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A abordagem dedicada às imagens técnicas no ensino do jornalismo brasileiro

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo

ECA/USP – São Paulo – Novembro de 2017

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A abordagem dedicada às imagens técnicas

no ensino do jornalismo brasileiro

Silvio da Costa Pereira1

Marcelo De Franceschi dos Santos2

Resumo: Analisar como os Projetos Pedagógicos de Cursos (PPCs) de Jornalismo de diferentes universidades brasileiras lidam com as imagens técnicas é o objetivo deste artigo. Para isso, ex-plora e compara os PPCs de dez instituições, cinco públicas e cinco privadas. Dividimos as dis-ciplinas analisadas em oito temas, identificando a presença das imagens técnicas através de ementas e bibliografias. A análise sugere a falta de uma abordagem convergente entre fotografia e vídeo, a carência de bibliografia ligada às imagens técnicas em disciplinas fora do eixo foto-gráfico, bem como destaca a importância de uma abordagem teórica e prática logo no início do curso.

Palavras-chave: ensino de jornalismo; fotografia; imagens técnicas; projetos pedagógicos.

1. Introdução

O ensino do jornalismo, assim como a profissão, nasceu ligado às narrativas tex-tuais. Na primeira proposta de um curso no país, aprovada em Congresso da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 1918 mas nunca efetivada, “iriam os estudantes de-senvolver praticamente a sua força na sintaxe e na ortografia da língua” (SÁ apud ME-LO, 2004, p. 80). O estudo estava associado, de um lado, às humanidades, e de outro ao aprendizado de técnicas do mundo textual.

1 Jornalista, mestre em Educação, doutorando em Jornalismo. Atua como professor do curso de

Jornalis-mo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

2 Aluno de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa

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2 Na prática das redações, no entanto, o jornalismo não se resumia a textos. Jor-nais e folhas volantes valiam-se de ilustrações desde o século XVII (JACKSON, 1885). A imagem, no entanto, era a exceção, e não a regra.

A primazia do texto nas narrativas jornalísticas só começa a ser relativizada com o surgimento da retícula e da rotogravura, que permitem a impressão direta de fotografi-as e um desenho de página mais livre (COSTA, 2012). As revistfotografi-as ilustradfotografi-as do século XX tiveram seu sucesso ligado às narrativas visuais, onde fotografias e desenho de pá-ginas atuavam como elemento informativo e de atração.

Na década de 1960, as revistas ilustradas perdem mercado para a televisão (SOUSA, 2004); com isso o texto passa de escrito a falado, e as imagens técnicas3 de estáticas a dinâmicas no jornalismo massivo.

Isso significa que, pelo menos desde meados do século XX, o jornalismo não pode mais ser considerado como uma profissão ligada somente às narrativas textuais. Som e imagens técnicas passaram a fazer parte do jornalismo brasileiro.

Em 1962 é criada a primeira disciplina obrigatória ligada às imagens técnicas - “Técnica de rádio e telejornal” (MOURA, 2002, p. 299) - através do Parecer 323/1962 do Conselho Federal de Educação (CFE). Mas se o rádio e a TV já estavam incorpora-dos ao ensino de jornalismo, o mesmo não ocorria com a fotografia, apesar de ser usada em jornais e revistas muito antes do nascimento daqueles meios.

A fotografia aparece pela primeira vez na documentação oficial apenas no Pare-cer 480 de 1983, que aprova o Currículo Mínimo de Comunicação Social. Esse docu-mento menciona a necessidade da existência, junto às habilitações em Jornalismo, de um Laboratório Fotográfico, indicativo de que a fotografia havia sido incorporada ao processo de ensino-aprendizagem.

A partir desse documento, o CFE publica a Resolução 2/1984, que estabelece um novo Currículo Mínimo para os cursos de Comunicação Social, no qual aparece pela primeira vez a disciplina Fotojornalismo como obrigatória na habilitação em Jornalis-mo. As imagens técnicas também estavam incorporadas ao ensino de Jornalismo nas disciplinas de Planejamento Gráfico em Jornalismo e Telejornalismo.

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3 As incessantes transformações tecnológicas e culturais promovem uma aproxi-mação cada vez maior entre fotografia e vídeo (BARBALHO, 2012; CANELLA, 2016), bem como facilitam sua produção, edição e circulação. É, portanto, fundamental que as escolas se realinhem às novas formas de fazer jornalismo, e incluam em suas grades a produção de narrativas híbridas e/ou interativas, feitas a partir de fotografias, trechos de vídeo, ilustrações, áudio e texto.

