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TRABALHO DE CAMPO NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA/MG: UM RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

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TRABALHO DE CAMPO NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA/MG: UM RECURSO DIDÁTICO PARA

O ENSINO DE GEOGRAFIA

SOUTO, Iara Vanessa Pereira iarasoutto@yahoo.com.br ALMEIDA, Diesle Alves de2 almeidadiesle@yahoo.com.br COSTA, Dayane Stephanie Maia3 daysmcmoc@hotmail.com SANTOS, Fabricia Oliveira4

fabriciaosfa@yahoo.com.br VELOSO, Lérica Maria Mendes5 lericammveloso@yahoo.com.br ALMEIDA, Maria Ivete Soares de6 ivetegeo@yahoo.com.br Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

INTRODUÇÃO

Cada vez mais o professor enfrenta desafios para promover ensino aprendizagem com qualidade, contextualizando aquilo que é ensinado com a realidade do educando. Para os professores de Geografia os obstáculos são maiores se considerarmos a complexidade e abrangência da disciplina, exigindo aperfeiçoamento constante e técnicas variadas no desenvolvimento das aulas.

Muitos são os recursos didáticos para enriquecer e dinamizar as aulas de Geografia, como revistas, jornais, músicas, filmes, cartazes, internet, charges, leitura de mapas, trabalho de campo entre outros. Nesta perspectiva, podemos apontar os recursos didáticos como ferramentas essenciais para o processo de ensino aprendizagem. Contudo uma alternativa viável pode se tornar ineficiente caso o professor não detenha informação e/ou não faça o uso de forma adequada, conforme a necessidade da demanda.

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O trabalho de campo insere nesse contexto como um importante instrumento de trabalho para o professor de Geografia, podendo ser realizado tanto na educação básica como também na educação superior. O trabalho de campo é um recurso que possibilita um momento de articulação da teoria com a prática. Sob essa perspectiva, Alentejano e Rocha-Leão explanam o seguinte:

Fazer trabalho de campo representa, portanto, um momento do processo de produção do conhecimento que não pode prescindir da teoria, sob pena de tornar-se vazio de conteúdo, incapaz de contribuir para revelar a essência dos fenômenos geográficos.

Neste sentido, trabalho de campo não pode ser mero exercício de observação da paisagem, mas partir desta para compreender a dinâmica do espaço geográfico, num processo mediado pelos conceitos geográficos. (Alentejano e Rocha-Leão. 2006, p. 57)

Desta forma pode-se ratificar a importância do trabalho de campo enquanto recurso didático no processo de formação do aluno e do profissional em Geografia. Assim, o presente artigo tem como objetivo relatar a experiência do trabalho de campo realizado no Parque Nacional da Serra da Canastra, pelos acadêmicos do curso Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros, proposta da disciplina Hidrografia, nos dias 15, 16 e 17 de maio de 2009.

A aula prática teve como ponto de partida a cidade de Montes Claros, localizada no Norte de Minas Gerais com destino ao município de São Roque de Minas na região Centro-Oeste de Minas. O trabalho de campo no Parque Nacional da Serra da Canastra teve como metas aprimorar o conhecimento teórico adquirido em sala de aula na prática a partir da observação direta dos elementos do espaço estudado; ampliando assim, a capacidade de observação, interpretação e exploração das paisagens, bem como conhecer a nascente do rio São Francisco, um dos mais importantes rios do Brasil e de grande relevância para a região Norte Mineira.

Para o desenvolvimento do artigo foram utilizados como procedimentos metodológicos revisão de literatura, pesquisa de campo e diagnóstico dos resultados a partir do relatório confeccionado.

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A Geografia é uma ciência bastante complexa devido a sua heterogeneidade. Durante a idade média era utilizada em roteiros de viagens para compreensão do espaço, assim, esses conhecimentos serviam como soberania para conquistas de novos territórios (SILAVA, ALVES E LOPES, 2008). A partir da sistematização da Geografia como ciência, houve várias discussões, no intuito de que essa disciplina não fosse transmitida de forma tradicional e mnemônica.

O trabalho de campo sempre foi de grande relevância para o conhecimento geográfico, sua importância se dá não apenas na observação da paisagem, mas também na compreensão do espaço geográfico fundamentado nos próprios conceitos da geografia (Alentejano e Rocha-Leão, 2006). Apesar da sua relevância esta, não deve ser a única ferramenta de ensino aprendizagem, mas sim um auxílio na forma de ministrar aula.

A visita a campo é uma experiência importante na vida do acadêmico, uma vez que possibilita ao estudante associar prática e teoria, permitindo-lhe assim, a construção do conhecimento e o desenvolvimento de várias habilidades, dentre elas a criticidade, observação e interpretação. “Um outro aspecto a ser considerado é o papel do trabalho de campo como momento de integração entre fenômenos sociais e naturais que se entrecruzam na realidade do campo”. (Alentejano e Rocha-Leão. 2006, p. 63) Assim, essas experiências propiciam novas possibilidades para o ensino/aprendizagem de Geografia, permitindo esclarecer as relações que ocorrem entre espaço, natureza e sociedade.

