável apenas para cálculo automático de uma única companhia, devido a inexistência de padronização. A produção e impressão das demonstrações pode ser difícil (CVRD, 2004c).

O formato Divext é fornecido pelo web-site da CVM e usado pela CVM, Bovespa e outros (BRADESCO, 2004b e CVM, 2004b). A informação presente no Divext é estruturada em campos de dados, comprimida em um arquivo e acessada através de um software chamado Divulgação Externa.

As companhias devem (passo-A) produzir a informação contábil e produzir seus relatórios; (passo-B) então elas sempre preenchem um arquivo Divext com informações baseadas em

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2. Informações Eletrônicas no Mercado de Capitais 20

seus relatórios contábeis e envia-o para a CVM.

Para criar outros relatórios ou documentos eletrônicos, as companhias devem realizar novos passos como o passo-B segundo os relatórios contábeis, sem qualquer possibilidade de reuso da informação produzida para o Divext, por exemplo. Estes passos adicionais são normalmente de alto custo, lentos e deveriam ser excluídos do processo de divulgação da informação contábil.

2.3. Informações Estruturadas, Semi-estruturadas e Não-estruturadas

O conceito de informação estruturada e não-estruturada, no entanto, aqui difere do encontrado em algumas literaturas como em PADOVEZE (2000). Segundo PADOVEZE (2000, p. 50), a classificação dos tipos de informação que existem de acordo com o conceito de banco de dados e de armazenamento corresponde a, segundo Gil1: as "informações estruturadas são

aquelas sobre as quais a organização tem mais domínio; são as que retratam e representam a base de sua operacionalização" e as informações não estruturadas "são necessárias ao exercício de situar a organização no segmento econômico a que pertence e de projetar um perfil de seu comportamento esperado".

Nossos conceitos, porém, se afastam do domínio que a organização tem sobre a informação, caracterizando-a em três níveis de estruturação que são estruturada, semi-estruturada e não-estruturada.

Esses conceitos são amplamente empregados em ciência da computação, como: informações estruturadas são armazenadas e manipuladas através de banco de dados relacionais; informações semi-estruturadas possuem alguma regularidade e padronização, mas não o suficiente para que consultas precisas sejam realizadas; e finalmente informações não-estruturadas não são dotadas de qualquer regularidade explícita e a identificação de um padrão consiste de um ou mais processos caros de processamento e conversão para outro formato.

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Um padrão para disseminação de informações contábeis em ambientes digitais 21

3. A LINGUAGEM DE ESPECIFICAÇÃO

Alguns atributos são importantes para um formato significativo de intercâmbio de dados o qual é usado como principal infraestrutura em ambientes digitais. O modelo de informação deve ser flexível o suficiente para geração das mais populares representações contábeis e para cálculos automáticos. No entanto, os dados devem ser disponíveis em qualquer arquitetura de computador e qualquer sistema operacional.

Estes atributos abordam a informação, separada em três dimensões ou camadas. Na primeira camada há dados criados por companhias e conhecidos por agentes reguladores tais como a CVM. Na segunda camada há meta-dados ou “dados sobre dados”, os quais são conhecidos por desenvolvedores de software e descrevem o modelo de informação para softwares. Na terceira camada residem os sistemas de informação independentes, os quais acessam e processam os dados através de seus processos lógicos. A informação é ilustrada na figura 1.

Figura 1. Informação Eletrônica Contábil em XML

A indústria de tecnologia em computação criou padrões apropriados para o intercâmbio de dados. Entre eles estão XML e suas extensões DTD/XML Schema e XSLT (WWW, 2004a). Eles serão brevemente explicados nas subseções 3.1, 3.2 e 3.3, respectivamente.

3.1. XML

Extensible Markup Language, ou XML, especifica objetos de dados, chamados documentos XML, e parte de sua computação. Ele foi desenvolvido por um grupo de trabalho do World Wide Web Consortium (W3C) no ano de 1996 (WWW, 2004a).

Os principais objetivos da XML são que seus documentos sejam usados diretamente na Internet, com suporte a uma grande variedade de aplicações e que sejam totalmente compatíveis com a Standard Generalized Markup Language (SGML). XML deve garantir aos desenvolvedores facilidade de produção de programas que processem seus documentos. Além

XML DTD XSL Impressão Visualização Som Análise 3ª camada 2ª camada 1ª camada

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3. A Linguagem de Especificação 22

disso, o número ideal de funcionalidades opcionais em XML deve ser zero. Os documentos XML são legíveis para humanos, fáceis de se criar e devem usar identificadores representativos, ao invés de mnemônicos ou formas abreviadas. Finalmente, seu projeto deve ser formal, conciso e preparado rapidamente (WWW, 2004b).

Os documentos XML têm elementos os quais são dados com algum significado. No código 1, o elemento item é representado. Ele é composto por dois elementos: period e value. Finalmente, o elemento period é composto por três elementos: day, month e year.

