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DO CONCURSO DE AGENTES PESSOAS artigo 29 do Código Penal

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1 DO CONCURSO DE AGENTES – PESSOAS – artigo 29 do Código Penal

Introdução: em regra, uma só pessoa pratica delitos. Mas nada impede que várias se unam para essa prática. Nessa hipótese, denomina-se concurso de pessoas, concurso de agentes, delinqüência, co-autoria, participação, co-participação, concurso de delinqüentes, etc. P.ex. no furto um pode ficar vigiando, outro arromba a porta e outro se apodera do bem.

Concurso Necessário e Eventual - Espécies de crimes quanto ao concurso de pessoas:

crimes monossubjetivos (eventual): podem ser praticados por uma única pessoa. Nessa hipótese, havendo a atuação de mais de uma pessoa, aplica-se a regra do artigo 29 do CP. P. ex. art. 121, 155, 129 etc...

crimes plurissubjetivos (necessário): devem ser praticados por uma pluralidade de agentes. Ex. quadrilha, rixa, bigamia, adultério, etc. Os crimes plurissubjetivos podem ser:

a-) de condutas paralelas: as condutas se auxiliam mutuamente, visando a produção de um resultado. Ex. quadrilha.

b-) de condutas convergentes: as condutas tendem a se encontrar e desse encontro, surge o resultado. As condutas se manifestam na mesma direção e no mesmo plano, encontrando-se no resultado. Ex. crime de adultério e bigamia.

c-) de condutas contrapostas: as condutas são praticadas uma contra as outras. Ex. crime de rixa.

Nos crimes plurissubjetivos, desnecessária a aplicação do artigo 29, pois todos praticam condutas típicas e por isso, não há necessidade da norma de extensão do art. 29

Autoria: autor é o sujeito que executa a conduta descrita no tipo penal, isto é, aquele que mata, subtrai, ofende, etc... . Autor é quem realiza diretamente a ação típica, no todo ou em parte, colaborando na execução.

Sobre a autoria, existem duas teorias:

restritiva: (critério formal - objetivo / adotada pelo Código Penal) autor é aquele que realiza a conduta típica;

extensiva: (critério material-objetivo)autor é também todo aquele que concorre de qualquer modo para o crime. É quem dá causa ao evento. É aquele que causa modificação no mundo exterior, e não somente aquele que realiza uma conduta típica, como na restritiva.

domínio do fato : (critério objetivo-subjetivo)autor é todo aquele que detém o controle final da produção do resultado, possuindo assim, o domínio completo de todas as ações até a eclosão do evento pretendido. Formas de autoria por esta teoria : autoria propriamente dita. autoria intelectual. autoria mediata. co - autoria (direta e parcial ou funcional)

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co-autoria: as várias pessoas praticam os atos executórios descritos no tipo. Todos os agentes realizam a conduta principal. Não há necessidade que todos tenham o mesmo comportamento, pois no roubo, p.ex., um ameaça e o outro subtrai. Ambos praticaram os atos executórios descritos no tipo.

Os cooperadores, conscientemente, conjugam esforços no sentido da produção do mesmo efeito, de modo que o evento se apresenta como produto das várias atividades. Não é necessário que todos realizem os atos executivos do crime. Assim, no estupro, um pode ameaçar e segurar a vítima, enquanto outro mantém com a mesma conjunção carnal.

Será co-autor aquele que executa, juntamente com outras pessoas, a ação ou omissão que configura o delito.

participação: os partícipes apenas concorrem para que o autor, ou os co-autores, realizem a conduta principal. O sujeito que, não praticando atos executórios do crime, de qualquer modo concorre para que o autor o realize.

Na participação a pessoa colabora para a conduta do autor com a prática de uma ação que, em si mesma, não é penalmente relevante. Esta ação (conduta) passa a ser penalmente relevante quando o autor, ou co-autores, iniciam ao menos a execução do crime.

O partícipe não comete a conduta descrita pelo preceito primário da norma, mas pratica uma atividade que contribui para a realização do delito.

As formas de participação podem ser:

moral: é o induzimento ou a instigação. Induzir é criar a idéia; instigar é reforçar a vontade do autor. O partícipe age sobre a vontade do autor, fazendo nascer neste a idéia da prática do crime ou encorajando a idéia já existente, de modo determinante na resolução do autor.

material: é a cumplicidade. Através do auxílio, com o apoio material (emprestar a arma, segurar a vítima, revelar o segredo do cofre). O cúmplice contribui para o crime prestando auxílio ao autor ou partícipe.