Neste artigo, abordarmos a incorporação de tais transformações aos currículos dos cursos de graduação a partir da instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Jornalismo pela Resolução nº 1 da Câmara de Educação Superior do Conse-lho Nacional de Educação, de 27 de setembro de 2013.

2. Procedimentos metodológicos

A análise que aqui apresentamos foi feita a partir da observação de dez Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) de graduação em Jornalismo4, sendo dois de cada região do país– um de instituição pública, outro de instituição privada –, recolhidos entre de-zembro de 2016 e janeiro de 2017.

De posse dos documentos, realizamos busca através de quatro palavras-chave: imagem, foto, visual e vídeo. Anotamos todas as disciplinas que transitavam por tais questões, deixando de fora aquelas onde o sentido da palavra ‘imagem’ não tinha rela-ção com as imagens técnicas.

Ao longo da análise decidimos dividir as disciplinas em sete grupos temáticos: 1) fotografia; 2) telejornalismo; 3) audiovisual não televisivo; 4) teorias da imagem; 5) planejamento visual; 6) publicações digitais; e 7) questões históricas.

Sondamos ementa e bibliografia das disciplinas, estrutura laboratorial, bem co-mo outras anotações que nos remetessem às imagens técnicas.

Compreendemos que as produções jornalísticas são feitas a partir do uso de três tipos de linguagem (verbal, visual e sonora), as quais “constituem-se nas três grandes matrizes lógicas da linguagem e do pensamento” (SANTAELLA, 2005, p. 20).

4 O PPC da Instituição privada da região Nordeste é de Comunicação Social /Jornalismo, e foi escolhido

por não haver PPCs disponíveis de Jornalismo, mas também por ter sido feito após a publicação das DCNs de Jornalismo.

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4 preendemos também que as imagens técnicas podem ser usadas pelo jornalismo em produtos impressos, televisivos e online.

Considerando que o corpus escolhido é pequeno em face das diferenças culturais e da extensão territorial brasileira, não temos a pretensão de fazer generalizações, mas somente buscar indicativos de características. Pretendemos com isso provocar reflexões sobre o ensino da linguagem visual, com foco nas imagens técnicas, dentro dos PPCs de graduação em Jornalismo, e com isso contribuir para o aprimoramento do ensino e da formação de novos jornalistas.

3. Análise dos PPCs

Destacamos, a seguir, as disciplinas que apresentaram ligações razoavelmente explícitas com o uso ou estudo das imagens técnicas, dentro de cada grupo, situando brevemente seu enfoque e posição na grade curricular.

3.1. Fotografia

Das dez universidades pesquisadas, oito possuem uma disciplina introdutória à fotografia, geralmente focada no estudo histórico e técnico, embora seja possível encon-trar abordagens ligadas à linguagem, legislação ou até à fotografia em movimento. As teorias da fotografia não entram nos PPCs pesquisados, sendo abordadas em outras dis-ciplinas. A absoluta maioria das ementas parece preocupar-se apenas com a imagem estática (fotografia), não incluindo questões técnicas ou estéticas ligadas à imagem em movimento (vídeo).

Tabela 1. Disciplinas ligadas à fotografia

15 Fotografia (2º sem.) trata de questões históricas (incluindo regional) e técnicas. A fotogra-fia em movimento (vídeo) também é abordada. Fotojornalismo (3º sem.) trabalha a lin-guagem, o processo de trabalho e ética. Há cinco optativas: Fotografia Analógica;

Foto-grafia Documental; Prática de Reportagem Fotográfica; Ensaio Fotográfico; e Tópicos Especiais em Fotografia.

5 Iremos nos referir às Instituições pesquisadas por siglas numéricas: (1) IES pública do centro-oeste; (2)

IES privada do centro-oeste; (3), IES pública do nordeste; (4) IES privada do nordeste; (5) IES pública do sul; (6) IES privada do sul; (7) IES pública do sudeste; (8) IES privada do sudeste; (9) IES pública do norte; e (10) IES privada do norte.

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5 2 Fotografia (1º sem.) aborda questões históricas e técnicas, e linguagem visual.

Fotojorna-lismo (4º sem.) trabalha a história, os gêneros fotojornalísticos e questões éticas. A

disci-plina interage com o jornal-laboratório.