Diante do exposto, torna-se perceptível que o trabalho de campo, consiste em uma ferramenta didática de extrema importância para a formação do futuro professor de Geografia, que poderá utilizar este recurso na sua prática docente.

Corroborando com todas as reflexões realizadas neste trabalho, apresenta a seguir um relatório7 do trabalho de campo, que permitiu unir teoria e prática, abrindo espaço para reflexões acerca da experiência vivenciada no Parque Nacional da Serra da Canastra, proporcionando o entendimento das relações naturais e sociais da área visitada.

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O Parque Nacional da Serra da Canastra localiza-se a Sudoeste de Minas Gerais, apresentando uma área prevista de 200.000 hectares que abrange os municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Delfinópolis, São João Batista do Glório, Capitólio e Sacramento, no entanto somente 71.525 hectares que abrange os municípios de São Roque de Minas, Sacramento e Delfinópolis estão em situação regular de desapropriação, uma vez que a área efetiva do parque eram fazendas.

Segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) um dos episódios que ocasionou a criação do parque foi a seca que atingiu a região em 1971, na qual o Rio São Francisco ficou inavegável. Associado a esse fato, a prática de desmatamento por empresas privadas de reflorestamento e corte de madeiras, como também a construção da represa de Furnas, afetou grandes áreas de cerrado, atingindo principalmente a região do Alto São Francisco. Perante a necessidade de proteger o rio São Francisco foi criado em 1972 o Parque Nacional da Serra da Canastra, com o objetivo de preservar zonas de recarga e várias nascentes, em especial a do São Francisco, bem como conservar a flora e a fauna da região.

O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, no município de São Roque de Minas, percorre os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, desaguando no Oceano Atlântico em forma de delta.

O São Francisco é um rio de grande importância para o Brasil, apresentando uma relevância econômica, cultural e social para os estados drenados, pois possibilita o desenvolvimento de atividades como abastecimento público, geração de energia, práticas agropecuária, pesca e lazer, havendo assim a necessidade de se pensar o uso desse recurso natural de maneira sustentável.

RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO SOBRE O PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA

O primeiro dia do trabalho de campo realizado no Parque Nacional da Serra da Canastra possibilitou lançar um olhar inquiridor sobre a nascente do Rio São Francisco. O clima da região é tropical de altitude, com temperaturas médias de 22° C, apresentando

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pluviosidade anual entre 1.000 e 1.500 mm (IBAMA, 2009). A área da nascente é um local úmido com vegetação rupestre e mata ciliar (figura 01), o solo é pobre e arenoso com presença de gramíneas, que atuam como esponjas, permitindo absorver e permanecer as águas das chuvas no solo. A água infiltrada no solo alimenta a zona de recarga, que sob pressão ressurge na superfície o ano inteiro.

Figura 01: Nascente do rio São Francisco e vegetação em torno nascente. Autor: Souto, I. V. P. - 2009

A segunda parada realizou-se em um curral de pedras (figura 02), vestígio de antigas fazendas que existiram na região e que era utilizado para o manejo do gado no período de seca. Esses currais foram construídos de pedra devido a abundância de matéria-prima nas proximidades e também pela mão-de-obra escrava. Atualmente os currais de pedras são considerados patrimônio cultural material do parque. O local evidencia a intervenção humana por meio do próprio curral de pedra, como também pela presença de espécies vegetais atípicas da região, como eucalipto, coqueiro e goiabeira, espécies diferentes das nativas, como bromélias e orquídeas.

Figura 02: Curral de pedras: vista parcial e estrutura da construção. Autor: SOUTO, I.V.P. – 2009

A terceira parada ocorreu na parte alta da cachoeira Casca D’anta, na qual foi possível visualizar fisionomias de platôs8 delimitadas por encostas escarpadas9 (figura 03).

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As analises feitas acerca da estrutura da área possibilitou entender que este é um local de contato por falha do Grupo Canastra com o Grupo Araxá, como também, permitiu compreender que o Chapadão da Serra da Canastra, continuando Chapadão da Zagaia, e o Chapadão das Sete Voltas, atuam como divisores de água entre a bacia do São Francisco e Paraná. Outro aspecto analisado foi em relação ao cañon, que está sendo formando pela escavação da água, na qual a interrupção na continuidade do declive da origem a cachoeira Casca D’anta.

Figura 03: Fisionomia de platô delimitado por escarpa. Autor: SOUTO, I.V.P. – 2009

Do alto da cachoeira Casca D’anta, na margem direita, pode-se ter uma visão aérea da área, avaliando o meandro que o rio São Francisco realiza (figura 04), de acordo com a dureza da rocha.

