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A CULTURA DE PAZ NOS ESPAÇOS EDUCACIONAIS: UMA REFLEXÃO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE IMPLEMENTAÇÃO

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Academic year: 2021

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A CULTURA DE PAZ NOS ESPAÇOS EDUCACIONAIS: UMA

REFLEXÃO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE IMPLEMENTAÇÃO

The culture of peace in educational environments: a rumination on the

possibilities of implementation

William Gonzales Marinho Florencio1, Paula Betina Compassi da Costa2,

Veronice Mastella3

Resumo: O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a importância da promoção de

uma cultura de paz e da não-violência na sociedade, mais especificamente nos ambientes escolares, uma vez que é nesse meio em que se inicia o debate de assuntos sociais, éticos e morais e que contribuem na construção da visão social de cada um dos indivíduos (alunos/estudantes). O estudo busca também ressaltar a relevância da mudança de comportamento dos indivíduos em sociedade para o combate das atitudes violentas, tendo como base a Declaração dos Direitos Humanos e a legislação vigente voltada à educação para a paz. Trata-se de um estudo de cunho exploratório e descritivo, através de um levantamento bibliográfico, com abordagem qualitativa, realizado como uma das atividades desenvolvidas pelo projeto de Demanda Induzida/Unicruz denominado “Do diálogo à ação: processos comunicacionais por uma cultura de paz”. O estudo demonstra que a preocupação pelo desenvolvimento e consolidação de uma educação para paz, isto é, de uma educação para uma cultura de paz é mundial e existe há muitas décadas. Numa sociedade que diariamente vivencia casos de violência, os quais estão, frequentemente, naturalizados (em filmes, jogos, vídeos, publicações na internet, programas televisivos, entre outros) o processo de construção de uma cultura da paz deve ser cada vez mais estimulado nas escolas, de forma precoce e continuada.

Palavras-chave: Educação. Não-violência. Comunicação. Paz.

Abstract: The present article has as its purpose to ruminate about the importance of peace

culture and the non-violent practice on society, more precisely on educational environments, whereas it’s in this context that initiates the debate of social matters, ethical and moral, which contributes in the construction of social perception of each individual (students). Furthermore, the study aims to highlight the relevance of changing behavior of individuals in society to prevent violent measures, based on the declaration of human rights and the current legislation

1 Discente do curso de Jornalismo, da Universidade de Cruz Alta - Unicruz, Cruz Alta, Brasil. E-mail: williamgonzales2015@gmail.com

2 Discente do curso de Fisioterapia, da Universidade de Cruz Alta - Unicruz, Cruz Alta, Brasil. E-mail: beehcompassi@gmail.com

3 Pesquisadora do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Linguagens e Comunicação (GEPELC) da Universidade de Cruz Alta - Unicruz, Cruz Alta, Brasil. Docente do curso de Jornalismo da Unicruz. Doutora em Letras - Estudos Linguísticos (UFSM), Mestre em Comunicação Social (UMESP). E-mail: vmastella@unicruz.edu.br

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aimed to peace education. The study is exploratory and descriptive, through a bibliographic survey, with qualitative approach, accomplished as one of the activities developed by the project Induced Demand/Unicruz called “From the dialog to action: communication processes for a culture of peace”. The research indicates that the concern for the development and consolidation of an education for peace, that is, an education for a peace culture, is worldwide and has been around for many decades. In a society that day-to-day experiences naturalized cases of violence, (through films, games, videos, internet publications, television programs among others), the process of establishing a peace culture must be more encouraged in schools, precociously and continued.

Keywords: Education. Non-violence. Communication. Peace.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Na sociedade contemporânea, manifestações de violência (xingamentos, agressões, assassinatos) fazem-se presentes, diariamente, em diferentes situações e contextos. No Brasil, de acordo com Cerqueira et al. (2019), a partir de dados explicitados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS), 65.602 homicídios ocorreram no Brasil em 2017, resultando em uma taxa de aproximadamente 31, 6 mortes para cada cem mil habitantes. Considerando os dados apresentados, percebe-se que houve um exacerbado número de homicídios, somente em 2017, em decorrência da presença da violência em sociedade. Violência pode ser definida como:

O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação (KRUG et al., 2002, p. 5).

