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CAROÇO DE ALGODÃO EM DIETAS DE VACAS LACTANTES

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CAROÇO DE ALGODÃO EM DIETAS DE VACAS

LACTANTES

Autor: Edvaldo Nascimento Costa

Orientador: Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva

ITAPETINGA BAHIA – BRASIL Dezembro de 2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

(2)

EDVALDO NASCIMENTO COSTA

CAROÇO DE ALGODÃO EM DIETAS DE VACAS

LACTANTES

Tese apresentada, como parte das exigências para obtenção do título de DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Orientador: Prof. Dr. Fabiano Ferreira da Silva

Co-orientadores: Prof. Dr. Robério Rodrigues Silva Prof. Dra. Sibelli Passini Barbosa Ferrão

ITAPETINGA BAHIA – BRASIL Dezembro de 2017

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636.085 C871c

Costa, Edvaldo Nascimento.

Caroço de algodão em dietas de vacas lactantes. / Edvaldo Nascimento Costa. – Itapetinga-BA: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2017.

80 f.

Tese do Programa de Pós-Graduação de Doutorado em Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB - Campus de Itapetinga. Sob a orientação do Prof. D. Sc. Fabiano Ferreira da Silva e co-orientação dos Prof. D. Sc. Robério Rodrigues Silva; Profa. D. Sc.Sibelli Passini Barbosa Ferrão.

1. Vacas lactantes – Alimentação – Caroço de algodão. 2. Nutrição animal – Caroço de algodão. 3. Caroço de algodão – Dieta – Vacas lactantes. I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa de Pós-Graduação de Doutorado em Zootecnia, Campus de Itapetinga. II. Silva, Fabiano Ferreira da. III. Silva, Robério Rodrigues. IV. Ferrão. Sibelli Passini Barbosa. V. Título.

CDD(21): 636.085

Catalogação na Fonte:

Cláudia Aparecida de Souza – CRB 1014-5ª Região Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA

Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:

1. Vacas lactantes : Alimentação 2. Caroço de algodão

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(5)

Não há nada nobre em ser superior ao seu semelhante. A verdadeira nobreza é ser superior ao seu antigo eu.

Ernest Hemingway

Há algumas coisas que não se pode aprender rapidamente, e o tempo, que é só o de que dispomos, cobra um preço alto pela aquisição delas. São as coisas mais simples do

mundo, e porque leva a vida inteira de um homem para conhecê-las, a pequena novidade que cada homem extrai da vida custa muito caro e é a única herança que ele

poderá deixar. (Morte ao Entardecer) Ernest Hemingway

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Aos meus amados pais, Humberto Costa (in memorian) , Orleide Vieira do Nascimento Costa, pela vida, pelo apoio, carinho, amor, incentivo, peça fundamental e exemplo de

vida;

À minha esposa, Gabriele Pitta, pela paciência, companhia, pelo carinho e amor;

Aos meus filhos, Pedro e João Costa, meus bens mais preciosos;

A minha tia/mãe Maria da Glória e ao meu irmão, Matheus Costa, que sempre apoiaram minha caminhada;

A toda minha família e amigos.

(7)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo dom da vida e por ter guiado os meus passos nessa trajetória; À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus de Itapetinga, por ter me

dado mais uma oportunidade de continuar a realização de minha formação profissional;

Ao professor e orientador D.Sc. Fabiano Ferreira da Silva, pela oportunidade em desenvolver o trabalho,pelo desafio, pela confiança, sempre acessível, e, além de tudo

pela simplicidade e a forma de transmitir os seus conhecimentos;

Aos co-orientadores, D.Sc. Robério Rodrigues Silva e Sibelli Passini Barbosa Ferrão, pela orientação, incentivo e confiança;

Aos membros da banca, pelo tempo disponibilizado para ajudar na construção desse sonho;

A Alex Schio, pela humildade de pessoa e por estar sempre disposto a ajudar a todos; Aos funcionários da UESB: Setor de Bovinocultura, Adenilson Lima“Pelezinho”, Juracy Brito e Jenilson da Silva “Tim”, sempre presentes durante todo o experimento

de campo;

Ao parceiroJosé Queiroz “Zé de Lioba”, servidor do Laboratório de Forragicultura da UESB, pela amizade, confiança e pelo auxilio nas análises químico-bromatológicas;

Aos amigos de PPZ, Dicastro Dias, Murilo Meneses “Gedel”, Bismarck Moreira.... obrigado pela amizade, força e pelo suporte;

Aos amigos e colaboradores, Agnaldo Rios “Perna”, Jemima Fialho, Thatiane Mota, Wendel Bispo “Cria”, minha gratidão;

A todos que, de alguma forma, contribuíram para que eu concluísse essa etapa. Muito obrigado a todos!!!

(8)

BIOGRAFIA

EDVALDO NASCIMENTO COSTA, filho de Humberto Costa e Orleide Vieira do Nascimento Costa, nasceu em 24 de março de 1981, em Itabuna, Bahia.

Em 2000, iniciou o curso de graduação em Engenharia de Alimentos na Universidade Estadual da Bahia – UESB, campus de Itapetinga Bahia, em 03 de março de 2014, concluindo-o em setembro de 2005.

Em 2009, iniciou o curso de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos stricto

sensu, em nível de Mestrado, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia –

UESB, Campus de Itapetinga, sob a orientação da Professora Doutora Julliana Izabelle Simionato. Em 2011, defendeu a referida dissertação, para obter o titulo de “Mestre em Engenharia de Alimentos”.

Em 2014.1, iniciou o curso de Pós-Graduação em Zootecnia stricto sensu, em nível de Doutorado, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Campus de Itapetinga, sob a orientação do Prof. Dsc. Fabiano Ferreira da Silva, submetendo-se à defesa de Tese em 15 de dezembro de 2017, para obter o titulo de “Doutor em Zootecnia”.

(9)

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS... viii

RESUMO... x

ABSTRACT... xii

I – INTRODUÇÃO... xiv

II – REFERENCIAL TEÓRICO... 1

1. O ALGODÃO EM CAROÇO... 1

2. CARACTERÍSTICAS DO CAROÇO DE ALGODÃO E SUA UTILIZAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO... 3

3. FATORES NUTRICIONAIS QUE AFETAM A COMPOSIÇÃO DE PROTEÍNA, GORDURA E LACTOSE DO LEITE... 7

3.1- Gordura... 8

3.2- Proteína... 9

3.3- Lactose... 11

4- ÁCIDOS GRAXOS PRESENTES NA GORDURA DO LEITE... 11

4.1- Influencia da alimentação nos ácidos graxos do leite... 12

4.2- ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO (CLA)... 14

5- Colesterol... 16

III-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 18

IV-OBJETIVOS GERAIS... 26

V-MATERIAL E MÉTODOS... 27

5.1 Local e período de avaliação experimental... 27

5.2 Caracterizações do clima... 27

5.3 Delineamento experimental... 28

5.4 Composições e proporção das dietas... 28

5.5 Produção de forragem... 29

5.6 Produção de leite... 30

5.7 Análises químico-bromatológica... 31

(10)

5.9 Balanço de compostos nitrogenados... 33

5.10 Análises físico-químicas... 35

5.11 Análise de Ácidos Graxos... 35

5.11.1 Extração dos Lipídios Totais do Leite... 35

5.11.2 Extração dos Lipídios Totais do Concentrado e do pastejo simulado... 35

5.11.3 Preparação de Ésteres Metílicos de Ácidos Graxos... 36

5.11.4 Análise Cromatográfica dos Ésteres de Ácidos Graxos... 36

5.11.5 Identificação dos ésteres metílicos... 37

5.11.6 Avaliação da resposta do detector de ionização de chama.... 37

5.11.7 Quantificação dos ésteres metílicos... 38

5.12 Índice de Qualidade Nutricional dos Lipídios do Leite in Natura... 38

5.13 Índices de Atividade da Enzima Δ9-Dessaturase... 39

5.14 Extração e análise do colesterol do Leite... 39

5.15 Análise estatística... 40

V – RESULTADOS E DISCUSSÃO... 41

VI – CONCLUSÕES ... 68

(11)