3 Fotojornalismo (4º sem.) aborda questões técnicas e estéticas da fotografia, noções de

fo-torreportagem, o trabalho do repórter fotográfico, e fotojornalismo multimídia e audiovi-sual.

4 Introdução às Técnicas Fotográficas (2º sem.) é centrada em questões técnicas do

univer-so fotográfico. Fotojornalismo (4º sem.) aborda a história e a linguagem do fotojornalis-mo, o ‘realismo’ fotográfico, e a prática profissional. O tópico “Aplicação da imagem fo-tográfica na mídia impressa” da ementa, associado à ausência de referências a outros mei-os, sugere que a disciplina é voltada aos impressos.

5 Fotografia e Fotojornalismo (1º sem.) é voltada ao estudo da história, das técnicas

foto-gráficas e de obras canônicas da fotografia e fotojornalismo. Laboratório de

Fotojorna-lismo (2º sem.) aborda a história do fotojornaFotojorna-lismo, seus gêneros, produtos e critérios de

noticiabilidade, e aprofunda questões da técnica fotográfica. Há três disciplinas: Estudos

Avançados em Fotojornalismo I; Estudos Avançados em Fotojornalismo II; e Fotojorna-lismo Multimídia.

6 Fotografia (1º sem.) trata de questões técnicas, de linguagem, e legislação. Fotojornalismo

(3º sem.) aborda questões éticas, e o processo de captação e edição de fotografias para o jornalismo.

7 Fotojornalismo (2º sem.), abrange conceitos básicos da história, das técnicas e da

lingua-gem fotográfica, ética, a relação texto-imalingua-gem na produção de sentido, além de uma intro-dução ao fotojornalismo e à análise de imagem. Há uma optativa: Projeto Fotográfico. 8 Fotografia (4º sem.) aborda basicamente a história. Fotojornalismo (5º sem.) trabalha

his-tória, direitos autorais, linguagem, noções de fotorreportagem e edição de imagem. Há uma – estranha – optativa: Fotografia publicitária.

9 Introdução à Fotografia (3º sem.) trata da história, técnicas, linguagem e legislação. Foto-jornalismo (4º sem.) aborda a história e funções da fotografia no Foto-jornalismo, e o tipo de

imagem para cada meio. Há uma optativa: Imagem Fotográfica.

10 Introdução à Fotografia (4º sem.) aborda questões históricas e técnicas da fotografia, além

de fotojornalismo e do papel do repórter fotográfico. Fotojornalismo (5º sem.) trata de questões técnicas ligadas à fotografia, além da cobertura de eventos jornalísticos.

A disciplina que é unânime em todas as universidades pesquisadas tem seu foco no estudo da fotografia no jornalismo e é chamada ‘Fotojornalismo’ em nove delas. O leque de tópicos abordados aqui é maior, abrangendo diversos aspectos da linguagem fotojornalística e do processo de trabalho dos repórteres fotográficos.

As disciplinas são ofertadas quase sempre no início do curso, o que sugere uma condição de conhecimento básico. As optativas são oferecidas primordialmente por ins-tituições públicas, e estão mais ligadas à fotografia do que ao fotojornalismo.

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3.2. Telejornalismo

A partir de 2008 e do lançamento quase simultâneo da Nikon D90 e da Canon EOS 5D Mark II, os profissionais da imagem passam a contar com equipamentos que produzem tanto fotografias quanto vídeos de alta qualidade. A convergência tecnológica estimulou e facilitou muito uma aproximação que já existia desde o final do século XIX. Isso levou também a uma simplificação, barateamento e redução no tamanho dos equipamentos de produção de vídeo. Nosso objetivo neste grupo é buscar indícios que mostrem se tal mudança tem levado as disciplinas de telejornalismo a ampliar o foco na criação de narrativas imagéticas, ou se isso continua sendo feito por um cinegrafista que não é preparado pelos cursos de jornalismo.