A autora observa ainda que a violência pode ser dividida em três categorias: violência auto-infligida, violência interpessoal e violência coletiva. A violência auto-infligida é subdividida em comportamento suicida (pensamentos suicidas, tentativas de suicídio, e suicídios completados) e auto-abuso (atos como a automutilação). A violência interpessoal, por sua vez, é dividida em duas subcategorias: violência da família e de parceiro(a) íntimo(a) e violência comunitária (violência que ocorre entre pessoas sem laços de parentesco, consanguíneo ou não, e que podem conhecer-se ou não). E a violência coletiva é subdividida em violência social, política e econômica. “A natureza dos atos violentos pode ser física, sexual, psicológica e envolvendo privação ou negligência” (KRUG et al., 2002, p. 6).

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Tendo em vista que a sociedade se configura como um ambiente onde todos os tipos de violência, das três categorias citadas, podem se instalar e gerar danos, simultaneamente, a procura por soluções e/ou alternativas que combatem e previnem atos violentos caracterizam-se como necessárias e indispensáveis. Nessa perspectiva, uma alternativa que caracterizam-se mostra viável para combater a disseminação da violência em sociedade e incentivar práticas saudáveis, pautadas no respeito e no diálogo, é a promoção de uma cultura de paz. Segundo o artigo 1º da Resolução 53/243 da Assembleia Geral da ONU - Declaração e programa de ação sobre Cultura de Paz, de outubro de 1999, uma cultura de paz tem a seguinte definição:

[...] um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados: a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não-violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação; [...] c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos; [...] g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens; [...] i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações [...] (ONU, 1999, p. 2-3).

Levando em consideração a definição de cultura de paz pela ONU, onde a cooperação entre os indivíduos é um dos pontos que norteiam seu conceito, tem-se o entendimento que a união entre as pessoas, independentemente de suas especificidades, é uma atitude imprescindível para a implementação de uma cultura de paz. Para a Unesco, apesar da evolução tecnológica ter aproximado as pessoas e ter possibilitado o compartilhamento de conhecimentos entre os indivíduos em um ambiente on-line, mantendo-os interconectados, ainda assim, isso não significa que os indivíduos e sociedade estão vivendo juntos, com paz e justiça para todos.

Assim, o presente artigo tem como objetivo evidenciar a importância da promoção de uma cultura de paz e a prática de não-violência na sociedade, mais especificamente nos ambientes escolares. Depois da família, a escola é (ou deve ser) um espaço em que se inicia o debate de assuntos sociais, éticos e morais, os quais auxiliam na construção da visão social de cada um dos indivíduos (alunos/estudantes). Este estudo procura também ressaltar a relevância da mudança de comportamento dos indivíduos em sociedade para o combate das atitudes violentas, tendo como base a Declaração dos Direitos Humanos e a educação para a paz.

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2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de um estudo de cunho exploratório e descritivo, através de um levantamento bibliográfico, com abordagem qualitativa. Para o desenvolvimento do estudo, foram consultados leis e artigos acadêmicos com a temática “cultura de paz” e “violência”, bem como textos da Organização Das Nações Unidas (ONU) acerca dos Direitos Humanos. A fundamentação do estudo foi pautado pela Lei nº 13.663, de 14 de maio de 2018, voltada para o papel da escola diante das situações de violência em seus espaços, e pela Lei nº 13.185, de 6 de novembro de 2015, voltada para o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Uma cultura de paz busca o diálogo entre as pessoas, o respeito à vida e o fim de atitudes violentas, tendo em vista que “assim como as guerras nascem nas mentes humanas, é nas mentes humanas que devem ser erguidas as defesas da paz” (GUIMARÃES, 2006, p. 2). Construir uma cultura de paz é um grande desafio pois a exteriorização da violência pelo ser humano está presente na história da evolução da humanidade desde o seu primórdio, onde os homens primitivos usavam da brutalidade e da violência para caçar e lutar pela sua sobrevivência. Apesar das grandes mudanças socioculturais nos últimos séculos, ainda são frequentes, até os dias atuais, atitudes violentas que ferem a garantia dos direitos humanos, através de danos e, em casos extremos, tragédias que chocam a sociedade, como por exemplo, a Primeira Guerra Mundial, quando grande parte da juventude europeia foi dizimada.