LISTA DE FIGURAS

(12)

LISTA DE TABELAS

Página

TABELA 1. Temperatura média, médias das temperaturas máximas (TMAX) e mínimas (TMIN) e precipitação pluviométrica total, por mês, observadas durante a fase

experimental... 27 TABELA 2. Proporções de ingredientes dos concentrados, com base na

matéria seca para vacas lactantes alimentadas com diferentes

níveis de caroço de algodão... 28 TABELA 3. Composição químico-bromatológicas e razão

volumoso:concentrado... 29 TABELA 4. Disponibilidade e oferta de forragem referente aos períodos

experimentais, proporções dos componentes do capim

Brachiaria decumbens e razão folha/colmo... 30 TABELA 5. Perfil lipídico do pastejo simulado e do concentrado

consumido... 35 TABELA 6. Consumo de matéria seca e dos nutrientes de vacas lactantes

recebendo níveis de caroço de algodão na dieta... 41 TABELA 7. Coeficiente de digestibilidade da matéria seca e dos

nutrientes, em vacas lactantes alimentadas com níveis de

caroço de algodão... 45 TABELA 8. Desempenho de vacas lactantes alimentadas com diferentes

níveis de caroço de algodão na dieta ... 47 TABELA 9. Balanço de compostos nitrogenados de vacas lactantes

alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de caroço

de algodão na dieta... 50 TABELA 10. Concentrações de N uréico de vacas lactantes recebendo

diferentes níveis de níveis de caroço de algodão na

dieta... 51 TABELA 11. Produção de proteína microbiana e eficiência microbiana de

vacas lactantes recebendo diferentes níveis de caroço de

algodão na dieta... 54 TABELA 12. Resultados médios das análises físico-químicas do leite in

natura de vacas alimentadas com diferentes níveis de caroço

de algodão... 55 TABELA 13. Ácidos graxos saturados (mg.g-1)e em leite de vacas lactantes

(13)

TABELA 14. Ácidos graxos mono e poliinsaturados (mg.g-1)e em leite de vacas lactantes alimentadas com diferentes níveis de caroço

de algodão... 60 TABELA 15. Níveis de ácidos linoléico conjugado em mg.g-1 de lipídios no

leite de vacas lactantes alimentadas com diferentes níveis de

caroço de algodão na dieta... 61 TABELA 16. Valores médios relativos aos somatórios de ácidos graxos,

índices de qualidade nutricional e de atividade da enzima Δ9-dessaturase para as amostras de leite in natura...

63 TABELA 17 Níveis de colesterol no leite de vacas lactantes alimentadas

(14)

RESUMO

COSTA, Edvaldo Nascimento. Caroço de algodão em dietas de vacas lactantes. Itapetinga, BA: UESB, 2017. 80p. Tese. (Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes).*

Objetivou-se avaliar os diferentes níveis de inclusão de caroço de algodão integral na alimentação de vacas leiteiras em pastejo, e seus efeitos sobre o consumo e a digestibilidade dos nutrientes, produção e composição do leite, balanço de compostos nitrogenados, perfil lipídico e colesterol do leite. O experimento foi desenvolvido na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Campus Itapetinga-Bahia, no período de março a junho de 2015. Foram utilizadas 5 vacas mestiças Holandês x Zebu (grau de sangue variando de ½ a ¾ de sangue H x Z), de terceira ou quarta lactação, com produção média anterior entre 3.000 e 4.000 kg.lactação-¹, ajustado para 300 dias, com peso corporal médio de 465,16 kg ± 65,45 kg. Elas foram manejadas em uma área formada de Brachiaria decumbens. As vacas foram selecionadas também para dias em lactação entre 80 e 120 dias no início do período experimental, distribuídas em um Quadrado Latino 5 x 5. O experimento foi dividido em cinco períodos experimentais, com duração de 21 dias cada, sendo os primeiros 16 dias considerados de adaptação, e os 5 últimos para coleta de dados. As dietas foram constituídas com níveis de inclusão de caroço de algodão integral (0, 6, 12, 18 e 24%) na dieta total. O consumo de matéria seca e a digestibilidade dos nutrientes foram estimados a partir da produção fecal, com o auxílio de um indicador interno, fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e um indicador externo (óxido de cromo). As análises de perfil lipídico e colesterol foram determinadas a partir de cromatografia gasosa e cromatografia liquida, respectivamente. O consumo de matéria seca total, consumo de matéria seca da forragem, consumo de fibra em detergente neutro, corrigido para cinzas e proteína, o consumo de matéria seca e de consumo de fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína, ambos em porcentagem do peso corporal, não apresentaram diferença entre os tratamentos. O consumo de matéria seca do concentrado e consumo de proteína bruta apresentaram efeito quadrático com máximo de consumo a 12% de fornecimento de caroço de algodão integral. O consumo de extrato etéreo apresentou efeito linear crescente, com o aumento dos níveis de inclusão do caroço de algodão. A digestibilidade da matéria seca total, consumo de carboidrato não fibroso, assim como a digestibilidade do carboidrato não fibroso, consumo de nutrientes digestíveis totais apresentaram efeito linear decrescente. Não houve diferença na composição do leite, no entanto a produção de leite foi afetada pela inclusão do caroço de algodão, apresentando um efeito quadrático. As concentrações de nitrogênio uréico no plasma e no leite, bem como produção de proteína microbiana e eficiência microbiana, não sofreram influência pelos níveis de inclusão do caroço de algodão integral. O balanço de compostos nitrogenados apresentou efeito quadrático sobre o nitrogênio ingerido, nitrogênio nas fezes, nitrogênio na urina e nitrogênio no leite, mas não houve efeito sobre o nitrogênio retido. O colesterol do leite não foi influenciado pela dieta. Quanto ao perfil lipídico, todos os ácidos graxos saturados e monoinsaturados apresentaram efeito linear decrescente. Os ácidos graxos poliinsaturados não foram influenciados pelos tratamentos. A qualidade nutricional da fração lipídica foi afetada pelos tratamentos, apresentando um efeito quadrático sobre o índice de aterogenicidade e de índice de trombogenicidade e o aumento da razão de ácidos graxos poliinsaturados e ácidos graxos saturados.

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Recomenda-se a inclusão de até 12% do caroço de algodão na dieta total de vacas lactantes sob pastejo, pois até esse nível o desempenho produtivo dos animais mantém níveis de produção de leite e de consumo de matéria seca do concentrado, devido à aceitação do caroço de algodão integral, assim como mantém os níveis de qualidade nutricional da fração lipídica.

Palavras-chave: cromatografia, subproduto e leite.

___________________________

*Orientador: Fabiano Ferreira da Silva, Dr. UESB, Co-orientador: Robério Rodrigues Silva, Dr. UESB e Sibelli Passini Barbosa Ferrão Dra. UESB.

