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ERLIQUIOSE CANINA: REVISÃO DE LITERATURA

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1Doutorando do Departamento de cirurgia/setor de Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ/ USP, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP mvms@usp.br;

2Doutora do Departamento de Cirurgia/setor de Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ/ USP, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. renatafernandes@usp.br;

3Mestre do Departamento de Cirurgia/ setor de Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ/ USP, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. j.lnogueira@usp.br;

4Professor Doutor do Departamento de Medicina Veterinária – FZEA/USP, Avenida Duque de Caxias Norte, 225, ZAB, Pirassununga, SP, 13635-900. ceambrosio@usp.br

ERLIQUIOSE CANINA: REVISÃO DE LITERATURA

Marcos Vinícius Mendes Silva1

Renata Avancini Fernandes2

José Luiz Nogueira3

Carlos Eduardo Ambrósio4

SILVA, M. V. M.; FERNANDES, R. A.; NOGUEIRA, J. L.; AMBRÓSIO, C. E. Erliquiose canina: revisão de literatura. Arq.

Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 14, n. 2, p. 139-143, jul./dez. 2011.

RESUMO: A erliquiose é uma doença emergente. Dentre os agentes etiológicos da erliquiose canina, a Ehrlichia canis (E. canis) é a mais patogênica. Relatos de suspeitas clínicas têm sido cada vez mais frequentes. A infecção ocorre por meio do

vetor Rhipicephalus sanguineus. Manifesta-se em três fases: aguda, subclínica e crônica. O diagnóstico clínico é difícil, devi-do à inespecificidade devi-dos sinais clínicos, dificultandevi-do a intervenção terapêutica específica. A maioria devi-dos animais sobrevive à fase aguda e ingressam na subclínica. Para o tratamento utiliza-se a doxiciclina como o antibiótico de escolha. Neste trabalho, discutem-se os aspectos relevantes da doença como causas, sinais clínicos, diagnósticos, tratamentos, profilaxia e ainda, a importância para a saúde pública.

PALAVRAS-CHAVE: Erliquiose; Ehrlichia canis; Rhipicephalus sanguineus.

CANINE EHRLICHIOSIS: REVIEW OF LITERATURE

ABSTRACT: Ehrlichiosis is an emerging disease. Ehrlichia canis (E. canis) is the most pathogenic agent among the

etio-logic agents of canine ehrlichiosis. Reports on clinical suspicions have been increasingly frequent. Infection occurs through the vector Rhipicephalus sanguineus. It manifests itself through three stages: acute, subclinical and chronic stages. Clinical diagnosis is not easy due to the nonspecific clinical signs, making a specific therapeutic intervention difficult. Most animals survive the acute phase and move up to the subclinical one. For the treatment, doxycycline is utilized as the antibiotic of choice. In this study, relevant aspects of the disease as causes, clinical signs, diagnosis, treatment, prevention and also the importance for public health are discussed.

KEYWORDS: Ehrlichiosis; Ehrlichia canis; Rhipicephalus sanguineus.

ERLIQUIOSIS CANINA: REVISIÓN DE LITERATURA

RESUMEN: Erliquiosis es una enfermedad emergente. Entre los agentes etiológicos de erliquiosis canina, Ehrlichia canis

(E. canis) es la más patogénica. Relatos de sospechas clínicas han sido cada vez más frecuentes. La infección ocurre por medio del vector Rhipicephalus sanguineus. Se manifiesta en tres fases: aguda, subclínica y crónica. El diagnóstico clínico es difícil, debido a la inespecificidad de los señales clínicos, dificultando la intervención terapéutica específica. La mayoría de los animales sobreviven a la fase aguda e ingresan en la subclínica. Para el tratamiento se utiliza la doxiciclina como el antibiótico de elección. En este estudio, se discuten los aspectos relevantes de la enfermedad como causas, señales clínicas, diagnósticos, tratamientos, profilaxis y aún, la importancia para la salud pública.

PALABRAS CLAVE: Erliquiosis; Ehrlichia canis; Rhipicephalus sanguineus. Introdução

Em 1935, na Argélia, o agente da E.canis foi descri-to pela primeira vez, por Donatien e Lesdescri-toquard, que obser-varam organismos nas células mononucleares circulantes de cães infestados por carrapatos, denominando-o de Rickettsia

canis. Em 1945, renomeou-se o organismo como E. canis

(ALMOSNY, 2002; SILVA et al., 2010) e desde então, esta tem sido conhecida internacionalmente (SAITO, 2009).

