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Ana maria machado. Balas, bombons e caramelos

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Academic year: 2021

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(1)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Luísa Nóbrega

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

[

[

[

[

] ] ] ] ]

Leitor iniciante

Leitor em processo

Leitor fluente

ana maria machado

Balas, bombons e caramelos

ILUSTRAÇÕES: ELIZABETH TEIXEIRA

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

(2)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Luísa Nóbrega

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

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] ] ] ] ]

Leitor iniciante

Leitor em processo

Leitor fluente

ana maria machado

Balas, bombons e caramelos

ILUSTRAÇÕES: ELIZABETH TEIXEIRA

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

(3)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Luísa Nóbrega

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

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Leitor iniciante

Leitor em processo

Leitor fluente

ana maria machado

Balas, bombons e caramelos

ILUSTRAÇÕES: ELIZABETH TEIXEIRA

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

(4)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Luísa Nóbrega

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

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Leitor iniciante

Leitor em processo

Leitor fluente

ana maria machado

Balas, bombons e caramelos

ILUSTRAÇÕES: ELIZABETH TEIXEIRA

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

(5)

Projeto de Leitura

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Luísa Nóbrega

2 3 4 5

Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu” mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mu-lher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas práticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da tra-ma narrativa: os tetra-mas e a perspectiva com que são abordados, certos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o professor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo autor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos an-tecipar muito a respeito do desenvolvimento da história.

“Andorinha no coqueiro, Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de- cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das atividades que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade.

Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança tenha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozinha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conhecesse o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certamen-te não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler derivam de complexas operações cognitivas para produzir infe-rências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que associa pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação en-tre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado momento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a oposição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa ama-da “não quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar.

O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotove-lo pedor-de-cotove-lo abandono e, dependendo da experiência prévia que tiver-mos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “ vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditar-mos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leituras produzem interpretações que produzem avaliações que revelam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

espe-rança de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provocado a separação? O amor acabou. Apaixonou-se por outra ou outro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estudos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá?

___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

ü Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

ü Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a lo-calização, os personagens, o conflito).

ü Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alunos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

ü Leitura global do texto.

ü Caracterização da estrutura do texto.

ü Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma me-lhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respeito de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como debater temas que permitam a inserção do aluno nas questões contemporâneas.

ü Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formuladas pelo professor em situação de leitura compartilhada. ü Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra. ü Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor. ü Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas. ü Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações

complementares numa dimensão interdisciplinar ou para a produção de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

LEIA mAIS...

ü do mesmo autor

ü sobre o mesmo assunto ü sobre o mesmo gênero

[

[

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] ] ] ] ]

Leitor iniciante

Leitor em processo

Leitor fluente

ana maria machado

Balas, bombons e caramelos

ILUSTRAÇÕES: ELIZABETH TEIXEIRA

De Leitores e Asas

mARIA JOSé nóbREgA

(6)

7 8 9

BALAS, BOMBONS E CARAMELOS

ana maria machado

6

Um POUCO SObRE A AUTORA

Ana Maria Machado é carioca, tem três fi lhos e mora no Rio de Janeiro. São quase quarenta anos de carreira, mais de cem livros pu-blicados no Brasil e em mais de dezessete países, somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta.

A escritora vive viajando por todo o Brasil e pelo mundo inteiro para dar palestras e ajudar a estimular a leitura. Depois de se formar em Letras, começou sua vida profi ssional como professora em colégios e faculdades. Também já foi jornalista e livreira. Desde muito antes disso, é pintora e já fez exposições no Brasil e no exterior.

Mas Ana Maria Machado fi cou conhecida mesmo foi como escrito-ra, tanto pelos livros voltados para adultos como aqueles voltados para crianças e jovens. O sucesso é tanto que em 1993 ela se tornou

hors-concours dos prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil

e Juvenil (FNLIJ). Finalmente, a coroação. Em 2000, Ana Maria ga-nhou o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio No-bel da literatura infantil mundial. E em 2001, a Academia Brasileira de Letras lhe deu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto da obra. Em 2003, Ana Maria teve a imensa honra de ser eleita para ocupar a cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras.