Ao destacarem que, após mais de 60 anos da existência do telejornalismo no Brasil, ainda há uma predominância das palavras sobre as imagens, Emerim e Brasil (2013, p. 6) apontam que a causa pode estar em alguns fatores ‘negativos’ como os de “não investimento em formação, em equipamentos adequados, na valorização do profis-sional dentro e fora da equipe, no estudo e treinamento destes profissionais para aprimo-rar a linguagem imagética televisual ou telejornalística”. Por isso, consideramos impor-tante que a formação dos jornalistas para a compreensão, produção e edição de imagens técnicas não se dê apenas em relação às fotografias, mas também em relação ao vídeo. Tabela 2. Disciplinas ligadas ao telejornalismo

1 Telejornalismo (4º sem.) aborda questões ligadas ao equipamento e prática e à edição de

reportagens. Laboratório de Telejornalismo I (5º sem.) trabalha a relação texto-imagem. 2 Jornalismo em TV I (2º sem.) aborda as funções e técnicas da captação de imagens, e a

linguagem imagética.

3 Sem referências às imagens técnicas. 4 Sem referências às imagens técnicas.

5 A optativa Grande reportagem em Vídeo aborda captação e edição de imagens. 6 Sem referências às imagens técnicas.

7 Telejornalismo (5º sem.) aborda tópico de linguagem televisual, que é textual, sonora e

imagética.

8 Oficina de TV (5º sem.) pode abordar o trabalho de edição de imagens.

9 Telejornalismo (6º sem.) tem um tópico que trabalha a relação texto-imagem.

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7 Ementas e bibliografia encontradas parecem reforçar o papel do jornalista ligado à produção textual, sendo a imagem aparentemente compreendida como um comple-mento que ‘também’ deve ser levado em conta pelo jornalista. Como o telejornalismo é prioritariamente visual, tal entendimento sugere que quem se preocupa com a produção dessas imagens continua não sendo preparado pelas escolas de jornalismo.

3.3. Audiovisual não-televisivo

Nem todas as narrativas jornalísticas audiovisuais são telejornalismo. Antes do ingresso da televisão no país, era comum a produção de cinejornais (MEDEIROS, 2008). Contemporaneamente, a internet tem possibilitado a criação de uma série de formatos audiovisuais jornalísticos (LONGHI, 2014). Por isso, também analisamos as disciplinas que abordam narrativas audiovisuais não-telejornalísticas.

Tabela 3. Disciplinas ligadas ao audiovisual não televisivo

1 Duas optativas: Documentário I – Teoria e história e Documentário II – Criação e

produ-ção. As ementas sugerem continuidade, sendo a primeira voltada à abordagem teórica do

tema, e a segunda à produção.

2 Produção Laboratorial Audiovisual (6º sem.) está centrada no estudo teórico e em

ques-tões ligadas à produção de cinema documental.

3 Edição em audiovisual e sonoros (7º sem.) aborda o trabalho de captação e edição de

ima-gens (e sons). Há cinco optativas: Produção independente em cinema e audiovisual,

Teo-ria e Estética do Audiovisual, Linguagem Cinematográfica e Audiovisual, Produção em vídeo e Cinema documentário.

4 A optativa Audiovisual é focada em produções para cinema, rádio, TV e internet.

5 A optativa História e produção de documentário é voltada à análise e produção de docu-mentários e reportagens audiovisuais.

6 Seminário livre de audiovisual (4º sem.) é dedicada ao estudo do formato audiovisual.

7 Linguagem audiovisual (4º sem.) estuda história e linguagem do audiovisual, teorias da

imagem em movimento, e produções audiovisuais para TV e internet. Há três optativas:

Documentário aborda a teoria, bem como a análise crítica e produção experimental de

do-cumentários; Produção e experimentação audiovisual é voltada à produções ficcionais;

Introdução ao cinema estuda a história e correntes estéticas do cinema.

8 Linguagens audiovisuais (1º sem.) aborda elementos da linguagem audiovisual, além da

crítica de obras de ficção e não-ficção. Edição (6º sem.) aborda edição não-linear de vídeo digital. Documentário em vídeo (7º sem.) tem por foco o processo de produção de um au-diovisual documental.

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8 9 Linguagem de vídeo tem foco na linguagem, abordando questões como movimentos de

câmera e técnicas de produção. Cinema e Comunicação estuda a narrativa e passa por di-versas escolas do cinema. Vídeo documentário é voltada à produção de documentários para televisão, da concepção à pós-produção.

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Constatamos sete disciplinas obrigatórias em cinco das dez IES estudadas: três voltadas ao estudo do audiovisual, situadas nos primeiros semestres do curso; duas fo-cadas no estudo de documentário, na segunda metade do curso; e duas voltadas à capta-ção e/ou edicapta-ção, também na segunda metade do curso. Contabilizamos também doze disciplinas optativas, a maioria focada no documentário ou em estudos relacionados ao cinema.