A erliquiose canina é uma moléstia riquetsial in-fecciosa que geralmente se caracteriza por redução dos elementos sanguíneos (SAITO, 2009). Dentre as alterações

hematológicas relatadas com maior frequência, destacam-se a anemia arregenerativa (WANER; STRENGER; KESARY, 2000; MOREIRA; BASTOS; ARAÚJO, 2003; ORIÁ; PE-REIRA; LAUS, 2004) e, em menor frequência, a anemia re-generativa (WOODY; HOSKINS, 1991).

No leucograma, evidencia-se um desvio nuclear de neutrófilos para a esquerda e a eosinopenia (MOREIRA; BASTOS; ARAÚJO, 2003). Outros achados como leuco-penia e monocitoleuco-penia são considerados menos frequentes (WANER; STRENGER; KESARY, 2000).

A erliquiose canina é a causa mais comum de in-fecção natural, sendo considerada a mais severa. Ela é

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trans-mitida por carrapato e causada por um parasita intracelular obrigatório (SAITO, 2009).

A infecção no hospedeiro vertebrado ocorre quan-do o carrapato, R. sanguineus, durante a ingestão quan-do sangue, inocula junto com a saliva os microrganismos. Além dessa, a infecção também pode ser introduzida em cães suscetíveis, por transfusão sanguínea (TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003).

A erliquiose apresenta-se em três fases: aguda, subclínica e crônica (TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003). A primeira ocorre após incubação de 5 a 15 dias, variando entre os animais a intensidade do pico febril, assim como também a gravidade dos sinais (ALMOSNY, 2002). Já na segunda fase, são observados elevados títulos de anticorpos, com alterações hematológicas mais discretas (ANDEREG; PASSOS, 1999). Na terceira fase os achados hematológicos são similares aos achados da fase aguda (ALMOSNY, 2002).

Acredita-se que cães com esta afecção, possuem parasitos circulantes no sangue suficiente para infectar o car-rapato, que transmite a doença (SAITO, 2009). Andereg e Passos (1999) observaram que tanto animais com infecção crônica, como carrapatos infectados, podem ser reservató-rios. Cães imunocompetentes são capazes de eliminar a in-fecção por E.canis e recuperar-se, caso contrário, pode ocor-rer a fase crônica da infecção (ALMOSNY, 2002).

Atualmente, a distribuição da erliquiose é ampla (VIEIRA et al., 2011). No Brasil, foi relatada pela primei-ra vez em Belo Horizonte, Minas Geprimei-rais por COSTA et al. (1973). Posteriormentente foi referida, acometendo aproxi-madamente 20% dos cães atendidos em hospitais e clínicas de vários estados (LABARTHE et al., 2003; MOREIRA; BASTOS; ARAÚJO, 2003).

Recentemente, mudou-se o conceito proposto para as infecções causadas por Ehrlichia, que por muito tempo, foi considerada espécie-específica. Segundo Andereg e Pas-sos (1999), algumas espécies de Ehrlichia têm sido diagnos-ticadas em hospedeiros não específicos.

Na última década, a erliquiose tem sido identificada como causa de morbidade e mortalidade nos animais e no homem, representando uma importante zoonose, em decor-rência da maior exposição humana a locais onde a presença de carrapatos se faz presente e em regiões onde a erliquiose canina é enzoótica (MORAES et al., 2004; SAITO, 2009).

O presente trabalho teve como objetivo relatar sobre a erliquiose canina, enfatizando as suas principais caracterís-ticas, a fim de prover maiores esclarecimentos aos médicos veterinários e demais profissionais da área de saúde.

Revisão de literatura Etiologia

A Erliquiose canina é uma doença causada por uma riquétsia pertencente ao gênero Ehrlichia, família

Rickttsia-ceae, considerados parasitas intracelulares obrigatórios das

células mononucleares, cuja prevalência tem aumentando em várias regiões do Brasil (ANDEREG; PASSOS, 1999; AL-MOSNY, 2002).

A Ehrlichia canis mede 0,2-0,4 μm de diâmetro, sendo considerado um microrganismo pequeno, que se re-plica no interior dos leucócitos circulantes do hospedeiro

vertebrado formando inclusões intracitoplasmáticas, deno-minadas de mórula, multiplicando-se por fissão binária, que deixam as células brancas por exocitose ou por rompimen-to das mesmas, indo parasitar novas células (SILVA, 2001). As mórulas são observadas nos leucócitos na fase aguda da infecção, por um período curto de tempo, mas em pequeno número (ANDEREG; PASSOS, 1999). Raramente são ob-servados corpúsculos intracitoplamáticos nos leucócitos na fase aguda (TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003).