RESEnhA

Dos animais à beira do rio Nilo, certamente nenhum era mais car-ismático do que Pipo, o hipopótamo. Sem nenhum desejo de impor sua força aos outros animais –– coisa que não seria difícil, tendo em vista seu tamanho avantajado ––, Pipo conquistava a todos com sua calma e seu sorriso. Um dia, porém, quando Pipo abriu a boca para enchê-la de água, como fazia todos os dias, foi surpreendido por uma repentina e inexplicável dor. Seus amigos chamaram o médico, que nada pôde fazer. Só mesmo o dentista Pica-pau para resolver o problema: é que Pipo estava com os dentes esburacados de tanto comer doces e balas às escondidas, em vez de se contentar com seu capim.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Esse livro singelo e divertido de Ana Maria Machado, que mistura verso e prosa sempre levando em conta a sonoridade das palavras e o ritmo criado pelas frases, se apropria dos hábitos do reino animal para traçar paralelos com o mundo dos homens. As narrativas que versam sobre os animais e antropomorfi zam suas características são bastante presentes na literatura popular e na literatura infanto-ju-venil e adulta em geral, e vão desde as fábulas de Esopo e La Fontai-ne até uma alegoria política como A revolução dos bichos, de George Orwell. Esse livro bem-humorado de Ana Maria Machado lembra as crianças de que é necessário tomar cuidado com aquilo que se come e, sobretudo, que não se deve esquecer de escovar os dentes.

áreas envolvidas: Língua Portuguesa Temas transversais: Saúde

Público-alvo: 1º e 2º anos do Ensino Fundamental PROPOSTAS DE ATIvIDADES

Antes da leitura:

1. Mostre aos alunos a capa do livro e estimule-os a, levando em

con-ta o título, imaginar em que consiste a história que será concon-tada.

2. A capa do livro mostra a imagem de um hipopótamo, o

perso-nagem principal da narrativa. Pergunte a seus alunos o que sabem

a respeito dos hipopótamos: são animais carnívoros ou herbívoros? Em que parte do mundo eles vivem? São animais perigosos ou ino-fensivos? Pergunte se algum aluno da turma já viu um hipopótamo de perto ao visitar o zoológico.

3. Deixe que seus alunos folheiem o livro e desafi e-os a, sem a ajuda

do texto escrito, identifi car quais são os animais que aparecem nas ilustrações. Será que as crianças reconhecem todos eles?

4. Mostre para a turma a página fi nal do livro, em que há um mapa

do continente africano, assinalando a região por onde passa o rio Nilo. Adiante para as crianças que é esse o lugar que serve de cená-rio à narrativa. Peça que, em pequenos grupos, os alunos realizem uma pequena pesquisa sobre as condições geográfi cas da região (clima, relevo, vegetação), procurando reunir imagens fotográfi cas que os ajudem a imaginar onde se passa a história.

5. Reunidas as imagens, proponha às crianças que as comparem com

as ilustrações do livro.

Durante a leitura:

1. Como o texto brinca em diversos momentos com a sonoridade

das palavras, fazendo uso de rimas, seria interessante ler o livro em voz alta para as crianças, buscando explorar diferentes velocidades e dinâmicas de modo a dar ritmo à narrativa e permitir que os alu-nos visualizem as imagens. É importante também brincar com os efeitos de humor presentes no texto.

2. Estimule os alunos a verifi car se as hipóteses que haviam criado a

respeito do desenrolar da narrativa se confi rmam ou não.

3. Proponha que façam uma lista com todos os animais diferentes

que aparecem na narrativa de Ana Maria Machado.

4. Estimule-os a atentar para as divertidas ilustrações de Elisabeth

Tei-xeira, procurando perceber a relação que existe entre elas e o texto.

