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COMPLICAÇÕES LOCAIS NA PELE RELACIONADAS À APLICAÇÃO DE INSULINA

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Academic year: 2021

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CANDIDO, C.B.; ZANETTI, M.L.; PRADO, K.R. Complicações locais na pele relacionadas à aplicação de insulina. R. Enferm. UERJ, v.10, n.1, p.38-40, 2002.

COMPLICAÇÕES LOCAIS NA PELE RELACIONADAS À

APLICAÇÃO DE INSULINA

Caroline Benitte Candido 1, Maria Lúcia Zanetti 2, Kátia Ribeiro Prado 3

RESUMO

Este estudo4 de natureza descritiva e tipo “survey” tem por objetivo descrever as complicações locais ocorridas na pele de portadores de Diabetes Mellitus, relacionadas à aplicação de insulina. Foram entrevistados 74 usuários de insulina atendidos em um hospital de grande porte do interior do Estado de São Paulo, no período de maio a julho de 2000. Os resultados permitem concluir que a maioria (67,4%) dos sujeitos apresentou complicações locais na pele, tais como: hematoma, caroço e hiperemia devido à falta de conhecimento dos mesmos quanto aos locais para aplicação de insulina. Diante da ocorrência da complicação, não procuram tratamento e quando o fazem, utilizam procedimentos inadequados. Os dados encontrados merecem ser analisados pelos profissionais de saúde, com vistas ao aprimoramento dos programas de educação em diabetes.

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes; educação; enfermagem; insulina. ABSTRACT

LOCAL SKIN COMPLICATIONS RELATED TO INSULIN INJECTION

This descriptive study aims to describe the local complications on the skin of Diabetes Mellitus carries, related to insulin injections. Seventy-four insulin dependents assisted in a large hospital in a town in São Paulo were interviewed from May to July 2000. The results allow one to conclude that the majority of the individuals (67,4%) presented local skin complications such as: hematoma, lump, hyperemia due to their non-acquaintance with the insulin injections sites. When complications occur, they usually do not seek treatment, and, whenever they do, they utilize inadequate procedures. The data found must be analyzed by health care professionals aiming at the improvement in educations programs on diabetes.

1 Aluna do 8° semestre de Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São

Paulo.

2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo.

3 Enfermeira do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. 4Pesquisa financiada pela FAPESP.

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KEY WORDS: Diabetes; education; nursing; insulin. RESUMEN

COMPLICACIONES LOCALES EN LA PIEL RELACIONADAS A LA APLICACIÓN DE INSULINA Este estudio de naturaleza descriptiva y tipo survey tuvo como objctivo describir las complicaciones locales ocurridas en la piel de portadores de Diabetes Mellitus, relacionadas a la aplicación de insulina. Fueron entrevistados 74 usuários de insulina atendidos en un hospital de grande porte del interior del estado de São Paulo-Brasil, en el período de mayo hasta julio de 2000. Los resultados permiten concluir que la mayoria de los sujetos presentó complicaciones locales en la piel, tales como: enrojecimiento, induración e hiperemia debido a la falta de conocimiento cuanto a los locales para la aplicación de insulina. Los datos necesitan ser analizados por los profesionales de salud, con vistas al aprimoramiento de los programas de educación en diabetes.

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INTRODUÇÃO

Existem componentes importantes para o alcance do controle metabólico de pessoas portadoras de diabetes, como dieta balanceada, exercícios regulares, terapêutica medicamentosa, monitorização contínua, educação continuada, suporte social e familiar.

Na tentativa de conseguir um bom controle metabólico, os portadores de diabetes podem utilizar o tratamento com insulina exógena, opção terapêutica mais eficiente frente à deficiência parcial e/ou total da secreção de insulina. Segundo Pupo (1986), entre 20 e 25% de todos os portadores de diabetes estudados são tratados com insulina, entre os quais, de 5 a 10% são do tipo1 e 15% do tipo 2, que caminharam para a deficiência de insulina grave.

Observamos que o uso de insulina é restrito devido ao desconforto das injeções diárias, no entanto as preparações insulínicas são efetivas apenas quando administradas por via parenteral, no tecido subcutâneo. Essa restrição também se deve à dificuldade no reestabelecimento da insulinemia em níveis semelhantes ao fisiológico (VAISMAN e TENDRICH, 1994).

No tratamento com insulina, além das dificuldades encontradas para o manuseio do instrumental, é comum o portador de diabetes apresentar complicações e reações locais e cutâneas, tais como lipodistrofia insulínica, lipo-hipertrofia, nódulos endurecidos, entre outras (BORGES et al., 1978; COSTA e ALMEIDA NETO, 1994; HAUNER et al., 1996; DAVIDSON, 2001).

Por outro lado, pesquisas sobre complicações e reações locais na aplicação de insulina são escassas, na literatura nacional e internacional, dificultando a orientação dos profissionais quanto a essa prática.

