UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal
HISTOPATOLOGIA E REAÇÃO EM CADEIA PELA POLIMERASE
(PCR) DO SISTEMA GENITAL DE CAPRINOS INFECTADOS COM
O VIRUS DA ARTRITE ENCEFALITE CAPRINA
Escola de Veterinária da UFMG
Belo Horizonte
JULIANA DEL GIÚDICE PANIAGO
HISTOPATOLOGIA E REAÇÃO EM CADEIA PELA POLIMERASE
(PCR) DO SISTEMA GENITAL DE CAPRINOS INFECTADOS COM
O VIRUS DA ARTRITE ENCEFALITE CAPRINA
Escola de Veterinária da UFMG
Belo Horizonte
2010
Monografia apresentada na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Residência Médico-Veterinária I, na área de Patologia Veterinária.
Paniago, Juliana Del Giúdice, 1985-
P192h Histopatologia e reação em cadeia pela polimerase (PCR) do sistema genital de caprinos infectados com o vírus da artrite encefalite caprina / Juliana Del Giúdice Paniago. – 2010.
34 p. : il.
Preceptor: Renato de Lima Santos
Monografia apresentada na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Residência Médico-Veterinária I, na área de Patologia Veterinária.
Inclui bibliografia
1. Caprino – Doenças. 2. Artrite encefalite caprina. 3. Reação em cadeia de polimerase. 4. Histopatologia. I. Santos, Renato de Lima. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária. III. Título.
1 Introdução... 9
2 Revisão de Literatura... 9
2.1 Etiologia... 9
2.2 Epidemiologia... 10
2.3 Patogênese... 12
2.4 Aspectos Clínicos e Anatomo-histopatológicos... 13
2.5 Diagnóstico... 15
2.6 Controle... 16
3 Material e Métodos... 18
3.1 Animais... 18
3.2 Análise Histopatológica... 19
3.3 Extração de DNA pró-viral a partir de tecidos... 19
3.4 Reação em cadeia da polimerase (PCR nested)... 20
4 Resultados e Discussão... 22
4.1 Análise Histopatológica... 22
4.2 Análise de reação em cadeia de polimerase (PCR nested)... 25
5 Conclusão... 27
Tabela 1: Lesões histopatológicas observadas em articulação carpal e
pulmão dos animais infectados com CAEV. 23
Tabela 2: Análise de tecidos de 8 caprinos infectados com CAEV avaliados
quanto a detecção de parte da sequência gag do DNA pró-viral usando reação pela cadeia de polimerase (PCR nested).
25
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Histopatologia dos animais infectados com CAE. A- Pneumonia
intersticial linfo-histiocitária, com alguns neutrófilos, multifocal moderada, HE 60X. B- Sinovite linfo-histio-plasmocitária difusa moderada, HE 20X. C- Epididimite linfo-plasmocitária multifocal moderada, no detalhe caracterização do infiltrado inflamatório linfo-plasmocitário HE 20X e 60X, respectivamente.
24
Figura 2: Foto de gel de agarose 2% do animal 1 exemplificando a
amplificação de DNA pró-viral de CAE obtido em tecido através da PCR nested. Foram utilizados primers para amplificar gag de CAEV cujo peso molecular é 185 pb. PM: Peso Molecular Kb plus, C+: Controle Positivo, A: Pulmão, B: Gl. Vesicular, C: Testículo, D: Ampola, E: Cauda do Epidídimo, F: Cabeça do Epidídimo, G: Corpo do Epidídimo, H: Gl. Bulbouretral, I: Próstata, C-: Controle Negativo. Colunas B e C- são negativas e as demais, positivas.
A Artrite Encefalite Caprina (CAE) é uma doença cosmopolita, multissistêmica em caprinos causada pelo lentivírus de pequenos ruminantes (SRLV) denominado CAEV. Apesar de a via oral ser considerada a principal via natural, há indícios de que as transmissões uterina, no período peri-parto e a disseminação de DNA pró-viral de SRLV no sêmen também seriam possíveis. O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão de literatura e avaliar animais infectados através de análise histopatológica e de reação em cadeia pela polimerase (PCR nested) buscando a detecção de DNA pró-viral em tecidos sabidamente afetados e também no trato genital do macho. Para tal foram utilizados 8 caprinos infectados sendo um naturalmente infectado, dois experimentalmente infectados com inoculação de sangue de animal doador soropositivo e cinco infectados através de inoculação de cultura de células infectadas. Após 18 meses os animais foram adequadamente eutanasiados e necropsiados, seus tecidos coletados para análise histopatológica e de PCR nested. Obteve-se, como resultado, lesões histopatológicas sabidamente relacionadas à doença e lesões que não foram descritas como tal. O PCR nested detectou DNA pró-viral em tecidos sabidamente afetados além de determinar sua presença em órgãos do trato reprodutor. Estes resultados seriam o suporte inicial para provar que o vírus da CAE pode ser transmitido pelo sêmen. Palavras-chave: vírus artrite encefalite caprina, SRLV, histopatologia, PCR, caprinos.