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ABSTRACT

COSTA, Edvaldo Nascimento. Cottonseed in the diets of lactating cows. Itapetinga-BA: UESB, 2017. 80p. Thesis. (PhD in Animal Science, Area of concentration in Ruminant Production). *

The objective of this study was to evaluate the different levels of inclusion of whole cottonseed in the diet of dairy cows on grazing and their effects on nutrient intake and digestibility, milk production and composition, nitrogen balance, lipid profile and milk cholesterol . The experiment was carried out at the State University of the Southwest of Bahia (UESB, Campus Itapetinga-Bahia), from March to June 2015. Five crossbred Holstein x Zebu cows were used (blood level ranging from ½ to ¾ H x Z blood ), of third or fourth lactation, with a previous average production between 3,000 and 4,000 kg.lactation-¹, adjusted for 300 days, with a mean body weight of 465.16 kg ± 65.45 kg, they were managed in a formed area of Brachiaria decumbens. Cows were also selected for lactation days between 80 and 120 days at the beginning of the experimental period, distributed in a 5 x 5 Latin Square. The experiment was divided into five experimental periods, each lasting 21 days, the first 16 days considered for adaptation and the last 5 for data collection. The five diets were constituted with inclusion levels of integral cotton seedlings (0, 6, 12, 18 and 24%) in the total diet. The dry matter intake and nutrient digestibility were estimated from fecal production, verified using an internal indicator denominated as indigestible neutral detergent fiber (NDF) and an external indicator (chromium oxide). The lipid and cholesterol profile analyzes were determined from gas chromatography and liquid chromatography, respectively. Total dry matter intake, forage dry matter intake, neutral detergent fiber corrected for ash and protein all expressed in kilograms per day, dry matter intake and neutral detergent fiber intake corrected for ash and protein both in percentage of the corporal weight, did not present difference between the treatments. The dry matter intake and crude protein consumption showed a quadratic effect with maximum consumption at 12% of total cotton seed supply. The consumption of ethereal extract showed an increasing linear effect, with the increase of cotton seed inclusion levels. Total dry matter digestibility, nonfiber carbohydrate intake as well as non - fibrous carbohydrate digestibility and total digestible nutrient intake showed a linear decreasing effect. There was no difference in milk composition, however milk production was affected by the inclusion of the cotton seed presenting a quadratic effect. Concentrations of urea nitrogen in plasma and milk as well as production of microbial protein and microbial efficiency were not influenced by the inclusion levels of whole cottonseed. Nitrogen compounds balance showed a quadratic effect on ingested nitrogen, nitrogen in the faeces, nitrogen in the urine and nitrogen in the milk, but there was no statistical effect on the nitrogen retained. Milk cholesterol was not influenced by diet. As for the lipid profile, all saturated and monounsaturated fatty acids had a linear decreasing effect, polyunsaturated fatty acids were not influenced by the treatments. The nutritional quality of the lipid fraction was affected by the treatments, presenting a quadratic effect on the rate of atherogenicity and thrombogenicity index and increase in the ratio of polyunsaturated fatty acids and saturated fatty acids. It is recommended to include up to 12% of cottonseed in the total diet of lactating cows under grazing, because up to this level the productive performance of the animals maintains good levels of milk production and dry matter

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consumption of the concentrate due to the acceptance of the integral cotton core as well as maintains the levels of nutritional quality of the lipid fraction.

Keywords: chromatography, by-product and milk.

_____________________

* Advisor: Fabiano Ferreira da Silva, Dr. UESB e Co-supervisor: Robério Rodrigues Silva, Dr. UESB e Sibelli Passini Barbosa Ferrão Dra. UESB.

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I –INTRODUÇÃO

A preferência do consumidor tem marcado o caminho a ser seguido na produção de alimentos de origem animal neste século. O interesse em produtos saudáveis tornou-se uma prioridade para a competitividade da pecuária no aspecto mundial. Há um especial interesse na composição de gordura a partir dos produtos consumidos oriundos dos ruminantes, uma vez que alguns dos seus componentes, ou a melhoria da relação entre alguns deles, têm sido associados com efeitos positivos sobre a saúde humana (Angulo et al., 2009).

A economia mundial passa boas transformações, bem como os hábitos alimentares dos consumidores e seu poder econômico. Para os laticínios somente a quantidade de gordura ou teor de sólidos não é mais interessante; para eles a agregação de características saudáveis na composição do leite passa a ser mais atrativa, e se acompanhada de um alto teor de sólidos melhor, pois gera mais rendimento aos processos produtivos. Isso é um grande desafio para os profissionais envolvidos na cadeia de produção animal, que precisam aliar produção, qualidade, desempenho e custo de produção para também poder obter êxito em seu empreendimento.

Diante desse contexto, a alimentação de vacas de leite requer uma combinação de conhecimento científico, criatividade e competências de gestão, de forma que equilibre as necessidades dos microrganismos do rúmen e as necessidades do animal.

Os elevados custos das commodities agrícolas, aliadas à necessidade de se buscar alternativas alimentares que não concorram com a alimentação humana ou de animais não ruminantes, desperta o interesse da agroindústria na tentativa de reduzir os custos, manter o desempenho animal e aumentar a rentabilidade do sistema produtivo (Parsons et al., 2009)

No que diz respeito à formulação de rações utilizando subprodutos de diversas indústrias e agroindústrias, torna-se cada vez mais imprescindível no sistema de produção animal, gerando impacto positivo no âmbito de pesquisa técnico-cientifica, além de assegurar, aos produtores de leite, uma nova fonte de alimentação alternativa e, muitas vezes, de baixo custo, dependendo da disponibilidade da região, sendo que a substituição de ingredientes tradicionais, como o milho, por outros de menor custo deve ser considerada, caso haja benefícios em termos econômicos e nutricionais (Iamaizumi, 2010). Assim, nesse segmento, o uso do caroço de algodão ganha destaque nas

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pesquisas integradas com diversas áreas, seja ela na nutrição animal e nutrição humana, ou na engenharia de alimentos com nutrição animal.

A manipulação dietética de vacas leiteiras tem focalizado recentemente alguns aspectos importantes para a indústria de laticínios que se constituem nos seguintes desafios: produção de leite com menor teor de gordura, aumentando o grau de insaturação, com incremento na concentração de ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), preservando os ácidos voláteis de cadeia curta, responsáveis pelo aroma dos produtos lácteos, mantendo ou até mesmo aumentando o nível de produção de leite. Um incremento nos ácidos graxos insaturados (AGI), juntamente com a redução nos ácidos graxos saturados (AGS), causaria um impacto positivo na imagem do consumo de produtos derivados do leite, que hoje ainda experimenta restrições ao seu consumo (Soglia et al., 2003).

A formulação da dieta é um fator com efeitos favoráveis na absorção de nutrientes, sobre prevenção e controle de doenças. Ingestão excessiva de gordura tem sido, tradicionalmente, relacionada com o aumento da obesidade e doença cardiovascular, o que levou a sua limitação na dieta. No entanto, não são atribuídos, principalmente em ácido linoléico conjugado (CLA) e do ômega-3, efeitos positivos de matéria gorda do leite para a saúde humana. Sua proporção pode ser alterada dependendo da alimentação do gado leiteiro, com a ingestão de forragem de alta qualidade o principal fator de influência (Vicente, 2009).

Objetivou-se avaliar níveis de inclusão de caroço de algodão em dietas para vacas leiteiras sob pastejo em relação ao o consumo, digestibilidade, balanço de nitrogênio, produção microbiana, produção, composição, níveis de colesterol e perfil de ácidos graxos do leite.

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II –REFERENCIAL TEÓRICO

1- O ALGODÃO EM CAROÇO

O algodoeiro pertence ao gênero Gossypium, da família Malvaceae, e conta com mais de 50 espécies distribuídas nos continentes Asiático, Africano, Americano e Oceania (Busoli et al., 2011). Nesses, o caroço de algodão é produzido em mais de 65 países, numa área total de 33,31 milhões de hectares, cerca de 18,55 milhões de toneladas de algodão em pluma e cerca de 31,58 milhões de toneladas de sementes (Beltrão, 2000).

Segundos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015), o ranking dos principais produtores de algodão do país em relação à safra 2015, são: Mato Grosso (2.308.000,0 toneladas), Bahia (1.123.000,1 toneladas) e Goiás (162. 000,0 toneladas), com participações na produção brasileira de 58, 28,2 e 4,1%, respectivamente.

