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REFLETINDO A FORMAÇÃO DOCENTE ATRAVÉS DA ESCUTA DOS

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Academic year: 2021

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COTIDIANAS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo refletir questões da formação docente, através da escuta das expectativas profissionais dos futuros professores, enquanto alunos dos cursos de formação inicial para a docência, na Graduação em Pedagogia. Foram tomados por base os seguintes dados dos discentes envolvidos na pesquisa, através de questionário: faixa etária, gênero, formação no Ensino Médio, atuação profissional atual, motivos de estar fazendo o curso e atuação no magistério anterior ao Curso de Pedagogia. Procurou-se visualizar o futuro profissional do magistério em sua formação, através de suas expectativas profissionais futuras, com isso cremos que as vozes desses discentes, é um ponto de partida para repensar a formação e também as práticas docentes futuras. Consideramos que repensar a formação docente através dos discentes desses cursos faz parte do resgate da trajetória da formação docente até a nossa contemporaneidade. As variáveis encontradas na pesquisa nos oportunizaram o confronto com as orientações legais em torno da formação docente e o cotidiano dos cursos que formam os futuros profissionais do magistério. Dessa forma, reiteramos a necessidade de repensar a trajetória da formação docente até a contemporaneidade num confronto com as orientações legais, e avaliar a persistência de acadêmicos ingressarem num curso de graduação sem ter firmeza da opção profissional, o que pode comprometer a atuação profissional do futuro professor. Nossa intenção é chamar para o debate as forças que compõem o campo de atuação na Educação para estabelecer uma ampla discussão, a qual possa contribuir não só para o equacionamento das questões da prática mas, sobretudo, discuti-las à luz de encaminhamentos possíveis e exequíveis frente às diversas realidades.

Palavras-chave: Formação Docente; Curso de Pedagogia; Práticas Pedagógicas INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como objetivo refletir sobre questões da formação docente, por meio da escuta das expectativas profissionais dos futuros professores, enquanto alunos dos Cursos de Formação Inicial para a docência, na licenciatura em Pedagogia. Uma preocupação que levamos em conta ao realizar este trabalho refere-se às questões legais pertinentes ao Curso de Formação de Professores e o cotidiano da formação com foco no aluno, pois vivenciamos o cotidiano pedagógico do Curso de Pedagogia por meio da docência e nos confrontamos com questões tais como as exigências que a escola e a sociedade contemporânea fazem ao professor, as solicitações legais específicas da formação inicial de professores e as expectativas reais dos futuros profissionais do magistério em sua formação.

Ana Valéria De Figueiredo Da Costa Ilda Maria Baldanza Nazareth Duarte Vera Lucia De Souza Neves

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Alguns desses discentes já atuam no magistério e, partindo disso, questionamos a participação também dos docentes nas questões referentes a sua formação, que ratificamos com o seguinte pensamento: “conquanto os professores não participem como interlocutores legítimos da definição política, são junto com a escola alvo preferencial de desqualificação política e profissional [...]” (EVANGELISTA E SHIROMA, 2005, p. 7) .

Temos clareza que dentro desse contexto há outros desdobramentos de temas envolvendo o trabalho docente, tais como a profissionalização, a precarização do trabalho docente e a mundialização do mesmo, os quais serão aqui tangenciados, sem ser diretamente o foco da discussão.

Neste trabalho nos ativemos em investigar as expectativas dos alunos ingressantes no Curso de Pedagogia em relação à formação docente, pois como professores atuando em sala de aula, percebemos que, em sua maioria, os estudantes cumprem uma jornada diária de trabalho (os que não trabalham, se consideram desempregados) e, durante o horário da noite, adiam a volta para suas residências indo para a Universidade, que em muitos casos fica distante dos locais de moradia desses discentes, o que os faz ter um momento de descanso curto, para no outro dia iniciarem novamente a sua rotina de trabalho e estudo.

Diante desse contexto, procuramos investigar o que efetivamente procuram esses discentes em seu curso de formação para o magistério no Curso de Licenciatura em Pedagogia de uma universidade privada da Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu (RJ). CAMINHOS DA PESQUISA

Procuramos conceber um trabalho que aliasse a pesquisa de campo às questões legais da formação docente, partindo da escuta dos futuros docentes em seu curso de formação inicial em nível superior. Para tal optamos inicialmente pela construção de um questionário respondido por alunos ingressantes no Curso de Pedagogia. Elegemos questões que consideramos necessárias a nossa investigação antes das falas sobre as expectativas dos discentes em relação à atuação no magistério após o curso de formação inicial.

Os sujeitos da pesquisa são alunos regulares do Curso de Pedagogia noturno em uma Instituição de Ensino Superior particular na Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro (Brasil). Inicialmente, julgamos importante estabelecer questões iniciais

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como idade, sexo, que curso fizeram em nível médio e atuação profissional atual para termos uma visualização do perfil dos alunos envolvidos em nossa investigação.