1 INTRODUÇÃO
A infecção pelo vírus da artrite encefalite caprina (CAEV) ocorre por todo o mundo e pode causar infecção persistente que resulta em inflamação subclínica, afetando um ou mais órgãos, como articulação, pulmão, glândula mamária e cérebro. A infecção ocorre principalmente nos primeiros meses de vida através da ingestão de colostro de cabras ou ovelhas infectadas. A indução da reposta imunológica é variável e não é capaz de proteger o animal contra a infecção (Callado et al., 2001).
O diagnóstico se dá principalmente pela detecção de anticorpos, sendo os testes de imunodifusão em gel de
agar (AGID) e os ensaios
imunoenzimáticos (ELISA) os mais utilizados. Uma vez que não existe vacina para doença, estratégias de
manejo são utilizadas na tentativa de prevenir ou controlar a disseminação do vírus. O controle da doença é importante, uma vez que a mesma
resulta em perdas econômicas
significativas na caprino e
ovinocultura, devido a redução na
produção leiteira, descarte
antecipado de animais, além de aumento com custos no plantel. O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão de literatura sobre a artrite encefalite caprina (CAE) além de avaliar animais experimentalmente infectados através de análise histopatológica e de reação em cadeia pela polimerase (PCR) para a detecção de DNA pró-viral em tecidos para os quais o CAEV sabidamente tem tropismo, bem como no trato genital do macho.
2 REVISAO DE LITERATURA 2.1 Etiologia
O CAEV é um vírus RNA do gênero
Lentivírus pertencente à família
Retroviridae, que é molecular e antigenicamente muito semelhante ao vírus do Maedi-Visna (MVV) e, por
isso, são considerados como um único grupo, denominado lentivírus de pequenos ruminantes (SRLV) (Pasick, 1998). Os lentivírus são assim denominados por causarem
uma doença de evolução lenta e progressiva, com longo período de incubação.
Os SRLV são envelopados, com 80 a 100 nm de diâmetro e contém duas moléculas idênticas de RNA de cadeia simples, lineares e não complementares, além de proteínas estruturais e grande quantidade de ácido siálico na sua superfície (Fields
et al., 1990). Os SRLV são
caracterizados pela presença da enzima transcriptase reversa que permite a transcrição proviral. O DNA resultante, denominado provírus, apresenta dois elementos terminais longos repetidos (LTR) idênticos não-codificantes. Entre essas regiões
extremas estão os genes codificantes para proteínas estruturais (gag e
env), enzimas virais (pol) e genes
acessórios (tat, vif e ver) que codificam proteínas reguladoras (Clements & Payne, 1994; Pepin et al, 1998). O gene gag codifica as principais proteínas do cerne viral: matriz, capsídeo e nucleocapsídeo e são consideradas as proteínas mais
conservadas do genoma viral
(Brodey, 1968). O gene pol codifica as proteínas de atividade enzimática: transcriptase reversa, protease, integrase e dUTPase. E o gene env codifica as glicoproteínas de superfície (SU) e transmembranária (TM) (Pepin et al, 1998).
2.2 Epidemiologia
A doença foi descrita em 1974 por Cork et al., porém só foi associada a infecção por um retrovírus no ano de 1980 por Crawford et al., nos Estados Unidos. Hoje se sabe que os SRLV têm sido identificados em diversos países com prevalência mais elevada naqueles em que a ovino e a caprinocultura são mais tecnificadas (OIE/FAO, 1997). Nos rebanhos
infectados, a doença geralmente resulta em perdas econômicas devido à diminuição da produção leiteira e vida útil das cabras, descarte precoce e involuntário de animais de alto valor zootécnico, e despesas com a adoção de programas de controle e/ou erradicação (Peterhans et al., 2004).
No Brasil a primeira descrição de SRLV foi feita no Rio Grande do Sul com a identificação de caprinos (Moojen et al., 1986) e ovinos (Ravazzolo et al., 1995; Sotomaior & Milczewski, 1997) soropositivos. A ocorrência de animais soropositivos já foi registrada em vários estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além das regiões norte e nordeste (Callado et al., 2001).
O SRLV pode ser transmitido através de qualquer substância que possa conter células infectadas, como urina, saliva, secreções respiratórias e
fezes, sendo, portanto, mais
preocupante em criações de alta densidade. A transmissão pode ser vertical pelo colostro e leite (Rowe et al., 1997) ou horizontal através de longo período de contato de animais
saudáveis e susceptíveis com
animais infectados (Adams et al., 1983).
