Consumo de água em uma cidade grande
>> [LOCUTOR]: Como funciona o abastecimento de água em uma cidade grande? De onde vem a água que a gente consome em casa? Para onde ela vai depois que a utilizamos?
>> [LOCUTOR]: Conversamos com o engenheiro sanitarista Paulo Ferreira a respeito dos sistemas de abastecimento de água nas metrópoles brasileiras, sobretudo no que diz respeito aos volumes de produção e consumo desse recurso nas nossas grandes cidades.
>> [PAULO FERREIRA]: Bem, uma cidade grande, em primeiro lugar, nós temos que definir o que é uma cidade grande. No caso do Brasil, nós definimos cidade grande acima de 1 milhão de habitantes. O Brasil tem 5 mil municípios, e 80% desses 5 mil municípios são de pequeno porte. Quer dizer, menor que 50 mil habitantes. A diferença são cidades médias e grandes.
>> [PAULO FERREIRA]: Então, imaginamos uma cidade grande, 1 milhão de habitantes, de 1 milhão para cima, a complexidade fica muito maior em termos de abastecimento de água.
>> [PAULO FERREIRA]: Em primeiro lugar, tendo definida a população, você vai estabelecer qual é o valor que cada habitante que teria direito, vamos dizer assim. Qual é a cota que cada habitante teria direito à água.
>> [PAULO FERREIRA]: De uma maneira geral, nos projetos o cálculo é um pouco mais sofisticado, a gente adota 200 litros por habitante por dia, seria a quantidade necessária para uma pessoa viver confortavelmente, em termos de abastecimento de água, para todas as necessidades que ela tem em cada dia. Então 200 litros por habitante por dia. Se você multiplicar isso daí pelo número de habitantes você vai ter então a quantidade de água necessária para abastecer aquela cidade.
>> [PAULO FERREIRA]: Outros parâmetros existem para você calcular não só a quantidade da água necessária, mas também calcular como essa água ela [sic] é utilizada durante o dia – que nós chamamos, então, coeficiente de consumo. Normalmente no saneamento você usa coeficiente de consumo do dia de maior
consumo e coeficiente da hora de maior consumo. Por exemplo, você tem, no verão, você tem nos dias de verão, você tem um consumo maior. E dentro do dia de verão tem umas horas que você tem um consumo maior. Então é dessa forma que é calculada a quantidade de água necessária para uma cidade grande.
>> [PAULO FERREIRA]: Definindo então a quantidade de água necessária, você vai procurar onde você vai encontrar esse recurso hídrico de maneira mais econômica. Para isso, você vai levar em conta diversos fatores. Por exemplo, a distância que está esse recurso hídrico, coisa que você possa retirar daquele rio, daquele recurso hídrico, né, aquela quantidade necessária para cidade. Se esse [sic], às vezes você tem uma cidade que tem mais de um recurso hídrico, o que favorece. Então você estabelece dentro dela lógica quais são os recursos hídricos que você pode utilizar ou o recurso hídrico que você vai utilizar.
>> [PAULO FERREIRA]: Normalmente, numa cidade grande você não tem só um sistema, ou seja, você não tira a água só de um recurso hídrico; você tira de outros rios também, fazendo então alguns sistemas de abastecimento de água daquela cidade.
>> [PAULO FERREIRA]: E aí você tem o percurso natural da água. Definida então a quantidade de água que você precisa, definido o recurso hídrico do qual você vai retirar essa quantidade de água, você tem aí o encaminhamento normal. Você tem que tirar essa água do recurso hídrico, normalmente você tira através de uma elevatória porque os recursos hídricos sempre estão normalmente em pontos baixos. Há algumas excessõoes no mundo, mas normalmente eles estão sempre em pontos baixos.
>> [PAULO FERREIRA]: Então se retira essa água através de uma elevatória, essa elevatória encaminha essa água para uma estação de tratamento de água. Normalmente é um tratamento convencional – tratamento convencional, ele tem algumas fases: coagulação, flutuação, decantação, filtração e reservação.
>> [PAULO FERREIRA]: Então essa água passa por esse processo, quanto menos produto químico ela exigir para ser uma água considerada uma água potável, uma água de boa qualidade, uma água que você possa transmitir, transferir para a população, quanto menos produtos químicos utilizados, melhor – não só por causa do custo como também por precaução e em termos de saúde pública.
>> [PAULO FERREIRA]: Essa água então tendo sido tratada passa no reservatório. Esse reservatório através de um conjunto de adutoras encaminha para outros
reservatórios. Desses reservatórios que ficam, vamos dizer assim, nos bairros da cidade saem linhas que a gente chama de rede – aí sim seria a rede de distribuição – e a rede de distribuição, então, percorrendo todas as ruas da cidade tem as ligações domiciliares; a água chega no cidadão. Ele ocupa essa água, se ele estiver dentro daquela regra nossa lá de 200 litros por habitante por dia, ele ocupa esses 200 litros que, vamos dizer assim, ele teria direito, e boa parte, 80% desse recurso que ele ocupa volta para o sistema; 80%. Então de 200 litros que ele ocuparia por dia, 160 volta para o sistema. Que são o que? Água de lavagem de roupa, sua higiene pessoal. Essa água volta para uma outra rede, que seria a rede de esgoto que vai sofrer o processo inverso. Ela caminha, vai para uma estação de tratamento de esgoto, essa estação de tratamento de esgoto depura essa água e aí volta para o recurso hídrico normalmente. Esse é o caminho numa cidade grande. Uma cidade pequena não difere muito disso não, só a escala que muda.