<item> <period type=”quarter”> <day>30</day> <month>06</month> <year>2004</year> </period> <value currency=”brreal”>26416410000</value> </item> Código 1. Elementos XML

Cada elemento tem um nome entre os símbolos menor-que “<” e maior-que “>” e tem um conteúdo e atributos. No código 1, o elemento <value currency="brreal">26416410000</value> é chamado value, tem um atributo currency que é definido como “brreal”, e carrega o dado 26416410000.

Os dados sempre estão entre um par de tags (marcas) como <value> e </value>. Assim, diferentes softwares podem identificá-los sem dificuldades. Os documentos XML estão na primeira camada do modelo de informação.

3.2. DTD e XML Schema

A segunda camada do modelo de informação é especificada através de meta-dados através de DTD ou XML Schema. Assim a estrutura de documentos XML é reconhecida por softwares diversos.

De acordo com o DTD, o elemento item ilustrado no código 1 é especificado como <!element item (period, value+)>. Isto é, ele possui um elemento chamado period e pelo menos um elemento chamado value. Finalmente, um período, especificado como <!element period (day, month, year)>, tem três elementos.

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3. A Linguagem de Especificação 23

gramática para uma classe de documentos XML. O XML Schema é usado para o mesmo objetivo, mas descreve outros aspectos como semântica de documentos. Outra característica importante do XML Schema é sua especificação em notação XML. (WWW, 2004b) e (WWW, 2004d)

3.3. XSLT

O XSL Transformations (XSLT) é parte do Extensible Stylesheet Language XSL, a qual é a linguagem de formatação do XML (WWW, 2004e). XSLT, por sua vez, é uma linguagem de transformação para conversão de documentos XML em documentos de outros tipos ou com diferentes composições.

Através do XSLT produzimos representações similares a demonstrações contábeis a partir de uma amostra de documento XML. Entre elas estão a representação em tabelas e a representação textual.

Uma representação textual pode ser usada por pessoas com deficiências visuais. Neste caso, nós usamos um software especial chamado DOSVOX para leitura da mesma (DOSVOX, 2004).

Uma representação tabular, como da tabela 1, é criada pela especificação XSLT descrita nos códigos 2, 3 e 4.

<xsl:template match="/"> <html>

<body>

<h2 align="center">Balanço Patrimonial<br/> Cia Vale do Rio Doce</h2> <p align="right">R$ milhões</p>

<table border="1" align="center"> <tr> <th align="left"></th> <th align="left">30/06/03</th> <th align="left">31/03/04</th> <th align="left">30/06/04</th> </tr> <xsl:apply-templates select="report/account"/> </table> </body> </html> </xsl:template>

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3. A Linguagem de Especificação 24

As linhas iniciadas por xsl, no código 2, são regras próprias do XSLT. As outras linhas são regras em HTML. A regra especificada por <xsl : apply-templates select = "report/account" /> aplica a regra account descrita no código 3.

A regra account processa o atributo title de uma conta de acordo com a linha <xsl : value-of select = "title" />, ítens da conta de acordo com a linha <xsl : apply-templates select = "item" / > e suas sub-contas. Suas sub-contas são processadas pela mesma regra de acordo com a linha <xsl : apply-templates select = "account" /> em código 3.

<xsl:template match="account"> <tr> <td> <xsl:value-of select="title"/> </td> <xsl:apply-templates select="item"/> <xsl:apply-templates select="account"/> </tr> </xsl:template>

Código 3. Regra de Processamento Account

Finalmente, a regra item processa o valor de uma conta. Ela é descrita como <xsl : value-of select = "value" /> em código 4.

<xsl:template match="item"> <td align="right">

<xsl:value-of select="value"/> </td>

</xsl:template>

Código 4. Regra de Processamento de Item

Definições de transformação como XSLT devem estar na terceira camada de modelo de informação, onde também residem os softwares de usuário.

A tecnologia XSL possibilita a acessibilidade para diferentes usuários da informação, tais como pessoas com deficiência visual.

(26)

Um padrão para disseminação de informações contábeis em ambientes digitais 25

4. CONTABILIDADE E AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As organizações, no Brasil e no mundo, aplicam recursos econômicos, materiais, informacionais e humanos e criam trabalho e riqueza para a sociedade, sendo que cada um destes recursos é limitado e possui um custo relevante. Desta forma, as implicações sociais das organizações sempre exigiu da contabilidade o controle dos recursos consumidos, disponíveis e produzidos.

Para cumprir seus objetivos sociais, uma organização usa recursos próprios e de terceiros, o que é mensurado pela comunidade em unidades monetárias da economia. O primeiro grupo, chamado de capital próprio, é resultado da associação de pessoas que depositam dinheiro e outros recursos com a expectiva de obter lucros no futuro. O segundo grupo, chamado de capital de terceiros, representa dívidas contraídas pela organização com pessoas, outras empresas e governo, através do empréstimo ou uso de seus recursos em troca do pagamento futuro.

