Aula 2
Estrutura e Ligação atômica
Professora: Maria Ismenia Sodero
Assuntos que serão tratados
1. Natureza e estrutura de um átomo;
2. Configuração eletrônica;
3. Tipos de ligações primárias;
4. Tipos de ligações secundárias;
Estrutura do átomo
ÁTOMO
Unidade básica de um elemento
Diametro : 10
–10m.
Neutralidade de carga
Núcleo
Diametro : 10
–14m
Responsável pela
carga positiva
Elétron
Massa : 9.109 x 10
–28g
Carga : -1.602 x
10 –9C
Responsável pelo volume
Próton
Massa : 1.673 x 10
–24g
Carga : 1.602 x 10
–19C
Neutron
Massa : 1.675 x 10
–24g
Carga neutra
Nuvem de elétronsNatureza e Estrutura do átomo
As propriedades dos materiais são,
em última análise, determinadas
pelos tipos de átomos presentes,
por suas orientações relativas e
pela natureza das ligações entre
eles.
O tamanho relativo de um átomo e do seu núcleo composto de prótons e nêutrons. Notar que, contrariamente ao desenho, a fronteira do átomo não é bem definida.
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais William F. Smith/Javad Hashemi
Número atômico e Número de Massa
Número atômico (Z)
=
Número de prótons do núcleoEspecífico para cada elemento, responsável por caracterizá-lo Exemplo :- Hidrogênio = 1, Urânio = 92
Número de massa (A)
= soma de prótons e nêutrons no núcleo de um átomo.Exemplo :- Carbono tem 6 prótons e 6 nêutrons. A= 12.
Isótopos: todos os átomos possuem o mesmo número de prótons, mas nem todo mesmo elemento tem o mesmo numero de nêutrons. Essas variações, são os isótopos, ou seja, mesmo numero atômico, mas diferentes números de massa). Ex: H (hidrogênio),2H (deutério) e3H (trítio)
Um grama
Mol de C
12 Gramas
De carbono
6.023 x 10
23Átomos
carbono
𝑍 𝐴𝐶 𝑜𝑢
6 12𝐶
Estrutura Eletrônica dos átomos
Teoria quântica de Planck
Max Planck:
átomos e as moléculas emitem energia somente em certas quantidades discretas, denominadasquanta
.
Maxwell:
na radiação eletromagnética a E é liberada e transmitida na forma de onda eletromagnéticas, que se propagam a velocidade da luz;
=
𝑐
= frequência (s-1ou Hz)
= comprimento de onda (10-9m)
c = velocidade da onda = velocidade da luz = 3,0x108m/s no vácuo;
Planck = átomos que emitem esta radiação o fazem em quantidades discretas (quanta)
A Energia contida em um único quantum de energia é dada pela seguinte equação:
E=𝒉
Onde: h= constante de Planck = 6,63x10-34J.s
= frequência de radiação (HZ)
𝑬 =
𝒉𝒄
Teoria de Bohr do átomo de hidrogênio
Baseou-se na teoria quântica de Planck para explicar como os átomos de hidrogênio
excitados absorver ou emitem luz somente em certos comprimentos de onda.
Elétrons se movem ao longo de trajetórias circulares em torno do núcleo com valores
discretos de momento angular (produto da velocidade pelo raio).
A energia do elétron é limitada por um nível de energia que fixa a distância radial do
elétron ao núcleo =
órbita
do elétron
Energia
Emitida
(foton)
Energia
Absorvida
(foton)
Níveis de Energia
∆𝐸 =
ℎ𝑐
Modelo de Bohr
Considera que os é orbitam ao redor do núcleo atômico em orbitais distintos, onde a posição de um é específico é mais ou menos bem definida em termos do seu orbital;
Bohr introduziu o seu modelo para o átomo de hidrogênio, baseado em 4 postulados:
1- Um elétron se move em uma órbita circular em torno do núcleo sob influencia da atração colombiana do núcleo;
2- O elétron só pode se mover em órbitas que apresentem momentos angulares“quantizados”;
3- O elétron fica em órbitas “estacionárias” e não emite radiação eletromagnética. Portanto, sua energia total E permanece constante;
4- Radiação é emitida se um elétron, que se move inicialmente numa órbita de energia Ei, muda para uma órbita de energia Ef, menor
que Ei.