>> [LOCUTOR]: Qual o volume de água de que uma cidade precisa diariamente e anualmente
em média?
>> [PAULO FERREIRA]: Mais ou menos eu expliquei como é que calcula: usando 200 litros por habitante por dia, multiplica pelo número de habitantes e aí você vai fazer esse [sic], vai calcular [sic] a quantidade de água necessária.
>> [PAULO FERREIRA]: Mas a forma de você calcular é essa: você imagina a cota per
capita, quer dizer, quanto é a quantidade disponível para cada habitante. Normalmente,
a gente usa em torno de 200. Normalmente o que eu digo é o seguinte: esse número é um pouco mais trabalhado, né? Só para você ter uma ideia, por exemplo, um americano médio consome 450 litros por habitante por dia. A região do Nordeste do Brasil, por exemplo, você pode dimensionar para 120 litros por habitante por dia. Então, você vê que é uma discrepância muito grande. Depende muito assim do nível e desenvolvimento.
>> [PAULO FERREIRA]: Numa cidade grande, como é o tema que a gente está discutindo, acho que normalmente 200 litros por habitante por dia está num bom tamanho. São Paulo tem lugares q você usa 300 litros por habitante por dia.
>> [PAULO FERREIRA]: É o consumo de água, não é? Então para você calcular para a cidade precisa essa continha.
necessária para o consumo?
>> [PAULO FERREIRA]: Bom esse desafio realmente é enorme, né? Realmente é enorme. Porque você... a água está ficando cada vez mais escassa e está ficando cada vez mais distante você buscar essa água para abastecer a população.
>> [PAULO FERREIRA]: Então o primeiro desafio que nós temos é saber que a água é um recurso universal, mas é um recurso finito, é um recurso que acaba.
>> [PAULO FERREIRA]: Então, nós precisamos tomar muito cuidado com isso. Quais são os cuidados que nós devemos tomar? Em primeiro lugar, preservando ao máximo a água que a gente tem, de maneira que a gente não utilize a água de maneira predatória. Por exemplo, varrer calçada com água potável, água tratada, não é uma forma racional de usar água. É melhor você armazenar água de chuva e você limpar a calçada com essa água de chuva.
>> [PAULO FERREIRA]: Então você tem que economizar água. No seu uso diário, por exemplo, no banho você deve economizar água, na hora que você vai escovar os dentes você deve economizar água, na hora que você vai fazer a barba deve economizar água, você está lavando louça deve economizar água. Como que você economiza a água? Você fechando [sic] a torneira. Então quando você está no banho, você toma banho com a mesma qualidade mas num tempo menor. Quando você está escovando os dentes, você fecha a torneira. Quando você está lavando alguma louça, alguma coisa na cozinha, enquanto você está ensaboando, você fecha a torneira. Essas são formas simples de você economizar água. Alguns até utilizam a descarga – é um grande consumidor de água, a descarga de banheiro –, alguns utilizam a água do banho – eles armazenam a água do banho e depois usam essa água para descarga. É uma forma muito inteligente de você economizar água e também baratear a sua conta de água no final do mês.
[♪ vinheta ♪]
Apresentação Jader Cardoso. Entrevistado Paulo Ferreira.
CRÉDITOS EDITORA MODERNA
Organizadora
Ivonete Darci Lucírio Gonzaga
Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (São Bernardo do Campo – SP). Mestra em História da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atuei como jornalista. Editora.
Elaboradoras
Luciana Saito
Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Editoração, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (São Paulo – SP). Editora. Marcela Rosa Mastrocola
Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Faculdade Cásper Líbero (São Paulo – SP), e em Letras, com habilitação em Português e Francês, pela
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (São Paulo – SP). Editora.
Edição de conteúdo
Felipe Jordani
Revisão técnica
Willian Raphael Silva
Revisão de texto
Ramiro Morais Torres
Assistência editorial
Cinthia Santos Galarza, Elizangela Gomes Marques
Coordenação de arte
Eduardo Reche Bertolini
Edição de arte
Diogo de Assis Macedo
Assistência de arte
Ana Maria Totaro Delgado
Iconografia
Fabiana Manna da Silva, Renate Hartfiel
Coordenação de produção
Leonardo Miranda Ribeiro
Programação
Renato Frias Rocha Ibiapina
Assistência de programação
Assistência de produção e checagem
Fabiana Aparecida Martins, Maria Carmen Amoroso, Natália Lamucio Andrade, Paula Pelisson Petri, Renata Campos Michelin
Locução
Jader Cardoso da Silva
Produção
Núcleo de Criação EDITORA MODERNA
Rua Padre Adelino, 758 – Belenzinho São Paulo, SP – Brasil – CEP 03303-904 www.moderna.com.br
Produzido no Brasil