O levantamento realizado sugere que os estudos teóricos ou ligados à produção de documentários/audiovisuais ocupam um espaço alternativo às disciplinas de telejor-nalismo. Notamos a falta, no entanto, de um entrelaçamento maior entre tais estudos do audiovisual e a internet – meio onde nascem novos formatos, como o webdocumentário.

Chama a atenção uma disciplina voltada à captação e edição de imagens em mo-vimento (e sons), uma vez que esta é uma abordagem tradicionalmente rara nas escolas de jornalismo brasileiras.

3.4. Teorias da imagem

Conforme visto nos grupos anteriores, as teorias da imagem não são abordadas nas disciplinas ‘práticas’, o que fez nascer o presente grupo.

Tabela 4. Disciplinas ligadas às abordagens teóricas da imagem 1 Semiótica (5º sem.) aborda as vertentes europeia e americana.

2 Teoria da imagem e comunicação visual (2º sem.) aborda teorias de análise de imagens

fixas e em movimento, bem como elementos da sintaxe visual.

3 Teorias da imagem (4º sem.) estuda a percepção visual, iconografia e significação, retóri-ca visual, cultura visual e mídias.

4 Semiótica e comunicação visual (3º sem.) trabalha elementos e técnicas da comunicação

visual, bem como a teoria semiótica aplicada.

5 A optativa Semiótica do jornalismo estuda as correntes francesa e americana e realiza exercícios de análise de produtos jornalísticos.

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7 Teorias da imagem (1º sem.) aborda a percepção, a representação visual, e as imagens

téc-nicas e mentais. Há ainda as optativas Tópicos especiais em Jornalismo: teorias da

ima-gem, que repete itens da ementa da disciplina obrigatória, possivelmente para abordá-los

mais detalhadamente; e Introdução a Teoria e a Crítica da Imagem Fotográfica, que tra-balha diversas compreensões a respeito da imagem fotográfica.

8 Semiótica (3º sem.) trabalha tópicos das correntes francesa e americana. Evolução das ar-tes visuais (3º sem.) aborda a expressão e a comunicação visual.

9 Semiótica (5º sem.) tem entre suas preocupações a fotografia e o cinema. A optativa Aná-lise dos Sistemas Visuais é voltada à interpretação de imagens.

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Há dois tipos de disciplinas associadas ao estudo teórico das imagens: Semiótica, que embora não seja uma corrente focada somente em imagens, foi aqui considerada por ser muito usada na análise de textos visuais, sendo a disciplina obrigatória mais comu-mente ofertada; e Teoria da imagem, voltada especificacomu-mente ao estudo das compreen-sões da imagem. Independentemente do tipo, tais disciplinas são ofertadas no início do curso, entre o 1º e o 5º semestre.

3.5. Planejamento visual

Com o desenvolvimento do processo de impressão por rotogravura na segunda metade do século XIX, jornais e revistas passam a poder imprimir imagens e textos, la-do a lala-do, com planejamentos visuais bastante flexíveis. A partir da massificação de seu uso, no século XX, o planejamento visual torna-se cada dia mais importante no jorna-lismo, trabalho que geralmente inclui o uso de imagens técnicas. Além disso, elencamos aqui as disciplinas de planejamento visual porque elas podem incorporar noções de edi-ção de imagens.

Tabela 5. Disciplinas ligadas ao planejamento visual

1 Planejamento visual’ (2º sem.) é focada nos elementos básicos do desenho de páginas e

telas. Laboratório de produção gráfica (3º sem.) está voltada à criação de projeto gráfico para impressos.

2 Planejamento gráfico e editorial (5º sem.) é voltada ao estudo de infografia e projetos

grá-ficos para veículos impressos, e ao uso de softwares de montagem de páginas e de trata-mento de imagens. A optativa Criação e editoração de revistas aborda o tratatrata-mento e a disposição de fotografias nas páginas.

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10 3 Editoração eletrônica em jornalismo (3º sem.) volta-se ao estudo dos fundamentos da

programação visual no jornalismo, bem como dos softwares para sua implementação. A ementa inclui planejamento gráfico em telas e com imagens em movimento. Preocupa-se também com o planejamento visual de websites e com o estudo e a produção de infográfi-cos estátiinfográfi-cos e dinâmiinfográfi-cos.