Depois da leitura:

1. Divida a turma em pequenos grupos e peça que cada um deles

realize uma pesquisa o mais detalhada possível sobre as caracterís-ticas e os hábitos dos animais que aparecem no livro, procurando reunir fotografi as e imagens, para depois preparar uma pequena apresentação para a classe.

2. Depois das apresentações, estimule os alunos a voltar ao livro e

verifi car quais das características dos personagens da história

respondem aos hábitos do animal em questão e quais se devem à imaginação da autora. Provavelmente a pesquisa trará algumas sur-presas: os hipopótamos reais, embora sejam realmente herbívoros, são extremamente agressivos para defender seu território –– bem diferentes do calmo e pacífi co Pipo.

3. Peça às crianças que voltem ao texto e procurem assinalar as

ri-mas que encontrarem. A seguir, proponha que elas escolham um trecho rimado (Ex.: Mas preferia seu sossego, cercado de amigos.

Não gostava de aventuras, não queria saber de perigos) e escrevam

uma nova frase que rime com as duas primeiras (Ex.: Sua gentileza

fazia de Pipo um dos grandalhões mais queridos).

4. O hipopótamo, mamífero anfíbio de tamanho impressionante, há

milhares de anos povoa o imaginário dos povos que viviam às mar-gens do rio Nilo. A mitologia da antiga civilização egípcia, uma das mais ricas e poderosas que já povoaram o mundo, nascida às margens do rio Nilo, concebia a maior parte de seus deuses como seres parte humanos e parte animais. Taueret, deusa da fertilidade, proteto-ra dos recém-nascidos, eproteto-ra representada por um hipopótamo fêmea que se move na posição ereta –– o ventre amplo e redondo do animal evocava a barriga de uma mulher grávida. Faça uma pesquisa sobre o panteão egípcio, detendo-se em especial na deusa Tauret, e traga imagens para mostrar para a turma. Seria interessante procurar algu-mas narrativas míticas nas quais aparece a deusa para recontar para os alunos.

5. Narrativas protagonizadas por animais são muito frequentes em

toda a literatura mundial. As fábulas de Esopo e de La Fontaine são talvez as mais célebres delas. Essa é uma ótima oportunidade para que seus alunos as conheçam. Selecione algumas para ler para a turma e depois estimule as crianças a discutir as semelhanças e di-ferenças que perceberam entre a estrutura das fábulas e o livro de Ana Maria Machado.

6. Uma das características mais marcantes da estrutura das fábulas

é o fato de elas possuírem uma moral da história. Se o livro Balas,

bombons, caramelos tivesse uma moral, qual seria ela? Peça que os

alunos, em duplas, escrevam para o livro de Ana Maria Machado uma moral semelhante à das fábulas.

7. Proponha aos alunos que, em duplas, escolham um lugar do

mun-do que possua uma fauna bastante rica (pode ser a Floresta Amazô-nica, o Oceano Pacífi co, os mangues pernambucanos, as fl orestas da Austrália) e realizem uma pequena pesquisa a respeito dos animais característicos da região escolhida. A seguir, diga a eles que esco-lham um desses animais para ser o protagonista de uma história e

selecionem ainda outros bichos que servirão de coadjuvantes. Peça então que criem uma pequena narrativa de sua autoria tendo como cenário a região pesquisada.

8. Por fi m, proponha aos alunos que façam desenhos para ilustrar

sua história, inspirando-se nas ilustrações de Elisabeth Teixeira.

LEIA mAIS...