Após os eventos da Primeira Guerra, o primeiro estopim do uso de práticas violentas contra a humanidade, educadores como Maria Montessori (1870-1952) e Jean Piaget (1896-1980) começaram a questionar sobre a possibilidade de a educação contribuir para evitar a repetição daquela tragédia. Congressos foram realizados com o objetivo de criar, por meio do conhecimento das diversas culturas, do contato e interação com as várias nacionalidades, um espírito mais aberto e menos intolerante (GUIMARÃES, 2006). Foram os primeiros passos para o entendimento de uma educação para a paz. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 2 de setembro de 1945, o mundo estava dilacerado e horrorizado diante das atrocidades cometidas pelo partido nazista durante o período que ele esteve no poder. Em 24 de outubro de 1945, durante o período pós-Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas foi criada após a comunidade internacional entender que era necessário encontrar uma forma

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de manter a paz entre os países. Desde a criação das Nações Unidas, um de seus objetivos tem sido promover e encorajar o respeito aos direitos humanos para todos os indivíduos. Com isso, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no dia 10 de dezembro de 1948 (ONU).

Os Direitos Humanos são compreendidos como aqueles direitos inerentes ao ser humano. É assegurado pelos Direitos Humanos a proteção contra ações que venham a interferir nas liberdades fundamentais e na dignidade humana, buscando proteger e garantir os direitos de indivíduos e grupos independentemente de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza (ONU). De acordo com a ONU, são algumas das características mais importantes dos Direitos Humanos:

[...] Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa; Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas; Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. [...] Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros; Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada pessoa (ONU).

Após a experiência da Segunda Guerra, especialmente da Bomba Atômica e do Holocausto, a proposta da educação para a paz foi retomada por diversos grupos em diferentes contextos. Nos países nórdicos, nas décadas de 1950 e 1960, várias universidades começaram a pesquisar cientificamente as condições para a construção da paz, criando uma nova disciplina: os estudos de paz (GUIMARÃES, 2006, p. 2). A década de 1980 não foi diferente das décadas anteriores, uma vez que também foi marcada pelo desenvolvimento da educação para paz.

[...] a década de 1980 viu a expansão e a consolidação da educação para a paz, com a publicação de literatura especializada, o surgimento de associações de educadores, a fundação de centros universitários de pesquisa e, sobretudo, a difusão de práticas seja na educação formal ou informal, com experiências diversas em áreas como resolução não-violenta de conflitos, a crítica à violência difundida pela sociedade, a capacitação de lideranças para atuarem na promoção da paz etc. (GUIMARÃES, 2006, p. 2).

A preocupação pelo desenvolvimento e consolidação de uma educação para paz, ou ainda, de uma educação para uma cultura de paz, tem marcado décadas. Ainda assim, no entanto, a sociedade atual é marcada diariamente por casos de violência, os quais são naturalizados através de filmes, jogos, vídeos, publicações na internet, programas televisivos,

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entre outros. Para que haja uma mudança na sociedade, é preciso que haja uma mudança de comportamento dos indivíduos, com o desuso de atos violentos e a adoção de atos que tenham como base a cultura de paz. Para tanto, é necessário investir em ações que incentivem a cultura da paz nos espaços educacionais, uma vez que “a educação para a Cultura de Paz proporciona ao indivíduo a possibilidade de alterar seus comportamentos ainda que a cultura da sociedade em que vive o induza a reproduzir comportamentos violentos” (SEIXAS; DIAS, 2013, p. 23).