No mercado de capitais, em particular, ocorrem compras e vendas de ações, que são partes indivisíveis do capital próprio de uma organização. Quando se compra uma ação, compra-se a propriedade de uma parte do capital próprio daquela organização, incluindo o direito de receber dividendos resultantes do seu trabalho e de participar em decisões sobre o seu trabalho. Quando se vende uma ação, em contrapartida, são transferidos todos os direitos presentes e futuros sobre aquela organização ao comprador.

Como esclarece Sá (1998), neste comércio de ações os investidores têm a necessidade de analisar e estudar as empresas onde pretendem aplicar dinheiro. A análise e o estudo da empresa ocorre através da solicitação de elementos demonstrativos, os quais retratam a situação do patrimônio da organização, seus resultados, informações sobre o giro financeiro e outras informações.

A estes demonstrativos são atribuidas tais informações, as quais são produzidas pela contabilidade, interpretadas pelos usuários da informação (dentre eles os investidores). E pelos eventos sociais e econômicos ocorridos no passado, em conjunto com a expectativa da ocorrência de novos eventos, se cria a perspectiva de rendimentos futuros em função do trabalho daquela organização. Assim também conclui Sá (1998), "a responsabilidade social da informação é enorme".

(27)

4. Contabilidade e as Demonstrações Contábeis 26

As informações produzidas e publicadas pelas organizações são econômicas, financeiras, estatísticas, contábeis e outras. Todas relacionadas e indicadoras de tendências segundo previsões, novas estatísticas e padrões existentes no universo econômico daquela organização e do país na qual está inserida.

E as informações contábeis, portanto, as principais informações sobre uma organização, são descritas em demonstrações ou demonstrativos, com objetivo de possibilitar a avaliação da situação econômica e financeira da organização, estaticamente, e inferir sobre suas tendências futuras, aos usuários da contabilidade. (MARION, 2003)

4.1. As Demonstrações Contábeis

A contabilidade registra fatos ocorridos no universo da organização, os quais são chamados de dados. Tais dados são equivalentes ao conceito de informação por possuir alguma semântica em um contexto particular.

Estes registros produzem os relatórios ou informes contábeis, dentre os quais são mais importantes os do sub-conjunto conhecido como demonstrações financeiras, terminologia utilizada pela Lei das Sociedades por Ações, ou demonstrações contábeis, terminologia usada por contadores (MARION, 2003 e IUDÍCIBUS, 1998).

As principais demonstrações contábeis são o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados e a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. Temos ainda as Notas Explicativas, usadas pela contabilidade para complementar os dados contábeis. Todas são publicadas, obrigatoriamente, pelas sociedades anônimas abertas (designação para as organizações compostas por ações de capital). Também são obrigatórias para sociedades por quotas de responsabilidade limitada, porém não sendo exigida a publicação.

Outros relatórios, não exigidos por lei, são a Demonstração do Fluxo de Caixa (entretanto, é exigido nos EUA), a Demonstração de Valor Adicionado e os Orçamentos, sendo que somente os Orçamentos não descrevem o passado.

Em nosso trabalho chamaremos os dados contábeis de informações, e o termo demonstrações designará os relatórios exigidos por Lei às organizações por ações e também as Notas Explicativas. Algumas demonstrações serão analisadas com mais detalhes nas seções seguintes do capítulo 4.

(28)

4. Contabilidade e as Demonstrações Contábeis 27

4.2. Balanço Patrimonial

Segundo MARION (2003), o Balanço Patrimonial é a principal demonstração contábil. A demonstração reflete a posição financeira ao final de um período de tempo, sendo constituído de duas colunas: uma para indicar as aplicações de recursos da organização, outra para indicar a origem dos recursos.

A tabela 1 ilustra um balanço patrimonial desenhado verticalmente. As colunas da esquerda, chamada Ativo e a coluna da direita, chamada Passivo, foram posicionadas uma sobre a outra, assim como normalmente é divulgado pelas sociedades anônimas. A tabela 2, por sua vez, ilustra o balanço em duas colunas, uma para o ativo, outra para o passivo, assim como explicado por Marion (2003), Iudícibus (1998) e Iudícibus et al (2000).

Os ativos estão acima ou à esquerda por convenção e representam benefícios presentes e futuros da organização, tais como equipamentos, imóveis, estoques, dinheiro, duplicatas a receber, participação acionária em outras organizações, etc.