4 Planejamento gráfico (2º sem.) é voltada ao estudo dos princípios básicos da comunicação

visual, e a colocar tais princípios em prática através de editoração eletrônica.

5 Produção gráfica em jornalismo (2º sem.) aborda noções básicas de artes gráficas, design

e infografia, bem como ao papel do diagramador no jornalismo. Aborda também ferra-mentas de tratamento de imagens e editoração eletrônica. Laboratório de Produção

Gráfi-ca’ (3º sem.) volta-se ao projeto gráfico e complementa noções básicas de criação visual,

tendo um tópico específico sobre fotografia e cor no projeto gráfico. A optativa Design e

produção gráfica avançada aprofunda os estudos das obrigatórias.

6 Planejamento gráfico (6º sem.) estuda os princípios do planejamento gráfico de produtos

jornalísticos impressos.

7 Planejamento visual (3º sem.) aborda os fundamentos da comunicação visual para o

jorna-lismo, projetos gráfico e editorial, bem como os elementos de uma página – entre os quais as imagens. Laboratório integrado: Planejamento visual e fotojornalismo (6º sem.) está focada no trabalho convergente entre essas duas áreas do jornalismo. A optativa Projeto

gráfico trabalha projetos gráficos de produtos impressos e digitais.

8 Planejamento gráfico (6º sem.) é focada no projeto gráfico e em suas especificidades, bem

como na editoração eletrônica.

9 Comunicação visual aplicada à editoração (4º sem.) apresenta noções básicas de

comuni-cação visual. Planejamento gráfico (5º sem.) aprofunda o estudo de comunicomuni-cação visual, voltado para a criação de impressos.

10 Produção gráfica em jornalismo (7º sem.) aborda elementos de projeto gráfico, tipologia,

bem como especificidades do uso de imagens e cores para a criação de impressos.

Infogra-fia (8º sem.) consta da estrutura curricular mas seu programa não consta no PPC.

Enxergamos aqui duas preocupações principais: o ensino de noções básicas de planejamento visual, e o ensino do processo de criação de um projeto gráfico. A maioria das escolas parece voltada ao planejamento e criação de projetos para impressos, embo-ra existam disciplinas que mesclam veículos impressos e digitais. A fotogembo-rafia aparece explicitamente em algumas ementas, seja voltada ao uso de aplicativos para o tratamen-to de imagens, ou nos cuidados relacionados à sua impressão. Em uma única optativa, apareceu explicitamente preocupação com a disposição gráfica de fotografias, o que não implica necessariamente que ela inexista nas demais escolas. Duas disciplinas se desta-cam do conjunto pela abordagem diferencial: Editoração eletrônica em jornalismo, por incluir o uso de fotografias e vídeos no planejamento visual de páginas e telas; e

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ratório integrado: Planejamento visual e fotojornalismo, por contribuir para uma

me-lhor compreensão da especificidade das fotografias no desenho de páginas.

3.6. Publicações digitais

Tais publicações permitem a integração de todas as linguagens. Nesse sentido, podem utilizar tanto imagens técnicas estáticas quando dinâmicas em suas narrativas. Devido a essa conjugação, consideramos tais disciplinas importantes para nossa análise. Tabela 6. Disciplinas ligadas às publicações digitais

1 Informática aplicada ao jornalismo (1º sem.) oferece noções básicas do uso de softwares

para a produção de impressos. Ciberjornalismo (5º sem.) e os Laboratórios de

Ciberjorna-lismo I e II (6º e 7º sem.) trabalham conceitos básicos e narrativas do ciberjornaCiberjorna-lismo.

2 Comunicação na web (5º sem.) aborda as características da web e seus ambientes. Ciber-jornalismo (6º sem.) tem ênfase na produção de texto, única linguagem citada

explicita-mente na ementa. A optativa Criação e produção de websites volta-se à criação de páginas jornalísticas na internet.

3 Jornalismo multimídia (6º sem.) aborda características e formatos do jornalismo na web,

infografia e criação de produtos multimídia.

4 Informática aplicada à comunicação (1º sem.) tem foco no uso de aplicativos para

edito-ração eletrônica. Novas mídias (5º sem.) aborda as mídias digitais disponíveis para a pro-dução jornalística. Jornalismo on line (6º sem.) é voltada à propro-dução textual para web, hierarquia de informações e questões conceituais da internet.