Apesar da via digestiva ser
considerada a principal via natural de transmissão, através da ingestão do colostro e leite contaminados (Adams et al., 1983; Guinguen et al, 1990; East et al., 1993; Peretz et al, 1993),
há indícios de que a transmissão uterina ou no período peri-parto possa ocorrer (Rowe et al., 1999). Estudos recentes demonstraram a disseminação de DNA pró-viral de SRLV pelo sêmen (Ali Al Ahmed et al., 2008; Peterson et al., 2008; Cruz
et al., 2009). Mesmo que a
transmissão venérea não tenha sido
comprovada, estes achados
juntamente com o contato próximo entre machos e fêmeas e o amplo uso de inseminação artificial na caprinocultura podem resultar em fator de risco relevante.
A prevalência de animais
soropositivos e clinicamente afetados em uma criação após a introdução do SRLV é muito variável, dependendo de fatores relacionados à intensidade de estresse, tipo de nutrição e condição de higiene (Callado et al., 2001).
Filhotes oriundos de fêmeas
soronegativas apresentavam menor risco de se tornarem soropositivos, o que sustenta a hipótese da existência
de fatores de herdabilidade
envolvidos na susceptibilidade e/ou resistência dos animais a infecção
por SRLV (Berriatua et al., 2003). Por outro lado,Callado et al. (2001)
observaram que não existe
predisposição racial ou sexual. Porém, Bandeira et al. (2009) justifica a maior freqüência em machos principalmente pela maior importação de animais deste sexo.
Quanto à idade, os animais mais velhos são identificados com maior freqüência devido ao tempo de exposição para soroconversão, mas em rebanhos com alta taxa de infecção, a soroprevalência pode ser também elevada em animais jovens (Callado et al., 2001).
2.3 Patogênese
O vírus replica em células do sistema monocítico-fagocitário, principalmente monócitos no sangue periférico e macrófagos nos tecidos, sendo a medula óssea o principal reservatório de células infectadas (Cruz, 2009), que permitem a ocorrência de infecção persistente no hospedeiro. A integração do DNA proviral no genoma celular permite que o vírus escape dos mecanismos de defesa do hospedeiro. A restrição da expressão viral, sem produção de partículas virais (Callado et al., 1999) e o acúmulo de altas taxas de
mutação devido a falhas da
transcriptase reversa durante o processo de replicação resulta em variabilidade genética e, portanto, fenotípica, permitindo que as células infectadas escapem do sistema
imunológico (Cheevers et al., 1993). Os monócitos contendo provírus integrado em seu genoma não são detectados pelo sistema imunológico, uma vez que só há ativação da expressão do gene viral quando este se matura em macrófago (Brodie et al., 1995). Os macrófagos, por sua vez, mesmo infectados não sofrem lise celular, permitindo que haja
disseminação do vírus pelo
hospedeiro sem a produção de partículas virais (Narayan et al., 1983). A produção insuficiente de anticorpos neutralizantes e a produção de interferon que diminui o índice de replicação e favorece a persistência do estímulo antigênico além da presença de ácido siálico na superfície da partícula viral agem como mecanismos de escape das
respostas celular e humoral (Cheevers et al., 1993).
A progressão da doença é favorecida
pela persistente produção de
antígenos virais e pela interação destes, seja como proteína livre ou expressa em célula durante a infecção, com anticorpos dando origem a imunocomplexos (Perry et al., 1995). Desta forma, a maioria das alterações patológicas ocorridas é causada indiretamente pela reposta
imune do hospedeiro. Deve-se
salientar também que a severidade das lesões está associada a fatores do genoma do hospedeiro e cepa
viral uma vez que a produção persistente de antígenos virais e a interação destes com os anticorpos, dando origem aos imunocomplexos, contribuem para a progressão da doença (Callado et al., 2001). Sabe-se que as alterações patológicas
encontradas em infecções por
lentivírus são em sua maioria
mediadas indiretamente pela
resposta imunológica do próprio hospedeiro, como conseqüência de alteração da atividade e/ou produção de citocinas pelos monócitos, como a Interleucina-1 (IL-1) e Fator de Necrose Tumoral (TNF) (Werling et al., 1994).
2.4 Aspectos Clínicos e Anatomo-Histopatológicos
Do ponto de vista clínico e anatomopatológico a expressão da
infecção pelo CAEV pode ser
classificada em quatro formas
básicas: nervosa, artrítica,
respiratória e mamária (Narayan e Cork, 1985). A infecção pelo CAEV tem evolução lenta caracterizada por artrite crônica, mamite e pneumonia intersticial, que resultam em sinais
clínicos que são geralmente
observados em animais adultos
(Narayan et al., 1980). Nos animais jovens, com menos de seis meses de idade, observa-se esporadicamente sinais neurológicos provocados por encefalomielite (Cork et al., 1974). A infecção pelo CAEV, persistente e geralmente assintomática, pode causar afecção multissistêmica, de evolução crônica com agravamento progressivo das lesões, perda de peso e debilidade, progredindo para a morte (Narayan e Cork, 1985).