Tabela 1. Balanço Patrimonial da CVRD em uma Coluna Balanço Patrimonial

Cia Vale do Rio Doce

R$ milhões

30/06/03 31/03/04 30/06/04

Ativo 27.796 31.001 33.124

Circulante 4.127 3.827 3.924

Realizável a Curto Prazo 2.894 2.679 2.783

Permanente 20.774 24.495 26.417

Passivo 27.796 31.001 33.124

Circulante 5.297 5.036 4.453

Exigível a Longo Prazo 8.310 10.543 11.993 Patrimônio Líquido 14.188 15.422 16.678 Capital Próprio 6.300 6.300 7.300

Reservas 7.888 9.122 9.378

Os passivos e o patrimônio líquido estão abaixo ou à direita e representam as dívidas e obrigações da organização com terceiros e com seus acionistas.

Os passivos exigíveis são dívidas e obrigações com terceiros, como governo, funcionários, fornecedores, bancos e outros. O passivo não exigível, chamado patrimônio líquido e também capital próprio, é representado principalmente pelo montante investido pelos acionistas ou sócios na organização, o lucro acumulado para benefício da própria organização (e não

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4. Contabilidade e as Demonstrações Contábeis 28

distribuído em forma de dividendos para seus sócios) e as reservas de capital.

O ativo é composto por outras contas, as quais no exemplo são circulante ou realizável a curto prazo, realizável a longo prazo e permanente. Suas contas são sempre ordenadas em ordem descrescente de liquidez, sendo que as contas (não ilustradas nas tabelas 1 e 2) do circulante são dinheiro ou são mais facilmente conversíveis em dinheiro (estoques, duplicatas a receber, saldo bancário), seguidas das contas do realizável a longo prazo, que representam ativos tais como duplicatas a receber a partir do segundo ano de exercício ao final do exercício corrente. Finalmente temos a conta Permanente e suas subcontas que são maquinários, prédios, terrenos os quais possuem menor liquidez sendo dificilmente convertidos em moeda.

Tabela 2. Balanço Patrimonial da CVRD em duas Colunas Balanço Patrimonial

Cia Vale do Rio Doce

R$ milhões

Ativo Passivo + Patrimônio Líquido

30/06/03 31/03/04 30/06/04 30/06/03 31/03/04 30/06/04

Circulante 4.127 3.827 3.924 Circulante 5.297 5.036 4.453

Realizável LP 2.894 2.679 2.783 Exigível LP 8.310 10.543 11.993

Permanente 20.774 24.495 26.417 Pat. Líquido 14.188 15.422 16.678

Capital Próprio 6.300 6.300 7.300

Reservas 7.888 9.122 9.378

Total 27.796 31.001 33.124 Total 27.796 31.001 33.124

O passivo, por sua vez, possui as mesmas características que o ativo, sendo ordenado por tempo de pagamento e de valor total, quando agregado ao valor do Patrimônio Líquido, igual ao valor total dos ativos.

4.3. Demonstração do Resultado do Exercício

O exercício social de uma organização tem a duração de um ano e a cada exercício será apurado o resultado do período, o qual representa lucro ou prejuízo.

Através da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) são explicitadas as despesas e receitas da organização naquele exercício e poderá ser medida a eficiência da administração de recursos da organização na obtenção de lucro.

(30)

4. Contabilidade e as Demonstrações Contábeis 29

Operacional Líquido, Lucro Antes do Imposto de Renda e Lucro Depois do Imposto de Renda além do já citado Lucro Líquido.

A forma da DRE é vertical, diferentemente do balanço patrimonial, como na tabela 3.

Tabela 3. Esquema de uma DRE

Receita (-) Despesa

Resultado

E uma DRE real é ilustrada na tabela 4 (CVRD, 2004c), usada como amostra de testes do modelo DEC.

Tabela 4. Demonstração do Resultado do Exercício da CVRD DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

R$ milhões

2T03 1T04 2T04

Receita Operacional Bruta 2.206 2.731 3.578

Impostos (87) (123) (194)

Receita Operacional Líquida 2.119 2.608 3.384

Custo dos Produtos Vendidos (1.211) (1.476) (1.775)

Lucro Bruto 908 1.132 1.609

Margem Bruta (%) 42,9 43,4 47,5

Resultado de Participações Societárias 151 510 1.136

Equivalência Patrimonial 371 595 1.247

Amortização de Ágio (185) (57) (80)

Provisão para Perdas (35) (28) (31)

Despesas Operacionais (308) (440) (305)

Vendas (45) (5) (7)

Administrativas (96) (104) (134)

Pesquisa e Desenvolvimento (36) (63) (76)

Outras Despesas Operacionais Líquidas (131) (85) (88)

Item não recorrente - Amortização de ágio Samitri - (183) -

Resultado Financeiro 784 (205) (703) Despesas Financeiras (163) (165) (153) Receitas Financeiras 61 29 20 Variações Monetárias 885 (69) (570) Lucro Operacional 1.534 997 1.737 IR e Contribuição Social (259) (43) (54) Lucro Líquido 1.275 954 1.683

Lucro por Ação (R$) 3,32 2,48 4,39

A receita operacional bruta, aqui sinônimo de faturamento, é a primeira linha do nosso demonstrativo. Indicadores tais como Margem Bruta e Lucro por Ação também podem ser usados. E o mais importante, nesta demonstração, particulamente, não é clara a idéia de agrupamento de contas, o qual só é explícito no plano de contas usado para sua criação.