1. DA mESmA AUTORA

• Amigos secretos –– São Paulo, Ática • Bisa bia, Bisa Bel –– São Paulo, Salamandra • Menina bonita do laço de fi ta –– São Paulo, Ática • História meio ao contrário –– São Paulo, Ática • Bem do seu tamanho –– São Paulo, Salamandra • Ponto a ponto –– São Paulo, Companhia das Letrinhas

2. SObRE O mESmO gÊnERO

• Bichos que existem e bichos que não existem –– Artur Nestro-vski, São Paulo, Cosac & Naify

• Os bichos também sonham –– Andréa Daher e Zaven Pare, São Paulo, Martins Fontes

• O elefante infante –– Rudyard Kipling, Musa Editora

• O rinoceronte ri –– Miguel Sanches Neto, Rio de Janeiro, Record • Hoje não quero banana –– Dorothee de Monfreid e Sergio Don-no, São Paulo, Martins Fontes

(7)

7 8 9

BALAS, BOMBONS E CARAMELOS

ana maria machado

6

Um POUCO SObRE A AUTORA

Ana Maria Machado é carioca, tem três fi lhos e mora no Rio de Janeiro. São quase quarenta anos de carreira, mais de cem livros pu-blicados no Brasil e em mais de dezessete países, somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta.

A escritora vive viajando por todo o Brasil e pelo mundo inteiro para dar palestras e ajudar a estimular a leitura. Depois de se formar em Letras, começou sua vida profi ssional como professora em colégios e faculdades. Também já foi jornalista e livreira. Desde muito antes disso, é pintora e já fez exposições no Brasil e no exterior.

Mas Ana Maria Machado fi cou conhecida mesmo foi como escrito-ra, tanto pelos livros voltados para adultos como aqueles voltados para crianças e jovens. O sucesso é tanto que em 1993 ela se tornou

hors-concours dos prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil

e Juvenil (FNLIJ). Finalmente, a coroação. Em 2000, Ana Maria ga-nhou o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio No-bel da literatura infantil mundial. E em 2001, a Academia Brasileira de Letras lhe deu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto da obra. Em 2003, Ana Maria teve a imensa honra de ser eleita para ocupar a cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras.

RESEnhA

Dos animais à beira do rio Nilo, certamente nenhum era mais car-ismático do que Pipo, o hipopótamo. Sem nenhum desejo de impor sua força aos outros animais –– coisa que não seria difícil, tendo em vista seu tamanho avantajado ––, Pipo conquistava a todos com sua calma e seu sorriso. Um dia, porém, quando Pipo abriu a boca para enchê-la de água, como fazia todos os dias, foi surpreendido por uma repentina e inexplicável dor. Seus amigos chamaram o médico, que nada pôde fazer. Só mesmo o dentista Pica-pau para resolver o problema: é que Pipo estava com os dentes esburacados de tanto comer doces e balas às escondidas, em vez de se contentar com seu capim.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Esse livro singelo e divertido de Ana Maria Machado, que mistura verso e prosa sempre levando em conta a sonoridade das palavras e o ritmo criado pelas frases, se apropria dos hábitos do reino animal para traçar paralelos com o mundo dos homens. As narrativas que versam sobre os animais e antropomorfi zam suas características são bastante presentes na literatura popular e na literatura infanto-ju-venil e adulta em geral, e vão desde as fábulas de Esopo e La Fontai-ne até uma alegoria política como A revolução dos bichos, de George Orwell. Esse livro bem-humorado de Ana Maria Machado lembra as crianças de que é necessário tomar cuidado com aquilo que se come e, sobretudo, que não se deve esquecer de escovar os dentes.

áreas envolvidas: Língua Portuguesa Temas transversais: Saúde

Público-alvo: 1º e 2º anos do Ensino Fundamental PROPOSTAS DE ATIvIDADES

Antes da leitura:

1. Mostre aos alunos a capa do livro e estimule-os a, levando em

con-ta o título, imaginar em que consiste a história que será concon-tada.

2. A capa do livro mostra a imagem de um hipopótamo, o

perso-nagem principal da narrativa. Pergunte a seus alunos o que sabem

a respeito dos hipopótamos: são animais carnívoros ou herbívoros? Em que parte do mundo eles vivem? São animais perigosos ou ino-fensivos? Pergunte se algum aluno da turma já viu um hipopótamo de perto ao visitar o zoológico.