Em caprinos a forma artrítica é a mais importante, observada em animais a partir do oitavo mês de idade, enquanto nos ovinos esta é menos freqüente acometendo animais entre dois e três anos de idade, como
complicação de acometimento
respiratório. As alterações clínicas
são comumente observadas na
articulação carpal que apresenta aumento de volume e de consistência (Crowford & Adams, 1981). Inicialmente ocorre edema, que separa a membrana sinovial do tecido conjuntivo adjacente juntamente com infiltrado inflamatório neutrofílico perivascular. Com a progressão da infecção, há hiperplasia das células sinoviais e o infiltrado passa a ser predominantemente constituído por
linfócitos e plasmócitos. As
membranas sinoviais podem se
tornar espessas, com formação de folículos linfóides. Mais tardiamente, as lesões passam a apresentar caráter degenerativo e necrotizante (Crawford et al., 1980).
A forma mamária é considerada
freqüente e possui grande
importância econômica na
caprinocultura. As alterações são de
involução glandular e à microscopia, há infiltrado inflamatório linfo-histiocitário com alguns plasmócitos periductais associados à hiperplasia de tecido conjuntivo fibroso. Estas
alterações são observadas
principalmente no início da
lactogênese, caracterizadas
clinicamente por aumento de volume
não edematoso das glândula
mamárias, com produção leiteira diminuída ou ausente (Cutlip et al., 1988; Cheevers et al., 1993).
A manifestação pulmonar é
freqüente, sendo caracterizada por
tosse, dispnéia, consolidação
pulmonar e comprometimento do estado geral. À necropsia, observam-se aderências pleurais, pulmões de coloração acinzentada e firmes, principalmente nas porções crânio-ventrais. Histologicamente
observam-se pneumonia intersticial e
broncointersticial, com infiltrado inflamatório linfo-histio-plasmocitário e hiperplasia de folículos linfóides brônquio-associado (Robinson & Ellis, 1984; Cutlip et al., 1988).
A forma nervosa tem menor
apresenta como complicação da forma respiratória em animais adultos e em animais jovens entre um a quatro meses de idade. Mesmo com apetite e condição geral satisfatórios, os animais apresentam ataxia, paresia, geralmente dos membros
pélvicos, que pode evoluir para tetraparesia. A lesão histológica
associada é de
meningoencefalomielite e
desmielinização (Cork et al., 1974; Cutlip et al., 1988).
2.5 Diagnóstico
Esforços para definir o “teste ouro” para o diagnóstico de SLRV não têm sido bem sucedidos (Reina et al., 2009). O diagnóstico, portanto, da infecção pelo CAEV pode ser feita através da observação de sinais
clínicos, sorologia, ou pela
amplificação do DNA proviral ou do RNA viral em tecidos. Cabe salientar
que apenas 35% dos animais
infectados manifestam sintomatologia característica da doença, como aqueles causados por acometimento dos tecidos nervosos, articular, mamário e pulmonar (East, Rowe et al., 1987; Wilkerson, Davis et al., 1995). A doença clínica em animais com menos de dois anos não é frequentemente observada, exceto nos casos de encefalite em animais jovens (Narayan e Cork, 1985).
Após o contato inicial com o vírus, a
produção de anticorpos e a
soroconversão podem ocorrer em um período que varia de semanas a vários meses. Entretanto, devido às
características de infecção
persistente, a sorologia é a forma de diagnóstico mais prática, já que indica de forma indireta a ocorrência de infecção (Callado et al., 2001). Dentre os testes sorológicos disponíveis a imunodifusão em gel de Agar (AGID) e, mais recentemente, ensaios imunoenzimáticos (ELISA) são os internacionalmente recomendados pela OIE (2004). Além destes, a imunofluorescência indireta, Western
blotting e imunoprecipitação são
alternativas (Callado et al., 2001). Embora os testes acima citados apresentem maior sensibilidade, não
podem ser definitivos na eliminação de animais positivos já que alguns podem apresentar soroconversão tardia e, portanto, permitir a disseminação do vírus pelo rebanho (Rutkoski et al., 2001). Nestes casos a técnica de PCR pode permitir a detecção do DNA proviral ou, através da reação de transcrição reversa
seguida de PCR (RT-PCR), a
detecção de RNA viral. Como
tentativa de aumentar a sensibilidade deste método, tem-se utilizado o
nested PCR, no qual ocorrem duas
reações de amplificação seqüenciais, permitindo aumentar a quantidade do
produto amplificado e,
consequentemente, maior
sensibilidade (Callado, 2001).
Apesar da PCR apresentar maior eficiência na detecção da doença antes da soroconversão, este tem sido considerado um teste de menor sensibilidade quando comparado ao ELISA. Uma alternativa, portanto, é utilizar os testes sorológicos
juntamente com a PCR para
aumentar a possibilidade de detecção do CAEV no rebanho (Cruz, 2009). Cruz (2009) ainda sugere que para manter a viabilidade financeira na detecção de animais positivos em grandes rebanhos pode-se realizar a PCR em animais soronegativos pelo IDGA ou ELISA reduzindo, portanto, o risco de resultados falso negativos.