(31)

4. Contabilidade e as Demonstrações Contábeis 30

4.4. Notas Explicativas

Também conhecidas como Notas de Rodapé, as Notas Explicativas são necessárias para esclarecimentos suplementares sobre a situação patrimonial da organização e o resultado do exercício.

Uma Nota Explicativa assume diferentes formas, sendo normalmente textual. São obrigatórias para as sociedades anônimas e para outras organizações.

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Um padrão para disseminação de informações contábeis em ambientes digitais 31

5. ESPECIFICAÇÃO DO FORMATO DEC

O formato DEC é especificado da mesma forma para as mais diversas demonstrações contábeis, sendo ilustrado apenas através do Balanço Patrimonial. Nesta seção apresentaremos de forma isolada diferentes características de uma demonstração eletrônica contábil, omitindo certos detalhes para destacar somente os aspectos mais importantes.

5.1. Especificação de Contas

Uma conta é uma tupla composta por um título, itens com valores em diferentes períodos, e opcionalmente sub-contas se a conta em questão for um agrupamento de contas.

<account id=”1.3”> <title>Permanente</title> <item>...</item> <item>...</item> <item>...</item> </account>

Código 5. Conta Permanente em XML

No código 5 está representada uma conta mínima (sem sub-contas), denominada permanente, com itens similares ao ilustrado no código 1, e identificada como “1.3”, o que significa ser a terceira conta, da conta identificada como “1” no plano de contas.

5.2. Grupos de Contas

Um grupo de contas sempre é uma conta, como explicado na seção 5.1, porém com sub-contas em sua composição. Uma sub-conta corresponde a uma conta mínima ou um novo grupo de contas.

<account id=”1”>

<title>Ativo</title> ... itens da conta Ativo <account id=”1.1”>

<title>Circulante</title> ... ítens da conta Circulante </account>

... </account>

Código 6. Conta Ativo em XML

O código 6 ilustra a conta Ativo com uma conta Circulante. Pode-se observar que a sub-conta reside no interior da sub-conta, o que facilita a análise das demonstrações contábeis.

(33)

5. Especificação do Formato DEC 32

5.3. Suporte a Múltiplas Moedas

Uma demonstração apresenta seus valores sempre em uma única moeda, normalmente do país onde a organização está instalada. Entretanto, no caso das multinacionais e organizações cujas ações são vendidas em mercados distintos, a exposição de seus resultados em outras moedas é essencial.

Através do formato DEC é possível criar elementos com atributos que os caracterizem segundo a moeda adotada. No código 7 é ilustrado um ítem de uma conta, com dois valores, o primeiro em Real e o segundo em Dólar Americano.

<item> <period type=”quarter”> <day>30</day> <month>06</month> <year>2004</year> </period> <value currency=”brreal”>26416410000</value> <value currency=”usdollar”>...</value> </item>

Código 7. Valores em Moedas Diferentes

Uma demonstração em mais de uma moeda possui utilidade para uso de diferentes usuários da informação, como governos e estrangeiros. Se agregado ao modelo, os aplicativos da terceira camada do modelo devem ser instruídos sobre qual moeda interessa ao usuário.

5.4. Suporte a Múltiplos Idiomas

Assim como há utilidade em especificar mais de uma moeda nas demonstrações, diferentes usuários da informação podem compreender diferentes idiomas.

Atualmente a contabilidade está padronizada internacionalmente, sendo que alguns conceitos, tais como agrupamento de contas, sejam universais. Entretanto, são exceções algumas práticas e normas que variam segundo o país para o qual são criadas as demonstrações contábeis.

Independentemente do idioma, caso práticas e normas sejam diferentes novas demonstrações devem ser produzidas. Caso sejam similares, apenas os nomes ou títulos das contas devem ser traduzidos para o idioma do usuário da informação ou identificados pelos softwares usados por eles. Os dois casos são ilustrados através do formato DEC.

(34)

5. Especificação do Formato DEC 33

sendo que as aplicações que acessam a demonstram podem escolher o idioma conhecido pelo usuário. No código 8 (a) ilustramos a conta Permanente em dois idiomas: português brasileiro, chamada Permanente, e inglês, chamada Fixed. O atributo lang define o idioma através das marcas “br” e “en”, respectivamente.

<account>

<title lang=”br”>Permanente</title> <title lang=”en”>Fixed</title>

... </account>

Código 8 (a). Tradução por Duplicação de Contas

<account>

<title type=”fixed”>Permanente</title> ...

</account>

Código 8 (b). Tradução por Definição de Tipos

A identificação de contas é uma outra técnica de tradução, a qual ocorre na terceira camada do modelo. Esta técnica é inviável para a tradução de todas as contas e limita-se a um conjunto comum de contas, presente em todos os planos de contas.