5 Jornalismo online e narrativas digitais (5º sem.) trabalha as características do jornalismo

online, tendo entre suas preocupações a criação de fotos e vídeos para web e mobile, além de ferramentas para produção online. Laboratório de jornalismo digital (7º sem.) é voltada à produção de jornalismo digital multiplataforma. Há ainda duas optativas voltadas à pro-dução de websites.

6 Jornalismo online 1 e Jornalismo online 2 (2º e 4º sem.) tem foco na hipertextualidade e

na coleta e distribuição de informações no ambiente web. Projeto experimental I –

Multi-mídia é voltada à criação de um produto audiovisual multiMulti-mídia.

7 Comunicação digital e hipermídia (4º sem.) aborda conceitos básicos das mídias digitais e

da web.

8 Mídias digitais (1º sem.) aborda o uso de softwares, entre eles o de tratamento de imagens.

E Jornalismo on line (6º sem.) aborda conceitos da web e ferramentas online.

9 Comunicação e Mídias Digitais (6º sem.) trata aspectos culturais, técnicos, éticos e

estéti-cos da internet. Jornalismo online (7º sem.) trabalha questões ligadas ao jornalismo digital e à internet.

10 Multimídia e comunicação digital (3º sem.) aborda os recursos disponíveis no ambiente web e conceitos básicos de desenvolvimento de sites. Jornalismo digital (5º sem.) foca em

conceitos da web e do webjornalismo, reportagem assistida por computador e questões éticas do ambiente virtual.

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12 Não encontramos neste grupo praticamente nenhuma referência ao uso de ima-gens técnicas, à exceção de uma disciplina que destaca a preocupação com a produção de fotografias e vídeos para web e mobile. É possível que tais assuntos encontrem-se diluídos nos demais tópicos ou mesmo nas disciplinas voltadas especificamente ao de-senvolvimento de sites. Entretanto, foram notáveis as referências à produção textual pa-ra web, sem que houvesse nenhuma contpa-rapartida papa-ra a produção de imagens ou áudio, o que seria mais lógico quando se pensa que o jornalismo – principalmente na web – é feito através do uso destas três linguagens.

3.7. Questões históricas

Buscamos nesse grupo de disciplinas verificar até que ponto as que oferecem uma visão da história do jornalismo ou da comunicação incluem a comunicação imagé-tica e os meios visuais entre suas preocupações.

Tabela 7. Disciplinas ligadas às questões históricas

1 História da imprensa e midiologia (1º sem.) está centrada em meios impressos e

eletrôni-cos. Bibliografia e ementa não se referem explicitamente à imagem.

2 História do jornalismo (1º sem.) não tem referências às imagens na ementa, embora a

bi-bliografia possua uma obra ligada à história da TV no Brasil.

3 História do jornalismo (1º sem.) não possui referências, na ementa ou bibliografia, às

imagens técnicas. A optativa História dos meios sonoros e audiovisuais é focada na histó-ria de tais meios, não necessahistó-riamente jornalísticos. As referências à imagem estão ligadas ao audiovisual, não aparecendo explicitamente nada em relação à fotografia.

4 História da comunicação (1º sem.) inclui a abordagem de meios audiovisuais, e há na

bi-bliografia uma obra voltada à história da TV no Brasil.

5 História do jornalismo (2º sem.) tem, nas referências, duas obras ligadas à história da TV

no Brasil.

6 História da comunicação (1º sem.) tem livros, jornais, fotografia, cinema, rádio, TV e

meios digitais entre suas preocupações. Não há, no entanto, nenhuma obra de referência sobre imagens.

7 Introdução ao jornalismo (1º sem.) não possui referências explícitas às imagens técnicas.

A optativa Panorama Histórico da Fotografia é focada no estudo de questões técnicas e de linguagem ao longo do tempo.

8 Introdução ao jornalismo (1º sem.) não tem nenhuma referência explícita às imagens

téc-nicas.

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13 com a sociedade contemporânea, e outro nas relações da imprensa com a política. Há ain-da um tópico específico sobre a internet. Na bibliografia, a única referência às imagens está em obra sobre a história da TV no Brasil. Há ainda a optativa História da Fotografia. 10 História do jornalismo e da comunicação (2º sem.) tem como única referência explícita à

imagem uma obra ligada à história da TV no Brasil.