2.6 Controle
Para o delineamento de um programa de erradicação bem sucedido, a determinação da prevalência da doença deve ser o passo inicial. Ao se suspeitar de CAEV ou MVV em um rebanho, medidas restritivas devem ser imediatamente tomadas (Peterhans et al., 2004). Callado et al. (2001) alerta que algumas medidas
de biossegurança devem ser
adotadas nos plantéis suspeitos ou sabidamente positivos. Tais medidas incluem separar as crias logo após o nascimento e evitar o contato físico entre mãe e cria e com secreções além de isolá-las dos animais adultos. Estes procedimentos permitem a conservação da melhoria genética alcançada no rebanho. Levando em consideração que existe a chance de
infecção do filhote no período peri-parto (Rowe et al., 1999), o uso de cesarianas pode ser uma alternativa. Alimentar os recém nascidos com leite de mães não infectadas ou com substitutos de leite ou ainda, alternativamente, administrar colostro termicamente tratado, são medidas que minimizam ainda mais o risco de infecção do filhote. Alem disso, separar ou eliminar os animais positivos e até mesmo dividir o plantel em dois grupos distintos é uma alternativa para renovar o rebanho
tornando-o livre da doença
novamente (Callado et al., 2001; Peterhans et al., 2004). A eliminação e substituição gradual dos animais têm sido utilizadas com sucesso em rebanhos com sistemas intensivo e semi-intensivo na Espanha (Berriatua et al., 2003).
A adoção de linha de ordenha e o uso de material estéril como seringas e agulhas, instrumentos cirúrgicos e tatuador, dentre outros, são medidas higiênicas que devem ser adotadas em qualquer situação (Callado et al., 2001).
Quanto ao manejo reprodutivo, a exigência de confirmação de que o animal doador seja soronegativo, são medidas necessárias são medidas necessárias tanto para o controle da monta natural quanto no uso da inseminação artificial (IA). A realização de testes periódicos para o acompanhamento da prevalência da doença dos animais no rebanho é útil para a comprovação da eficiência do programa de erradicação adotado.
Recomenda-se que a avaliação
sorológica seja feita duas vezes ao ano (Reina et al., 2008).
Segundo Reina et al. (2008) não existem tratamentos disponíveis contra a infecção por SRLV e o uso de vacinação não foi bem sucedido. As primeiras tentativas de imunização se basearam na utilização de vírus atenuado. As imunizações por meio de clones, vírus geneticamente
modificados ou plasmídeos
recombinantes, tem sido avaliadas recentemente (Reina et al., 2009).
3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Animais
Oito caprinos machos procedentes de criatórios comerciais foram utilizados (7 soronegativos e um soropositivo para o CAEV). Os animais tinham 10 meses de idade ao início do experimento, sendo das raças Alpina, Toggenburg e Saanen. Os animais
selecionados não apresentavam
manifestações clínicas da
enfermidade, sendo a presença da infecção investigada sorologicamente por IDGA e molecularmente por PCR
nested de amostras de sangue. Os
animais foram mantidos na Fazenda Modelo da Escola de Veterinária da UFMG, localizada no município de Pedro Leopoldo (MG). Cada animal foi alojado em baia individual e alimentado com capim elefante e feno de gramínea, sendo suplementado diariamente com 800 g de ração balanceada com 18% de proteína bruta, mistura mineral e água. Todos
os animais infectados
experimentalmente foram inoculados pela via intravenosa, utilizando-se a veia jugular.
Um animal naturalmente infectado, soropositivo pelo teste de IDGA e positivo pelo teste de PCR de amostra de sangue. Este animal está identificado como 1 e foi considerado como o controle positivo.
Dois animais soronegativos,
infectados experimentalmente com o sangue um animal naturalmente infectado (soropositivo). Nos animais deste grupo, alíquotas de 2 mL do sangue de um animal positivo (PCR e IDGA) serviram como espécime infectante (sem título conhecido)
inoculado em quatro animais
soronegativos. Os animais deste grupo estão identificados como 2 e 3.
Finalmente, cinco animais
soronegativos que foram infectados experimentalmente com o CAEV. Nos animais deste grupo foi realizada a inoculação de cultura de células sinoviais infectadas com a amostra padrão Cork (título infectante de 106 TCID50/mL), suspensa em 2 mL de meio de cultura. Animais identificados como 4,5,6,7 e 8.
Após 18 meses da infecção os animais foram eutanasiados com thiopental seguido de eletrochoque e necropsiados. Amostras de diversos órgãos foram coletadas para as análises de histopatologia e PCR. As amostras de tecidos destinados a análise pela PCR para a detecção de sequencias pró-virais do CAEV,
foram colocados em criotubos, congelados instantaneamente em nitrogênio liquido e estocados a
temperatura de -80ºC. Foram
coletados fragmentos dos seguintes tecidos: pulmão, testículo, glândula vesicular, ampola, próstata, glândula bulbouretral, além de epidídimo dividido em cabeça, corpo e cauda.