O código 8 (b) ilustra a conta Permanente com o atributo type marcado como “fixed”. Neste caso, as aplicações residentes na terceira camada do modelo devem ser capazes de substituir o texto do elemento title por um texto compatível com o atributo type em seu idioma. Um programa em francês, por exemplo, substituiria o código ilustrado por <title type=”fixed”>Immobilisation</title>.

Também é possível a produção de tradutores capazes de processar a demonstração em DEC e transformá-la em demonstrações já traduzidas, sem a sobrecarga do primeiro caso de tradução e sem a necessidade de implementar aplicativos mais sofisticados na terceira camada.

Se este processo for realizado pela organização a qual pertence a demonstração contábil, a tradução pode ser total, uma vez que todo o plano de contas pode ser traduzido e o tipo da conta torna-se igual à própria identificação da conta. Neste caso a organização conta com uma ferramenta mais sofisticada que a tradução manual de títulos na fase de diagramação.

5.5. Arquivo de Demonstrações Eletrônicas Contábeis

(35)

5. Especificação do Formato DEC 34

períodos, em diferentes idiomas e moedas. O código 9 representa um balanço patrimonial sendo que a raiz report reúne as contas Ativo e Passivo.

<?xml version="1.0"?> <report> <identificationdata/> <account id=”1”> <title>Ativo</title> ... </account> <account id=”2”> <title>Passivo</title> ... </account> </report>

Código 9. Demonstração Balanço Patrimonial em XML

Um elemento vazio identificationdata apenas registra a necessidade de outros dados que identifiquem a demonstração, a empresa e o propósito da mesma. A demonstração completa é ilustrada no código 15, em Anexo A.

5.6. Notas Explicativas

As Notas Explicativas, por sua vez, são representadas por um comentário textual entre as tags <note> e </note>.

O código 10 estabelece como local apropriado para uma nota explicativa o interior do elemento account, o que pode ocorrer após os elementos item.

<account>

<title>Permanente</title> ...

<note>

Texto da Nota Explicativa para conta Permanente </note>

</account>

Código 10. Notas Explicativas em XML

Entretanto, outro ponto pode ser considerado mais apropriado para uma nota explicativa no modelo, como é o caso das notas com informações não relacionadas a uma conta, mas à demonstração, o que exige um elemento note no interior de report, fora de qualquer account.

(36)

Um padrão para disseminação de informações contábeis em ambientes digitais 35

6. AVALIAÇÃO DO FORMATO DEC

Para especificação do formato DEC foram considerados os usuários com maiores dificuldades na obtenção e análise das demonstrações contábeis. Para avaliação de sua aplicabilidade, foram considerados as principais atividades dos mais diversos usuários da informação, estas classificadas em leitura, manipulação, impressão e cálculo automático.

Nossa metodologia de avaliação preliminar consiste em submeter uma DEC às tarefas habituais citadas, através de programas de computador existentes e outros programas produzidos especialmente para o DEC. Durante os testes não foi usada a segunda camada do modelo DEC, por esta camada servir principalmente para garantir a validade da documento DEC, objetivo inexistente nessas simulações.

O arranjo de tarefas e programas consiste em: leitura da informação por browser, cálculo por programa de planilha eletrônica, acesso por pessoas com deficiência visual por software leitor de telas (DOSVOX, 2004) e cálculo automático de indicadores através de software desenvolvido exclusivamente para este trabalho.

O formato DEC, por se basear no padrão XML, foi reconhecido por browsers com popularidade superior a 20% na Internet. A popularidade de browsers considerou censo realizado em outubro de 2004 por uma importante empresa de estatísticas (THECOUNTER, 2004).

Para o teste de visualização em browser foi construído um recurso XSLT (disponível como Anexo C) para a transformação do DEC em uma representação de dados em tabela, o qual foi exibido com correção nos browsers avaliados.

A importação por planilhas eletrônicas, com especificação de DTD, é possível para aplicativos da família Microsoft Office versão 2000 e do pacote OpenOffice versão 1.1.1. Através destes aplicativos pode-se realizar cálculos automáticos sobre as demonstrações importadas.

Uma aplicação para análise automática de demonstrações contábeis e produção de indicadores e a comparação automática entre demonstrações de diferentes empresas foi possível, uma vez que a regularidade dos dados e facilidade de programação são características presentes no modelo.

(37)

6. Avaliação do Formato DEC 36

A acessibilidade do formato foi provada através do Dosvox, programa usado por deficientes visuais, através do qual é possível ouvir os dados apresentados na tela do computador.

30 de Junho de 2003, 31 de Março de 2004, 30 de Junho de 2004 Ativo, 9783, 12662, 12434

Circulante, 2482, 3117, 3069 ...

