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CÍTRICO CANCRO PARA O CAMINHOS NOVOS. Ministério da Agricultura aprova mitigação de risco em áreas com alta incidência da doença

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Ministério da Agricultura aprova mitigação de

risco em áreas com alta incidência da doença

ANO VIII I Nº 38 I OUTUBRO DE 2016 I WWW.FUNDECITRUS.COM.BR

NOVOS

CAMINHOS

PARA O

CANCRO

CÍTRICO

(2)

A REVISTA CITRICULTOR é uma publicação de distribuição gratuita entre citricultores, editada pelo Fundo de Defesa da Citricultura - Fundecitrus I Avenida Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201, Vila Melhado, Araraquara - SP, CEP: 14807-040 - Nº ISSN: 23172525. Contatos: Telefones: 0800 112155 e (16) 3301-7045 I e-mail: comunicacao@fundecitrus.com.br I Website: www.fundecitrus.com.br. Jornalista responsável: Fabiana Assis (MTb 55.169) I Reportagem e edição: Jaqueline Ribas e Fabiana Assis I Diagramação : Valmir Campos I Assistente: Tainá Caetano I Tiragem: 7 mil exemplares.

ÍNDICE

Expediente

Lourival Carmo Monaco Presidente do Fundecitrus

HLB: A BOLA DA VEZ

A

história da cadeia produtiva da laranja mostra a recorrência de eventos que

surgem como ameaças e ao longo do tempo são equacionadas e resolvidas com os conhecimentos gerados em instituições de pesquisa. Essa capacidade aflorou com a chegada, em períodos diferentes, de duas doenças classificadas como quarentenárias, o cancro cítrico e o HLB (greening), que mudaram as necessidades do setor. Há quase 40 anos, o reconhecimento de uma dessas pressões levou os citricultores a incorporarem a luta contra o cancro cítrico, apoiando o governo na política de erradicação da doença, o que culminou na criação do Fundecitrus. Essa decisão foi um marco positivo que mudou o sentido de tratar as doenças e pragas. Atualmente, foi preciso mudar a orientação técnica no combate ao cancro cítrico, o que levou o Fundecitrus a encampar a adoção da mitigação. Como consequência, foi alterada a Instrução Normativa federal e os estados poderão se estruturar de acordo com a realidade da doença em seus territórios.

Agora, a segunda doença se apresenta como um desafio científico, técnico, social e econômico. A ameaça do HLB é real, pois temos de enfrentar um agente infeccioso sistêmico que torna difícil o controle, levando à queda da produtividade e qualidade da fruta. Não bastasse essa característica, há a existência de um vetor, o psilídeo, com grande capacidade de infestação e crescimento em pomares sem controle químico.

Os trabalhos do Fundecitrus permitiram o desenvolvimento de estratégias para a redução da velocidade de disseminação da doença. A ameaça, porém, se torna cada vez mais evidente, nos alertando para medidas mais amplas em busca da eficácia e para não corremos o risco de simplificar o problema sem entender os componentes que dificultam seu controle e o seu impacto sobre a produtividade.

Algumas soluções que se mostram com potencial de resolver o problema de HLB demandam tempo e enfrentam a realidade de substituição das plantas nos pomares. Pesquisas trabalham na busca por resistência genética, repelência ao psilídeo, uso de feromônios que poderão contribuir com a evolução da citricultura. Para alcançar solução mais eficaz é preciso entender os fatores que impedem o controle. É fundamental que seja estruturado um plano de caráter nacional com a adoção das técnicas já reconhecidas como eficientes, mas também incorporar na luta a compreensão de elementos que dificultam o combate. É preciso olhar o desafio com lentes mais abertas, considerando os componentes sociais, culturais e econômicos. A laranjeira ocupa espaço em todas as regiões, no campo e na cidade. Nesse conjunto temos mais de seis mil hectares de pomares abandonados e outros tantos no caminho do abandono.

Essa complexidade chama a atenção para a necessidade de um planejamento com a sociedade e os demais elos da cadeia em ações para o bem da citricultura. A situação dos pomares da Flórida serve de alerta para um enfoque mais abrangente no combate ao HLB. O desafio é grande, porém acreditamos que um novo caminho se abre para uma citricultura moderna e competitiva.

Pág. 8

NOVA LEGISLAÇÃO Ministério da Agricultura autoriza mitigação de cancro cítrico no Brasil

Pág. 4

EM ALTA População de psilídeo cresceu 75% de abril a agosto

Pág. 14

CRISE NA FLÓRIDA Previsão aponta menor safra em 50 anos

Pág. 12

INTERNACIONAL Congresso reúne profissionais de 50 países, no Brasil

Pág. 11

AUMENTO DA SAFRA Reestimativa aponta incremento de 1,3% na produção EDITORIAL

(3)

3 REVISTA CITRICULTOR

GESTÃO

MESTRADO

O

citricultor Lourival Carmo

Mo-naco, presidente do Fundecitrus na gestão 2012-2016, foi reeleito para mais um mandato (2016-2020), assim como o vice-presidente Roberto Hugo Jank Junior.

A eleição ocorreu em assembleia

A

quarta edição do Simpósio

Mas-terCitrus, realizada em 2 setem-bro, reuniu 120 profissionais do setor citrícola, no Fundecitrus, para conhecer os resultados das pesquisas desenvolvidas pelos alunos do Mes-trado Profissional em Controle de Doenças e Pragas dos Citros.

