• Nenhum resultado encontrado

Retalhos de História. A Carmela, a galinha que queria ver o mar

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Retalhos de História. A Carmela, a galinha que queria ver o mar"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

A Carmela, a galinha que queria ver o mar

No poleiro, é o momento de as galinhas porem os ovos! Sob o olhar enternecido da mamã, as franguitas aplicam-se e entregam-se à tarefa de alma e coração. Apenas Carmela recusa pôr o seu ovo.

- Pôr ovos, pôr ovos, sempre pôr ovos! - protesta ela, levantando a crista.

- Há coisas mais interessantes para fazer na vida!

Carmela prefere ouvir Pedro, o albatroz, falar-lhe do mar. Pedro viajou muito! E embora ele seja um pouco inventor, Carmela adora as histórias maravilhosas que ele conta.

“Um dia também irei ver o mar”, pensa ela.

Uma tardinha no momento de voltar ao poleiro para dormir, Carmela revolta-se:

- Recuso deitar-me com as galinhas! QUERO IR VER O MAR!

- Ir ver o mar? E já agora também aproveitas e vais viajar, não?! - O pai de Carmela nunca tinha ouvido semelhante tolice. - Achas que eu viajo? Ouve bem, Carmela, o mar não é um lugar adequado para uma franganita. Já para o ninho imediatamente!

Naquela noite, Carmela não consegue dormir. De repente, não aguentando mais, levanta-se.

- Está decidido, vou deixá-los! Vou-me embora ver o mar!

Carmela olha uma última vez para o seu papá, para a sua mamã, irmãos, irmãs, primos, primas e deixa, sem fazer barulho, o galinheiro.

Corajosamente, Carmela sai de casa ainda de noite… Caminha tanto, tanto que depressa deixa de sentir as suas patinhas.

(2)

Mas, de manhã, todo o seu esforço é recompensado. Chegada ao cimo de uma duna, ela vê enfim…

…o mar! Carmela fica deslumbrada pelo maravilhoso espectáculo que os seus olhos vêem.

- Que bonito! - exclama. – Ainda é mais belo do que o Pedro me contou!

Impressionada pelas ondas enormes, Carmela hesita em entrar na água. Começa por fazer castelos de areia, apanhaconchas, prova camarões. Em seguida, deita-se ao mar. Bebe água - glup! glup! -tosse, cospe, fica a boiar, nada, mergulha, escorrega e até faz chichi na água… E ri e ri… A tarde aproxima-se e Carmela sonha em voltar para o galinheiro. Mas que aflição! A costa desapareceu! Impossível encontrar terra firme.

-Papá! Mamã! – grita Carmela.

Ninguém responde. Muito cansada, ela adormece na imensidão do oceano. De repente, Carmela acorda com uns gritos ensurdecedores:

-Galinha! Galinha ao mar!

Três navios formidáveis acabavam de aparecer. Três bonitas caravelas. É o grande Cristóvão Colombo em pessoa que se dirige ao Novo Mundo. De súbito, uma onda enorme projecta Carmela para o convés do Santa Maria.

- Depenem esta ave e ponham-na a cozinhar! – ordena o capitão. Carmela recusa-se a ser comida! Narra então a sua incrível viagem para impressionar o Cristóvão Colombo.

-Chega! – disse, exaltado, o capitão. - Para a panela!

- Espere, capitão- pediu Carmela. - Um ovo! Prometo pôr um ovo fresco cada manhã para o seu pequeno-almoço. Será o ovo de colombo.

(3)

-Pôr um ovo? Ai, ai, ai! Eu nunca fiz isso! E a mamã que não está aqui para me ensinar como se faz ! Oh! Não deve ser assim tão complicado!

E, sem hesitar, mete as mãos à obra.

- Já está! Consegui! Fáaaaacil! Pus um ovo! Pus um ovo!

A bordo da caravela, as semanas passam. Uma manhã, quando acaba de pôr o seu trigésimo primeiro ovo, Carmela avista uma praia e uma imensa floresta no horizonte. Ela acaba de descobrir a América!

- Depressa, depressa! Tenho de encontrar um bom sítio para esgravatar! Há algumas semanas que sonho comer uma boa minhoca fresquinha!

À sombra de grandes árvores, um jovem galo observa-a: - Olha-me esta! Uma franguinha toda branca!

Carmela avança um pouco intimidada: - Bom-dia! Chamo-me Carmela… - Eu sou o Piticok…

- Venho de um galinheiro distante, lá do outro lado do mar… - Não me digas! Vens de longe!

- Como és vermelho Piticok!...

- Como és linda, Carmela! Anda, vou apresentar-te aos meus pais. - Papá, mamã adivinhem quem vem jantar?

Naquela noite, faz-se uma festa no galinheiro em honra de Carmela. - Piticok? Queria perguntar-te… Porque é que as galinhas do teu país não têm penas no rabo?

- É o costume. Os índios utilizam as nossas penas mais bonitas para se embelezarem! Vem comigo ao meu esconderijo secreto Carmela, ficaremos mais sossegados!

(4)

Piticok quer saber tudo sobre Carmela. - Tens irmãos? Irmãs? Como é a tua casa?

Carmela fala-lhe do seu velho galinheiro e do seu grande amigo Pedro, o albatroz.

“ Como é gira” pensa Piticok. - Euh… Carmela…

- Sim, Piticok…

- Se quiseres, amanhã levo-te a visitar o meu país. E lá foram os dois sob a orientação de Piticok.

Com o passar dos dias, descobrem que têm os mesmos gostos. Nunca foram tão felizes.

- Piticok, ouves o tambor dos índios?

- Não, é o meu coração que bate muito depressa por estares ao meu lado…

Carmela e Piticok estão de volta ao galinheiro das galinhas vermelhas. Nunca mais se separam.

- Umm, olh’ós pombinhos…! - Uiuu, olh’ós pombinhos…! O tempo passa depressa.

Cristóvão Colombo manda içar as velas do seu navio.

É hora de embarcar! Piticok ama tanto Carmela que decide partir com ela.

Despede-se de toda a sua família. - Boouhouu – choraminga a mamã.

- Criámos um filho, para depois nos abandonar.

Depois de várias semanas, Piticok e Carmela chegam, por fim ao velho galinheiro.

(5)

- Ei! Olhem quem está de volta! - É a Carmela! Carmela está de volta! - Mamã!

- Minha filhinha! Deixa-me olhar para ti. Como cresceste! Tornaste-te numa verdadeira senhora.

- E quem é este jovem galo tão encantador? - Chamo-me Piticok, senhor.

- Bem-vindo ao nosso galinheiro, meu rapaz!

Na Primavera seguinte, Carmela e Piticok assistem, muito

emocionados, ao nascimento do primeiro filho, um lindo pintainho que eles decidiram chamar Carmelito.

Alguns meses mais tarde… - Carmelito? É hora de entrar!

- Já? Só mais um bocadinho, mamã, estou a ver as estrelas do céu a cintilarem na noite.

- É hora de ir dormir!

- Dormir, dormir, sempre dormir! Recuso deitar-me com as galinhas – protesta Carmelito.

- Há coisas mais interessantes para fazer na vida.

- Eu quero ir até às estrelas!

Autor: Christian Jolibois Ilustrador: Christian Heinrich Editora: Gailivro

Referências

Documentos relacionados