O objetivo desta pesquisa é descrever as complicações locais na pele do paciente relacionadas à aplicação de insulina, relatadas por pessoas portadoras de diabetes.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo de natureza descritiva, tipo “survey”, foi realizado junto aos portadores de Diabetes Mellitus atendidos em Ambulatório de Endocrinologia e Metabologia de um hospital de grande porte no interior do Estado de São Paulo.

Entrevistamos 74 adultos, portadores de diabetes mellitus tipo l e 2 em uso de insulina, no período 15 de maio a 17 de julho de 2000. Elaboramos um instrumento sistematizado de coleta de dados, dividido em três partes, contendo vinte e seis questões fechadas e quatro abertas, abrangendo as seguintes variáveis sociodemográficas: sexo, idade, procedência, escolaridade, ocupação e renda mensal familiar; variáveis de diagnóstico e tratamento, como tipo de diabetes, tempo da doença, tratamento e índice de massa corporal e as relacionadas aos locais de aplicação de insulina, como dificuldades e facilidades mencionadas pelos pacientes na aplicação de insulina na face anterior da coxa, abdome, face posterior do braço e região glútea.

O pesquisador realizou uma entrevista dirigida, para obtenção dos dados, porém, antes disso, fez a leitura do termo de consentimento esclarecendo ao participante que ele só faria parte do estudo caso estivesse de acordo com os objetivos do mesmo, assegurando-se o seu anonimato.

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Os dados foram categorizados e codificados manualmente e, a seguir, transpostos para uma planilha no programa Excel (para Windows 98 versão 7.0). Posteriormente, construímos um banco de dados no módulo EPED do Programa EPIINFO versão 6.04b.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação às variáveis sociodemográficas, os dados mais expressivos apontam que, dos 74 (100%) portadores de diabetes investigados, 45 (60,8%) são do sexo feminino; 51 (68,9%;) possuem mais de 40 anos de idade, 28 (37,8%) são procedentes da cidade de Ribeirão Preto-SP, 68 (91,9%) são alfabetizados, 29 (39,2%) aposentados e 44 (59,5%) possuem renda familiar que varia de um a três salários mínimos.

Quanto as variáveis relacionadas ao diagnóstico e tratamento, observamos que 57 (77,0%) são diabéticos do tipo 2; 44 (59,4%) apresentam a doença por um período superior há 10 anos; 27 (36,4%) realizam o tratamento somente com medicamentos e dieta; 42 (56,7%) apresentam sobrepeso e obesidade e 50 (67,5%) recebem insulina por um período inferior há 10 anos.

Dos 74 (100%) portadores de diabetes pesquisados, encontramos em 43 (58,1%) deles o relato de complicações na pele pela aplicação de insulina, sendo que 19 (25,6%) apresentam ou já apresentaram hematoma após a aplicação desse medicamento; 6 (8,1%) caroço; 4 (5,4%) infecção + hiperemia + caroço e 3 (4,0%) hematoma + caroço (TABELA 1).

TABELA 1 - Distribuição numérica e percentual dos portadores de diabetes mellitus atendidos no Ambulatório de Diabetes e Metabologia em um hospital de grande porte, segundo tipo de complicação ocorrida na pele na aplicação de insulina. Ribeirão Preto - SP, 2000.

Tipo de complicação Fr %

Não apresentou complicação 31 41,9

Hematoma 19 25,6

Caroço 6 8,1

Infecção + Hiperemia + Caroço 4 5,4

Hematoma + Caroço 3 4,0

Hematoma + Hiperemia 2 2,6

Hematoma + Hiperemia + Caroço 2 2,6

Lipodistrofia Insulínica 1 1,4

Endurecimento da Pele 1 1,4

Hematoma + Endurecimento da Pele 1 1,4

Hiperemia 1 1,4

Hiperemia + Caroço 1 1,4

Hiperemia + Caroço . Hiperemia + Abscesso + Lipodistrofia Insulínica 1 1,4

Infecção 1 1,4

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Os dados sugerem que a maioria dos portadores de diabetes mellitus apresentou alergia local, durante a aplicação de insulina, considerando as reações tipo caroço, prurido e hiperemia (TABELA 1). A presença de hematoma pode estar relacionada à técnica inadequada de aplicação ou redução do número de células adiposas, no local da aplicação. Também, Navarro; Pol; Morales (1995) referem que, ao estudarem as reações alérgicas durante a insulinoterapia, os sintomas mais freqüentemente observados foram rush, seguido de prurido e enduração. A hipertrofia pode ocorrer após aplicação prolongada da insulina em um mesmo local, resultando em sua absorção e controle glicêmico errático (MATTHEUS e AHMED, 1999).

Dos 43 (100%) portadores de diabetes que apresentaram complicações locais na pele, relacionadas à aplicação de insulina, 29 (67,4%) elegeram o abdome, a face posterior do braço e/ou face anterior da coxa, sendo o tempo de ocorrência da complicação de até l ano (TABELA 2). Com isso, acreditamos ser imprescindível que os programas de educação em diabetes reforcem a importância do rodízio do local, na auto-aplicação de insulina.