Foram apresentadas dez palestras

sobre estudos relacionados ao controle de psilídeo Diaphorina citri, manejo de HLB (greening), podridão floral, pinta preta, leprose e cancro cítrico.

“O Simpósio tem se consolidado como um dos mais importantes eventos para a capacitação dos profissionais que atuam na citricultura", afirma o pesqui-sador do Fundecitrus Renato Beozzo

Bassanezi, coordenador do curso. Além das palestras, houve a pre-miação de Rodrigo Sousa Sassi, da Citrosuco, e Marcio Augusto Soares, do grupo Agroterenas como os melho-res alunos do Ciclo 4.

Os resumos dos trabalhos apresen-tados no Simpósio estão disponíveis no site do Fundecitrus.

Citricultor foi escolhido por associados da instituição em assembleia

Evento capacita

120 profissionais do

setor citrícola

LOURIVAL CARMO MONACO

É REELEITO PRESIDENTE DO FUNDECITRUS

IV SIMPÓSIO

MASTERCITRUS

realizada em 15 de setembro, na sede da instituição, para instituir o Conselho Deliberativo que atuará nos próximos quatro anos na gestão do Fundecitrus.

Monaco também é presidente da Câ-mara Setorial da Cadeia Produtiva da Citricultura ligada ao MAPA.

O Fundecitrus é uma entidade sem fins lucrativos, mantida por citriculto-res e indústrias de suco e é gerida por um Conselho formado por represen-tantes de seus mantenedores. A compo-sição completa está disponível no site www.fundecitrus.com.br. Conselheiros da gestão 2016-2020 do Fundecitrus Mestres apresentaram resultados de pesquisas FABIANA ASSIS TAINÁ CAET ANO

(4)

Alta vegetação das

plantas provocou

aumento de insetos

nos pomares

A

população de psilídeo

Diapho-rina citri entre os meses de abril

e agosto deste ano foi 75,53% maior em comparação com 2015, nas regiões participantes do sistema de Alerta Fitossanitário do Fundecitrus. Essa situação é atípica, uma vez que du-rante o outono e o inverno a incidência do inseto costuma ser baixa por causa da ausência de brotações devido ao es-tresse hídrico das plantas.

De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Renato Beozzo Bassanezi, houve uma antecipação no período de aumento da incidência de psilídeo que, geralmente, começa no final do inverno e atinge pico na primavera. “Será um ano com meses seguidos de alta popu-lação, pois é na primavera que inicia a fase mais crítica devido ao aumento da vegetação das plantas nessa época”, diz. Outro agravante apontado pelo pes-quisador é que durante o outono e o in-verno ocorrem a maior expressão dos sintomas de HLB e a maior concentra-ção das bactérias nas plantas doentes, portanto, há maior porcentagem de psi-lídeos infectivos, ou seja, que são por-tadores da bactéria. “Alta população do inseto aliada à alta disponibilidade de bactéria aumentam as chances de no-vas infecções e a quantidade de plantas afetadas pela doença no próximo ano”, afirma Bassanezi.

ALERTA FITOSSANITÁRIO

O motivo para a alta incidência de psilídeo foi a quantidade de chuvas acima da média nos meses de maio e junho, que tiveram 23 mm e 60 mm, respectivamente. De acordo com dados da Somar Meteorologia, a pluviometria acumulada de janeiro a agosto de 2016 foi de mil milímetros, em média, em todo o parque citrícola de São Paulo e Minas Gerais. No ano passado, choveu 12% menos, 888 milímetros nesses me-ses. Até agosto deste ano choveu 65% do total de 2015.

O alto índice pluviométrico provo-cou mais emissões de brotações, prin-cipal atrativo para o inseto. No inverno de 2016, a frequência de plantas com brotos novos nos pomares foi 71,24% maior do que em 2015, nas áreas em

POPULAÇÃO DE PSILÍDEO

FOI

75% MAIOR

NESTE INVERNO

População

27%

maior População

122%

maior

SANTA CRUZ DO RIO PARDO BEBEDOURO

que já eram monitoradas pelo sistema. Como consequência, houve incre-mento na captura de psilídeos em todas as regiões monitoradas pelo Alerta Fi-tossanitário (confira mapa). A região de Bebedouro, no norte do parque citríco-la, teve o maior aumento no índice mé-dio de psilídeos nas armadilhas: 122%, seguida pelas regiões de Araraquara, com aumento de 84%, e Casa Branca com 80%. Essas áreas, normalmente, são as que têm maior estresse hídrico durante o outono e o inverno, por isso as chuvas tiveram mais impacto sobre a alta de psilídeo.

Por outro lado, nas regiões de San-ta Cruz do Rio Pardo e Avaré, que têm estresse hídrico menor, o aumento foi de 27% e 13%, respectivamente, em

(5)

5 REVISTA CITRICULTOR

ALERTA FITOSSANITÁRIO

ABRE MAIS DUAS REGIÕES

Novo Horizonte e Franca

passam a ser monitoradas

pelo sistema

O

sistema de Alerta Fitossanitário – Psilídeo começa a monitorar a população do inseto em mais duas re-giões : Novo Horizonte e Franca.