Os elétrons circundam o núcleo em níveis discretos. Para um elétron trocar de nível de energia, ele deve ou ganhar ou perder quantidades de energia específicas de energia
Estrutura eletrônica dos átomos
Comparação entre os modelos atômicos de (a) Bohr e (b) mecânico ondulatório, em termos de distribuição eletrônica
a b
Modelo mecânico ondulatório: considera que os é tendo características tanto de uma onda como de uma partícula. A posição do é é considerada como sendo a probabilidade de umé estar em vários locais ao redor do núcleo– distribuição de probabilidades
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais
Números Quânticos
Os níveis energéticos de Bohr se separam em subcamadas eletrônicas, e os números quânticos definem o número de estados em cada uma destas subcamadas
(a) Os três estados de energia eletrônicos para o H de Bohr. (b) Estados eletrônicos de energia para as três primeiras camadas do H, segundo o modelo mecânico-ondulatório
a b
Número quântico
principal (n) Designação da camada Subcamadas
Número de estados
Número de elétrons Por subcamada Por camada
Número Quântico Designação
n= principal (camadas) K,L,M,N,O (1,2,3,4,etc) l= subnível (orbitais) s, p, d, f
ml= magnético 1,3,5,7 (-l a +l) ms= spin ½ -½
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais
William Callister n=1 n=2 s orbital (l=0) p Orbital (l=1) n=1 n=2 n=3
Energias relativas dos elétrons
Representação esquemática das energias relativas dos elétrons para as várias energias relativas dos elétrons para as várias camadas e subcamadas
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais William F. Smith/Javad Hashemi
CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA
:
Princípio de Exclusão de Pauli: Cada
estado eletrônico pode comportar no
máximo
dois
elétrons,
os
quais
devem possuir spins opostos.
Os elétrons preenchem os estados
energéticos mais baixos possíveis
nas
camadas
e
subcamadas
eletrônicas,
dois
elétrons
(que
possuem spins opostos) por estado.
Estado Fundamental
Quando todos os elétrons ocupam as menores energias possíveis de acordo com a
configuração eletrônica.
Representação esquemática dos estados de energia preenchidos e do menor estado de energia não preenchido para um átomo de sódio
Elétrons de valência
São aqueles que ocupam a camada mais externa. São estes elétrons que participam da ligação entre os átomos para formar agregados atômicos e moleculares.
Alguns átomos possuem o que é denominado configuração eletrônica estável, isto é, os estados na camada eletrônica mais externa, ou de valência, estão completamente preenchidos Esses elementos (Ne, Ar, Kr, He) são os gases inertes, ou gases nobres, que são, virtualmente não reativos.
He
: 1s
2Ne: 1s
22s
22p
6Ar: 1s
22s
22p
63s
23p
6Kr: 1s
22s
22p
63s
23p
64s
23d
104p
6Xe: 1s
22s
22p
63s
23p
64s
23d
104p
65s
24d
105p
6Rn: 1s
22s
22p
63s
23p
64s
23d
104p
65s
24d
105p
66s
24f
145d
106p
6Examinando a tabela periódica
Configuração eletrônica parcial, no estado fundamental, de todos os elementos na tabela periódica.
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais William F. Smith/Javad Hashemi
Eletronegatividade Elemento eletronegativo capaz de receber elétrons e se tornar carregado negativamente, ou compartilha elétrons.
• Elementos posicionados em ordem crescente de número atômico, em sete fileiras horizontais chamadas de períodos
• Todos os elementos localizados em uma dada coluna ou grupo, possuem estruturas semelhantes dos seus elétrons de valência, assim como propriedades físicas e químicas similares
Ligação interatômica
Ligação Primária
Força motriz para formação das ligações
Busca de um estado mais estável
Ligações interatômicas nos sólidos
A compreensão de muitas das propriedades físicas dos materiais está relacionada às forças interatômicas que unem os átomos uns aos outros.
Consideremos dois átomos que dois átomos isolados interagem conforme se aproxima um do outro a partir de uma distância de separação infinita. À grandes distâncias, as interações são desprezíveis, pois os átomos estão muito distantes para se influenciarem. No entanto, a pequenas distâncias, cada átomo exerce forças sobre o outro.
Essas forças são do tipo atrativa (FA) e repulsiva (FR) e a magnitude depende da separação ou da distância interatômicas (r)
Forças de atração e de repulsão geradas durante a ligação iônica. Observar que a força resultante é zero, uma vez formada a ligação.
Ligação Iônica
Ciência dos Materiais James F. Shackelford
Exemplo
: Considerar a ligação iônica entre o metal
Li (eletronegatividade de 1,0) e o não metal F
(eletronegatividade de 4,0)
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais William F. Smith/Javad Hashemi
(Segundo C.R. Barrett, W.D. Nix and A.S. Tetelman, “The Principles of Engineering Materials”, Prentice-Hall, 1973, p. 27.)