A participação pode ocorrer em qualquer das fases do “iter criminis” (cogitação, preparação, execução e consumação). É preciso que o agente contribua para o resultado. Se a participação for posterior à consumação pode caracterizar crime autônomo, como p. ex. os artigos 348 e 349 do Código Penal.

Natureza Jurídica do Concurso de Pessoas – Concurso de agentes

Na co-autoria e participação há um ou vários crimes? Existem três teorias a respeito.

teoria unitária ou monista (monística) adotada pelo CP: todos os que concorrem para um crime (co-autores ou partícipes), praticam o mesmo crime. Há unidade de crimes e pluralidade de agentes. O crime, ainda quando tenha sido praticado em concurso de várias pessoas permanece único e indivisível. Não se distingue entre as várias categorias de pessoas (autor, partícipe, instigador, cúmplice, etc...), sendo todos autores ou co-autores do crime.

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teoria dualista: os autores respondem por um delito e os partícipes por outro. Há um só crime para os autores e outro para os partícipes. Há um delito único entre os autores e outro delito único entre os partícipes.

teoria pluralística: cada um dos participantes pratica um delito, de acordo com sua vontade. Cada agente, pratica uma ação distinta, praticando um crime próprio, autônomo. Ocorre uma pluralidade de pessoas e de crimes. A cada um dos participantes corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio, um resultado próprio, concluindo-se que cada um responde por delito próprio.

Exceções à teoria monista: apesar do Código ter adotado a teoria monista, o próprio § 2º do artigo 29, do CP ressalva a divisão de responsabilidades, de acordo com a intenção do sujeito. Assim, há casos em que o Código Penal adotou a teoria pluralística, em que a conduta do partícipe constitui outro crime. Há então um crime do autor e outro do partícipe, sendo ambos descritos pelas normas como delitos autônomos.

Além disso, em alguns casos específicos, o Código abandonou a teoria monista. Ex. arts.124/126 – caso não houvesse o art. 124, 2ª parte, a gestante seria partícipe do 126. E, caso não houvesse o 126, o agente seria partícipe do 124.

317/333 e 342/343, CP.

Natureza Jurídica da Participação

A participação constitui conduta acessória de outra principal? Temos duas teorias.

Teoria Causal: não há diferença entre agentes principais e secundários. Todos, praticando ou não fatos típicos, serão responsabilizados pelo resultado. Tem apoio na “teoria da equivalência dos antecedentes”. Não se cuida de uma relação pessoal, como ocorre na teoria acessória, mas de uma relação real, em que o crime, como conseqüência de uma atividade comum, é um fato único e, por isso, comum a todos e a cada um dos agentes. Todos respondem indistintamente.

Teoria da Acessoriedade (adotada pelo CP): a participação é uma atividade secundária em relação a uma atividade principal, praticada pelo autor.

Portanto, participação é uma norma de extensão pessoal e espacial da figura típica. É que, isoladamente, as condutas participativas são atípicas, tornando-se típicas por força da adequação.

P.ex. Quatro ladrões pretendem praticar um furto. Três entram na residência escolhida, e de lá, subtraem para si mesmos diversos objetos de valor. O outro fica do lado de fora cuidando para que ninguém se aproxime. Consumada a subtração, todos conseguem fugir.

Se inexistisse a norma de extensão, a conduta do último que apenas vigiou seria atípica, já que ele, de fato, nada subtraiu. A única forma de se enquadrar a conduta deste indivíduo, é através da norma de extensão espacial e pessoal.

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A participação é acessória à um fato principal. Os atos de participação não integram elemento algum de realização da figura típica, não sendo puníveis por si mesmo. Dependem da realização da figura principal.

Através do art. 29 há ampliação espacial e pessoal da figura típica, abrangendo ela não somente os fatos definidos no preceito primário da norma, mas também aqueles que, em qualquer momento concorrerm para a realização do crime.

Obs: Na participação há condutas típicas e condutas inicialmente atípicas que se tornam típicas por força da regra do artigo 29.

É evidente que existe diferença entre autor e partícipe. A figura do primeiro existe em razão do tipo a que se amolda a usa conduta. O segundo só enquadra o comportamento no tipo penal por força da regra de ampliação prevista no artigo 29.