A implementação das novas regio-nais teve início em outubro. Ao todo, o sistema irá cobrir 23 novos muni-cípios. Dez deles estão localizados na região de Novo Horizonte: Adolfo, Borborema, Irapuã, Itajobi, Itápolis, Mendonça, Novo Horizonte, Sales, Ta-quaritinga, Ubarana.

Na regional de Franca são 13 mu-nicípios, dos quais quatro em Minas Gerais: Claraval, Ibiraci, Jacuí e São Sebastião do Paraíso; e nove em São Paulo: Altinópolis, Cristais Paulista, Franca, Itirapuã, Jeriquara, Patrocínio Paulista, Pedregulho, Rifaina e Santo Antônio da Alegria.

De acordo com dados do inventário de árvores feito pelo Fundecitrus, a re-gional de Novo Horizonte tem 27,2 mil hectares e 3,8 milhões de plantas. A região de Franca tem 7,7 mil ha e 10,8 milhões de árvores.

Com a inserção das regiões de Franca e Novo Horizonte, o Alerta Fi-tossanitário irá monitorar aproximada-mente 55% do parque citrícola.

O serviço é gratuito. No site do Fundecitrus, os produtores cadastra-dos têm acesso às informações sobre a população de psilídeo em sua pro-priedade e nas áreas ao redor, indi-cando os pontos críticos de incidência e onde é necessário fazer o controle.

O sistema é abastecido quinzenal-mente com dados das armadilhas dos citricultores e do Fundecitrus.

O programa tem apoio das “Empresas amigas do citricultor” Bayer CropScience, Koopert, FMC e Syngenta.

comparação com 2015. Nas regiões de Frutal e Lins, que começaram a ser monitoradas em outubro de 2015, não foi possível fazer o comparativo, mas a incidência também foi alta.

Segundo Bassanezi, para reverter essa situação, é necessário que os ci-tricultores façam um controle do in-seto com mais frequência, reduzindo os intervalos entre as aplicações, com monitoramento rigoroso de psilídeo. “Os produtores costumam diminuir o controle do inseto no outono e inverno,

mas neste ano o incremento das aplica-ções começou nesse período e deve ser estendido”, diz.

O Fundecitrus tem enviado mais alertas de pulverização para os citricul-tores com o objetivo de reforçar o con-trole conjunto. De janeiro a agosto fo-ram feitos seis alertas para Araraquara, Bebedouro e Casa Branca, igualando a quantidade de todo ano de 2015. Em Avaré e Santa Cruz do Rio Pardo foram sete ao todo em 2015 e seis de janeiro a agosto de 2016. População

13%

maior AVARÉ População

80%

maior CASA BRANCA População

84%

maior ARARAQUARA Araraquara Avaré Bebedouro Casa Branca Franca* Frutal Lins Novo Horizonte* Santa Cruz do Rio Pardo * Novas regiões do Alerta Fitossanitário

(6)

Publicação reúne resultados de 20 anos de pesquisas

O

livro Pinta Preta: a doença e

seu manejo foi lançado pelo Fundecitrus, em outubro, para auxiliar citricultores, pesquisadores e demais profissionais do setor citrícola a compreender a importância e os da-nos dessa doença que é uma das mais importantes da citricultura brasileira e mundial e, principalmente, para

dis-FUNDECITRUS LANÇA LIVRO

SOBRE PINTA PRETA

ponibilizar de forma conjunta todas as estratégias de manejo disponíveis para a pinta preta.

A publicação traz a experiência de seis especialistas de duas universidades e dois institutos de pesquisa. Escrito por Geraldo José da Silva Junior e Rena-to Beozzo Bassanezi, do Fundecitrus, Eduardo Feichtenberger, do APTA de Sorocaba, Marcel Bellato Spósito e Lilian Amorim, da Esalq/USP de Pi-racicaba e Antonio de Goes, da Unesp de Jaboticabal, é uma das publicações mais atuais e completas sobre o assunto.

Com 208 páginas, a publicação aborda a história e distribuição da doença no Brasil e no mundo, seu im-pacto na produção e comercialização de frutas cítricas, procedimentos para exportação, o fungo causador da doen-ça, os hospedeiros, os sintomas, formas de mensurar a doença, as relações entre

o fungo, a planta e o ambiente, além de uma gama de informações relacionadas com o manejo, incluindo sugestões de programas de controle para diferentes situações e perfis de pomares.

“Decidimos reunir os principais especialistas brasileiros no assunto e escrever essa obra, pois existem di-versos resultados de pesquisas publi-cados sobre a doença desde a década de 1990, mas de acesso restrito aos profissionais do setor. Esperamos que esse livro possa ser uma das principais fontes de consulta sobre pinta preta para todos envolvidos na cadeia citrí-cola”, afirma o organizador do livro, Geraldo J. Silva Junior.

O livro de pinta preta está dispo-nível gratuitamente aos profissionais que atuam na citricultura e pode ser adquirido pelo e-mail comunicacao@ fundecitrus.com.br .

FICHA TÉCNICA

Pinta preta dos citros:

a doença e seu manejo

Autores: Geraldo José da Silva

Ju-nior (Fundecitrus), Eduardo Feichten-berger (APTA), Marcel Bellato Spósito (Esalq/USP), Lilian Amorim (Esalq/ USP), Renato Beozzo Bassanezi (Fun-decitrus) e Antonio de Goes (Unesp) 208 páginas

(7)

7 REVISTA CITRICULTOR

www.bayer.com.br

o mato está

roubando

algo que você nem

imagina: água .

chegou seu novo aliado

no

controle das plantas daninhas.