A espécie Gossypium hirsutum L., conhecida nos Estados Unidos como algodão “Upland” e no Brasil denominada de algodoeiro “herbáceo” ou “anual”, é responsável por mais de 90% da produção mundial de algodão (Busoli et al., 2011).

As cultivares (variedades) diferenciam-se quanto ao tamanho das fibras (curto, médio e longo), ciclo curto (120-140 dias), ciclo longo (150-180 dias), porte alto ou baixo, resistência ou susceptibilidade a doenças, entre outras características. As flores se abrem a cada 3-6 dias, entre 9-10 horas da manhã. Os frutos (chamados maças quando verdes e capulhos pós-abertura) são cápsulas de deiscência (abertura) longitudinal, com 3 a 5 lojas cada uma, encerrando 6 a 10 sementes. As sementes são revestidas por pelos mais ou menos longos, de cor variável (creme, branco, avermelhado, azul ou verde), que são fibras (os de maior comprimento) e línter (os de menor comprimento) (Oliveira et al., 2007)

A produção de caroço de algodão em 2015 somou 2.348,6 mil toneladas, 13,1% menor que em 2014, no qual a produção foi de 2.670,6 mil. Os preços baixos da pluma no ano de 2015 e o aumento dos custos de produção desestimularam os produtores, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2016). Segundo o IBGE (2015), um outro fator se serve ao mercado internacional de algodão, que ainda

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reflete a queda de preço observado nas últimas quatro safras, reflexo, principalmente, da política de subsídio chinês que busca aumentar a produção interna em detrimento das importações.

No oitavo levantamento realizado pela CONAB em maio de 2016 aponta para a redução na área plantada de 1,6% na temporada 2015/16, atingindo 960,4 mil hectares, comparada com 976,2 mil hectares do exercício anterior. A Região Nordeste, segunda maior produtora do país, será a responsável pela maior redução percentual na área plantada com algodão para a temporada 2015/16 – 14,3%. Na Bahia, segundo maior produtor nacional como dito anteriormente, estima-se que serão cultivados cerca de 240,6 mil hectares, representando redução de 14,4% em relação à temporada passada. Para a safra 2015/16, estima-se que sejam produzidos 759,6 mil toneladas de caroço de algodão em uma área de 240,6 mil ha.

Mesmo com a redução na produção de caroço de algodão e a alta procura das esmagadoras, geram-se uma grandes possibilidades no uso desse, bem como no do farelo, torta e casca, viabilizando o uso como fonte alternativa de nutrientes na alimentação de animais. Segundo Imaizumi et al., (2010), a substituição de ingredientes tradicionais, como o milho, por outros de menor custo deve ser considerada, caso haja benefícios em termos econômicos e/ou nutricionais.

A crescente demanda pelo óleo de algodão fez com que muitas unidades esmagadoras de caroço fossem instaladas nas regiões produtoras. Seu principal produto é o óleo. Após o refino, o óleo de caroço de algodão se torna comestível, podendo ser utilizado como óleo de cozinha ou aplicado na elaboração de outros produtos alimentares, como a margarina e a maionese. Mas o óleo também pode ser comercializado pelas esmagadoras na sua forma bruta, para a indústria de biodiesel, mercado este que tem crescido rapidamente no Brasil.

Esse conjunto de aplicações comercialmente valorizadas torna o óleo de algodão o segundo principal produto do algodoeiro, atrás somente da pluma (ABRAPA, 2014).

Atualmente, devido a preocupações quanto aos efeitos da utilização do caroço sobre a qualidade da carne e do leite, e também devido ao aumento da demanda pela indústria esmagadora, estima-se que apenas 20% do caroço produzido nas algodoeiras sejam vendidos diretamente a confinadores, enquanto 75% são comprados pelas esmagadoras e os outros 5% vão para a indústria de sementes (ABRAPA, 2014).

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2- CARACTERÍSTICAS DO CAROÇO DE ALGODÃO E SUA UTILIZAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS EM LACTAÇÃO

Visando, principalmente, à produção de fibras para a indústria têxtil de onde é retirada a pluma, a cultura do algodão também gera subprodutos, como o caroço, a torta e o farelo, empregados em larga escala na alimentação animal, principalmente de ruminantes (Borges, 1997).

O termo subproduto foi originado para caracterizar aqueles produtos resultantes de um processamento industrial, no qual o objetivo final da produção é um outro produto. O uso desse termo traz sempre alguma conotação negativa a esses alimentos. Entretanto, quando analisados sob o prisma da nutrição, muitas vezes se apresentam como fontes nutricionais com qualidades excepcionais, como o farelo de soja, caroço de algodão (Meneghetti et al.,2008).

Atualmente a tendência é que passem a ser chamados de co-produto devido ao valor agregado que possuem, pela maior atenção quanto ao controle de qualidade e o potencial nutricional para formulação de rações (Ezequiel, 2006), evidenciados pelas pesquisas e ampla utilização no cenário nacional.

Para os subprodutos, é importante observar o valor nutritivo e a qualidade, uma vez que o sucesso ou insucesso vai depender muitas vezes das restrições ou limitações que são apresentadas, influenciando no consumo, taxa de passagem e por fim, afetando diretamente o desempenho animal (Pires et al.,2006).

O caroço de algodão tem sido uma alternativa bastante estudada para a suplementação energética. Sua principal vantagem está no alto teor de energia, que reflete o seu conteúdo de óleo. Considerado fonte de energia, é relativamente rico em proteína, além disso, não requer nenhum processamento (Costa, 2015).

A semente de algodão apresenta em média a seguinte composição: 12,5% de línter, 15,2% de óleo bruto, 46,7% de torta (resíduo da extração do óleo), 20,7% de casca e 4,9% de resíduos, produzidos no processo industrial (Beltrão, 2000).

Com características bromatológicas, o caroço de algodão com línter possui 23,0% de proteína bruta (PB), 17,8% de extrato etéreo (EE), 47,0% de fibra em detergente neutro (FDN), 39% de fibra em detergente ácido (FDA) e 95% de nutrientes digestíveis totais (NDT) (NRC, 2007). No Brasil, Valadares Filho et al. (2006) encontraram uma composição bromatológica para o caroço de algodão valores de

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81,92% de NDT, 22,62% de PB, 46,04% de FDN e 18,9% de EE. Possuindo a mesma eficiência de forragens em estimular a ruminação, o caroço de algodão melhora a saúde ruminal e mantém a produção de gordura do leite. Essa efetividade da fibra do caroço de algodão é devida a sua capacidade de flutuar no conteúdo ruminal. Isso acontece, pois no caroço há resquícios das plumas de algodão, chamados de línter, que é quase celulose pura e tem um elevado potencial digestibilidade (Pires et al.,1997).

O caroço de algodão é relativamente rico em proteína, comparado aos grãos de cereais, e pode suprir uma importante porção da exigência de proteína de uma vaca leiteira (Fernandes et al., 2002). Além de ser capaz de balancear energeticamente uma dieta, sem, no entanto, comprometer seu teor fibroso, contribuindo, expressivamente, para a fração protéica da mistura final (Borges ,1997).

A grande quantidade de lipídeos contidos no caroço de algodão integral vem conferir-lhe a característica de alto valor energético, levando a respostas positivas, pois podem gerar benefícios quando os animais tiverem em condições de stress calórico, suprindo as exigências energéticas dos animais em condições de consumo reduzido (Prado et al., 2002).

Os fatores que afetam a qualidade do caroço de algodão são umidade, que deve ser inferior a 12%; matéria estranha, que deve ser inferior a 1% e conteúdo de ácidos graxos livres (AGL) presentes no óleo, que não deve ultrapassar 1,8% (Pesce, 2008). Esses fatores devem ser levados em consideração juntamente com as características nutricionais, como os teores de PB, NDT, FDN, FDA e a digestibilidade para se determinar a qualidade nutricional do produto.