Figura 2. Texto com Leitura em Linhas

Para certificar a flexibilidade do DEC para a audição dos dados contábeis, usamos dois leitores de tela em três formatos: PDF lido por Acrobat Reader, HTML lido por Dosvox, DEC lido por Dosvox.

A leitura do PDF e dos dados em tabela HTML ocorre sem a identificação de âncoras de leitura, sendo que a tabela é lida ou em linhas, como ilustrado na figura 2, ou em colunas, como ilustrado na figura 3.

Ativo, Circulante, ...

30 de Junho de 2003, 9783, 2482, ... 31 de Março de 2004, 12662, 3117, ... 30 de Junho de 2004, 12434, 3069, ...

Figura 3. Texto com Leitura em Colunas

A leitura do DEC, para a qual foi usado um recurso XSLT (Anexo B), ocorre mais naturalmente, como demonstra a figura 4. O título da conta é lido primeiro, e em seguida são lidos o valor e o período para a conta correspondente. O recurso XSLT pode ainda ser alterado para outras formas de leitura e sempre se adapta a qualquer DEC.

A conta Ativo

Ela era 9783 em 30 de Junho de 2003. Ela era 12662 em 31 de Março de 2004. Ela era 12434 em 30 de Junho de 2004. A conta Circulante

Ela era 2482 em 30 de Junho de 2003. Ela era 3117 em 31 de Março de 2004. Ela era 3069 em 30 de Junho de 2004.

Figura 4. DEC Sonorizado por Dosvox

Finalmente, o DEC, mais uma vez por se basear no padrão XML, foi suportado por conversores para outros formatos, como PDF e HTML, e aplicações com suporte a XML.

(38)

Um padrão para disseminação de informações contábeis em ambientes digitais 37

7. CONCLUSÃO

7.1. Revisão do Trabalho

O escopo de nosso trabalho foi investigar a forma como as informações contábeis são produzidas, obtidas pelos usuários da informação, processadas e usadas no processo de tomada-de-decisão. Este ciclo de vida, no entanto, é simples e foi explorado totalmente no capítulo 2.

Sobre estes pontos, nós avaliamos duas dimensões: tecnológica e metodológica. A primeira considera aspectos importantes principalmente para a portabilidade e flexibilidade de processamento das informações. A segunda considera especialmente o custo e o esforço necessários para o processo compreendido entre produzir e usar a informação contábil.

Para isso desenvolvemos instrumentos apropriados para avaliação, sendo 1) um modelo de representação dos dados em XML, o qual denominados DEC, e propõe o desenvolvimento do modelo para uso no mercado de capitais; 2) modelos XSLT para visualização e transformação dos dados em formato DEC; 3) e um programa de processamento para análise e manipulação das informações contábeis armazenadas no formato DEC.

A presente versão do modelo DEC é capaz de ilustrar totalmente sua aplicabilidade, utilidade e simplicidade segundo as especificações fornecidas, servindo também como padrão para a agregação de novas funcionalidades.

Os modelos XSLT, também, foram desenvolvidos tendo em foco os mais diversos softwares usados por usuários da informação contábil, estando incluídos softwares de visualização de páginas, de cálculo de planilhas eletrônicas, de visualização de páginas digitalizadas (PDF) e até mesmo softwares de acessibilidade a deficientes, como o DOSVOX, adotado em nossos testes.

A manipulação dos dados em formato DEC é possível mas não foi especificada, como não é especificada nos demais formatos avaliados. Em todos eles, sem exceção, sua melhor aplicação é para consulta e não para manipulação, embora o XML, padrão base sobre o qual se desenvolve o formato DEC possa ser manipulado por softwares de banco de dados.

Por fim um programa de processamento para análise das informações contábeis, armazenadas sob o formato DEC, foi desenvolvido. Através deste programa foi possível ilustrar como um

(39)

7. Conclusão 38

algoritmo pode produzir automaticamente indicadores contábeis, com transparência e rapidez, independentemente da empresa cuja demonstração contábil é selecionada.

7.2. Conclusões

A tecnologia da informação quando usada sem atenção aos seus aspectos estruturais pode dificultar a disseminação de informação.

A disseminação de informação é importante especialmente para garantir a transparência do mercado de capitais. Neste mercado, particularmente o brasileiro, ações tais como a padronização do formato de dados para o intercâmbio de informações contábeis e financeiras pode tornar mais eficiente a obtenção de capital e contribuir para o surgimento de softwares de suporte a tomada de decisão, os quais são ferramentas úteis aos investidores pessoais e ferramentas essenciais aos investidores estrangeiros.

Os documentos no formato DEC, criados neste trabalho, foram usados por softwares já existentes e recentes, sem a complexidade do desenvolvimento de um wrapper e o esforço da produção sem reutilização.

Desta forma, a aplicabilidade do formato e do método se mostrou possível, de baixo custo, transparente para usuários-finais e também necessária pois os formatos e métodos de disseminação atuais apresentam problemas: são incompletos, de difícil acesso, não totalmente adaptáveis às necessidades dos usuários, etc.