Força iônica
Z1,Z2 = são os números de elétrons removidos ou anexados a cada átomos e = carga do eletrônica (1,6x10-19 C)
a = distância Interiônica
ε0= permissividade - constante dielétrica = (8.85 x 10-12c2/Nm2)
(n e b são constantes)
Z
a
Z
Z
a
e
Z
e
e
Fatração
2 0 2 2 1 2 0 2 14
4
a
nnb
Fr
1
Z
Z
a
e
a
nnb
Fresult
2 1 0 2 2 14
Energia de Ligação
E n e rg ia d e p o te n cia l (E) Fo rça (F )𝐸 =
∞ 𝑎𝐹𝑑𝑎
𝐸 =
∞ 𝑎𝐹
𝑎𝑑𝑎 +
∞ 𝑎𝐹
𝑅𝑑𝑎
𝐸 =
1
4𝜋𝜀
0𝑍
1𝑍
2𝑒
2𝑎
+
𝑏
𝑎
𝑛𝐸 =
∞ 𝑎−1
4𝜋𝜀
0𝑍
1𝑍
2𝑒
2𝑎
2−
𝑏𝑛
𝑎
𝑛+1𝑑𝑎
A separação atômica infinita é usada como referência, pois E∞ = 0
Onde:
Z1,Z2 = são os números de elétrons removidos ou anexados a cada átomos
e = carga do eletrônica, a = distância Interiônica
ε0= permissividade - constante dielétrica = (8.85 x 10-12c2/Nm2)
Propriedades - Energia de ligação
Módulo de Elasticidade
Ligação forte
Ligação fraca
Força
Distância
Curva força-distância interatômicas de dois materiais mostrando a relação entre ligação atômica e módulo de elasticidade. Uma inclinação df/da mais abrupta corresponde a um módulo mais elevado
Propriedades - Energia de ligação
Coeficiente linear de expansão térmica
Material com ligações atômicas fortes (b) material com ligações fracas. Com a mesma quantidade de energia, o espaçamento interatômico médio sofre menor alteração no material com maior energia de Os materiais com curvas abruptas e com profunda depressão apresentam coeficiente linear de expansão térmica baixo.
Ligação Iônica e propriedades dos materiais
Devido à intensas forças eletrostáticas que mantêm os íons unidos, os
sólidos iônicos:
•
Altas temperatura de fusão;
•
Duros e quebradiços;
•
Rígidos;
•
Resistentes;
•
Não conduzem bem a eletricidade (a não ser quando dissolvidos em água)
Figura 2.19 Mecanismo de fratura de sólidos iônicos. O golpe do martelo fará com que
íons semelhantes se emparelhem, gerando forças de repulsão intensas que podem levar à
fratura do material. Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais
Ligação Covalente
São tipicamente observadas entre átomos com pequenas diferenças nas suas eletronegatividades e, entre não metais, cujos átomos se ligam pelo compartilhamento de elétrons.
A ligaçãocovalente é direcional; isto é, ela ocorre entre átomos específicos e pode existir apenas na direção entre um átomo e o outro que participa do compartilhamento dos elétrons.
Esse tipo de ligação é encontrado em sólidos elementares, tais como o diamante (carbono),´silício, germânio. Assim como em compostos tais como arseneto de gálio (GaAs), antimoneto
de índio
(InSb).
H
H
Sobreposição das nuvens eletrônicas
A robustez da ligação covalente depende da magnitude da força de atração entre os núcleos do número de pares compartilhados de elétrons
H
+
H
H H
1s
1Eletrons
Par de elétron
Molécula de H
Ligamento covalente entre átomos de hidrogênio. (a) Diagrama de energia potencial e (b) desenho esquemático mostrando a molécula de H2 e as forças intramoleculares. Observar que podem existir elétrons em qualquer posição dentro do diagrama; entretanto, foram escolhidas as posições mostradas para facilitar a análise de forças.
Ligação Covalente
A ligação covalente pode ser muito forte como no diamante (Tf > 3550oC), ou muito fraca, como no bismuto (Tf ~ 270oC);
As energias de ligação e as temperaturas de fusão de uns poucos materiais ligados covalentemente estão apresentados na tabela.
Os materiais poliméricos são típicos desse tipo de ligação, sendo a estrutura molecular básica desses materiais frequentemente composta por uma longa cadeia de átomos de carbono
Estrutura do diamante
Exibe 4 ligações covalentes tetraédricas sp
3, dispostos simetricamente em
direção aos vértices de um tetraedro regular.