As disciplinas ligadas à história da comunicação ou do jornalismo são ofertadas no primeiro ano do curso, e apresentam preocupações bastante gerais com os meios de comunicação. Impressos são sempre citados; rádio e TV, algumas vezes. Não há refe-rência a nenhuma obra sobre a história da fotografia, do fotojornalismo, do documentá-rio audiovisual, do cinejornalismo, ou mesmo do cinema, embora haja farta literatura à respeito. O espaço privilegiado das imagens em tais disciplinas parece ligado à televi-são, citada diversas vezes nas ementas e bibliografias.

4. Considerações finais

Se por um lado o recorte utilizado neste estudo não permite conclusões generali-zantes, por outro pode fornecer uma noção da relevância dada às imagens técnicas no ensino do jornalismo.

A fotografia é o principal tipo de imagem técnica abordada nas IES, tanto para produção quanto edição, sendo estudada por diversos ângulos, principalmente histórico e técnico, mas também linguagem, gêneros ou ética quando ligada ao jornalismo. A imagem de vídeo é encarada como um fator importante na complementação do texto do repórter em telejornalismo, mas sua produção e edição parece pouco abordada, exceto quando ligada a produções documentais. Enfoques que extrapolem os modelos telejor-nalístico e documental, e que abordem outros tipos de narrativas que aproveitem os re-cursos das imagens e edição digital e da internet, necessitariam de uma maior aproxima-ção entre telejornalismo, narrativas audiovisuais não-televisivas e publicações digitais.

A separação que existe entre a abordagem histórica e técnica da maioria das dis-ciplinas de fotografia, e a abordagem teórica de disdis-ciplinas separadas, sugere a força que ainda tem a dicotomia teoria-prática no cenário contemporâneo. Já no caso da abor-dagem histórica, surpreende que haja necessidade de uma disciplina separada – a menos

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14 que optativa – pois, aos moldes de fotografia, cada disciplina específica poderia ir abor-dando ao longo dos estudos sua própria estória como ferramenta comunicacional e do jornalismo.

Por fim a análise ressalta que, em um cenário no qual as pessoas produzem foto-grafias ou vídeos a partir de aparelhos embarcados nos mais diversos dispositivos coti-dianos, parece importante qualificar a produção e o uso de imagens técnicas no jorna-lismo. Ao abordar o que chama de ‘crise da imagem de realidade’, a qual ele situa den-tro da própria crise do jornalismo contemporâneo, Baeza (2001, p. 14) dispara: “Esta situação requer que o coletivo mais numeroso e com maior poder na imprensa, o do tex-to jornalístico, comece a considerar que o desprezo que tem da imagem está deixando de ser uma insuficiência profissional para converter-se em uma grave irresponsabilida-de”6. Para ele, ao não levar em conta que a imagem (e o som) são tão importantes quan-to o texquan-to, os jornalistas deixam de ter um domínio mais elaborado sobre a linguagem visual para usar as imagens técnicas a partir de parâmetros de outras áreas, priorizando assim fotografias ilustrativas e perdendo não apenas a riqueza visual como criando este-reótipos “que anulam a diversidade dos fenômenos aos quais se referem e que, não obs-tante, ocultam”7 (BAEZA, 2001, p. 14).

Assim, abordar a produção e compreensão das imagens técnicas no início do curso é fundamental pois, centrado ainda no senso comum o aluno pode, nesse momen-to, estar mais aberto à experimentações que o levem a entender as concepções da profis-são. Para Freire (1996, p. 32), a curiosidade prática do senso comum pode ser superada pela curiosidade crítica, e esta pela curiosidade epistemológica. Tal processo, portanto, pode partir da curiosidade prática estimulada pela orientação docente que leve o aluno a vislumbrar que há muito mais a ser feito profissional e academicamente do que aquilo que o senso comum lhe fez aprender manuseando aparelhos.

Referências

6 “Esta situación requiere que el colectivo más numeroso y con mayor poder en la prensa, el de la

escritu-ra periodística, comience a consideescritu-rar que el desprecio que se está haciendo de la imagen está dejando de ser una insuficiencia profesional para convertirse en una grave irresponsabilidad”

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15 BARBALHO, M. Video-fotojornalismo: hibridismo na imagem jornalística. In: Anais do XXI Encontro da Compós, GT Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual. Juiz de Fora (MG), 2012. Disponível em <http://migre.me/vWgA3>. Acesso em 23 jan. 2017.

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Referências

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