De acordo com Seixas e Dias (2013, p. 23) “os pais são os primeiros educadores da criança e primeiros mediadores da sua aprendizagem e tem influência crucial no desenvolvimento global dos seus filhos, no aprendizado de valores éticos, morais e de condutas sociais”. No entanto, não somente os pais são incumbidos da tarefa de orientar as crianças e adolescentes no aprendizado de valores e condutas. A escola, como espaço educacional, junto da família, também tem a função de ponte mediadora entre os indivíduos e a sociedade. A escola transmite a cultura e, com ela, modelos sociais de comportamento e valores morais, possibilitando com que as crianças e adolescentes se humanizem, se cultivem e se socializem (SEIXAS; DIAS, 2013, p. 32).

Para Seixas e Dias (2013, p. 32-33), a escola não deve ensinar conhecimento distante da realidade social, isto é, os conteúdos não devem ser ensinados como se nada tivessem a ver com a realidade social. Os autores, ainda, defendem que a escola não deve se preocupar com a transmissão de um saber:

[...] voltado para o acúmulo de conhecimentos esquecendo a formação do cidadão que se baseia na aquisição de valores éticos: de respeito à vida, à dignidade humana e aos recursos naturais; bem como a prática da solidariedade e a aceitação da diversidade, tendo como proposta a promoção de uma cultura de paz (SEIXAS; DIAS, 2013, p. 32-33).

Ou seja, os autores entendem que a escola deve ensinar conhecimento alinhado à realidade social, com base na promoção de uma cultura de paz. Com isso, cabe a escola, em parceria com a família, incentivar a prática de boas ações, voltadas à paz, com o objetivo de oferecer às futuras gerações uma educação que contribua para a promoção dos direitos humanos e a prática de não-violência.

Diante desse entendimento, leis que explicitam o papel da escola foram criadas e aprimoradas. É o caso da Lei nº 13.663, de 14 de maio de 2018, que altera o art. 12 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir entre as incumbências dos estabelecimentos de

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ensino a promoção de medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência e a promoção da cultura de paz.

Art. 1º O caput do art. 12 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos IX e X:

IX - Promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas;

X - Estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas.

A Lei nº 13.663, por meio do inciso IX, coloca de forma explícita como obrigatoriedade dos estabelecimentos de ensino o desenvolvimento de um programa efetivo de combate ao bullying. Segundo Seixas e Dias (2013, p. 15) “bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder”. A prática do bullying, intimidação sistemática, nos ambientes educacionais é um problema que gera consequências extremas (como isolamento, depressão e pensamentos negativos de vingança), por isso deve ser combatido e exterminado. Com o intuito de combater o bullying, a Lei n° 13.185, de 6 de novembro de 2015, institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). A lei, por meio dos seus artigos, estabelece a todo território nacional a obrigação de adotar medidas de combate ao bullying, visando a capacitação de docentes e da equipe pedagógica para que sejam implementadas ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema. Inclui, também, o desenvolvimento de campanhas de educação, conscientização e informação, integrando os meios de comunicação de massa com a escola e a sociedade, instituindo práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores, dando assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores. Dentro da mesma lei, também fica estabelecido que para ter controle sobre a ocorrência de casos de bullying e saber se o programa adotado é eficaz, a escola deve produzir e publicar relatórios bimestrais das ocorrências de intimidação sistemática nos Estados e Municípios para planejamento das ações.

O inciso X da Lei nº 13.663, por sua vez, coloca de forma expressa a necessidade que a escola tem de promover ações específicas para disseminar a cultura de paz. Desse modo, há assim exigências para que a promoção de uma cultura de paz seja mais que um simples documento, mas uma ação transformadora pautada no diálogo, onde a escola será reestruturada de acordo com o método pedagógico da mesma. Com o desenvolvimento de

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ações voltadas à cultura de paz, a escola poderá ensinar conhecimento alinhado à realidade da sociedade, conforme o pensamento de Seixas e Dias (2013), já citados, bem como reforçar seu papel como espaço de aprendizado e primeiro contato com as noções de cidadania e direitos humanos.