3.2 Análise Histopatológica
Durante a necropsia foram coletadas amostras dos seguintes órgãos:
pulmão, membrana sinovial da
articulação carpal, testículo, ampola, glândula vesicular, próstata, glândula bulbouretral além de epidídimo dividido em cabeça, corpo e cauda. Os fragmentos destinados a exame histopatológico foram fixados por
imersão em formalina tamponada a 10% e processados pela técnica de inclusão em parafina e corados pela hematoxilina e eosina (HE). As lesões foram graduadas de acordo com a severidade em discreto, moderado e intenso. Levou-se em consideração a distribuição e extensão da lesão além
da intensidade de infiltrado
inflamatório, quando presente.
3.3 Extração de Dna Pró-Viral a partir de tecido
Para a extração de DNA, os tecidos foram macerados em placa de petri com o auxilio de lâmina de bisturi estéril. Aproximadamente 100 mg dos macerados foram colocados em tubos com 100 µL de tampão TE (10mM Tris HCL, 0,1mM EDTA) pH
8.0, seguido da adição de 500 µL de reagente GES (5M Tiocianato de Guanidina, 100mM EDTA, 0,5% Sarcosyl) e incubados a temperatura ambiente por 10 minutos. Foram adicionados 250 µL de acetato de amônio a 7M (Sigma-Aldrich, USA) a
-20ºC, seguido de nova incubação no gelo por 10 minutos. Em seguida
foram adicionados 500 µL de
Clorofórmio-2-pentanol (96%
Clorofórmio, 4% 2-Pentanol) a -20ºC, homogeneizando-se vigorosamente até a obtenção de uma coloração brancacenta homogênea, seguido de centrifugação a 14000 rpm por 10
minutos. O sobrenadante foi
transferido para outro tubo onde
foram adicionados 405 µL de
Isopropanol (2-propanol) PA
(LABSYNTH, Brasil) a -20ºC. Os
tubos foram invertidos por
aproximadamente 1 minuto para
homogeneizar a solução e
centrifugados a 14000 rpm por 5
minutos, descartando-se o
sobrenadante. O precipitado foi lavado por duas vezes com 500 µL de etanol 75% a temperatura ambiente, ressuspendido e centrifugado a 14000 rpm por 5 minutos. O sobrenadante foi, então, descartado, o precipitado de DNA foi diluído em 50 µL de água e estocado a -20ºC.
3.4 Reação Em Cadeia pela Polimerase (PCR NESTED)
Foram utilizados dois pares de iniciadores delineados a partir das seqüências das regiões gag da amostra padrão CAEV-Cork (Saltarelli et al., 1990). A reação de PCR nested foi realizada segundo metodologia de Barlough et al. (1994), com algumas modificações. Foram utilizados os iniciadores externos GAG1 (5' -CAAGC AGCAGGAGGGAGAAGCTG-3', nucleotídeos 953 à 975) e GAG2 (5'-TCCTACCCCC ATAATTTGATCCAC -3', nucleotídeos 1249 à 1226) resultando na amplificação de um fragmento de DNA de 297 pares de bases (pb). Os iniciadores internos
GAG 3 (5'GTTCCAGCAACTGCAAACAGTA GCAATG-3' nucleotídeos 997-1024) e GAG4 (5' ACCTTTCTGCTTCTTCATTTAATTT CCC 3' - nucleotídeos 1181 à 1154)
foram utilizados na segunda
amplificação, resultando em um
fragmento final de 185 pb.
Objetivando a avaliação da integridade do DNA das amostras,
iniciadores para amplificação do quarto exon do gene da β-actina
humana foram utilizados como
controle interno da reação. Os iniciadores externos ES30 (5’- TCA TGT TTG AGA CCT TCAACA CCC CAG -3’) e ES32 (5’- CCA GGG GAAGGC TTG AAG AGT GCC -3’) foram utilizados no primeiro ciclo, e os iniciadores internos ES31 (5’- CCC CAG CCA TGTACG TTG CTA TCC -3’) e ES33 (5’- GCC TCAGGG CAG CGG AAC CGC TCA -3’) foram utilizados no segundo ciclo de amplificação (Ali Al Ahmad et al., 2008). Na primeira amplificação, 2 µL de DNA (contendo 0.5 a 1 µg) foram adicionados a 37 µL de solução de PCR Supermix (Invitrogen, USA) juntamente com 3,5 µL de cada iniciador GAG EX3, GAG EX5, ES30 e ES32 (20 mM). Para a segunda amplificação, 1 µL da primeira reação foi adicionado a 30 µL da mesma
solução de PCR Supermix
(Invitrogen, USA) com os iniciadores internos GAGEX3,GAGEX4, ES31 e ES33. As reações de amplificação foram realizadas em termociclador (Nyx Technik, USA), no qual cada
amostra foi submetida a
desnaturação a 94 °C por 5 minutos, seguido de 40 ciclos de 94 °C por 30 segundos (desnaturação), 46 °C por
45 segundos (hibridização) e
finalizando com uma 72 °C por 45
segundos (extensão). Cada
amplificação foi seguida de uma fase de extensão final a 72 °C por 7 minutos.