O herbicida de uma aplicação por ano que promove linhas livres de plantas daninhas de difícil controle, além de oferecer

maior performance, eficácia e menor perda de recursos.

• Menos mão de obra

• Menos uso de combustível

• Menos tempo gasto com o manejo

• Mais perforMance por Mais teMpo

alion - contra o mato, menos é mais.

(8)

A

nova lei que regulamenta o con-trole de cancro cítrico do Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, abre uma nova e inédita possibilidade de com-bate à doença no Brasil: a mitigação de risco.

A Instrução Normativa 37, que foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), em 6 de setembro, prevê qua-tro cenários possíveis: local de praga ausente, que são os estados sem can-cro cítrico; área livre, que são locais sem cancro cítrico em estados com relato da doença; supressão, que são áreas com baixa incidência e controle por erradicação de plantas; e mitiga-ção de risco, que são áreas com alta incidência de plantas doentes e que devem ter controle por meio de um conjunto de medidas de manejo.

NOVA REALIDADE

Desde 1957, a citricultura de São Paulo está sob política de erradicação ou supressão de cancro cítrico. Durante quase 60 anos, o estado adotou diver-sas metodologias para a erradicação de plantas com sintomas. De 1995 a 1999, a árvore doente e todas as outras em um raio de 30 metros eram erradicadas. Em 1999, foi criada a "lei do meio por cen-to", que determinava que, se a incidên-cia da doença em um talhão ultrapassas-se 0,5%, todo o talhão era erradicado.

MINISTÉRIO PERMITE

CONTROLE DE CANCRO

POR MITIGAÇÃO

Nova legislação possibilita, pela primeira vez, manter

plantas com sintomas em pomares com manejo

O minador é um inseto que provoca ferimentos na planta que facilitam a entrada da bactéria do cancro. O controle deve ser feito preventivamente com inseticidas à base de abamectina, quando houver brotações.

CONTROLE DO MINADOR

É recomendado nos limites das propriedades e também entre talhões para reduzir a disseminação da bactéria por chuvas com vento. Também protege o pomar de rajadas de vento que causam atrito entre galhos que podem gerar ferimentos em folhas.

QUEBRA-VENTO

Para incidências menores, aplicava-se o raio de 30 metros. Essa metodologia manteve, por uma década, a incidência de talhões doentes abaixo de 0,2%.

Em 2009, a forma de controle foi al-terada no estado, abolindo a lei do 0,5%. Neste momento, o convênio entre Fun-decitrus e a Secretaria da Agricultura, que durava 30 anos, não foi renovado e a instituição deixou de inspecionar os pomares. Quatro anos depois, a lei foi novamente modificada, sendo obri-gatória a eliminação apenas da planta doente. Essa mesma portaria passou a responsabilidade de inspeção para o ci-tricultor. Em virtude dessas mudanças, o cancro cítrico começou a se espalhar pelo estado e a incidência aumentou de 0,14%, em 2009, para 1,4%, em 2012, último ano do levantamento oficial do Fundecitrus. Atualmente, estima-se que esse índice seja de 9%.

Os especialistas na doença afirmam que com essa incidência não é possível manter o programa de supressão, pois o investimento em inspeção e a quan-tidade de árvores erradicadas iriam in-viabilizar a produção do cinturão citrí-cola. Portanto, o Sistema de Mitigação de Risco (SMR) é a melhor alternativa para evitar ou minimizar o impacto de cancro cítrico nos pomares.

A mitigação de risco permitirá ao citricultor manter as plantas com sin-tomas de cancro cítrico nos pomares, condicionado a ações que deverão focar

MITIGAÇÃO EXIGE MEDIDAS DE MANEJO

(9)

a implementação de medidas integra-das de manejo que permitem a mini-mização das perdas provocadas pela doença, além de evitar os riscos de disseminação e de comercialização de frutas sintomáticas.

Esse sistema é adotado em diversas regiões produtoras de citros, como Ar-gentina, Uruguai e Flórida (EUA). Na lei estão previstas medidas como insta-lação de quebra-ventos, uso de varieda-des menos suscetíveis, varieda-desinfestação de equipamentos e máquinas, controle do minador dos citros, e medidas fitossa-nitárias protetivas para as plantas (veja

mais ao lado).

De acordo com a IN 37, o estabele-cimento do SMR tem como objetivos diminuir a fonte de inóculo da doença, protegendo as áreas livres, e permitir o transporte de frutos dentro do Brasil, entre áreas com e sem a doença, e a ex-portação de frutos para áreas livres. A nova portaria estava sendo estudada no Ministério da Agricultura desde 2013, e foi elaborada com a participação de profissionais da defesa sanitária e pes-quisadores. Os estados produtores têm até março de 2017 para se enquadrarem em algum dos quatro cenários.