3. Deixe que seus alunos folheiem o livro e desafi e-os a, sem a ajuda

do texto escrito, identifi car quais são os animais que aparecem nas ilustrações. Será que as crianças reconhecem todos eles?

4. Mostre para a turma a página fi nal do livro, em que há um mapa

do continente africano, assinalando a região por onde passa o rio Nilo. Adiante para as crianças que é esse o lugar que serve de cená-rio à narrativa. Peça que, em pequenos grupos, os alunos realizem uma pequena pesquisa sobre as condições geográfi cas da região (clima, relevo, vegetação), procurando reunir imagens fotográfi cas que os ajudem a imaginar onde se passa a história.

5. Reunidas as imagens, proponha às crianças que as comparem com

as ilustrações do livro.

Durante a leitura:

1. Como o texto brinca em diversos momentos com a sonoridade

das palavras, fazendo uso de rimas, seria interessante ler o livro em voz alta para as crianças, buscando explorar diferentes velocidades e dinâmicas de modo a dar ritmo à narrativa e permitir que os alu-nos visualizem as imagens. É importante também brincar com os efeitos de humor presentes no texto.

2. Estimule os alunos a verifi car se as hipóteses que haviam criado a

respeito do desenrolar da narrativa se confi rmam ou não.

3. Proponha que façam uma lista com todos os animais diferentes

que aparecem na narrativa de Ana Maria Machado.

4. Estimule-os a atentar para as divertidas ilustrações de Elisabeth

Tei-xeira, procurando perceber a relação que existe entre elas e o texto.

Depois da leitura:

1. Divida a turma em pequenos grupos e peça que cada um deles

realize uma pesquisa o mais detalhada possível sobre as caracterís-ticas e os hábitos dos animais que aparecem no livro, procurando reunir fotografi as e imagens, para depois preparar uma pequena apresentação para a classe.

2. Depois das apresentações, estimule os alunos a voltar ao livro e

verifi car quais das características dos personagens da história

respondem aos hábitos do animal em questão e quais se devem à imaginação da autora. Provavelmente a pesquisa trará algumas sur-presas: os hipopótamos reais, embora sejam realmente herbívoros, são extremamente agressivos para defender seu território –– bem diferentes do calmo e pacífi co Pipo.

3. Peça às crianças que voltem ao texto e procurem assinalar as

ri-mas que encontrarem. A seguir, proponha que elas escolham um trecho rimado (Ex.: Mas preferia seu sossego, cercado de amigos.

Não gostava de aventuras, não queria saber de perigos) e escrevam

uma nova frase que rime com as duas primeiras (Ex.: Sua gentileza

fazia de Pipo um dos grandalhões mais queridos).

4. O hipopótamo, mamífero anfíbio de tamanho impressionante, há

milhares de anos povoa o imaginário dos povos que viviam às mar-gens do rio Nilo. A mitologia da antiga civilização egípcia, uma das mais ricas e poderosas que já povoaram o mundo, nascida às margens do rio Nilo, concebia a maior parte de seus deuses como seres parte humanos e parte animais. Taueret, deusa da fertilidade, proteto-ra dos recém-nascidos, eproteto-ra representada por um hipopótamo fêmea que se move na posição ereta –– o ventre amplo e redondo do animal evocava a barriga de uma mulher grávida. Faça uma pesquisa sobre o panteão egípcio, detendo-se em especial na deusa Tauret, e traga imagens para mostrar para a turma. Seria interessante procurar algu-mas narrativas míticas nas quais aparece a deusa para recontar para os alunos.