A lei não proíbe apenas o homem de matar ou furtar, mas também que se pratique fatos tendentes a matar ou a furtar. A norma proíbe todos os atos de cooperação na prática do ilícito penal.

Acessoriedade Limitada: para que o partícipe responda com o autor, é preciso que este pratique um fato típico e antijurídico (ilícito), sendo desnecessário que ele seja culpável. É a adotada pelo Código Penal. Assim, para a punibilidade da participação, basta que o fato seja típico e antijurídico, não havendo a necessidade de ser considerado culpável.

Contudo, não basta que a conduta do partícipe aceda a um comportamento principal que constitua apenas “fato típico” - acessoriedade mínima -. Isto porque, caso o autor principal cometa um fato típico, mas não antijurídico (legítima defesa), o partícipe não poderá ser responsabilizado.

Também, não se pode exigir que o comportamento principal constitua um fato típico, antijurídico e culpável - acessoriedade extrema -. Isto porque, caso ou autor principal não seja culpável, o partícipe também não responderia pelo delito, o que não se pode admitir. Hiperacessoriedade - fato típico, antijurídico, culpável, respondendo o partícipe também pelas agravantes e atenuantes do autor ou coa autores.

Autoria Mediata (indireta – mediador): não se confunde com participação. Ocorre a autoria mediata quando alguém, por erro ou inimputabilidade de outrem, utiliza-o para a prática da conduta típica.

Assim, o autor mediato seria o idealizador do crime, sendo o único responsável pela prática criminosa.

A autoria mediata exige a existência de uma pluralidade de pessoas, não havendo a mesma quando o agente se utiliza de um animal ou de um instrumento para a prática do delito.

Também, não se admite a autoria mediata nos crimes de mão própria (falso testemunho) e nos crimes culposos.

Na autoria mediata ocorre o abuso do homem não-livre. E, somente quem possui o domínio do fato pode abusar de alguém para a sua realização. O domínio do fato pertence exclusivamente ao autor

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(mediato) e não ao executor (autor imediato). Aquele detém o domínio da ação e, conseqüentemente do fato.

P.ex. O médico entrega uma injeção com veneno ao invés de medicamento para que a enfermeira ministre. O dono do armazém entrega veneno no lugar de açúcar para a empregada. O traficante se utiliza de um menor inimputável para a consumação do delito.

Pode resultar de:

a) ausência de capacidade penal da pessoa, da qual o autor mediato se serve. Ex. induzir um doente mental a praticar um crime;

b) coação moral irresistível, na qual o executor pratica o fato com a vontade submissa à do coato;

c) obediência hierárquica, quando o autor da ordem sabe que esta é ilegal, mas assim age para que o subordinado pratique os atos típicos;

d) erro de tipo invencível (escusável), quando o agente induz alguém a matar um inocente, fazendo-o crer que estava em legítima defesa.

Importante: na autoria mediata não há concurso de pessoas, pois o “autor imediato” não tem consciência da prática delitiva;

Incabível a autoria mediata nos crimes de mão própria e nos crimes culposos.

Requisitos do Concurso de Pessoas

pluralidade de condutas relevantes: é necessário que cada uma das pessoas pratiquem atos principais (típicos) ou acessórios (não típicos). Assim, cada pessoa contribui com seu tipo de conduta;

relevância causal das condutas: é o liame objetivo, onde cada uma das condutas dos participantes deve contribuir para o delito. Se a conduta não tem relevância para o resultado final, o agente não praticou crime algum. A conduta deve efetivamente contribuir para o resultado;

liame subjetivo (psicológico) entre os agentes: é imprescindível a conjugação de vontades, a consciência e querer que a sua conduta contribua para o resultado final. Deve haver entre os participantes a consciência de que cooperam em uma ação comum. Somente a adesão voluntária, objetiva (nexo causal) e subjetiva (nexo psicológico), à atividade criminosa de outrem, visando à realização do fim comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à responsabilidade pelas conseqüências da ação. Entretanto:

desnecessário o acordo prévio de vontades, bastando que um adira à vontade do outro. Ex. empregada que para se vingar do patrão deixa a porta aberta, sem que o ladrão saiba de sua conduta, para que ocorra um furto. Somente em relação ao partícipe é necessário que haja o elemento subjetivo da participação. Este elemento pode faltar ao autor principal.

desnecessário que o autor saiba da ajuda do partícipe: no exemplo anterior, o ladrão não sabia que estava sendo ajudado pela empregada;

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necessária a homogeneidade de elemento subjetivo-normativo, ou seja, autor e partícipe devem ter o mesmo elemento subjetivo (dolo) ou normativo (culpa), pois não se admite a participação dolosa em crime culposo e vice-versa.