MUDANÇA EM SÃO PAULO

Em São Paulo, a situação vinha sen-do tratada pelo setor produtivo, com participação do Fundecitrus, e o Gover-no Estadual desde 2011, e ganhou velo-cidade a partir da nomeação de Arnaldo Jardim para a Secretaria da Agricultura, em 2015. O assunto se tornou uma das pautas principais da Câmara Setorial de Citros, mas de acordo com a Coor-denadoria de Defesa Agropecuária (CDA), necessitava primeiramente da mudança da lei nacional para que pu-desse ser aplicada também no estado. São Paulo deve entrar no Sistema de Mitigação de Risco, mas as regras ain-da estão sendo adequaain-das.

De acordo com o gerente do Fun-decitrus, Juliano Ayres, é possível ser competitivo no SMR, inclusive para exportação. “A experiência de países e estados que manejam o cancro cítrico

9 REVISTA CITRICULTOR

Não há variedades comerciais de citros resistentes, todas são afetadas pelo cancro cítrico, mas algumas são mais suscetíveis à doença, enquanto outras apresentam menos sintomas.

VARIEDADES MENOS SUSCETÍVEIS

É recomendado nos limites das propriedades e também entre talhões para reduzir a disseminação da bactéria por chuvas com vento. Também protege o pomar de rajadas de vento que causam atrito entre galhos que podem gerar ferimentos em folhas.

A aplicação de cobre não impede a entrada do cancro cítrico no pomar, mas reduz a quantidade de sintomas nos frutos e, consequentemente, a sua queda e a perda de produção.

CONTROLE FITOSSANITÁRIO

MITIGAÇÃO EXIGE MEDIDAS DE MANEJO

ARQUIVO FUNDECITR

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LIMA ÁCIDA ‘TAHITI’ SOFRE RECHAÇO

COM O AUMENTO DO CANCRO CÍTRICO

Oito contêineres com a fruta foram recusados na Europa

U

m dos fatores que contribuíram para a

publicação da nova lei de cancro cítri-co pelo MAPA foi o rechaço de oito cítri- con-têineres com lima ácida ‘Tahiti’ por países importadores da comunidade europeia, este ano, por conterem frutos com lesões de cancro cítrico, três a mais do que o tolerado pela União Europeia (UE), de até cinco cargas rejeitadas por ano.

O cancro cítrico não existe na Europa e é considerada uma ameaça à produção de citros do continente. Diante do fato, a UE ameaçou embargar exportações de frutas cítricas brasileiras.

A Europa é o maior mercado da lima ácida ‘Tahiti’ brasileira e importou 60,45 mil das 68,58 mil toneladas exportadas entre janeiro e julho de 2016. A fruta foi responsável por 93% do faturamento com exportações de frutas cítricas no período. Receosos de que o aumento da in-cidência possa prejudicar as exporta-ções, os principais produtores de ‘Tahiti’ do estado de São Paulo se reuniram no Fundecitrus, em agosto, para discutir a

atual situação do cancro cítrico e as difi-culdades de produção e comercialização. No encontro, os produtores elegeram um representante que foi até a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Citricultura, do MAPA, realizada em Bra-sília, para manifestar a preocupação do setor e firmar seu apoio à mudança da lei.

“O suporte dos produtores de lima ácida foi fundamental para que o MAPA implantasse a nova lei com agilidade por-que mostrou por-que o setor de citros está unido e todos desejavam mudanças no controle de cancro cítrico”, afirma o pre-sidente do Fundecitrus e da Câmara Se-torial do MAPA, Lourival Carmo Monaco. “A aproximação entre Fundecitrus e os produtores de ‘Tahiti’ é muito favorá-vel, assim como a mudança de postura de supressão para mitigação de risco. Sem dúvida, a experiência da instituição vai auxiliar muito com pesquisa e treina-mento”, afirmou o presidente da Asso-ciação dos Produtores e Exportadores de Limão (ABPEL), Afonso Castellucci.

“A mudança da legislação dará mais liberdade ao produtor para procurar ajuda. A legalização da mitigação per-mitirá melhor acesso de citricultores e profissionais do setor às informações relacionadas às medidas de manejo integrado”, diz o pesquisador Franklin Behlau, responsável pelas pesquisas de campo do Fundecitrus sobre cancro tem demonstrado que é possível mitigar

a doença. A Argentina é um dos maio-res exportadomaio-res de limão verdadeiro do mundo e a produção é feita em área com manejo de cancro cítrico”, afirma.

Em reunião realizada em 6 de ou-tubro, o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, apresentou ao secretário estadual de Agricultura, Arnaldo Jardim, um plano de ação para apoiar a Secretaria no processo de tran-sição da lei no estado por meio de ações de pesquisa, comunicação e difusão de tecnologia. “O Fundecitrus se coloca à disposição para apoiar e complementar as medidas da Secretaria de Agricultu-ra que forem necessárias paAgricultu-ra a rápida implantação e o bom funcionamento do sistema de mitigação", afirma Monaco.

LIBERDADE PARA AGIR

A mudança do sistema de controle do cancro cítrico em São Paulo dá mais opções para o citricultor agir contra a doença e evitar prejuízos.

“A única forma de eliminar o can-cro cítrico do pomar era por meio da erradicação das plantas contaminadas, que por vários motivos tornou-se uma responsabilidade dos produtores e, por isso, houve a expansão da doença. Agora, com a nova legislação, o pro-dutor poderá comercializar as frutas no mercado interno e internacional, desde que adotem as medidas previs-tas na legislação. O citricultor poderá trabalhar com a presença da praga e, ao mesmo tempo, comercializar o fru-to. Há vantagens, no entanto, também há responsabilidades para os produto-res”, esclarece coordenador-adjunto da CDA, Mario Tomazela.