Os cães podem apresentar alterações em diversos mecanismos fisiológicos, dos quais a trombocitopenia é o mais frequente (DAGNONE et al., 2003). Esse é encontrado em todas as fases da infecção por E. canis, e os mecanismos causadores dessa alteração hematológica são diferentes nas fases aguda e crônica da doença (HARRUS et. al., 1997).

Epidemiologia Transmissão

Estudos demonstraram que nenhum carrapato do sexo feminino infectado transmitiu a E. canis para a sua progênie, assim como não foi possível detectar-se o micro-organismo no ovário de carrapatos infectados experimental-mente. Estes estudos indicaram que o Rhipicephalus

sangui-neus é o vetor, mas não o reservatório da erliquiose canina

(ALMOSNY, 2002). Esses são importantes na transmissão, podendo se infectar pelo agente, mantendo a infecção até o estágio adulto (BREMER et al., 2005). A frequência desta es-pécie de carrapato, encontrado naturalmente infectados pela

E. canis no Brasil, tem variado de 2,3% a 6,2% (AGUIAR

et al., 2007).

No carrapato, o microrganismo multiplica-se nos hematócitos e nas células da glândula salivar e, por meio da saliva infectam os cães. Depois de infectado o carrapato transmite a Rickettsia por 155 dias (ALMOSNY, 2002).

O carrapato Rhipicephalus sanguineus encontra-se provavelmente, em todo o território nacional, preferencial-mente em regiões urbanas do país, porém em menores densi-dades nas áreas rurais (LABRUNA; PEREIRA, 2001).

Distribuição Geográfica

A E. canis ocorre em muitos países de clima tem-perado, tropical e subtropical do mundo, coincidindo com a prevalência do seu vetor (ALMOSNY, 2002).

A erliquiose canina é uma doença mundialmente distribuída em várias regiões geográficas, as quais incluem sudeste da Ásia, a África, a Europa, a Índia, a América Cen-tral e a América do Norte. Isso tudo coincide com a prevalên-cia nessas áreas do vetor Rhipicephalus sanguineus (WOL-DEHIWET; RISTIC, 1993).

No Brasil, sua prevalência tem aumentado em al-gumas regiões do país (VIEIRA et al., 2011). Há registro de ocorrências significativas nos estados do Paraná, Rio Gran-de do Sul, Bahia, Santa Catarina, São Paulo, Rio Gran-de Janei-ro, Pernambuco, Minas Grais, Alagoas, Ceará, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, onde a maioria dos cães atendidos apresentaram anticorpos contra E. canis. Em um estudo rea-lizado com cães das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, 5% dos animais examinados apresentavam mórulas de

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Ehrli-chia spp, sendo mais frequente no verão e outono, embora no

inverno exista grande número de casos positivos decorren-tes de recidivas (MORAES et al. 2004). Já em outro estudo realizado em Botucatu, São Paulo, detectaram alta taxa de infecção em cães jovens, associado com animais trombocito-penicos, tendo a E. canis como a única espécie encontrada na região estudada (UENO et al., 2009).

Segundo Silva et al. (2010) a prevalência de cães soropositivos para E. canis encontrada nos bairros das regi-ões administrativas de Cuiabá, Mato Grosso, foi de 42,5% e não foi observada associação significativa entre o resultado sorológico e as variáveis estudadas como sexo, faixa etária, acesso à rua ou à zona rural e raças.

Comprovações epidemiológicas constatam que a prevalência de erliquiose monocítica canina varia de 4,8 a 65% em cães de ambiente urbano ou rural (SAITO, 2009). Já os que são atendidos em hospitais e clínicas no Brasil, a frequência de animais infectados tem oscilado entre 20 a 30%. Isso pode ser comprovado por diagnóstico por meio de testes moleculares ou sorológicos (BULLA et al., 2004; TRAPP et al., 2006).

Vieira et al. (2011), mediante evidências sorológi-cas, sugerem a ocorrência de erliquiose humana no Brasil, entretanto, o agente etiológico ainda não foi identificado.