5. Narrativas protagonizadas por animais são muito frequentes em

toda a literatura mundial. As fábulas de Esopo e de La Fontaine são talvez as mais célebres delas. Essa é uma ótima oportunidade para que seus alunos as conheçam. Selecione algumas para ler para a turma e depois estimule as crianças a discutir as semelhanças e di-ferenças que perceberam entre a estrutura das fábulas e o livro de Ana Maria Machado.

6. Uma das características mais marcantes da estrutura das fábulas

é o fato de elas possuírem uma moral da história. Se o livro Balas,

bombons, caramelos tivesse uma moral, qual seria ela? Peça que os

alunos, em duplas, escrevam para o livro de Ana Maria Machado uma moral semelhante à das fábulas.

7. Proponha aos alunos que, em duplas, escolham um lugar do

mun-do que possua uma fauna bastante rica (pode ser a Floresta Amazô-nica, o Oceano Pacífi co, os mangues pernambucanos, as fl orestas da Austrália) e realizem uma pequena pesquisa a respeito dos animais característicos da região escolhida. A seguir, diga a eles que esco-lham um desses animais para ser o protagonista de uma história e

selecionem ainda outros bichos que servirão de coadjuvantes. Peça então que criem uma pequena narrativa de sua autoria tendo como cenário a região pesquisada.

8. Por fi m, proponha aos alunos que façam desenhos para ilustrar

sua história, inspirando-se nas ilustrações de Elisabeth Teixeira.

LEIA mAIS...

1. DA mESmA AUTORA

• Amigos secretos –– São Paulo, Ática • Bisa bia, Bisa Bel –– São Paulo, Salamandra • Menina bonita do laço de fi ta –– São Paulo, Ática • História meio ao contrário –– São Paulo, Ática • Bem do seu tamanho –– São Paulo, Salamandra • Ponto a ponto –– São Paulo, Companhia das Letrinhas

2. SObRE O mESmO gÊnERO

• Bichos que existem e bichos que não existem –– Artur Nestro-vski, São Paulo, Cosac & Naify

• Os bichos também sonham –– Andréa Daher e Zaven Pare, São Paulo, Martins Fontes

• O elefante infante –– Rudyard Kipling, Musa Editora

• O rinoceronte ri –– Miguel Sanches Neto, Rio de Janeiro, Record • Hoje não quero banana –– Dorothee de Monfreid e Sergio Don-no, São Paulo, Martins Fontes

(8)

7 8 9

BALAS, BOMBONS E CARAMELOS

ana maria machado

6

Um POUCO SObRE A AUTORA

Ana Maria Machado é carioca, tem três fi lhos e mora no Rio de Janeiro. São quase quarenta anos de carreira, mais de cem livros pu-blicados no Brasil e em mais de dezessete países, somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta.

A escritora vive viajando por todo o Brasil e pelo mundo inteiro para dar palestras e ajudar a estimular a leitura. Depois de se formar em Letras, começou sua vida profi ssional como professora em colégios e faculdades. Também já foi jornalista e livreira. Desde muito antes disso, é pintora e já fez exposições no Brasil e no exterior.

Mas Ana Maria Machado fi cou conhecida mesmo foi como escrito-ra, tanto pelos livros voltados para adultos como aqueles voltados para crianças e jovens. O sucesso é tanto que em 1993 ela se tornou

hors-concours dos prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil

e Juvenil (FNLIJ). Finalmente, a coroação. Em 2000, Ana Maria ga-nhou o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio No-bel da literatura infantil mundial. E em 2001, a Academia Brasileira de Letras lhe deu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto da obra. Em 2003, Ana Maria teve a imensa honra de ser eleita para ocupar a cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras.

