INVERNIA
HAIKU
2017
INVERNIA
COLETÂNEA ORGANIZADA POR JOSÉ MARINS A. A. DE ASSIS CARLOS BUENO CARLOS VIEGAS CLARA SZNIFER EDU HOFFMANN ELIANA JIMENEZ JOSÉ MARINS MAHELEN MADUREIRA MÁRIO ZAMATARO NATALIA YAMANE NELSON SAVIOLI ROSE MENDES SERGIO FRANCISCO PICHORIM TERESA CRISTINA CERQUEIRA VANICE ZIMERMAN
Feitos por SHUHEI UETSUKA, em 1908, são de inverno os primeiros haiku no Brasil:
karetaki miagete iminsen
Navio de imigrantes. Avista-se lá em cima a cascata seca.
burajiru no shoya naru takibi matsuri kana
A primeira noite da chegada no Brasil – Festa de fogueiras.
ASSIS Geada na relva.
Até a cabeça da vó fica mais branquinha.
Nova frente fria. Turistas brincam de Europa no sul do Brasil.
A invernia é linda. Desde que eu tenha com quem torná-la bem-vinda.
CARLOS
Seca de inverno. Da árvore flutua
a última folha. Carlos Bueno
Pelo rio seco caminha sem parar , o andarilho.
Leve assobio. Entre as pedras do muro o vento seco.
VIEGAS por breve instante
o horizonte em cores arrebol de inverno
noite de inverno na cama arrumada só um travesseiro
tristeza no olhar até onde a vista chega só o campo seco
CLARA
O sanfoneiro toca e a panela esquenta. Eta, pipoca boa! Clara Sznifer
Mungunzá é servido com nome de canjica. Vixe, o baiano estranha
O baile já começa com os casais animados. Quentão para todos!
EDU cor de turmalina
a borboleta de inverno – voa, bailarina!
frio da manhã tiritando a coruja lá no tarumã
rápida no rio a tainha de inverno ah, nem passa frio
ELIANA
Ao longe a silhueta de uma árvore sem folhas. Viço adormecido. Eliana Jimenez
Sopa no fogão. O vento lá fora aumenta a queda de folhas.
Os meninos pisam as folhas secas no pátio. Hora do recreio.
MARINS suinã da pracinha
o carmim das flores em galhos espinhentos
ipê-roxo em flor deixando as flores ao vento o gari se vai
a menina volta – flores de ipê-rosa viram selfie na Internet
MAHELEN Festejo na roça.
No cabelo da mocinha flores-de-são-joão.
A casa em ruínas... Mas o pé de poinsétia ainda florido.
Entrada do sítio . Nas flores da cerejeira antigas lembranças.
MÁRIO No canto da sala,
o vaso da azálea branca. Não me sinto só.
Orquídea de inverno. A poltrona preferida, ao lado do vaso.
As painas na grama. A praça ganha a aparência de um lugar distante.
NATALIA
os menores da sala na frente da quadrilha – lembrança da infância Natalia Yamane
traje caipira – refaz a barra do vestido a mãe solteira
correio elegante – embrulhado no bilhete o anel de noivado
NELSON O cão vigia
as pitangas no chão. A menina dorme.
As brasas dormentes. Atrás das batatas doces, o sopro da infância.
Baita ventania. Um pijama caminha sobre os pés de nabo.
ROSE
sacola da feira dois quilos de mandiocas pesam bastante Rose Mendes
quanto barulho! bolinhos de couve-flor na mira dos irmãos
maços de rábano – parecem mais fresquinhos
depois da chuva
PICHORIM Chuva de inverno.
Um mate solitário na ausência do pai.
Uma réstia de sol chega até a cristaleira. Manhã de inverno.
Ar de inverno. Chega ao fundo do peito o seu frescor.
TERESA Casa da vovó.
Bom é acender a fogueira com a vizinhança.
Ó, sons de rojões! Da vez que fui com papai olhar uma festa.
Fogos de artifício. A menina fecha os olhos com medo das luzes.
VANICE de manhãzinha –
sobre os livros da escola um cachecol
no papel de seda um gorro em tons de lilás – presente esperado
vitrina de loja – ceroulas aquecem um manequim
INVERNIA
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Curitiba - PR - Brasil inverno/2017