No controle negativo não houve adição de DNA na primeira reação sendo 1 µL da primeira reação colocado na segunda reação, de acordo com o protocolo.
O controle positivo foi preparado a partir de monocamadas de células de MSC inoculadas com amostra do
CAEV Cork de referência. A
suspensão celular foi obtida por
tripsinização da monocamada.
Depois de centrifugadas e
submetidas a duas lavagens com 10 mL de PBS (0,01M PO4, 0,15M NaCl,
pH 7,2), as células foram
ressuspensas em tampão hipertônico (0,32 M sacarose; 10 mM Trizma hydrochloride, pH 7,5; 5,0 mM MgCl2;
1,0% Triton X 100) para lise, durante
alguns minutos à temperatura
centrifugado (400 x g por 10 minutos), sendo o sedimento lavado com PBS (0,01 M PO4, 0,15 M NaCl, pH 7,2) e ressuspenso em 250 µL de tampão de PCR (10 mM Tris.HCl, pH 8,0; 50 mM KCl; 1,0 mM MgCl2; 5% glicerol;
0,05% Tween20) e tratado com 100µg de proteinase K/mL, durante 60 min a 56°C. Finalmente a
proteinase K foi inativada
termicamente (cerca de 100°C durante 10 minutos) e as amostras estocadas a -20°C.
Os produtos da PCR foram resolvidos por eletroforese em gel de agarose 2,0% corado com brometo de etídio (0,5 µg/mL). Homogeneizou-se 15 µl do amplicom juntamente com 2 µl de tampão de corrida (Blue Juice; Invitrogen, USA) foram submetidas a eletroforese em cuba horizontal por 1 h e 30 min a 90 Volts. A visualização das bandas de DNA foi realizada em transiluminador de luz ultravioleta e registradas fotograficamente.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Análise Histopatológica
Histologicamente, os pulmões
apresentaram septos alveolares espessos, com infiltrado inflamatório linfo-histiocitário, com alguns neutrófilos, com distribuição multifocal (Figura 1A). Na articulação carpal foi
possível observar a membrana
sinovial difusamente espessa com infiltrado inflamatório linfo-histio-plasmocitário e com formação de projeções digitiformes (Figura 1B). Estas lesões variaram em intensidade
entre os animais como descrito na Tabela 1. As lesões encontradas através de exame histopatológico nos pulmões e articulações corroboram os relatos da literatura. Pneumonia intersticial e sinovite são lesões extremamente comuns em animais
com CAE e constituem as
manifestações pulmonar e articular,
consideradas freqüentes nesta
enfermidade (Narayan et al., 1980; Narayan e Cork, 1985).
Tabela 1 – Lesões histopatológicas observadas em articulação carpal e pulmão dos animais infectados com CAEV.
Tecido Animal*
1 2 3 4 5 6 7 8
Articulação carpal +++ - + - ++ - - -
Pulmão ++ ++ + - + - - +
* Número dos animais (1-naturalmente infectado; 2 e 3 - infectados experimentalmente com inoculação do sangue um animal naturalmente infectado e soropositivo; 4 a 8- infectados experimentalmente com inoculação de cultura de células infectadas). As lesões foram graduadas em muito discreto (+), discreto (++) e moderado (+++) ou ausente (-).
Nos testículos, as alterações foram
variadas. Foram observadas
alterações em três dos oito animais (37,5 %). No animal 1 observou-se
uma degeneração testicular
moderada com perda do epitélio dos
túbulos seminíferos em áreas
multifocais enquanto no animal 3, áreas multifocais de discreta mineralização intratubular.
No epidídimo, porção do corpo, observou-se apenas no animal 1, um granuloma espermático associado a
infiltrado inflamatório
linfoplasmocitário discreto multifocal com alguns macrófagos contendo
pigmento amarelado
intracitoplasmático. Já na porção da cabeça os três animais manifestaram alterações: no animal 2, áreas de espermiostase moderada; no animal 1, infiltrado inflamatório
linfo-plasmocitário multifocal moderado com macrófagos epitelióides sendo que em uma área está associado a
foco mineralização do tecido
intersticial (Figura 1C) e no animal 3 foi possível visualizar uma discreta hiperplasia do epitélio do ducto epididimal associado a vacuolização intra-epitelial discreta.