RESEnhA

Dos animais à beira do rio Nilo, certamente nenhum era mais car-ismático do que Pipo, o hipopótamo. Sem nenhum desejo de impor sua força aos outros animais –– coisa que não seria difícil, tendo em vista seu tamanho avantajado ––, Pipo conquistava a todos com sua calma e seu sorriso. Um dia, porém, quando Pipo abriu a boca para enchê-la de água, como fazia todos os dias, foi surpreendido por uma repentina e inexplicável dor. Seus amigos chamaram o médico, que nada pôde fazer. Só mesmo o dentista Pica-pau para resolver o problema: é que Pipo estava com os dentes esburacados de tanto comer doces e balas às escondidas, em vez de se contentar com seu capim.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Esse livro singelo e divertido de Ana Maria Machado, que mistura verso e prosa sempre levando em conta a sonoridade das palavras e o ritmo criado pelas frases, se apropria dos hábitos do reino animal para traçar paralelos com o mundo dos homens. As narrativas que versam sobre os animais e antropomorfi zam suas características são bastante presentes na literatura popular e na literatura infanto-ju-venil e adulta em geral, e vão desde as fábulas de Esopo e La Fontai-ne até uma alegoria política como A revolução dos bichos, de George Orwell. Esse livro bem-humorado de Ana Maria Machado lembra as crianças de que é necessário tomar cuidado com aquilo que se come e, sobretudo, que não se deve esquecer de escovar os dentes.

áreas envolvidas: Língua Portuguesa Temas transversais: Saúde

Público-alvo: 1º e 2º anos do Ensino Fundamental PROPOSTAS DE ATIvIDADES

Antes da leitura:

1. Mostre aos alunos a capa do livro e estimule-os a, levando em

con-ta o título, imaginar em que consiste a história que será concon-tada.

2. A capa do livro mostra a imagem de um hipopótamo, o

perso-nagem principal da narrativa. Pergunte a seus alunos o que sabem

a respeito dos hipopótamos: são animais carnívoros ou herbívoros? Em que parte do mundo eles vivem? São animais perigosos ou ino-fensivos? Pergunte se algum aluno da turma já viu um hipopótamo de perto ao visitar o zoológico.

3. Deixe que seus alunos folheiem o livro e desafi e-os a, sem a ajuda

do texto escrito, identifi car quais são os animais que aparecem nas ilustrações. Será que as crianças reconhecem todos eles?

4. Mostre para a turma a página fi nal do livro, em que há um mapa

do continente africano, assinalando a região por onde passa o rio Nilo. Adiante para as crianças que é esse o lugar que serve de cená-rio à narrativa. Peça que, em pequenos grupos, os alunos realizem uma pequena pesquisa sobre as condições geográfi cas da região (clima, relevo, vegetação), procurando reunir imagens fotográfi cas que os ajudem a imaginar onde se passa a história.

5. Reunidas as imagens, proponha às crianças que as comparem com

as ilustrações do livro.

Durante a leitura:

1. Como o texto brinca em diversos momentos com a sonoridade

das palavras, fazendo uso de rimas, seria interessante ler o livro em voz alta para as crianças, buscando explorar diferentes velocidades e dinâmicas de modo a dar ritmo à narrativa e permitir que os alu-nos visualizem as imagens. É importante também brincar com os efeitos de humor presentes no texto.

2. Estimule os alunos a verifi car se as hipóteses que haviam criado a

respeito do desenrolar da narrativa se confi rmam ou não.

3. Proponha que façam uma lista com todos os animais diferentes

que aparecem na narrativa de Ana Maria Machado.

4. Estimule-os a atentar para as divertidas ilustrações de Elisabeth

Tei-xeira, procurando perceber a relação que existe entre elas e o texto.

Depois da leitura:

1. Divida a turma em pequenos grupos e peça que cada um deles

realize uma pesquisa o mais detalhada possível sobre as caracterís-ticas e os hábitos dos animais que aparecem no livro, procurando reunir fotografi as e imagens, para depois preparar uma pequena apresentação para a classe.

2. Depois das apresentações, estimule os alunos a voltar ao livro e

verifi car quais das características dos personagens da história

respondem aos hábitos do animal em questão e quais se devem à imaginação da autora. Provavelmente a pesquisa trará algumas sur-presas: os hipopótamos reais, embora sejam realmente herbívoros, são extremamente agressivos para defender seu território –– bem diferentes do calmo e pacífi co Pipo.