Após visualização do perfil, procuramos verificar o objetivo principal de optarem pelo curso e, por se tratar de um Curso de Pedagogia, foi pertinente também investigar se ainda temos professores formados em nível médio atuando ou não no magistério e em que Sistema de Ensino, tendo em vista a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 (BRASIL, 1996) que admite como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, no Ensino Médio, na modalidade Curso Normal conforme artigo 61, incisos I e II:

Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009) I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009); II – trabalhadores da educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009).

Finalizamos a investigação com as falas desses graduandos ingressantes no Curso de Pedagogia sobre as expectativas em relação a sua formação na futura atuação no magistério.

A análise do conteúdo foi empreendida pela análise de conteúdo tal qual prescreve Bardin (1977), a qual nos permitiu um olhar diferenciado face às respostas apresentadas, possibilitando uma melhor compreensão a respeito do questionamento sobre as expectativas dos alunos quanto a sua formação visando o trabalho docente.

Após a análise das falas individuais, foi realizada com os alunos uma conversa intencional (RIZZINI; CASTRO; SARTOR, 1999) do tipo semiestruturada com tópicos voltados à investigação com os discentes em relação a sua formação no curso para o magistério.

Dessa forma, pretendíamos confrontar questões do cotidiano do Curso com os documentos legais em torno da formação e, para tal, recorremos à Resolução n. 1/2002, que institui as Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores da Educação Básica em nível Superior, Curso de Licenciatura. Do referido documentos, destacamos o artigo 2º, incisos I a VII:

A organização curricular de cada instituição observará, além do disposto nos artigos 12 e 13 da Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, outras formas de orientação inerentes à formação para a atividade docente, entre os quais o

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preparo para: I – o ensino visando à aprendizagem do aluno; II – o acolhimento e o tato da diversidade; III – o exercício de atividades de enriquecimento cultural; IV – o aprimoramento em práticas investigativas; V – a elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento dos conteúdos curriculares; VI – o uso de tecnologias de informação e da comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores; VII – o desenvolvimento de hábitos de colaboração e de trabalho de equipe.

Por se tratar de um Curso de Pedagogia nos ancoramos também na Resolução CNE/CP nº 1 de 15 de maio de 2006, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, Licenciatura, definindo princípios, condições de ensino e de aprendizagem. Em se tratando da formação inicial para o exercício da docência o artigo 2º da referida diretriz define:

As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.

A pesquisa fez um recorte neste campo da formação docente e nos restringimos à indagação do que se espera dos futuros docentes do magistério, por meio dos documentos legais pertinentes ao assunto e exatamente o que eles esperam de sua formação para o exercício do magistério.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O QUE DIZEM OS DISCENTES

Diante do exposto o presente estudo buscou investigar junto aos alunos do curso de Pedagogia, de uma universidade privada no Município de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense/Rio de Janeiro (Brasil), questões sobre formação docente, por meio da escuta das expectativas profissionais dos futuros professores, enquanto alunos dos cursos de formação inicial para a docência, em nível superior.

Foram respondidos 25 questionários; o instrumento está dividido em duas partes complementares: a primeira, destinada à caracterização dos sujeitos respondentes e a segunda, composta de perguntas abertas e fechadas, priorizando o foco da visão do futuro profissional do magistério em sua formação, por meio de suas expectativas profissionais futuras. Com isso cremos que a voz desses discentes é um ponto de partida para repensarmos a formação e também as práticas docentes futuras.

Para tanto, encontramos no Curso de Pedagogia um universo feminino, no qual tínhamos somente 2 alunos do sexo masculino. Quanto à idade, encontramos um total de 9 com idade inferior a 20 anos e 8 na faixa de idade de 30 a 40 anos.

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Quanto à formação do Ensino Médio, 14 alunos concluíram o Curso de Formação de Professores, 3 alunos fizeram o curso de Formação Geral e 8 concluíram curso técnico profissionalizante. Salientamos que, quanto à atuação no magistério anterior ao ingresso no Curso de Pedagogia, é evidenciado seu exercício na rede particular de ensino.

Verificando as atividades profissionais, todos os 14 alunos que concluíram o Curso de Formação de Professores atuam na educação; 10 atuam no mercado de trabalho em áreas diversas, mas 2 deles atuam em atividades pertinentes ao cotidiano escolar: secretária escolar e mediadora de leitura. E somente 2 encontram-se desempregados.

Dentro das propostas de nossos estudos, tendo em vista que muito se tem discutido sobre o papel do professor e a constituição de um processo que implica em uma reflexão permanente sobre sua formação e trabalho docente, fomos investigar junto aos alunos quais motivos de estarem fazendo o curso e atuação no magistério anterior ao Curso de Pedagogia.

Diante dos resultados, 12 alunos escolheram o curso com uma visão de ascensão profissional e 11 alunos fizeram a escolha por desejo próprio. Muito nos questionamos, pois 1 está fazendo o curso por falta de opção e 2 pela oportunidade de fazerem parte do Programa Universidade para Todos (PROUNI).