Sem a obrigatoriedade de eliminar plantas doentes, o produtor poderá usar recursos como desfolha ou poda das ár-vores com sintomas e controle com co-bre, sem perder a planta. Em contrapar-tida, deverá intensificar a utilização de outras medidas preventivas, como ins-talação de quebra-ventos e controle do minador dos citros para evitar que a se-veridade da doença aumente no pomar.

cítrico, que são feitas no Paraná. “O Fundecitrus vem apresentando há alguns anos vários resultados de pes-quisa sobre a doença e tem estabelecido um pacote de manejo que ajudará o ci-tricultor a controlar o cancro cítrico no pomar e não irá medir esforços para le-var essas informações a todos que delas precisarem”, afirma Ayres.

(11)

11 REVISTA CITRICULTOR

REESTIMATIVA

A

primeira reestimativa da safra de

laranja 2016/17, divulgada pelo Fundecitrus em 12 de setem-bro, aponta uma produção de 249,04 milhões de caixas, de 40,8 quilos, no parque citrícola. Essa quantidade representa um aumento de 1,3% em relação à estimativa inicial, de 245,74 milhões de caixas, feita em maio.

O aumento da produção foi causado pelo crescimento dos frutos devido às chuvas acima da média nos meses de

maio a agosto, com 279 milímetros nas regiões produtoras, 102% maior do que a prevista. Devido ao ganho de peso da laranja, são necessários oito frutos a menos para compor uma caixa em comparação com maio.

A taxa de queda de frutos consi-derando todas as variedades foi de 14,86%, abaixo do previsto inicialmen-te em 15%. Esse valor também contri-buiu para o aumento da safra.

Segundo o gerente do Fundecitrus,

Juliano Ayres, o incremento não terá grande impacto devido à quebra da atual safra, que é de 17,2%. “Essa é a menor produção em 25 anos”, diz.

Para fazer as reestimativas de safra são monitorados 900 talhões do parque citrícola, estratificados por idade, va-riedade e região. Outras reestimativas serão divulgadas em dezembro/16 e fe-vereiro/17, o fechamento da safra será feito em abril/17. O relatório está dis-ponível no site do Fundecitrus.

SAFRA DE LARANJA

AUMENTA 1,3%

Chuvas provocaram crescimento dos frutos

MAIO

245,74

MI. CX.

SETEMBRO

249,04

MI. CX.

Em 2017, o Fundecitrus irá realizar, pelo terceiro ano con-secutivo, a atualização do inventário de árvores e a estimativa da safra de laranja do cinturão citrícola de São Paulo e Triângu-lo/Sudoeste Mineiro e procura profissionais capacitados para fazer este trabalho com comprometimento e competência.

A pesquisa será realizada entre janeiro e abril, com a coleta de dados em milhares de propriedades de citros e está com vagas abertas para agentes que irão realizar esse trabalho.

Ajude o Fundecitrus a divulgar a contratação dos técnicos que realizarão as visitas técnicas nas fazendas.

Citricultor,

A seleção começa em novembro de 2016. Para concorrer a vaga, o candidato deve ter: • Ensino médio

• Conhecimento básico em informática • Disponibilidade para viajar

• CNH categoria B

• É desejável prática em direção em estrada de terra A contratação será feita pela empresa WCA de Araraquara. Os interessados na vaga devem enviar currículo para o e-mail pes@wcabrasil.com.br. Mais informações: (16) 3335-5333.

(12)

CONGRESSO INTERNACIONAL

Maior evento da pesquisa sobre citros foi realizado no Brasil e reuniu 50 países

O

Brasil sediou o Congresso

Inter-nacional de Citros – ICC, maior evento de pesquisa sobre citros do mundo, que reuniu cerca de mil pessoas, entre pesquisadores, estudan-tes, consultores e citricultores de 50 países, em Foz do Iguaçu/PR, entre os dias 18 e 23 de setembro. O Fundeci-trus, que foi um dos patrocinadores do ICC, esteve presente com um estande e apresentou 16 pesquisas (veja mais

na página ao lado).

Participaram especialistas das áreas de biotecnologia, fitopatologia, ento-mologia, qualidade e manejo, entre outros. A sustentabilidade foi o tema principal e direcionou debates e pales-tras sobre formas de aumentar a produ-tividade sem prejudicar o meio ambien-te. Também foram abordadas questões sobre mercado de sucos, desafios de produção com mais competitividade e sustentabilidade, avanços no cultivo de citros em várias regiões do mundo, melhoramento genético das plantas, plantio orgânico, técnicas de produção e estratégias de controle das doenças e pragas, ultrapassando 400 trabalhos.

Entre eles, dois se destacaram na opinião dos participantes. A apresenta-ção do pesquisador Bryce Falk, da Uni-versidade da Califórnia, que mostrou estratégias baseadas em interferência por RNA (RNAi) para modificar gene-ticamente insetos como psilídeo e cigar-rinhas e impedir que transmitam doen-ças para as plantas. E os resultados das pesquisas do Fundecitrus para o contro-le de HLB com o uso da biotecnologia, entre elas a que pretende gerar uma

Estande do Fundecitrus recebeu muitos participantes

FUNDECITRUS APRESENTA

16 PESQUISAS NO ICC

planta repelente ao psilídeo, apresenta-da pelo pesquisador Leandro Peña.

