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Jesus um profeta, como isso pode ser?

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Academic year: 2021

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“Você não pode acreditar em algo só porque alguém deseja desesperadamente que você o faça.” (BART D. EHRMAN)

Um ponto importante é saber o que à época pensavam de Jesus e se entre tudo quanto falou podemos encontrar algo sobre como ele via a si mesmo.

Em razão do objetivo de buscar resposta à pergunta do título, vamos primeiramente definir o termo profeta:

Profeta: É alguém que fala aos outros em nome de Deus (Dt 18,18). É um porta-voz escolhido, enviado e inspirado por Deus para fazer em seu nome pronunciamentos, chamados – oráculos, e para fazer ver o plano e a vontade divinos. […]. (Bíblia Sagrada Vozes, p. 1534) (grifo nosso)

Observa-se que Jesus embora não tenha feito oráculos, no sentido de realizar consultas a Deus, mas no de ser “uma pessoa cuja palavra ou conselho inspira muita confiança” (Aurélio), não podemos negar que falava em nome de Deus, que veio ao mundo justamente para “fazer ver o plano e a vontade divinos”.

Vejamos o que se pode encontrar no “Dicionário Prático” da Bíblia Sagrada Barsa:

Profeta: Propriamente é o que fala em nome de outrem (cf. Profecia). A palavra grega prophétes traduz o hebraico nabhî que quer dizer orador, arauto. Outros elementos apelativos foram dados aos profetas no Antigo Testamento, tais como: vidente (4 Rs 9,9), núncio de Deus, servo de Deus, etc. O elemento essencial que constitui o profeta é sua relação íntima com Deus. Recebia de Deus ou o dom dos milagres ou o conhecimento de coisas futuras para provar sua missão divina. Como esta segunda espécie de credenciais era mais comum, e como muitas das advertências divina se referiam a castigos futuros, ficaram os profetas mais conhecidos pela qualidade de prever o futuro.

Além dos profetas conhecidos na Bíblia por terem deixado livros, como Isaías, Jeremias, há muitos outros recordados, na Bíblia, como Gad (1 Sam 22,5), Natan (2 Sam 7,2). Um grande profeta foi prometido por Moisés (Dt 18,15) que é na realidade Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro profeta, em toda a acepção da palavra. Cristo fez muitas profecias, algumas das quais estão ainda para ser cumpridas. […]. (Dicionário Prático Barsa, p. 222) (grifo em itálico do original, em negrito nosso)

Considerando que o Dicionário Prático foi elaborado por Mons. José Alberto L. de Castro Pinto (1914-1997), com a aprovação do Cardeal D. Jaime de Barros Câmara

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(1894-1971), podemos entender que essa é a visão da Igreja Católica. Assim, para os católicos, Jesus foi um profeta, embora também foram eles que o nivelavam ao próprio Deus, sem dar nenhum valor a esta afirmação categórica dele: “[…] porque o Pai é maior do que eu.” (João 14,28)

Essa visão de Jesus como profeta, não é exclusiva dos católicos, porquanto, na edição publicada por Russell P. Shedd, de cunho protestante, encontramos essa informação a respeito de Lucas 24,19, que citaremos mais à frente: “Profeta: Souberam que era profeta; isso foi provado pelos Seus milagres e Seu ensino (em At 7,22, descreve Moisés). […].” (Bíblia Shedd, p. 1479)

Allan Kardec (1804-1869), em O Evangelho Segundo o Espiritismo, explica a “Missão dos Profetas” da seguinte forma:

Atribui-se comumente aos profetas o dom de adivinhar o futuro, de sorte que as palavras profecia e predição se tornaram sinônimas. No sentido evangélico, a palavra profeta tem mais extensa significação. Diz-se de todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Portanto, um homem pode ser profeta, sem fazer predições. Aquela era a ideia dos judeus, ao tempo de Jesus. Foi por isso que, quando o levaram à presença do sumo sacerdote Caifás, os escribas e os anciães, reunidos, lhe cuspiram no rosto, lhe deram socos e bofetadas, dizendo: “Cristo, profetiza para nós e dize quem foi que te bateu.” Entretanto, deu-se o caso de haver profetas que tiveram a presciência do futuro quer por intuição, quer por revelação providencial, a fim de transmitirem avisos aos homens. Tendo-se realizado os acontecimentos preditos, o dom de predizer o futuro foi considerado como um dos atributos da qualidade de profeta. (KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 266) (grifo em itálico do original, em negrito nosso)

Tudo se encaixa para, sem grande dificuldade, termos Jesus como um verdadeiro profeta, corroborando o que vimos no Dicionário Prático.