A justificativa para a suplementação com caroço de algodão é baseada em três hipóteses: melhora da resposta animal, especialmente na fase inicial da lactação, em que o consumo de alimentos é limitado pelo stress pós-parto (15% em média), evitando, assim, a perda de peso, o balanço energético negativo e, consequentemente, a redução da produção total de leite na lactação, pelo aumento do nível de energia na alimentação; o caroço de algodão, devido a sua composição, é uma excelente fonte de fibra e proteína para vacas em lactação (Costa et al.,2011).

As características físico-químicas dos ingredientes da dieta e suas interações podem ter grande efeito sobre o consumo de alimentos por vacas lactantes, influenciando a quantidade de nutrientes disponíveis para a absorção e produção (Allen, 2000). Para o caroço de algodão, foi observado que a alteração da forma física do

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caroço de algodão não alterou o seu consumo, bem como o consumo de volumoso, ocorrendo consumo médio de volumoso (kg/dia) de 27,8 (inteiro) e 27,3 (moído) na matéria natural e 8,0 (inteiro) e 8,0 (moído), não sendo necessário, portanto, quebrar, moer ou triturar o caroço de algodão antes de fornecê-lo para as vacas leiteiras. (Delgado et al., 2004; Meirelles et al., 1992).

Vilela et al. (1996), ao avaliarem o consumo de caroço de algodão com vacas leiteiras, observaram que houve o aumento linear do consumo de EE, mas, não influenciou no consumo da: MS, matéria orgânica (MO), PB, FDN, carboidratos totais (CHOT) e nos NDT. Eles concluíram que o caroço de algodão pode ser utilizado até o nível de 30% na ração concentrada sem influir no consumo de nutrientes. Com relação a o consumo de matéria seca (CMS), Smith et al. (1981) não encontraram efeito quando utilizaram teores (0%, 5%, 15%, 25%) de caroço de algodão e silagem de milho como volumoso na dieta de vacas leiteiras.

Melo et al. (2006) verificaram que vacas alimentadas com caroço de algodão em dieta à base de palma forrageira, observaram que o caroço de algodão aumentou o CMS, EE, NDT; porém não afetou o consumo de PB e FDN. Eles relatam que o aumento está associado à diferença do tamanho de partícula e à gravidade específica da silagem de sorgo e do caroço de algodão, que interferem na taxa de passagem das dietas experimentais.

Alguns autores, como Fernandes et al. (2002) e Mohamed et al. (1988), observaram uma redução linear no CMS. Eles justificam essa redução de consumo, provavelmente, à diminuição da digestibilidade ruminal da fibra, quando se tem adição de gordura na dieta. O uso de elevadas quantidades de lipídeos na dieta de ruminantes pode prejudicar o consumo, podendo causar queda na digestibilidade e aproveitamento dos nutrientes (Palmquist, 1991; Jenkins, 1993).

Estudos comprovam que há pouco efeito sobre o consumo quando até 18,5% de caroço de algodão foram adicionados nas dietas (Hawkins et al., 1985), variando de 15% (Arieli, 1998) até 25% (Coppock et al., 1985) as recomendações de adição nas dietas.

A lenta liberação dos lipídios proveniente do caroço de algodão permite a atuação dos microrganismos ruminais na hidrogenação das duplas ligações dos AGI, impedindo o efeito inibidor dos lipídios sobre a digestibilidade da fibra (Coppock e Wilks, 1991). São diversos os efeitos no consumo e na digestibilidade quando se utiliza

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o caroço de algodão na alimentação de vacas leiteiras. No entanto, esses efeitos são dependentes do teor de inclusão, tipo de volumoso, fase da lactação entre outros fatores relacionados à dieta basal (Almeida, 2014).

As oleaginosas são as fontes de lipídios mais usadas na dieta de ruminantes, por proporcionarem alta densidade energética em substituição aos carboidratos rapidamente fermentáveis, favorecendo a fermentação ruminal e a digestão da fibra, entretanto não deve ser usado em excesso, devido ao seu conteúdo em óleo (Teixeira, 2005). Dessa forma, a avaliação de ingredientes alternativos com potencial de uso na dieta de ruminantes deve prever os efeitos desses alimentos sobre o consumo, a digestibilidade e o desempenho animal (Santos et al., 2010)

Quando se utiliza grãos de oleaginosas como a soja ou o caroço de algodão, o teor recomendado de EE pode ser maior, pois as gorduras desses alimentos são liberadas de forma gradativa para o ambiente ruminal, diminuindo os efeitos negativos sobre a digestibilidade dos nutrientes, e, por consequência, os efeitos negativos sobre a produção leiteira (Coppock e Wilks, 1991).

Os resultados de eficiência de produção com a suplementação lipídica para vacas leiteiras são bastante controversos. Algumas vezes são positivos, através do aumento de produção ou redução da ingestão de alimentos; outras vezes não alteram a eficiência de produção e ainda, em alguns casos, diminuem a produtividade (Bonfim, 2014).

As principais fontes de proteína verdadeira usadas comercialmente no Brasil para a alimentação de bovinos são o farelo de soja, a soja em grãos, o farelo de algodão, o caroço de algodão, o resíduo de cervejaria, o farelo de glúten de milho, o farelo de amendoim, dentre outras (Santos, 2005).

A determinação do balanço de nitrogênio (BN) permite a quantificação da retenção ou perda de proteína pelo animal, relacionada ao consumo de um determinado alimento. A otimização do equilíbrio entre a síntese protéica microbiana e a degradação protéica no rúmen em vacas leiteiras em lactação tem o potencial de aumentar a produção de leite e reduzir a excreção de nitrogênio (N) para o meio ambiente (Imaizumi et al., 2010).

A avaliação do balanço de nitrogênio no animal e da concentração de ureia no soro e na urina permite a obtenção de informações a respeito da nutrição protéica dos ruminantes, o que pode ser importante para evitar prejuízos produtivos, reprodutivos e

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ambientais, decorrentes do fornecimento de quantidades excessivas de proteína ou da inadequada sincronia energia-proteína no rúmen (Pessoa et al., 2009)

O BN, ou seja, N consumido menos o N das fezes, menos o N da urina, sob condições controladas, fornece uma quantificação do metabolismo protéico e demonstra especificamente se o organismo está com perda ou ganho de proteína (Ladeira et al., 2002). Reduzir a produção de N nas fezes e na urina é, portanto, um desafio central, para reduzir o custo N e o impacto ambiental sem prejuízo substancial ao desempenho (Gidenne, 2013).

3- FATORES NUTRICIONAIS QUE AFETAM A COMPOSIÇÃO DE PROTEÍNA, GORDURA E LACTOSE DO LEITE

Muitos fatores influenciam a composição do leite, cujos principais componentes são água, gordura, proteína, lactose e minerais (Waldner et al., 2005).

Os principais fatores que impulsionam o interesse em manipular a composição do leite são: 1) melhorar rendimento no processamento do leite e seus derivados lácteos; 2) alterar o valor nutricional do leite, de acordo com os parâmetros nutricionais estabelecidos pelas instituições governamentais; 3) usar o leite como ferramenta nutracêutica, por meio de seus conhecidos benefícios para a saúde humana (Jenkins e Mcguire, 2006).