Ao indagarmos sobre as ocorrências de complicação na pele motivadas pela aplicação de insulina, 13 (17,5%) não souberam indicar o motivo, 10 (13,4%) acreditavam ter atingido o vaso sangüíneo; 6 (8,0%;) deles achavam que isso ocorreu devido a repetidas aplicações no mesmo local; 3 (4,0%) mencionaram que não sabiam aplicar a insulina corretamente e 2 (2,6%;) que utilizavam várias vezes a mesma seringa.

Ao analisarmos os motivos que desencadearam complicações, segundo relato dos portadores de diabetes mellitus, constatamos que eles estão relacionados ao desconhecimento de procedimentos básicos para o desenvolvimento de habilidades para aplicação de insulina -delimitação da região de aplicação, rodízio dos locais, temperatura da insulina, reutilização de seringas, entre outros.

Assim, percebemos a necessidade de que esforços nessa direção sejam implementados, visando sanar as complicações por ora apresentadas. Algumas estratégias por nós elaboradas referem-se à confecção de material didático, demonstração de procedimentos em manequins e, posteriormente, a etapa de auto-aplicação.

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TABELA 2 - Distribuição numérica dos portadores de diabetes mellitus atendidos no Ambulatório de Diabetes e Metabologia em um hospital de grande porte, segundo o local da complicação e o tempo de ocorrência da injúria, em anos. Ribeirão Preto - SP, 2000.

Tempo da ocorrência (em anos)

< 1 ano 1 – 5 anos 5 – 9 anos > 9 anos

Local da Complicação

Fi Fi Fi Fi

Face anterior da coxa (FAC) 05 03 02 -

Abdome 10 01 - 01

Face posterior do coax (FPB) 08 01 01 -

Abdome + FPB 02 - - -

FAC + FPB 01 - 02 -

FAC + Abdome 02 - - 01

FAC + Glúteio + Abdome + FPB - 01 - -

Glúteo - - 01 -

FAC + Abdome + FPB 01 - - -

Total 29 06 06 02

Quanto à conduta relacionada à complicação local ocorrida na pele, observamos que 15 (20,2%) portadores não tomaram nenhuma conduta; 16 (21,5%) realizaram o tratamento, sendo que dois destes necessitaram de internação hospitalar e 12 (16,5%) tomaram condutas inadequadas. Esses dados reforçam a necessidade urgente da criação de programas educativos que visem fornecer orientações básicas e elementares sobre insulinoterapia aos portadores de diabetes mellitus. CONCLUSÕES

O conjunto de dados obtidos nesta investigação mostrou-nos que a maioria dos portadores de diabetes mellitus apresentou complicações locais na pele, tais como: hematoma, caroço e hiperemia, cm concordância com as identificadas na literatura, demonstrando a falta de conhecimento dos locais possíveis para aplicação de insulina. Com a ocorrência da complicação, o portador de diabetes mellitus, na maioria das vezes, não procura tratamento e quando o faz utiliza procedimentos inadequados. Os dados encontrados nesta investigação merecem ser melhor analisados pelos profissionais de saúde, tendo em vista o aprimoramento dos programas de educação em diabetes. Ressaltamos, ainda, a necessidade, urgente de incorporarmos a tais programas, conteúdos básicos quanto à auto-aplicação de insulina aos portadores de diabetes mellitus.

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REFERÊNCIAS

BORGES, R. C. C.; PEREIRA, C. B. M.; SEGURA, L. G.; FRANÇA, L. C. C. Lipodistrofia Insulínica. Rev. Bras. Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 31. n. 2, p. 252-258, 1978. COSTA, A. A.; ALMEIDA NETO, J. S. de, Manual de diabetes, Alimentação, medicamentos, exercícios. São Paulo: Sarvicr, 1998. 129 p.

DAVIDSON, M. B. Diabetes Mellitus diagnóstico e tratamento, Rio de Janeiro: REVINTER, 2001. 389 p. HAUNER. H; STOCKAMP, B.; HAASTERT, B. Prevalence of lipohypertrophy in insulin-treated diabetic patients and predisposing factors. Exp. Clin. Endocrinol, Diabetes, v. 104, n. 2, p. 106-110, feb. 1996.

MATTHEUS, D.; AHMED, S. Tratamento farmacológico do diabetes mellitus tipo 2. In: VILLAR, L. (Org.) Endocrinologia clínica. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999. p. 368-381.

NAVARRO, D. D.; POL, F. M.; MORALES, L. J. Nuestra experiencia en el diagnostico y tratamiento de reacciones “alergicas” durante la insulinoterapia. Rev. Cuba Med., v. 34, n. 3, p. 175-180, mar. 1995.

PUPO, A. de A. Insulina. Rev. Assoc. Med. Bra., São Paulo, v. 32, n. 11/12, nov./dez. 1986.

VAISMAN, M; TENDRICH, M. Diabetes mellitus: na prática clínica. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1994, 97p.

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