Há possibilidade de infecção no hospedeiro verte-brado, em qualquer estágio de parasitemia do carrapato (lar-va, ninfa e adulto) (ALMOSNY, 2002). Segundo um estudo realizado na África do Sul por Matthewman (1996), acredita--se que os gatos podem atuar como reservatório, devido à identificação de anticorpos anti- E.canis em alguns destes animais. Já Andereg e Passos (1999) acreditam que roedores ou outros mamíferos, também podem servir como reservató-rio justificando a característica epizoótica da doença.

A severidade da doença vai depender da suscetibi-lidade racial, idade do animal, alimentação, de doenças con-comitantes e da virulência da cepa infectante (SILVA, 2001; SILVA et al., 2010). Acredita-se que a doença parece ser mais grave nos cães da raça Dobermans, Pinchers e Pastor Alemão (TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003). Segundo Silva (2001), os cães da raça Pastor Alemão, com erliquiose, apresentam distúrbios hemorrágicos graves e, esta suscetibilidade racial é devido à depressão da imunidade mediada por células nessa raça. Vale ressaltar, segundo Harrus et al. (1997), que esses cães apresentam maior gravidade clínica quando infectados, no entanto não são mais predispostos a infecção.

Observa-se que a suscetibilidade da raça Pastor Alemão é constatada não somente por Silva (2001) e Tilley; Smith; Francis (2003), mas têm sido descrita desde o início de 1969, com o surto de erliquiose em cães militares, o qual motivou o interesse pela doença.

Sinais Clínicos

As manifestações clínicas são inespecíficas (WA-NER; STRENGER; KESARY, 2000), porém os sinais co-muns em erliquiose são a apatia, inapetência, hipertermia, mucosas pálidas e hemorragia, linfoadenopatia, esplenome-galia e uveítes (NAKAGH et al., 2008).

Alguns autores relatam que os sinais clínicos nos cães afetados cronicamente variam de moderado a severo, enquanto que para Almosny (2002) são reflexos das

altera-ções fisiopatológicas resultantes da grave anemia e da infil-tração perivascular de muitos sistemas orgânicos, com célu-las linforreticulares e pcélu-lasmócitos. Para estes autores, os cães afetados severamente apresentam equimoses hemorrágicas, petéquias no abdômen e nas mucosas, epistaxes, profunda hipotensão e choque secundário a hemorragia, podendo-se suspeitar clinicamente de hemorragia interna devido à pa-lidez das mucosas, fraqueza, melena, hifema, hipoplasia da medula óssea, levando a pancitopenia e ao aumento na des-truição das plaquetas, o que são manifestações de uma grave erliquiose crônica.

Sinais neurológicos na doença crônica e severa in-cluem ataxia, disfunção neuromotora, disfunção vestibular central ou periférica e hiperestesia localizada ou generaliza-da (GREGORY; FORRESTER, 1990).

Outras anormalidades incluem anisocoria, disfun-ção cerebelar, e tremores intensos (GREGORY; FORRES-TER, 1990).

Sintomas múltiplos como: tosse, conjuntivite, uve-íte bilateral, hemorragia retinal, vômito, depressão, ataxia, disfunções vestibulares, hiperestasia generalizada ou loca-lizada, tremores intencionais na cabeça, paraparesia ou te-traparesia, déficit nervoso cranial, opistótono, hiperestasia e nistágmo. São frequentes as dermatopatias em cães infecta-dos, decorrente da imunodepressão acarretada pelo parasito, as quais são resultantes de desordens sistêmicas e alterações imunomediadas (ALMOSNY, 2002).

Diagnóstico

A erliquiose canina é uma doença de diagnóstico difícil, por possuir várias características atípicas, as quais vêm sendo notadas em cães afetados espontaneamente, o que dificulta consideravelmente o diagnóstico clínico (ANDE-REG; PASSOS, 1999; ALMOSNY, 2002). O diagnóstico é feito por meio de sorologia, associada com os sinais clínicos, resultados laboratoriais, como trombocitopenia, anormalida-des hematológicas, achados citológicos e sorológicos, sendo mais recentemente a reação em cadeia da polimerase incor-porada ao plano diagnóstico (NEER; HARRUS, 2006). Vale ressaltar que dentre os testes sorológicos, a imunofluorescên-cia indireta é utilizada no diagnóstico da doença, sendo apli-cável tanto para estudos de infecções experimentais quanto epidemiológicos (HARRUS et al., 1997).