A nutrição oferece um meio de fazer mudanças rápidas na composição do leite, mas a relação entre os constituintes da alimentação e a composição do leite é complexa (Sutton, 1989). A manipulação da dieta, com intuito de alterar a produção e a composição do leite, vem-se tornando muito comum dentro da atividade leiteira. (Oliveira et al., 2007)

Os fatores dietéticos podem afetar a composição do leite de vacas leiteiras, e a nutrição oferece os meios mais eficazes de rapidamente alterar a composição do leite (Santos, 2002). As maiores mudanças podem ser provocadas na concentração de gordura do leite. Fatores dietéticos particularmente importantes são: a quantidade de forragem, proporção de forragem:concentrado, a composição de carboidratos dos concentrados, lipídios, ingestão e frequência de refeição. Mudanças muito menores são possíveis na concentração de proteína do leite (Sutton, 1989). A composição do leite e os rendimentos dos componentes também podem ser afetados pela genética e meio

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ambiente, nível de produção de leite, estágio de lactação, doença (mastite), estação e idade da vaca (Waldner et al., 2005).

Em geral, os aumentos proporcionais nas quantidades de gordura, proteína e lactose são aproximadamente o mesmo que o aumento proporcional no volume de leite e composição do leite, portanto, muda pouco. No entanto, não há nenhuma relação simples entre os componentes dos alimentos ingeridos e produtos lácteos individualmente, tal que o aumento da quantidade de um determinado componente na alimentação resultaria em uma elevação na secreção de um constituinte similar no leite e, consequentemente, um aumento em sua concentração em relação a de outros constituintes (Sutton, 1989).

3.1- Gordura

Várias pesquisas foram desenvolvidas visando determinar o impacto de diferentes formulações no conteúdo de gordura do leite. A partir desses estudos verificou-se que os fatores nutricionais mais significantes, influenciando na produção de gordura do leite, são: a quantidade de grãos ou concentrado (carboidratos não fibrosos), a quantidade de volumoso, a quantidade de gordura adicionada à dieta, bem como o perfil lipídico e a forma desta (Jenkins e Mcguire, 2006; Sutton, 1989).

A relação volumoso:concentrado é importante, pois a sua queda causa incremento na quantidade de carboidratos fermentáveis no rúmen (amido) e redução no teor de fibra, o que provoca uma redução no pH ruminal mediante o aumento dos ácidos orgânicos. Especificamente nessas condições dietéticas, a relação molar de acetato:propionato diminui, consideravelmente, no líquido ruminal, e em vários trabalhos foi estabelecida clara relação entre as mudanças no padrão de ácidos graxos voláteis (AGV) e a redução na produção de gordura do leite. Mudanças nas proporções de AGV são bem evidentes em dietas com baixa relação volumoso:concentrado ou em dietas com fibras de baixa efetividade (Palmquist e Beaulieu, 1993, Palmquist e Matos, 2006).

A adição de gordura à dieta pode aumentar a concentração e o rendimento de gordura do leite. Essa resposta, contudo, é inconsistente e muitas vezes relacionada a quantidade e ao tipo de gordura alimentada. Os AGI têm o potencial de afetar o crescimento de alguns grupos de bactérias do rúmen e inibem a síntese de gordura na

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glândula mamária. Por outro lado, os AGS, tais como o ácidos palmítico ([C16:0]) e esteárico ([C18:0]), são considerados inertes no rúmen e não foram implicados na redução de gordura do leite (Lock et al., 2012). O rendimento de gordura total do leite, bem como percentual de gordura, é frequentemente elevado quando suplementos de AGS são inclusos na dieta.

Com relação à composição do leite de animais suplementados com caroço de algodão, o efeito mais consistente observado é o aumento no teor de gordura do leite. De acordo com Coppock et al. (1987), em revisão de literatura, inclusões entre 10,0 e 30,0 % (MS) de caroço de algodão na dieta aumentaram a porcentagem de gordura no leite em 8 dentre 13 experimentos; entretanto, somente em quatro houve aumento significativo em relação à dieta controle.

Para Almeida (2014), houve efeito das dietas sobre teor de gordura do leite, quando comparamos os animais que foram suplementados com outras sementes, mesmo com menor CMS (P<0,05) das vacas alimentadas com dieta contendo caroço de algodão. Essas tiveram supridas as suas exigências de energia liquida, permitindo, assim, que esses animais mantivessem a sua produção.

A redução do teor de gordura do leite obtido com suplementação lipídica com fontes contendo ácidos graxos insaturados se relaciona aos efeitos dos AG intermediários resultantes do processo de biohidrogenação ruminal sobre a síntese de novo de gordura na glândula mamária (Bauman et al., 2001).

Oliveira et al., (2007), avaliando a produção e composição do leite de vacas alimentadas com dietas com diferentes proporções de forragem e teores de lipídeos , a produção de gordura foi influenciada pela proporção de forragem, independente do teor de lipídeos.

3.2- Proteína

A proteína do leite é responsável por cerca de 25% do total de sólidos do leite, sendo também o componente mais valioso do leite, superior até mesmo do que a gordura (Murphy et al., 1993).

A proteína do leite consiste em um número de componentes diferentes, sendo o principal a caseína (Murphy et al., 1993). As frações de nitrogênio de leite podem ser divididas como caseína, soro de leite e nitrogênio não protéico. Caseína é composto por

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cerca de 78% de nitrogênio no leite, soro de leite 17% e nitrogênio não protéico, aproximadamente 5% (Ondarza, 2001).

Mudanças nos teores de proteínas do leite podem ser conseguidas pela manipulação da dieta, em proporção bem inferior que as conseguidas para gordura (Sutton, 1989).

A adição de lipídeos ruminalmente desprotegida ou protegida está associada a reduções na percentagem de proteína de leite em até 0,3 unidades de porcentagem de leite. Em contraste, o rendimento de proteína de leite é geralmente inalterado ou ligeiramente aumentado, refletindo a fisiologia da vaca que predispõe gordura suplementar para ter um maior impacto na produção de gordura e lactose (regulador do volume de leite) no leite, do que na produção de proteína de leite em si (Robinson, 2000).

As dietas contendo gordura suplementar aumentarão a produção de proteína de leite, mas não tão extensivamente quanto o aumento na produção de leite, porque o teor de proteína do leite é geralmente reduzido de 1 a 2 g/kg (Schingoethe, 1996).

É claro que ambos os rendimentos de proteína do leite, como o percentual, podem ser aumentados pelo aumento da proporção de concentrados na ração fornecida para a vaca. Isso pode ser devido às alterações na fermentação ruminal, a maior entrega de nutrientes digestíveis no local da absorção intestinal, ou o aumento no fluxo da proteína bacteriana do rúmen para o intestino. No entanto, altos níveis de concentrado na dieta também podem suprimir a produção de proteína do leite e seu percentual. Isso pode ser o resultado de redução no crescimento bacteriano rúmen, associado às condições de fermentação ruminal acidótico, que são típicas de situações em que as rações contêm altos níveis de concentrado (Robinson, 2000).

O aumento da oferta de aminoácidos para a glândula mamária é a base para a maioria das manipulações dietéticas para elevar a concentração de proteína do leite ou rendimento. O nível de proteína na dieta não afeta a concentração de proteína do leite, no entanto, o tipo de proteína alimentada pode gerar um efeito crescimento na concentração de proteína de leite (Murphy et al., 1993).

DePeters et al. (1992) ressaltaram a importância em distinguir entre respostas que afetam a porcentagem de proteína do leite ou o teor de proteína, daquelas que afetam a produção de proteína (kg de proteína/dia). Normalmente, mudanças na dieta

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que apresentam impactos positivos na produção de leite e na produção de proteína proporcionam efeitos negativos no teor de proteína do leite.

É importante para o produtor tentar aumentar a concentração de proteína do leite e seu rendimento com o uso de estratégias nutricionais e de reprodução. É provável que, no futuro, a proteína do leite continue mais valiosa em relação aos outros componentes do leite, uma vez que a concentração de proteína é de grande importância para o processamento de leite na fabricação de uma gama de produtos (Murphy et al., 1993).