Esta estrutura é responsável pela elevada dureza do diamante e por sua
enorme força de ligação, (711KJ/mol) e alta temperatura de fusão (3550
oC).
Ângulos entre os orbitais simétricos sp3
hibridizados em um átomo de carbono Ligações covalentes tetraédricas sp
3 em diamantes chamadas estrutura cúbica do diamante. Cada região sombreada representa um par compartilhado de elétrons.
Diamante perde sua posição de
material mais duro do mundo
Q-carbono: denominado pelos cientistas como “terceira fase sólida do carbono”, não pode ser encontrado na natureza, exceto talvez no núcleo de alguns planetas, local em que há temperaturas e pressões elevadas.
Apresenta resistência e dureza superiores às do diamante, além de ser muito mais acessível do ponto de vista econômico. Este custo inferior é resultado de um processamento à temperatura ambiente e pressão atmosférica, muito diferente do que ocorre para obtenção do diamante sintético. Para obter o Q-carbono, é necessário cobrir com carbono amorfo um determinado substrato, que pode ser de safira, vidro ou polímeros termoplásticos e então incidir sobre este filme de carbono um pulso de laser de aproximadamente 200 ns de duração, fazendo com que a temperatura do filme alcance cerca de 3727°C. Em seguida, resfria-se o filme amorfo rapidamente, resultando em um filme de Q-carbono de 20 a 500 nm de espessura.
apresenta ainda caráter ferromagnético, ou seja, é facilmente magnetizável. Assim, o material pode ser atraído por ímãs ou mesmo ser uma possível matéria-prima para produzi-los. Outras características interessantes do Q-carbono são exibir um brilho intenso sob corrente elétrica e uma baixa função trabalho, tornando-o promissor para o desenvolvimento de novas tecnologias na área da eletrônica.
Atualmente, os cientistas conseguiram obter apenas filmes do material, o que ainda limita suas aplicações.
http://engenheirodemateriais.com.br/2016/02/12/diamante-perde-sua-posicao-de-material-mais-duro-do-mundo/
Grafite e diamante – as duas outras fases sólidas do carbono.
Caráter Iônico
Ligação Mista
É possível a existência de ligações interatômicas que são parcialmente
iônica e parcialmente covalentes.
Onde:
%CI - % de caráter iônico de uma ligação entre dois elementos A e B;
X
Ae X
Bsão as eletronegatividades dos respectivos elementos.
1
.
100
Ligação Metálica
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais William F. Smith/Javad Hashemi Elétrons de valência na forma de nuvens de carga eletrônica
Elétrons Cernes de íon positivo
Durante a solidificação de uma metal, os seus átomos se arranjam em um denso empacotamento, de maneira organizada e repetitiva, a fim de diminuir a energia e chegar a um estado mais estável na forma de um sólido, assim criando ligações metálicas.
Nesse arranjo, todos os átomos contribuem com seus elétrons de valência para a formação de um “mar de elétron” ou “nuvem de carga eletrônica”, que movem livremente no mar de elétrons e não
pertencem a nenhum átomo especifico–elétrons livres.
Ligações metálicas são tridimensionais e não direcionais, como as ligações iônicas, mas como não há ânions envolvidos, não há restrição de neutralidade.
Em contraste com as ligações covalentes direcionais, não há compartilhamento de pares de elétrons localizados, sendo portanto, mais fracas.
Ligação Metálica
Propriedades dos materiais:
• Ponto de fusão moderado;
• Metais puros são maleáveis;
• Excelentes condutores de eletricidade;
• Excelentes condutores de calor;
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais William F. Smith/Javad Hashemi
Ligações de Secundárias ou Ligações de Van der Walls
(a) Um dipolo elétrico. O momento dipolar é qd. (b) O momento dipolar elétrico em uma molécula de ligações covalentes.
Distribuição da carga eletrônica em um átomo de gás nobre. (a) Uma distribuição simétrica idealizada da carga eletrônica na qual os centros de carga positiva e negativa são superpostos no centro. (b) A distribuição real assimétrica dos elétrons gerando um dipolo temporário.
DIPOLO FLUTUANTE
DIPOLO PERMANENTE
(a) Natureza dipolar permanente da molécula de água. (b) Pontes de hidrogênio entre moléculas de água causadas pela atração dipolar permanente.
Fundamentos da Ciência e Engenharia dos Materiais William F. Smith/Javad Hashemi