P. ex. A, deseja matar C. Entrega arma para B, fazendo-o supor que a mesma estava descarregada. B, por culpa, dispara a arma. A responde por homicídio doloso e B por homicídio culposo, não havendo participação.

P.ex. O médico, por culpa, entrega veneno para a enfermeira que percebe o engano e mesmo assim ministra a substância. O médico responde culposamente e a enfermeira dolosamente.

Autoria colateral - ocorre quando inexistente o vínculo subjetivo entre os participantes. Os agentes, desconhecendo cada um a conduta do outro, realizam atos convergentes à produção do resultado, a que todos visam, mas que ocorre em face do comportamento de um só deles. P.ex. A e B se colocam de emboscada para matarem C. Ambos atiram contra C, vindo este a falecer em virtude dos disparos de A, o qual responderá por homicídio consumado e B, pela tentativa. Isto porque, para B ausente era o vínculo subjetivo. Caso houvesse este vínculo, ambos responderiam pelo crime consumado, em face da co-autoria. Obs: caso não ficasse apurado quem dera causa à morte de C, e ausente o vínculo subjetivo, ambos responderiam por tentativa de homicídio.

Homogeneidade de infração para todos (identidade de fato): na verdade é conseqüência do concurso de pessoas, isto é, todos os agentes respondem pelo mesmo tipo de crime. Havendo a desclassificação do delito para um, haverá para todos. Contudo, há a exceção do § 2º, do art. 29 do CP.

Punibilidade no Concurso de Pessoas: a regra é que todos respondem pelo mesmo delito (teoria monista). Entretanto, apesar de todos terem praticado um único crime, as penas podem ser distintas, havendo distinção entre autor e partícipe.

Participação de menor importância: a parte final do artigo 29 “caput”, diz “na medida de sua culpabilidade”. Isso significa que o crime é único, mas a culpabilidade é individual, ou seja, cada um deve ser castigado de acordo com sua culpa. Por isso, o § 1º do citado artigo traz uma causa obrigatória (apesar da expressão “pode”) de redução de pena, pois o “poder” do juiz fica restrito ao “quantum” a ser reduzido.

Cooperação dolosamente distinta – art. 29, § 2º: se o partícipe quis praticar um crime menos grave daquele que o autor praticou, responde pelo crime menos grave. Esse dispositivo consagra o princípio constitucional da individualização da pena.

Há na hipótese o denominado desvio subjetivo entre os sujeitos. P.ex. o sujeito A determina B a espancar C. B age com tal violência que produz a morte de C. Entretanto, se o resultado mais grave era

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previsível ao partícipe, terá a pena do crime menos grave, aumentada até a metade (artigo 29, § 2º, última parte).

Esta solução é estranha, pois o correto seria que o mesmo fosse processado –desde que o resultado fosse previsível- por lesão corporal seguida de morte e não por lesão corporal leve com a pena agravada até a metade.

A falta de previsibilidade quanto ao crime mais grave, excluí a responsabilidade do partícipe no ilícito que resultara exclusivamente da vontade do praticante da ação típica.

Obs: quando o crime mais grave, embora não querido, é previsto e aceito pelo partícipe, responde por este ilícito a título de dolo eventual.

Obs: o concurso de pessoas pode ser uma qualificadora do delito em virtude da maior facilidade para a execução do crime e a conseqüente diminuição do risco do agente, a lei reforça a garantia penal quando, em determinados delitos, há associação de delinqüentes, como por exemplo no caso do constrangimento ilegal (146, § 1º), violação de domicílio (150, § 1º), furto (155, § 4º, IV) e roubo (157, § 2º).

Comunicabilidade e Incomunicabilidade de Condições, Elementares e Circunstâncias – art. 30 Código Penal – Concurso e circunstância do crime.

elementar : componente essencial da figura típica, sem o qual esta desaparece ou se transforma em outra figura típica. Ex. no crime de furto, são elementares: subtrair, para si ou para outrem, coisa, móvel. Sem uma delas, o crime de furto desaparece.

circunstância: dado acessório, acidental, que agregado à figura típica, tem a função de aumentar ou diminuir a pena, mas jamais influir na figura típica. São elementos que, embora não essenciais à infração penal, a ela se integram e funcionam para moderar a qualidade e quantidade da pena. Ex. o furto praticado durante o repouso noturno. É um dado eventual que pode existir ou não, sem que o crime seja excluído.