“Esta foi a apresentação que apon-tou um caminho para o controle do HLB, com uma possível solução para a doença. O Fundecitrus demonstrou que segue uma linha para alcançar re-sultados práticos”, disse o professor da Esalq/USP José Belasque Junior.

A abertura foi feita pelo presidente do Fundecitrus e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Citricultura do Ministério da Agricultura (MAPA), Lourival Carmo Monaco, que falou sobre as mudanças recentes na citri-cultura, dos desafios atuais e da neces-sidade de se pensar no futuro. Ressal-tou que o Brasil está trabalhando para manter a competitividade, qualidade e o emprego gerado pelo setor, e que o Congresso era uma oportunidade para trocar conhecimentos e aprimorar ma-nejo de doenças.

A troca de informações entre pro-fissionais do setor produtivo e de pes-quisa do mundo todo foi intensa. “Essa interação deverá render parcerias futu-ras e avanços nas pesquisas”, analisa o gerente do Fundecitrus, Juliano Ayres.

“A proposta de reunir os especialis-tas da cadeia de produção e consumo foi alcançada. O resultado é a discussão e novas percepções de arranjos para inovação na citricultura”, considerou Dirceu Matos Jr., pesquisador do Insti-tuto Agronômico de Campinas (IAC) e presidente da Comissão Organizadora.

O ICC ocorre a cada quatro anos em um país diferente. O próximo será na Turquia, na cidade de Mersin.

O gerente Juliano Ayres homenageou o pesquisador Joseph Bové FABIANA ASSIS E JA QUELINE RIBAS

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13 REVISTA CITRICULTOR

FUNDECITRUS ABORDOU GRANDE VARIEDADE DE TEMAS

Em 16 apresentações, pesquisadores falaram sobre manejo, biotecnologia, saúde e tecnologia

O

s temas abordados pelos profissionais

do Fundecitrus em 16 apresentações, entre palestras, workshops e pôsteres, fo-ram da fisiologia à saúde, passando pelo manejo das doenças:

• O pesquisador Marcelo Pedreira de Mi-randa abordou o estudo que apontou a influência do crescimento das brotações no controle químico de psilídeo, tornan-do-o menos eficaz, e as orientações para contornar o problema.

• O pesquisador Geraldo J. da Silva Junior apresentou o sistema de previsão de po-dridão floral, que ajuda o citricultor a rea-lizar as aplicações de fungicida para pre-venção da doença no momento correto. • A pós-doutoranda Lourdes Carmona

Ló-pez falou sobre o efeito das baixas tem-peraturas no acúmulo de antocianinas, composto benéfico à saúde, na variedade de laranja sanguínea Moro.

• O pesquisador Renato Beozzo Bassanezi fez palestra sobre as estratégias de ma-nejo de HLB, com apresentação dos dez mandamentos de controle da doença, re-sultados de pesquisas e as ações do Fun-decitrus para diminuir a incidência. • O gerente geral Juliano Ayres fez uma

ho-menagem ao pesquisador francês Joseph Bové, falecido em maio, principal mentor do manejo de HLB no Brasil.

• O especialista em biotecnologia Leandro Peña apresentou os estudos do Fundeci-trus na área e os avanços para reduzir o impacto de HLB nos pomares e a trans-missão da bactéria pelo psilídeo

Diapho-rina citri.

• O pesquisador Silvio Lopes abordou a influência de porta-enxertos e o efeito da temperatura na colonização e trans-missão da bactéria  Candidatus  Liberi-bacter, causadora de HLB. Presidente do Fundecitrus, Lourival Monaco, fez o discurso de aberturado ICC R. R. R UFINO

• Na sessão de pôsteres, o agrônomo André Sanches falou sobre indução floral; Bassanezi sobre o efeito da nu-trição em plantas com HLB; Silva Jr. explicou sobre o período de aplicação de estrobilurina para controle de pinta preta; e o pesquisador Franklin Behlau sobre o efeito de quebra-vento, cobre e controle de minador na incidência de cancro cítrico.

Em seu estande, o Fundecitrus recebeu visitantes de diversos países como México, Argentina, Marrocos, Espanha, Turquia, Estados Unidos e China, que estavam em busca de informação sobre as pesquisas da instituição e do controle das doenças e pra-gas. Foram distribuídos manuais, o relatório com o inventário de árvores e a estimativa de safra, folder institucional e uma revista em inglês com os principais resultados dos estudos desenvolvidos no último ano.

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SAFRA DA FLÓRIDA DEVE SER

DE 70 MILHÕES DE CAIXAS

Produção é a menor desde 1963

A

estimativa da safra 2016/17 da

Flórida divulgada pelo Departa-mento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 12 de outubro, aponta uma produção de 70 milhões de caixas, a menor desde 1964/65. O nú-mero é próximo ao da safra de 1962/63 (74,5 milhões de caixas) que sofreu as consequências de uma grande geada e foi o estopim para o desenvolvimento da indústria de suco brasileira.

A queda já era esperada. O estado norte-americano vem perdendo produ-tividade desde 2011 e o motivo é a alta contaminação das árvores pelo HLB (greening), que chega a 90%.