Figura 04: Visão parcial do meandro do rio São Francisco. Autor: SOUTO, I.V.P. - 2009

A quarta parada procedeu no Centro de Visitantes da Portaria 1, na qual está em funcionamento a doze anos. Neste foi possível encontrar informações gerais sobre o parque,

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fornecidas pelo funcionário do IBAMA. Informações como o tamanho da área, os município abrangentes, a situação de desapropriação, características da fauna e flora, além das informações obtidas por meio de vídeo, folders e fotografias. Há também no centro de visitantes, exposições de ossos e pegadas de animais do cerrado, animais conservados em formol, ovo de ema e fragmentos de rochas (figura 05).

Figura 05: Exposição de ossos de animais. Autor: SOUTO, I.V.P. - 2009

O segundo dia do trabalho de campo teve como destino a parte baixa da cachoeira Casca D’anta, que durante o percurso foi possível visualizar o seguimento predominante no Parque, o maciço Canastra, recebendo esse nome devido a semelhança com o formato de um baú (figura 06).

Figura 06: Vista parcial da Serra da Canastra. Autor: SOUTO, I.V.P. - 2009

Na parte baixa da cachoeira Casca D’anta encontra-se uma vegetação diferenciada das demais observadas, pois são resquícios de mata atlântica. A mata é mais fechada e as árvores são mais retas, com presença de plantas epífitas, que sobrevivem a partir de outra

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que se beneficia apenas da luz e dos detritos acumulados nos galhos, há também a presença de linhanas, além de musgos e liquens que são indicadores ecológicos (figura 07).

Figura 07: Planta epífita e musgos, desenvolvidos em árvores. Autor: SOUTO, I.V.P. - 2009

A cachoeira Casca D’anta (figura 08) é a principal atração do parque, com uma forte queda de 186 metros, é caracterizada por uma beleza impressionante. A parte baixa da cocheira permite visualizar a sua grandiosidade e o cañon formando ao longo do tempo pela erosão da água. Dentro do parque existem cerca de 50 cachoeiras, porém somente 35 já foram catalogadas pelos pesquisadores do parque.

Figura 08: Cachoeira Casca D’anta, parte baixa. Autor: SOUTO, I.V.P. - 2009

O Parque Nacional da Serra da Canastra é uma importante unidade de conservação que resguarda a flora e a fauna, bem como a nascente do rio São Francisco, que propicia a interação do homem com os elementos naturais. O parque é utilizado para fins de lazer,

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práticas educacionais e trabalhos científicos, porém muitos visitantes não têm consciência da importância de preservar e manter essa unidade, uma vez que foi observado na parte baixa da cachoeira e nas proximidades do parque, práticas que degradam o ambiente (figura 09).

Figura 09: Depredação de uma árvore, sacola plástica jogada na trilha e lata de cerveja nas proximidades da portaria 4.

Autor: SOUTO, I.V.P. - 2009

Em um contexto geral, as áreas visitadas foram suficientes para associar o conhecimento teórico das áreas de geomorfologia fluvial, climatologia e biogeografia com a prática. O trabalho possibilitou também focalizar as ações antrópicas existentes nas proximidades do parque, como por exemplo, grande presença de murundus devido o desmatamento na área.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo assim, o presente artigo consiste em uma forma de relatar um método de grande potencial no desenvolvimento do futuro professor, instigando um olhar critico e investigativo de todos os envolvidos. A atuação do professor foi fundamental para o bom desenvolvimento da experiência, uma vez que ocorreu de forma planejada.

Através do trabalho de campo foi possível avaliar a importância do Parque Nacional da Serra da Canastra, para a preservação dos recursos hídricos por meio da proteção de diversas nascentes, principalmente a do rio São Francisco, além da preservação da fauna e flora da região.

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Para tanto o trabalho de campo foi de grande importância, visto que contribuiu no enriquecimento teórico da disciplina Hidrografia, pois as situações e experiências adquiridas propiciaram a construção do conhecimento de forma rica e significativa.

REFERÊNCIAS:

ALENTEJANO, P. R. R & ROCHA-LEÃO, O. M. Trabalho de campo: uma ferramenta essencial para os geógrafos ou um instrumento banalizado? São Paulo: Boletim Paulista nº 84 – AGB, 2006.

GUERRA, A.T. e GUERRA, A.J.T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. 5a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

IBAMA. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. Disponível em www.siscom.ibama.gov.br/msfran/index.php?page=a-bacia-do-sao-francisco. Acesso em maio de 2009.

SILVA, K. N. da; ALVES, L. A.; LOPES, M. de L. A importância de se praticar o trabalho de campo na ciência geográfica. Revista A Margem, v. 1, p. 10-19, 2008.

VENTURI, M. A. Relatório do trabalho de campo. IN: VENTURI, L. A. B. (Org.)

Praticando a geografia: técnicas de campo e laboratório em geografia e análise ambiental.

São Paulo: Oficina de textos, 2005.

AGRADECIMENTOS

Referências

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