3.3- Lactose

A lactose é um dissacarídeo composto por uma molécula de glicose e galactose (Acosta, 2001), que possui um importante papel na síntese do leite, sendo o principal fator osmótico no leite, responsável por 50% dessa variável e, no processo de síntese do leite, “atrai” água para as células epiteliais mamárias. Portanto, a sua concentração é relativamente paralela aos volumes emitidos e está estreitamente correlacionado com os níveis de sódio, cloro e potássio, que também têm um papel osmolar. Em função da estreita relação entre a síntese de lactose e a quantidade de água drenada para o leite, o conteúdo de lactose é o componente do leite que menos tem variação, a não ser em caso de desnutrição do animal. É certamente verdade que as mudanças são pequenas e inconsistentes, mas, ocasionalmente, atingem níveis estatisticamente significativos devido ao baixo coeficiente de variação (Sutton, 1989; Acosta, 2001; González, 2001).

As alterações na ração que aumentam o suprimento de glicose para o úbere aumentarão a quantidade de lactose produzida, consequentemente eleva a produção de leite, mas não a concentração de lactose do leite produzido (Ondarza, 2001).

A inclusão de níveis elevados de suplementos lipídicos, tanto na forma livre quanto na forma protegida, diminuíram a concentração de lactose em até 0,2%, mas novamente essas respostas são inconsistentes (Sutton, 1989).

4- ÁCIDOS GRAXOS PRESENTES NA GORDURA DO LEITE

Gordura de leite contém, aproximadamente, 400 ácidos graxos diferentes, o que torna a mais complexa de todas as gorduras naturais, tendo propriedades nutricionais e físicas únicas. Os AG do leite são derivados quase igualmente de duas fontes, da

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alimentação e da atividade microbiana no rúmen da vaca, sendo que os lipídeos no leite bovino estão presentes, principalmente, em glóbulos como uma emulsão num sistema óleo em água. Esses diferem quanto ao comprimento da cadeia carbônica, que pode variar de 4 a 24 átomos de carbono, e possuem diferentes posições das insaturações, configuração posicional, geométrica e grupos funcionais. Quase 70% da gordura no leite são saturadas. Dessas, cerca de 11% são AG de cadeia curta, sendo quase metade do ácido butírico. Aproximadamente 25% dos ácidos graxos no leite são monoinsaturados e 2,3% são poliinsaturados, com uma relação de ômega-6/ômega-3 em torno de 2,3 e aproximadamente 2,7% são ácidos graxos trans (Månsson, 2008; Zancan, 2012).

Segundo German et al. (2006), os principais ácidos graxos do leite são: os ácidos palmítico (16:0), oléico (18:1), esteárico (18:0), mirístico (14:0) e butírico (4:0), com valores percentuais de 27,7; 26,6; 12,8; 10,6 e 3,4%, respectivamente. Apenas dois desses citados, o mirístico e palmítico, têm sido associados ao aumento dos níveis de colesterol total no plasma, mas seus efeitos individuais são variáveis, tanto para aumentar lipoproteínas de baixa densidade e elevar o nível lipoproteínas de alta densidade.

4.1- Influência da alimentação nos ácidos graxos do leite

A composição de AG do leite de vaca tornou-se menos favorável à saúde humana nos últimos quarenta anos devido à mudança nas práticas de alimentação e manejo dos animais, notadamente maiores proporções de concentrados e silagens em dietas com menos pastejo. As concentrações de ácidos graxos essenciais e de CLA geralmente diminuíram e, com mais produtos lácteos de baixo teor de gordura, a ingestão humana desses AG diminuiu ainda mais, uma vez que os produtos alimentares de ruminantes são a principal fonte de ingestão de CLA. A mudança de conduta da sociedade e as exigências dos consumidores exigem sistemas de produção de leite que fornecem produtos alimentares através de sistemas de produção sustentáveis (Elgesma et al., 2006).

As dietas dos ruminantes variam em composição, dependendo da espécie, do estado fisiológico, do custo e disponibilidade dos ingredientes da ração. Elas contêm frequentemente espécies forrageiras (gramíneas, leguminosas ou milho forrageiro) de

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maturidade e valor nutricional variável, além de diferirem na composição das que contêm forragens como única alimentação para combinações de forragem, cereais e suplementos protéicos (Shingfield et al., 2014).

A suplementação com concentrado apresenta resultados dúbios e, em sua pesquisa, Bargo et al. (2006) observaram o aumento do conteúdo total de AGS de cadeia curta de leite, mas reduziram o conteúdo dos AGPI presentes em altas concentrações na pastagem. O conteúdo de CLA da gordura do leite foi maior para vacas não suplementadas, quando comparadas com vacas suplementadas, devido a maior ingestão de ácido alfa-linolênico presente na pastagem. Mas, Santos et al. (2001) relataram que os tratamentos contendo diferentes fontes de concentrado, quando comparados com o controle, diminuíram o percentual de AGS, mas tenderam a aumentar o percentual de AGPI.

As forragens fornecem uma opção de baixo custo em comparação às estratégias de suplementação dietética, como óleos e amido, que são projetadas para melhorar os perfis de AG do leite em relação aos seus impactos na saúde dos consumidores (Dewhurst et al., 2006).

A principal contribuição de lipídios em dietas para ruminantes são as forragens e os grãos de cereais, embora o teor de gordura da dieta possa ser aumentado, usando suplementos lipídicos. Esses suplementos podem ser classificados de acordo com sua origem: em animais, vegetais e misturas. Dentro das gorduras de origem animal, podemos ter as poliinsaturadas (origem marinha), gorduras insaturadas (gorduras de aves), moderadamente insaturadas (gordura de porco), saturadas (sebo bovino) e misturas de todos os itens acima (Fuentes Álvarez, 2009).

As dietas baseadas em pastagens constituem uma parte importante para o consumo de vacas leiteiras na maioria dos sistemas agrícolas, pois aumentam as concentrações de AGPI na gordura do leite quando comparadas à alimentação com concentrado (Schroeder et al., 2003; Glasser et al., 2013). Para animais sob pastejo, a composição e conteúdo de AG do leite são afetados por inúmeros fatores, tais como espécies de plantas e variedade, clima, precipitação, duração do dia, fertilização, fase de crescimento e forma física (KALAČ et al., 2010; Costa, 2009 ).

Forrageiras representam uma fonte de celulose e hemiceluloses, compostos conhecidos como substratos interessantes para a flora microbiana do rúmen, pois sua

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fermentação promove a produção de acetato e butirato no rúmen (Cuvelier et al., 2005). Esses são os precursores da síntese de gordura do leite.

4.2- Ácido Linoléico Conjugado (ALC)

O termo CLA, acrônimo de conjugated linoleic acid, em inglês; ácido linoléico conjugado, em português, refere-se ao grupo de isômeros posicionais e geométricos do ácido linoléico, que por serem naturalmente sintetizados no rúmen de animais, têm como principal fonte os alimentos, derivados do leite e as carnes provenientes dos ruminantes (Lucatto et al., 2014; Silva, 2012).

A estrutura das ligações duplas (insaturados) de AG naturais segue um padrão muito característico e preservado. Em um AGPI (no caso possuindo duas insaturações), ambas as ligações duplas serão sempre separadas por um átomo de carbono intermediário não envolvido na estrutura de insaturação. Ou seja, um AG, em que as ligações duplas estão entre 9-10 e 12-13 carbonos, o carbono 11 não participará da estrutura insaturada. Essa seria uma estrutura não conjugada, e o carbono 11 seria como um carbono de metileno intermediário. Esse é o caso de a estrutura da maioria dos AG na sua forma natural. No entanto, como consequência de manipulação tecnológica de óleos e gorduras ou efeito do metabolismo celular de certos AG, é possível que a dupla ligação troque de posição, seguindo o mesmo exemplo acima, da posição 9-11, 10-12, ou 11-13, entre outras, e podem ser em ambas as configurações, cis e trans. Em ambos os casos, o carbono intermediário desapareceria, e o AG formado poderia ser transformado em uma estrutura de "conjugada", ou em um AG conjugado (duplas ligações separadas por uma ligação simples) (Avilez, 2006).