Para distinguirmos as circunstâncias das elementares, temos dois princípios: 1º) quando diante da figura típica, excluindo-se determinado elemento, o crime desaparece ou surge outro, estamos em face de uma elementar; 2º) quando, excluindo-se certo dado, não desaparece o crime considerado, não surgindo outro, estamos em face de uma circunstância. P. ex. se retirarmos a qualidade de funcionário público do artigo 319 (prevaricação), o delito desaparece não surgindo outra infração penal. Também, se retirarmos a qualidade de funcionário público do autor crime previsto no artigo 312 (peculato) estaremos diante da figura da apropriação indébita (artigo 168). Assim, a figura de funcionário público traduz-se em uma elementar dos crimes. De outra sorte se o homicídio é cometido por motivo de relevante valor social e moral (art. 121, § 1º) e retirarmos esta circunstância, o crime continua sendo o mesmo, não havendo a desclassificação para outro.

As circunstâncias podem ser:

objetivas (reais ou materiais): que se relacionam com os meios e modos de se praticar o crime: tempo, modo, lugar, qualidade da vítima, modo de execução, etc. Portanto, dizem respeito ao fato e não ao agente.

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subjetivas (pessoais): dizem respeito ao agente e não ao fato. Ex. menoridade, reincidência, parentesco, profissão, etc. Não se comunicam entre os agentes. Cada sujeito responde de acordo com as suas condições.

Regras do artigo 30 do CP.

as elementares (objetivas ou pessoal) comunicam-se ao partícipe, exceto se este as desconhecia. Qualquer elemento que integre o fato típico fundamental comunica-se aos concorrentes. P.ex. A funcionário público comete o crime de peculato auxiliado por B, que não é funcionário público. A elementar (funcionário público) comunica-se à B. É imprescindível que o partícipe conheça a qualidade pessoal do autor.

as circunstâncias objetivas (ligadas ao fato) comunicam-se ao partícipe, exceto se este as desconhecia. As circunstâncias objetivas só alcançam o partícipe se, sem haver praticado o fato que as constitui, houverem integrado o dolo ou a culpa. P.ex. A manda B matar C. Para a prática B emprega asfixia. A não irá responder pela qualificadora, salvo se possuía conhecimento da mesma.

as circunstâncias subjetivas (ligadas ao agente, sem ser elementar), não se comunicam. P.ex. A (reincidente) induz B (primário) a cometer um furto. A agravante do 61, I não se estende à B. Outro: A participa de um crime cometido por B, estando este nas condições do artigo 26, § único. Esta causa de diminuição não se estende à A.

Obs: como a lei determina que não se comunica as circunstâncias de caráter pessoal, a contrario sensu, determina que são comunicáveis as de caráter objetivo, desde que do conhecimento do agente. P.ex. se o mandante determina que A seja morto, não responde pela qualificadora da asfixia se o mandado praticar o crime através deste meio.

Participação Impunível – art. 31 Código Penal- concurso e execução do crime: se o ajuste (acordo), a determinação ou induzimento (criar a idéia do crime), a instigação (reforço da idéia criminosa) ou o auxílio (ajuda material) não ingressarem na fase de execução, são impuníveis.

Entretanto, em alguns crimes essas condutas são típicas (art. 288 e 286 do Código Penal) e portanto, puníveis. Daí a ressalva do artigo 31 do CP.

Participação e Arrependimento: pode ocorrer que iniciado o “iter”, um dos participantes desista de continuar na conduta delituosa, persistindo os outros.

a) o arrependido é o autor principal ou é o partícipe que impede aquele de iniciar a execução do crime. O fato é impunível face a regra do art. 15 CP;

b) ambos se arrependem e param no meio da execução do crime. Não respondem pelo delito, podendo entretanto, responder por outro (art. 15 CP).

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c) o partícipe se arrepende, mas não consegue evitar a execução do crime pelo autor. Responde pelo delito, pois contribuiu voluntariamente para o crime. Só seria beneficiado se o arrependimento fosse eficaz.