Para cumprir as incumbências estabelecidas pela Lei nº 13.663, os espaços educacionais necessitam, primeiramente, identificar os tipos de violência que norteiam as atitudes dos indivíduos, bem como o motivo causador das mesmas. Para tal, a escola deve oportunizar espaços conversacionais, pautados no diálogo e na empatia, onde uma escuta sensível se faça presente para que os indivíduos se sintam confortáveis para compartilhar seus sentimentos, pensamentos e experiências. Ademais, é necessário que a escola suscite o diálogo entre os indivíduos (alunos e professores) através de rodas de conversas em um momento voltado para o debate de ideias entre os participantes.

A partir da percepção de atitudes responsivas (feedbacks) pelos participantes das rodas de conversas, o corpo docente pode fazer uso das experiências e ideias compartilhadas pelos indivíduos para a elaboração de um manual de boas práticas, cuja função seja propiciar com que os alunos reflitam acerca das suas atitudes no ambiente escolar. Além disso, a escola também pode oportunizar palestras que tenham como temática a cultura de paz e os direitos humanos, para que assim os estudantes compreendam o seu papel como cidadão. Assim, através do desenvolvimento de ações que busquem combater situações de violência, bem como a intimidação sistemática, os espaços educacionais terão condições de se tornarem um ambiente harmonioso e acolhedor.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca pelo desenvolvimento e pela consolidação da educação para a paz percorreu décadas e tem sido um assunto em comum entre diversos países. Com o objetivo de erradicar atitudes violentas e evitar tragédias, como a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, os estudos voltados para a educação para paz foram desenvolvidos e aprofundados para desenvolver e fomentar um espírito mais aberto e menos intolerante no mundo. No entanto, como foi pontuado, atitudes violentas ainda se fazem presentes na sociedade, as quais ferem, diretamente, os direitos humanos e retardam os avanços conquistados pela educação para a paz ao longo dos anos.

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Diante disso, é necessário que uma cultura de paz seja implementada nos espaços educacionais, através de ações e atividades pautadas no diálogo e na empatia, uma vez que é na escola em que se inicia o debate de assuntos sociais, éticos e morais. Desse modo, estudos que evidenciam a importância da promoção de uma cultura de paz e, principalmente, o combate da violência nos espaços educacionais caracterizam-se como imprescindíveis, uma vez que o papel da escola diante das situações de violência está, inclusive, explicitado em lei. Com a promoção de uma cultura de paz no ambiente escolar as novas gerações poderão desenvolver um pensamento que refute a violência e acolha a união entre os indivíduos, pois como salienta a Unesco “a paz é mais do que a ausência de guerra, é viver junto com as nossas diferenças – de sexo, raça, língua, religião ou cultura –, enquanto promovemos o respeito universal pela justiça e pelos direitos”.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.185- Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Disponível em:

https://www.jusbrasil.com.br/topicos/79645819/artigo-1-da-lei-n-13185-de-06-de-novembrode-2015. Acesso em: 22 set. 2020.

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.663 - Altera o art. 12 da Lei nº 9.394.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13663.htm. Acesso em: 22 set. 2020.

CERQUEIRA, D. et al. Atlas da Violência. Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2019.

GUIMARÃES, M. R. A educação para a paz como exercício da ação comunicativa: alternativas para a sociedade e para a educação. Porto Alegre, ano XXIX, n. 2 (59), p. 329 – 368, Maio/Ago. 2006. Disponível em:

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/447/343. Acesso em: 03 ago. 2020

KRUG, E. G. et al. (Org.). Relatório mundial sobre violência e saúde. Geneva: Organização Mundial da Saúde, 2002.

ONU. Relatório mundial de cultura de paz. Década de Cultura de Paz, Resolução da Assembleia Geral A/59/143, 1999.

ONU. O que são direitos humanos. Disponível em:

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ONU. História. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/conheca/historia/>. Acesso em: 16 set. 2020.

SEIXAS, M. R. D.; DIAS, M. L. Violência Doméstica e a Cultura da Paz. Roca, 2013. UNESCO. Cultura de paz no Brasil. Disponível em:

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