Embora possa haver diversos isômeros possíveis, dois deles (18:2 cis-9, trans-11 e o 18:2 trans-10, cis-12) têm mostrado destaque e, muitas vezes, distintos efeitos fisiológicos (Pariza et al.; 2001). A que se destacar que o 18:2 trans-10, cis-12 possui ação sobre determinadas enzimas responsáveis pela síntese de gordura na glândula mamária, o que pode gerar prejuízo ao produtor, pois pode reduzir o teor de gordura ocasionando perdas por pagamento do leite por qualidade (Gama, 2010; Oliveira, 2004).

Segundo Bauman (2000), o ácido rumênico (C18:2 cis-9, trans-11) é o isômero em maior proporção na gordura do leite, e representa de 75 a 90% dos CLAs totais e é originado de duas fontes, sendo a primeira durante o processo de biohidrogenação

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ruminal do ácido linoleico, e a segunda fonte, sintetizado via endógena pela ação da enzima Δ9- dessaturase na glândula mamária, que utiliza como substrato o ácido transvacênico (C18:1 trans-11), outro intermediário da biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados. Ironicamente, a biohidrogenação ruminal de lipídios dietéticos é responsável pelos altos níveis de AGS em gordura de ruminantes, uma característica considerada indesejável para alguns aspectos da saúde humana, bem como para gordura de ruminantes contendo a CLA, AG com muitos efeitos benéficos na saúde humana.

O termo genérico de biohidrogenação refere-se a todo o conjunto de metabolizações a que os AGI podem sofrer no rúmen, e inclui não só as hidrogenações, mas também as isomerizações que as acompanham (Bessa, 2017).

O conteúdo de CLA na gordura do leite varia amplamente dentro de um rebanho. Essa variação pode ser relacionada com fatores associados a fermentação ruminal, relação concentrado forragem, níveis de ingestão e o consumo de plantas ricas em ácido linoléico (Vieira et al., 2003).

Ao avaliar a composição da gordura láctea, Rico et al. (2016) observaram uma diminuição do teor de ácido rumênico, com o aumento da suplementação sob pastejo, principalmente quando se inclui a silagem de milho, e uma tendência para a diminuição do teor de ácido rumênico, com o aumento do consumo de semente de algodão. As diferenças encontradas no conteúdo de ácido rumênico sugerem que a alimentação com forragem fresca pode ser vantajoso para a produção de leite com alto teor de ácido rumênico, e que, em condições comerciais, suplementação adequada poderia fornecer a oportunidade de aumentar a oferta de AGPI necessários para sua síntese.

A oportunidade de melhorar o conteúdo do CLA no leite melhorou com o resultado de avanços recentes que melhor definiram as inter-relações entre a fermentação ruminal, o metabolismo lipídico e a síntese de gordura de leite (Lock et al., 2004).

O objetivo de se aumentar o CLA visa uma maior ingestão de produtos ricos nesses AG pelo consumidor, que nos últimos anos vem demonstrando interesse por esse composto por aumentar, principalmente, dois tipos de efeitos biológicos demonstrados em diversas pesquisas ao redor do mundo, sendo elas: sua atividade anti-carcinogênica (que previne o câncer) e sua propriedade repartidora de nutrientes. A atividade anti-carcinogênica do CLA, em sua forma cis-9, trans-11, foi a primeira propriedade a atrair interesse: talvez esse seja o mais potente anti-carcinogênico de origem animal

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conhecido pelo homem, sendo os efeitos do CLA considerados pela National Academy

of Science American como inequivocamente comprovados. O CLA cis-9, trans-11 não

só previne, mas ataca as células tumorais já presentes no organismo, reduzindo tumores previamente formados (Vieira et al., 2003).

Segundo Simionato (2008), uma forma de analisar ácidos graxos em alimentos é utilizando a cromatografia em fase gasosa (CG) que, para sua utilização, faz-se necessária a derivatização clássica, ou seja, a conversão dos ácidos graxos em ésteres metílicos de ácidos graxos, em que, nesse processo, permite que os ácidos graxos tornem-se menos polares e mais voláteis.

5- Colesterol

O colesterol é um esterol comumente presente no leite e nos produtos à base de carne destinados ao consumo humano (Faye et al., 2015). Para equilibrar a ingestão de colesterol nos alimentos, os dados sobre seu teor em gorduras comestíveis, como gordura do leite, são extremamente relevantes. Além disso, o conhecimento sobre o teor de colesterol em condições de alimentação das vacas nos permite influenciar o teor de colesterol na gordura do leite, contribuindo para o controle de qualidade de produtos lácteos (Precht, 2001; Goudjil et al., 2003).

No leite, o colesterol situa-se na membrana que envolve o glóbulo de gordura, constituindo o seu principal esteróide. O colesterol é introduzido no leite durante a pinocitose das gotículas lipídicas e através da membrana plasmática dentro do lúmen do alvéolo. Devido a sua presença na membrana do glóbulo de gordura, sua concentração no alimento lácteo está relacionada ao conteúdo de gordura (Fennema, 2000). Brzoska et al. (2002), suplementando a alimentação de vacas de leite com zinco, sugerem que o nível de colesterol do leite não depende do seu conteúdo no plasma sanguíneo e é modulado no processo de síntese do componente do leite.

Parte principal do colesterol contido no leite é sintetizada endogenamente, através de processo independente do tipo de dieta oferecida, sendo que a composição química dos alimentos afeta o conteúdo desse esterol no leite de vaca (Precht, 2001). Além desse, o teor de colesterol no leite de vaca é influenciado por fatores genéticos e ambientais, e está relacionado, também, com a proporção de contagem de células

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somáticas e percentual de gordura da dieta (Strzałkowska et al., 2009; Strzałkowska et al., 2010).

A fonte de gordura na dieta pode ter um efeito sobre o status de colesterol das vacas, especialmente modulando seu conteúdo no leite. Com relação à ordenha matutina e noturna, foi observado que o teor de gordura foi maior na ordenha noturna do que na manhã; como consequência, o teor de colesterol também seguiu a mesma tendência, enquanto a relação colesterol/gordura foi semelhante, independentemente do tempo de ordenha. A excreção do leite foi geralmente mais elevada na ordenha da manhã, devido ao intervalo mais longo, do que à noite, contribuindo para a diluição do teor de gordura, consequentemente menos colesterol (Faye et al., 2015).

Na dieta humana, o colesterol tem atraído mais a atenção, devido a ser suspeito de ser um dos fatores que levam à aterosclerose em seres humanos, bem como outras doenças (Larsen, 2012). Contudo, o colesterol é uma substância importante para manter a saúde e diversas funções no organismo animal; sem ele, todos os animais, inclusive o homem, poderiam morrer: razão pela qual ele é exigido por todos os tecidos e células vivas do corpo. Assim, suas principais funções são: componente da célula que desempenha uma importante função estrutural e funcional na membrana plasmática, assim como nas membranas das organelas internas da célula; síntese de ácidos biliares que participam da emulsificação, digestão e absorção de lipídios e vitaminas lipossolúveis, no intestino delgado; síntese de hormônios esteróides; síntese da vitamina E e componente da pele que, junto a outros materiais gordurosos, torna-a altamente resistente à absorção de água e outras substâncias hidrossolúveis, que, se absorvidas, podem causar danos ao organismo. Além disso, o colesterol e outros componentes da pele têm função de prevenir contra perdas excessivas de água por evaporação, o que acarretaria problemas de desidratação e morte (Ludke et al., 1999).

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III-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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