Segundo o consultor técnico da Pac-kers of Indian River’s, Thomas Stopyra, muitos pequenos produtores saíram do setor e até citricultores tradicionais es-tão parando de produzir. É o caso da companhia Evans Properties, que 15 anos atrás era um dos cinco maiores produtores de laranja da Flórida, com 12 mil hectares (30 mil acres) e 7 mi-lhões de caixa por ano. Mesmo com a adoção de pacote de manejo, a empre-sa não conseguiu vencer a pressão de psilídeos e a influência de propriedades vizinhas sem cuidados adequados.

Na última safra, a Evans colheu ape-nas 700 mil caixas, nos 4 mil ha que ain-da mantém com citros, e anunciou que irá substituir a citricultura pelo plantio de pongamia, árvore leguminosa cujo fruto é possível extrair óleo.

Para Stopyra, alguns aspectos da ci-tricultura da Flórida contribuíram para a severidade da doença que, em dez anos tomou quase todos os pomares. O

primeiro foi a resistência do produtor em arrancar os pés doentes. O segundo é alta população de psilídeo, difícil de controlar devido às restrições rígidas para o uso de defensivos e aos pomares abandonados, que servem de criadouros do inseto. “Para pulverizar tem limite de rótulo, só pode fazer duas aplicações de dimetoato por ano. Além disso, tem as condições climáticas. O produtor pulveriza, no outro dia chove, lava tudo e depois da chuva vem a brotação e não pode pulverizar mais”, afirma.

Por fim, a forma de desenvolvimento da doença iludiu o citricultor que demo-rou para entender a sua gravidade. “O HLB é progressivo e o ciclo engana, toda primavera sai brotação, florada, desaparecem os sintomas e o produtor acha que aquele ano vai ser bom. Quan-do chega o outono, os frutos começam a cair”, diz o consultor.

Ele fala por experiência própria. No ano passado, a Packers, que tem 1,4 mil ha produzindo 1 milhão de caixas de po-melo e tangerinas para mercado in

natu-ra e indústria, perdeu 30% da safnatu-ra com

a queda de frutos. Outros 20% foram descartados nas casas de beneficiamento por não terem qualidade nem para suco.

Assim como em São Paulo, a citri-cultura da Flórida tem outro desafio, além do HLB, para se manter competi-tiva: o cancro cítrico. As duas regiões, porém, estão em momentos diferentes no controle. Enquanto o citricultor paulista começa a conhecer o cancro cítrico e está aprendendo a lidar com o seu manejo, a Flórida, desde 2006, adotou a mitigação, após passar por uma fase traumática de rígidas erra-dicações de raios de 650 metros, que se tornaram inviáveis após furacões espalharem a bactéria por todo estado.

Flórida tem 90% das plantas contaminadas pelo HLB RENA TO BASSANEZI PELO MUNDO

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De acordo com Stopyra, o manejo de cancro cítrico na Flórida é baseado no saneamento de materiais de colheita, plantio de quebra-ventos nas bordas das fazendas e entre talhões, controle de mi-nador e aplicação de cobre.

Agora, os citricultores da Flórida buscam solução nos antibióticos, tanto para o controle de cancro cítrico, que tem o uso liberado, como para o HLB, em caráter emergencial.

A primeira tentativa de liberação, para legalizar o uso da penicilina, foi rejeitada por todo o setor consumidor, inclusive as envasadoras de suco, devi-do a estudevi-dos que mostram que 10% da população é alérgica ao bactericida.

Mas, em 4 de março deste ano, a Secretaria de Agricultura da Flórida declarou o HLB como uma crise, li-berando, de forma emergencial e ex-perimental, o uso de oxitetraciclina e estreptomicina. Os efeitos da medida ainda não foram apurados, devido ao pouco tempo de uso.

O FUTURO DA FLÓRIDA

É necessário manter produção de 70 milhões

A

Flórida tem 157 mil hectares de

ci-tros produzindo, mas, destes, 32 mil não têm o manejo adequado. Além disso, há 60 mil hectares abandonados. Mes-mo com a gravidade de HLB, ainda há plantios de cerca de 4 mil hectares por ano, inclusive replantas.

Os custos de produção são altos, chegam a US$ 5 mil por hectare para frutas destinadas à indústria e US$ 6 mil/ha para frutas de mesa, o que eleva também o preço da caixa de laranja, que chega a US$ 15.

Os altos valores já afetam o preço do suco de laranja, que estão, em média, US$ 2 o litro no supermercado, influen-ciando no comportamento do consumidor que tem buscado opções mais baratas.

Mesmo com este cenário turbulento, Tom Stopyra tem esperança que a Flórida possa se recuperar se conseguir resistir mais alguns anos, até que a pesquisa aponte alguma solução para o HLB. Os EUA investem cerca de US$ 20 milhões por ano em estudos sobre a doença.

“Se conseguirmos produzir 70 mi-lhões de caixas por safra, manteremos pelo menos quatro indústrias de suco em processamento. Além disso, é pre-ciso ter 7 milhões de caixas de pomelo e tangerinas para o mercado de fruta de mesa. Se permanecer esse patamar por cinco anos, a gente sobrevive porque eu acho que nesse tempo tem que ter pelo menos uma solução para o HLB”, con-sidera, Stopyra.

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