Vejamos algumas narrativas dos Evangelhos que, certamente, poderão nos ajudar a descobrir se isso é ou não verdade. Veremos como Jesus era visto pelos de sua época, seja pelos seus seguidores, pelo povo, pelos sacerdotes e, finalmente, por ele próprio.

a) seguidores de Jesus

Lucas 24,13-20: “Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas. Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles. Os seus olhos porém, estavam como que impedidos de o reconhecer. Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos. Um, porém, chamado Cleopas,

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respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias? Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.” (grifo nosso)

Pedro falando ao povo, referindo-se a Jesus, disse:

Atos 3,22: “Disse, na verdade, Moisés: O Senhor Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. Acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta será exterminada do meio do povo.” (grifo nosso)

A referência a Moisés também é encontrada em meio a uma longa resposta de Estevão ao sumo sacerdote:

Atos 7,37: “Foi Moisés quem disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim.” (grifo nosso)

b) para o povo

Mateus 21,10-11: “E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, e perguntavam: Quem é este? E as multidões clamavam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia.” (grifo nosso)

Mateus 21,45-46: “Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas, entenderam que era a respeito deles que Jesus falava; e, conquanto buscassem prendê-lo, temeram as multidões, porque estas o consideravam como profeta.” (grifo nosso)

Lucas 7,15-16: “Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu a sua mãe. Todos ficaram possuídos de temor e glorificavam a Deus, dizendo: Grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.” (grifo nosso)

João 6,12-14: “E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. Assim, pois, o fizeram e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que haviam comido. Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que havia de vir ao mundo.” (grifo nosso)

João 7,40: “Então alguns dentre o povo, ouvindo essas palavras, diziam: Verdadeiramente este é o profeta.” (grifo nosso)

João 9,17: “De novo, perguntaram ao cego: Que dizes tu a respeito dele, visto que te abriu os olhos? Que é profeta, respondeu ele.” (cego de nascença) (grifo nosso)

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Lucas 7,37-39: “E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento. Ao ver isso, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora.” (grifo nosso)

João 7,50-52: “Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes [principais sacerdotes e fariseus]: Acaso, a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez? Responderam eles: Dar-se-á o caso de que também tu és da Galileia? Examina e verás que da Galileia não se levanta profeta.” (grifo nosso)

e) para o próprio Jesus

Mateus 13,57: “E escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes disse: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra e na sua própria casa.” (Marcos 6,4 e João 4,44) (grifo nosso)

Lucas 13,31-33: “Naquela mesma hora, alguns fariseus vieram para dizer-lhe: Retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te. Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que, hoje e amanha, expulso demônios e curo enfermos e, no terceiro dia, terminarei. Importa, contudo, caminhar hoje, porque não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém.” (grifo nosso)

Concluímos, por tudo que aqui levantamos, que o Jesus histórico foi de fato um profeta, o que não agradará em nada aos teólogos míticos, bem como os que lhes comungam a crença.

Paulo da Silva Neto Sobrinho Mar/2018.

Revisado por Hugo Alvarenga Novaes

Referência bibliográfica:

Bíblia Sagrada, 8ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 1989.

Bíblia Sagrada, Edição Barsa, s/ed. Rio de Janeiro: Catholic Press, 1965.

Bíblia Shedd, 2ª Edição rev. e atual. no Brasil. São Paulo: Vida Nova; Brasília: SBB, 2005.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Brasília: FEB, 2013.

João 4,

1 Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele,

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2 (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos)

3 deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.

4 E era-lhe necessário passar por Samária.

5 Chegou, pois, a uma cidade de Samária, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó

dera a seu filho José;

6 achava-se ali o poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim

junto do poço; era cerca da hora sexta.

7 Veio uma mulher de Samária tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.

8 Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.

9 Disse-lhe então a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a

mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os

samaritanos.)

10 Respondeu-lhe Jesus: Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te

diz: Dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva.

11 Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo; donde,

pois, tens essa água viva?

12 És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual

também ele mesmo bebeu, e os filhos, e o seu gado?.

13 Replicou-lhe Jesus: Todo o que beber desta água tornará a ter sede;

14 mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a

água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.

15 Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede,

nem venha aqui tirá-la.

16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá.

17 Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho

marido;

18 porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste

com verdade.

19 Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.

20 Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde

se deve adorar.

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Jerusalém adorareis o Pai.

22 Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a

salvação vem dos judeus.

23 Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em

espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

24 Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em

verdade.

25 Replicou-lhe a mulher: Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo);

quando ele vier há de nos anunciar todas as coisas.

26 Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo.

27 E nisto vieram os seus discípulos, e se admiravam de que estivesse falando com uma

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