3. Peça às crianças que voltem ao texto e procurem assinalar as

ri-mas que encontrarem. A seguir, proponha que elas escolham um trecho rimado (Ex.: Mas preferia seu sossego, cercado de amigos.

Não gostava de aventuras, não queria saber de perigos) e escrevam

uma nova frase que rime com as duas primeiras (Ex.: Sua gentileza

fazia de Pipo um dos grandalhões mais queridos).

4. O hipopótamo, mamífero anfíbio de tamanho impressionante, há

milhares de anos povoa o imaginário dos povos que viviam às mar-gens do rio Nilo. A mitologia da antiga civilização egípcia, uma das mais ricas e poderosas que já povoaram o mundo, nascida às margens do rio Nilo, concebia a maior parte de seus deuses como seres parte humanos e parte animais. Taueret, deusa da fertilidade, proteto-ra dos recém-nascidos, eproteto-ra representada por um hipopótamo fêmea que se move na posição ereta –– o ventre amplo e redondo do animal evocava a barriga de uma mulher grávida. Faça uma pesquisa sobre o panteão egípcio, detendo-se em especial na deusa Tauret, e traga imagens para mostrar para a turma. Seria interessante procurar algu-mas narrativas míticas nas quais aparece a deusa para recontar para os alunos.

5. Narrativas protagonizadas por animais são muito frequentes em

toda a literatura mundial. As fábulas de Esopo e de La Fontaine são talvez as mais célebres delas. Essa é uma ótima oportunidade para que seus alunos as conheçam. Selecione algumas para ler para a turma e depois estimule as crianças a discutir as semelhanças e di-ferenças que perceberam entre a estrutura das fábulas e o livro de Ana Maria Machado.

6. Uma das características mais marcantes da estrutura das fábulas

é o fato de elas possuírem uma moral da história. Se o livro Balas,

bombons, caramelos tivesse uma moral, qual seria ela? Peça que os

alunos, em duplas, escrevam para o livro de Ana Maria Machado uma moral semelhante à das fábulas.

7. Proponha aos alunos que, em duplas, escolham um lugar do

mun-do que possua uma fauna bastante rica (pode ser a Floresta Amazô-nica, o Oceano Pacífi co, os mangues pernambucanos, as fl orestas da Austrália) e realizem uma pequena pesquisa a respeito dos animais característicos da região escolhida. A seguir, diga a eles que esco-lham um desses animais para ser o protagonista de uma história e

selecionem ainda outros bichos que servirão de coadjuvantes. Peça então que criem uma pequena narrativa de sua autoria tendo como cenário a região pesquisada.

8. Por fi m, proponha aos alunos que façam desenhos para ilustrar

sua história, inspirando-se nas ilustrações de Elisabeth Teixeira.

LEIA mAIS...

1. DA mESmA AUTORA

• Amigos secretos –– São Paulo, Ática • Bisa bia, Bisa Bel –– São Paulo, Salamandra • Menina bonita do laço de fi ta –– São Paulo, Ática • História meio ao contrário –– São Paulo, Ática • Bem do seu tamanho –– São Paulo, Salamandra • Ponto a ponto –– São Paulo, Companhia das Letrinhas

2. SObRE O mESmO gÊnERO

• Bichos que existem e bichos que não existem –– Artur Nestro-vski, São Paulo, Cosac & Naify

• Os bichos também sonham –– Andréa Daher e Zaven Pare, São Paulo, Martins Fontes

• O elefante infante –– Rudyard Kipling, Musa Editora

• O rinoceronte ri –– Miguel Sanches Neto, Rio de Janeiro, Record • Hoje não quero banana –– Dorothee de Monfreid e Sergio Don-no, São Paulo, Martins Fontes

Referências

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