Programas apropriados para a análise e comparação de demonstrações contábeis e empresas diferentes podem ser produzidos, como foi demonstrado, e este processo é simplificado caso o DEC seja usado como fonte de dados, uma vez que se baseia em formato totalmente estruturado.

Finalmente, o padrão de formato e disseminação da informação contábil eletrônica não é conclusivo. Sua especificação deve ser realizada segundo um conjunto mais amplo de requisitos que o abordado neste trabalho. Deve ser projetada, implementada, reavaliada e implantada por um grupo de especialistas capaz de reconhecer pelo menos o conjunto mínimo de requisitos indispensáveis para sua aplicabilidade no mundo real.

Nós recomendamos que este grupo seja composto por contadores, órgãos reguladores, agentes do mercado, companhias, pesquisadores e principalmente usuários da informação.

(40)

7. Conclusão 39

7.3. Trabalhos Futuros

A usabilidade do formato DEC e dos métodos de acesso baseados em seu uso deve ser avaliada através de testes aplicados com usuários de informação com diferentes objetivos e necessidades, incluindo os investidores institucionais.

Isso se deve ao fato de DEC ter sido proposto tendo em vista os usuários com maior dificuldade de obter e analisar as informações financeiras e contábeis, mas que restringiram expressivamente o escopo do presente trabalho.

Entretanto, entendemos que o maior desafio do formato DEC seja contar com uma ferramenta de consulta, análise e manipulação com elevada usabilidade, sendo que no Brasil não existem ferramentas baseadas nos formatos correntemente oferecidos por empresas, Bovespa e CVM.

Extendendo o uso do DEC aos deficientes visuais, concluimos que uma ferramenta com elevada usabilidade também possa ser usada com facilidade por este grupo de usuários da informação. A este aparato computacional seriam agregados mecanismos de visualização, de análise e manipulação.

Para o correto uso de um formato eletrônico de demonstrações contábeis já existem mecanismos de visualização adaptativos, com recursos tais como os avaliados em browsers e no software leitor de telas.

Um mecanismo de análise mais poderoso que as atuais planilhas eletrônicas é necessário, o qual deve ser capaz de realizar computações complexas e ser programável para todas as demonstrações, de qualquer empresa.

Mecanismos de manipulação especialmente para um formato como o DEC são inexistentes, embora aplicações de gerenciamento de banco de dados em XML possam realizar esta tarefa. Mesmo assim, tais aplicações são complexas para a maioria dos usuários de informação.

Um mecanismo interessante e proposto como trabalho futuro é uma interface de análise e manipulação baseada em programação por usuário-final. A computação seria realizada através da compilação de um conjunto de funções, assim como são descritos os indicadores contábeis.

Um exemplo da abstração planejada é a função para o cálculo do índice de endividamento, ilustrado no código 11. O atributo empresa representa um dado textual genérico que poderia muito bem ser uma sigla ou mnemônico tal como "cvrd" ou "petrobras".

(41)

7. Conclusão 40

endividamento (empresa) =

patliquido (empresa) / passivo (empresa)

Código 11. Programação por Usuário-final: função endividamento

A função patliquido e passivo usadas em Código 11, são especificadas respectivamente em código 12 e código 13.

patliquido (empresa) =

valordaconta ("tipopatliquido","BP",empresa)

Código 12. Programação por Usuário-final: função patliquido

As funções patliquido e passivo também usam uma quarta função denominada valordaconta, responsável por localizar a conta especificada e retornar seu valor. A função valordaconta é ilustrada no código 14.

passivo (empresa) =

valordaconta ("tipopassivo","BP",empresa)

Código 13. Programação por Usuário-final: função passivo

Finalmente, a função valordaconta é recursiva. Em código 14 seu funcionamento é descrito como uma recursão caso a conta solicitada não tenha sido encontrada. A função valordaconta recebe um atributo denominado tipo, o qual no código 13 era "tipopassivo", um atributo identificador da demonstração – no caso o balanço patrimonial – e um atributo que identifica a empresa.

valordaconta (tipo,relat,empresa) =

if tipo = dec(relat,empresa,"account","type") then dec(relat,empresa,"account","value") else valordaconta (tipo,relat,empresa)

Código 14. Programação por Usuário-final: função valordaconta

Se tipo procurado for igual ao atributo type, do primeiro elemento account encontrado, então a função dec (sempre responsável por retornar um valor do arquivo em formato DEC) retorna o atributo ou elemento value do elemento account. Caso contrário, a função valordaconta é chamada novamente e este processo se repete até que uma conta apropriada seja localizada.

Finalmente, um aparato computacional que reúna os três mecanismos, de visualização, manipulação e análise baseada em linguagem de programação, é um possível trabalho futuro com relevância para avaliar o DEC e desenvolver a disseminação de informação no mercado de capitais.

Referências

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