No que se refere à imposição familiar, não houve a escolha dos alunos para essa opção. Esse é um forte indício que reflete a questão de mudança de paradigma da profissão de professor diante do grupo familiar entre outros, como podemos observar na trajetória descrita por Lüdke:

Tal como aparece hoje, a “profissão” docente exibe, mesmo aos olhos do observador comum, sinais evidentes de precarização, visíveis pela simples comparação com datas passadas. À parte a nostalgia, que em geral valoriza mais o que já passou (“a minha escola”, “a minha professora...”), não é difícil constatar a perda de prestígio, de poder aquisitivo, de condições de vida e, sobretudo de respeito e satisfação no exercício do magistério hoje. Todas as vezes que nos lastimamos ao constatar o “declínio da profissão docente” acabamos por nos voltar, em última instância, ao fator econômico, que se encontra na base do processo de “decadência do magistério”, com o concurso, por certo, de outros fatores a ele agregados. Há 30 ou 40 anos, o salário do professor, ou melhor, da professora primária, representava garantia de vida digna para a “profissional” celibatária, ou uma ajuda considerável no orçamento familiar das casadas. Mas, já naquela época, havia um contingente de normalistas que não sonhavam mais em se tornar professoras, embora estivessem num curso de preparação para o magistério. (LUDKE, p.1180, 2004; aspas no original).

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Como nosso estudo implica visualizar o futuro profissional do magistério em sua formação por meio de suas expectativas profissionais, acreditamos que a voz desses discentes é um ponto de partida para repensar a formação e também as práticas docentes futuras.

Assim sendo, foi analisada a pergunta que propõe um tópico que deve ser mais enfatizado na composição das expectativas à profissão futura. Seguindo a análise de conteúdo indicada por Bardin (1977), numa tentativa de compreensão das respostas apresentadas e numa reflexão que tem questionado a formação e trabalho docente, verificamos que os alunos ao ingressarem em um curso de graduação intensificam o desejo de estarem melhor preparados ao término do curso e priorizam a importância da qualificação profissional. Como os alunos afirmam:

- Minhas expectativas são as melhores possíveis, mas desejo estar mais preparado no final do curso (A 05);

- Estar mais preparado para atuar no magistério. (A 8);

- Ser um profissional qualificado para atuar no mercado. (A 11); - Minhas expectativas são de aprimoramentos profissionais. (A 19);

- Estar fazendo o curso de Pedagogia é um desejo de voltar a exercer o magistério com qualificação. (A 20);

- Meu desejo principal é ter competência para atuar no magistério. (A 23).

Enquanto na sua maioria os alunos estão preocupados com a formação profissional e declaram a importância dessa formação profissional com vistas na atuação no magistério, ainda encontramos um aluno que afirma estar gostando das disciplinas pedagógicas, mas não pretende atuar no magistério. Consideramos um momento questionador quanto à natureza, os objetivos e as lógicas que presidem a concepção do educador enquanto sujeito que transforma e ao mesmo tempo é transformador pelas próprias contingências da profissão.

Dessa forma, reiteramos a necessidade de repensar da trajetória da formação docente até a nossa contemporaneidade num confronto com as orientações legais e avaliar a persistência de acadêmicos ingressarem num curso de graduação sem uma opção profissional, o que pode comprometer a atuação profissional do futuro professor.

Nossa intenção é chamar para o debate as forças que compõem o campo de atuação na Educação para estabelecer um debate amplo, o qual possa contribuir não só para o equacionamento das questões, mas, sobretudo discuti-las à luz de

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encaminhamentos possíveis e exequíveis frente às diversas realidades. REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Porto: Edições Setenta, 1977.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/9, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.

BRASIL CNE/CP. Resolução nº 1/2002. Institui: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores de educação Básica em Nível Superior, Curso de Licenciatura, de Graduação Plena. Brasília: 2002.

________________. Resolução nº 1/2006. Institui: Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, Licenciatura. Brasília, 2006.

BRASIL, Ministério da Educação. Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005. Institucionaliza o Programa de Universidade para Todos.

BOING, Luiz Alberto e LUDKE, Menga. Caminhos da Profissão e da Profissionalidade Docente. Educ. Soc., Campinas, V.25, nº 89, p. 1159-1180, Set/Dez. 2004

EVANGELISTA, Olinda e SHIROMA, Eneida. Professor: Obstáculo à Reforma do Estado. XX Congresso de La Asociación Latinoamericana de Sociologia. Porto Alegre:UFRGS, 22 a 26 de agosto de 2005.

LÜDKE, Menga. Aproximando a Universidade da Escola Básica pela Pesquisa. Cadernos de Pesquisa, V.35, nº125, ma/ago. 2005.

PERRENOUD, Philippe. As Competências para Ensinar no Século XXI: A Formação dos Professores e o Desafio da Avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002. RIZZINI, I.; CASTRO, M. R.; SARTOR, C. S. D. Pesquisando: guia de metodologias de pesquisa para programas sociais. Rio de Janeiro: USU Ed. Universitária, 1999. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e a formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

Referências

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