Obs: a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são circunstâncias comunicáveis.

Participação da participação: é punível desde que possua eficiência causal. São os casos de induzimento de induzimento, mandado de mandado, etc.. P.ex. A induz B a induzir C a matar D. A será punível desde que seu induzimento possua eficiência.

Participação sucessiva: ocorre quando presente o induzimento ocorrer outro induzimento para a prática do mesmo fato. P. ex. A induz B a matar C. Após, o agente D, sem conhecer o induzimento anterior, também induz B a matar C. Se o induzimento de D foi eficiente, o mesmo responderá pelo homicídio. Caso B, já estivesse firmemente disposto a cometer o homicídio, pelo induzimento de A, D, não responderá. Após a conduta assessorando a principal ocorre outra. O partícipe induz o autor a praticar um crime e depois o auxilia.

Concurso de Pessoas nos Crimes Omissivos crimes omissivos próprios (puros):

não é possível a participação por omissão: se alguém sabe que um terceiro não paga pensão e nada faz, não responde pelo delito de abandono material. P. ex. se um médico e um particular não comunicam a doença, só o médico responde. Se o particular instigar o médico a não comunicar, também responderá pelo delito, já que haveria participação por ação.

Entretanto, por ação pode ser partícipe, como na hipótese de instigar a não pagar.

não é possível a co-autoria: se duas ou mais pessoas não agem como era devido, cada um responde pelo crime, isoladamente.

crimes omissivos impróprios: aqueles em que o agente busca um resultado pela omisssão. Admite a participação por omissão, como no caso da empregada que não fecha a porta para que ocorra o furto. Para que ocorra a participação por omissão, é preciso:

nexo entre a omissão do partícipe e o delito cometido pelo autor; dever jurídico do partícipe em opor-se à prática do crime;

vínculo subjetivo.

Inexistindo o dever de agir, estará ocorrendo a conivência ou participação negativa, que em regra não caracteriza qualquer crime, salvo nas hipóteses em que o dever geral obriga a ação (socorro aos necessitados), como no caso do delito de omissão de socorro.

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Autoria Colateral Incerta: ocorre quando inexiste o vínculo subjetivo entre as partes. Duas pessoas buscam um mesmo resultado, sem conhecer a intenção do outro. Ex. “A” e “B” atiram na direção de “C” para matá-lo, sem que um saiba da ação do outro.

Descobrindo-se quem matou “C”, temos a chamada autoria colateral certa. Entretanto, não se descobrindo quem matou “C”, temos a chamada autoria colateral incerta. Na hipótese, qual é a solução? a) ambos respondem por homicídio consumado? Não, pois um estará sendo punido além de sua conduta; b) ambos serão absolvidos? Não pois houve um evento morte querido;

c) ambos serão condenados por homicídio tentado? É a solução mais razoável, pois abstrai-se do fato o resultado morte e ambos são punidos pela tentativa.

O Concurso de Pessoas nos Crimes Culposos: é admissível a co-autoria mas não a participação. É que todos realizam a conduta típica, ou seja, a conduta imprudente. O ato de instigar a não tomar cuidado, a correr, são condutas típicas dos crimes culposos.

Existente um vínculo psicológico entre duas pessoas na prática da conduta, ainda que não em relação ao resultado, concorrem elas para o resultado lesivo se obrarem com culpa em sentido estrito. P.ex. dois empregados que atiram uma tábua de um andaime, atingindo outra pessoa; Duas pessoas que preparam uma fogueira e causam um incêndio culposamente; O motorista que dirige em velocidade incompatível, instigado por seu colega ao lado e, desta conduta resulta um evento danoso.

Não devemos confundir isto com concorrência de culpas, que ocorre quando o evento é produzido por culpa de duas pessoas, sem que uma possuísse conhecimento da conduta da outra.

Obs: Não existe participação culposa em crime doloso ou participação dolosa em crime culposo. Deve haver homogeneidade do elemento subjetivo.

Multidão delinqüente: Afastada a hipótese de quadrilha ou bando é possível o cometimento de um crime por uma multidão, como nos linchamentos, depredação, saque, etc... . Responderão todos os agentes por homicídio, dano, roubo, etc.., tendo suas penas atenuadas de conformidade com o artigo 65, III, “e”). Contudo, para os líderes, a pena deverá ser agravada nos termos do artigo 62, inciso I.

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