Nos fragmentos dos demais tecidos analisados (próstata, glândula bulbouretral, ampola e vesícula) não
foram observadas alterações
histológicas significativas.
As lesões observadas nestes animais
não necessariamente estão
associadas ao vírus da CAE, apesar do DNA pró-viral já ter sido encontrado em órgãos do trato genital (Andrioli et al, 1999; Ali Al Ahmed et al., 2008).
Figura 1: Histopatologia dos animais infectados com CAE. A- Pneumonia intersticial linfo-histiocitária, com alguns neutrófilos, multifocal moderada, HE 60X. B- Sinovite linfo-histio-plasmocitária difusa moderada, HE 20X. C- Epididimite linfo-linfo-histio-plasmocitária multifocal moderada, no detalhe caracterização do infiltrado inflamatório linfo-plasmocitário HE 20X e 60X, respectivamente.
4.2 Análise Pela Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR NESTED)
Os resultados obtidos através da reação em cadeia pela polimerase (PCR nested) está detalhado na Tabela 2. Os resultados obtidos neste estudo podem ser comparados com estudos recentes de Ali Al Ahmed et
al. (2008) que também demonstram a presença de CAEV no trato genital de caprinos machos além de detectá-lo em sêmen (Ali Al Ahmed et al., 2008; Cruz et al, 2009).
Tabela 2 – Análise de tecidos de 8 caprinos infectados com CAEV avaliados quanto a detecção de parte da sequência gag do DNA pró-viral usando reação em cadeia
pela polimerase (PCR nested).
Tecido Animal* 1 2 3 4 5 6 7 8 Pulmão + - - + - + - + Gl. Vesicular - - - - Testículo + - + - - - + + Ampola + - + - - - + - Cauda do epidídimo + - - - - Cabeça do epidídimo + + - - - + - - Corpo do epidídimo + - + + - + + - Gl. Bulbouretral + + - + + + + + Próstata + - - - - + + -
* Número dos animais (1-naturalmente infectado; 2 e 3- infectados experimentalmente com inoculação do sangue um animal naturalmente infectado e soropositivo; 4 a 8- infectados experimentalmente com inoculação de cultura de células infectadas) e seus respectivos resultados em avaliação de PCR nested para presença da sequência gag do DNA pró-viral do CAEV. Foram considerados positivos aqueles que demonstraram bandas com 185 pb.
200 pb
100 pb 185 pb
O teste de reação em cadeia pela polimerase (PCR nested) mostrou-se uma eficiente ferramenta para detecção de DNA pró-viral em tecidos de animais sabidamente infectados. Esta técnica se mostrou útil para diagnosticar a presença do vírus mesmo em órgãos sem lesões anatomo-histopatológicas.
Nota-se que o animal 1, naturalmente infectado, mostrou-se positivo para DNA pró-viral através da PCR em oito dos nove tecidos analisados (Figura
2). Estes resultados quando
associados às lesões encontradas na histopatologia do trato reprodutor poderiam sugerir que o vírus causa lesões no sistema genital do macho. Porém, esta hipótese ainda deve ser
estudada cuidadosamente. Um teste de imuno-histoquímica, por exemplo,
poderia provar a presença
intralesional de material viral, mas ainda não certifica se estes estariam diretamente relacionados, uma vez que o vírus pode permanecer em células mononucleares do hospedeiro por longos períodos, como discutido anteriormente.
Ainda deve-se provar que o CAEV é realmente transmitido pela via sexual. Uma sugestão seria delinear um estudo onde haja coleta de sêmen de um animal sabidamente infectado e utilizá-lo em fêmeas negativas ao vírus e, então, diagnosticar a doença neste segundo animal.
PM C+ A B C D E F G H I
C-Figura 2: Foto de gel de agarose 2 % do animal 1 exemplificando a amplificação de DNA pró-viral de CAE obtido em tecido através da PCR nested. Foram utilizados primers para amplificar gag de CAEV cujo peso molecular é 185 pb. PM: Peso Molecular Kb plus, C+: Controle Positivo, A: Pulmão, B: Gl. Vesicular, C: Testículo, D: Ampola, E: Cauda do Epidídimo, F: Cabeça do Epidídimo, G: Corpo do Epidídimo, H: Gl. Bulbouretral, I: Próstata, C-: Controle Negativo. Colunas B e C- são negativas e as demais, positivas.
5 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos mostram a eficiência do teste PCR nested em detectar DNA pró-viral em tecido sabidamente afetados pela doença, como o pulmão, além de demonstrá-lo presente em órgãos do trato reprodutor de caprinos macho. Estes dados sugerem a hipótese de que o vírus da CAE pode ser transmitido por monta natural ou inseminação
artificial. O exame histopatológico reafirmou sua importância como método de diagnóstico post-mortem
através da possibilidade de
observação de lesões características da doença. Este trabalho valida a aplicação destes métodos para
detectar animais com CAE e
esclarecer a patogênese do vírus no hospedeiro.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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