Outra forma de diagnóstico é verificar a presença de mórula no citoplasma das células mononucleares do sangue. O diagnóstico laboratorial mais comum é realizado por meio da observação de mórulas em esfregaços de sangue periféri-co, na ponta da orelha (ALMOSNY, 2002).

Os achados clínicos devem ser considerados junto com os resultados hematológicos, bioquímicos e sorológicos no desenvolvimento do diagnóstico definitivo (GREGORY; FORRESTER, 1990).

Tratamento

Consiste em prevenir a manutenção da doença pe-los portadores sãos. Várias drogas efetivas estão disponíveis: tetraciclina, doxiciclina, minociclina, oxitetraciclina, dipro-pionato de imidocarb e cloranfenicol (TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003). Dentre essas, o cloranfenicol é utilizado

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como opção de tratamento em cães que não estejam com ci-topenia. (ADAMS, 2003). Já o imidocarb pode ser conside-rado eficaz no tratamento da erliquiose, principalmente em casos de co-infecção de duas ou mais erlíquias em cães ou com infecção concomitante por Babesia spp. (HARRUS et al., 1997). Entretanto, a terapia de suporte pode ser neces-sária em casos de anemia grave ou de comprometimento de outros órgãos.

Para o tratamento da doença, em todas as suas fa-ses, a droga de eleição é a doxiciclina (TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003). Essa é lipossolúvel e alcança uma elevada concentração sanguínea e tecidual, penetrando rapidamen-te na maioria das células. Além disso, quando utilizada por via oral, a doxiciclina resulta em menor taxa de recidiva em comparação as outras tetraciclinas. Em pacientes com insu-ficiência renal, devido à via pela qual é eliminada (fecal), as concentrações da doxiciclina não tendem a aumentar no sangue. A doxiciclina é, portanto, ideal para tratar infecções suscetíveis quando a insuficiência renal for um fator compli-cante, como em infecções por E. canis (ALMOSNY, 2002; ADAMS, 2003).

Em cães tratados com doxiciclina observa-se menor incidência de reinfecção em relação aos tratados com oxi-tetraciclina (GREGORY; FORRESTER, 1990; ALMOSNY, 2002).

Em geral, quando a afecção é diagnosticada pre-cocemente aumenta as chances de recuperação do animal através de um tratamento adequado. Por outro lado, o diag-nóstico tardio pode levar a um quadro clínico mais severo e apresentar sintomas graves como aplasia de medula óssea (ANDEREG; PASSOS, 1999).

Prognóstico

Dependerá da severidade da lesão, ou seja, em qual fase a doença é diagnosticada. Em casos de estágio médio a moderado, o prognóstico é favorável. Já em casos severos é reservado. Quando há complicações secundárias ou quando os sinais clínicos são piorados, o prognóstico é de reservado a pior (ORIÁ; PEREIRA; LAUS, 2004).

Na fase aguda o prognóstico é excelente com terapia apropriada (TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003). Entretanto, na fase subclínica, o prognóstico é de favorável a reservado, já que afeta cães assintomáticos ou com risco de desenvol-verem a fase crônica. O prognóstico desta fase é ruim se a medula óssea ficar gravemente hipoplásica, e em casos de hemorragia fatal (ANDEREG; PASSOS, 1999; TILLEY; SMITH; FRANCIS, 2003).

Profilaxia

A prevenção tem um caráter de suma importância nos canis e nos locais de grande concentração de animais. O controle de carrapatos e outros ectoparasitas são parte fundamental do manejo sanitário de todos os cães, devido à inexistência de vacina disponível no mercado contra esta enfermidade (ANDEREG; PASSOS, 1999).

Considerações Finais

A erliquiose canina é uma doença, que deve estar

sempre em foco de estudo e pesquisa, uma vez que possa servir de parâmetro para o conhecimento e tratamento da er-liquiose humana.

A erliquiose canina é de difícil diagnóstico e con-trole, por apresentar sinais clínicos inespecíficos e por ser transmitida por um vetor comum em todo Brasil. Por isso, os profissionais da área da saúde devem estar atentos a um maior controle do número de infectados, sendo de suma im-portância a existência de campanhas e palestras de como rea-lizar a prevenção e o diagnóstico desta afecção.

O diagnóstico precoce é a maior ferramenta para o tratamento da erliquiose canina, pois quando diagnosticada no início dos sintomas, tem grande chance de cura e bom prognóstico.

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