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Para situarmos bem essa extraordinária saga do médico John Dayrell e da Santa Casa de Diamantina, vamos fazer aqui um histórico de como tudo começou :

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Academic year: 2021

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Para situarmos bem essa extraordinária saga do médico John Dayrell e da Santa Casa de Diamantina, vamos fazer aqui um histórico de como tudo começou :

O médico John Dayrell, formado em Medicina em Londres, no ano de 1830, veio para o Brasil, trazido pela mineradora anglo-brasileira, a “Companhia de Cocais”’ e se instalou inicialmente na Vila Imperial de Cocais, onde trabalhava como médico.

Por motivos de saúde, em decorrência do clima frio e úmido dessa região, resolveu se transferir para a região mais ensolarada de Diamantina, em 1836, com sua família. Nessa época, a “Casa de Caridade de Diamantina”, que fora fundada em 1790, já estava em plena atividade e o Dr. John Dayrell teve aí a sua acolhida, como profissional médico.

No ano seguinte, em 1837, o Dr. John Dayrell já parecia estar integrado à Casa de Misericórdia e à cidade de Diamantina, fazendo parte da “Confraria da Casa de Caridade”, uma Instituição de Irmãos Benfeitores e Amigos da Casa, conforme atesta o documento abaixo, com sua inscrição de no. 107

Insrição de John Dayrell, como Irmão da Confraria da Casa de Caridade, em 1837

Biblioteca Antônio Torres, Diamantina, Relatório da Administração 1870 a 1874, pag. 22

Por anos e anos, o Dr. John Dayrell exerceu seu sacerdócio de médico na Casa de Caridade, como simples médico, sendo querido por todo o povo da cidade. Conforme pesquisa que realizamos em todos os livros e documentos arquivados na Santa Casa, o Dr. John Dayrell nunca assumiu qualquer posto de supervisão ou de direção na casa, nem assinou qualquer documento ou pareceres médicos.

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Fato esse que só pode ser explicado por sua condição de protestante convicto, que não condizia com a orientação ali exercida pela Igreja local e pelos religiosos da época, sob a orientação do bispo D. João Antônio dos Santos. Era conveniente que Dr. John Dayrell não ficasse muito em evidência!...

Mesmo nessa condição, quando ocorreu a seu falecimento em 1884, o povo de Diamantina, em reconhecimento ao seu trabalho, à sua caridade e à sua ligação com a “Casa de Caridade”, não deixou de registrar em grande estilo esse fato! As Igrejas ( católicas! ), por exigência do povo, fizeram dobrar os sinos e, como ele não podia ser enterrado no “Campo Santo” por sua condição de protestante, o povo exigiu que ele fosse sepultado em frente à “Casa de Caridade”, no meio da rua! Estava aí sua indelével ligação com a “Casa de Caridade” e o povo simples da cidade!

Esses fatos, estão narrados no célebre Livro “Minha Vida de Menina”, traduzido no mundo inteiro e transformado até em filme, e que foi escrito em forma de diário por sua neta Alice Dayrell Caldeira Brant, sob o pseudônimo de “Helena Morley”, na época, com 15 anos!

Abaixo o relato do que ocorreu nesse dia :

(Helena Morley : " Minha Vida de Menina " - 09 / nov / 1893)

" . . .Meu avô não foi enterrado na igreja porque era protestante; foi na porta da Casa de Caridade ( Santa Casa ) e até hoje se fala nisso em Diamantina. Quando ele estava muito mal, os padres, as irmãs de caridade e até o Senhor Bispo, que gostavam muito dele, pelejaram para ele se batizar e confessar, para poder ser enterrado no sagrado. Ele respondia : " Toda terra que Deus fez é sagrada ". O vigário não quis deixar dobrar os sinos, mas os homens principais de Diamantina foram às igrejas e fizeram dobrar os sinos da cidade o dia inteiro. Ele era muito caridoso e estimado. Quando o doente não podia, ele mandava os remédios, a galinha e ainda dinheiro. A cidade inteira acompanhou o enterro. Quando ele morreu eu era muito pequena e até hoje se fala em Diamantina na caridade do Doutor Inglês, como todos o chamavam. Um homem assim, pode estar no inferno ? . . . "

O local exato onde o Dr. John Dayrell foi enterrado, fica ali em frente à Capela da Santa Casa, onde existe hoje uma espécie de canteiro de plantas, no meio da rua.

Em 1984 - centenário da morte de John Dayrell - na gestão do Prefeito Sílvio Felício dos Santos, a Prefeitura de Diamantina precisou nivelar e alargar a rua da Santa Casa, o que implicou em uma NOVA

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alocação da tumba onde estavam seus restos mortais, bem em frente à Capela. Foi decidido que essa nova tumba, seguindo a tradição histórica do fato e a ligação do “doutor inglês” com a Santa Casa, deveria ficar ali mesmo, junto ao primeiro degrau que dá acesso à Capela da Santa Casa.

Houve uma solenidade pública promovida pela Prefeitura, com a presença de Dirigentes da Santa Casa, convidados da Família Dayrell e de várias autoridades.

O Dr.José Aristeu de Andrade, emérito médico da Santa Casa, como o foi o “doutor inglês”, há dois séculos atrás, foi designado para coordenar essa exumação. Segundo seu relato, foram encontrados apenas parte do crânio, uma tíbia de tamanho menor ( confirmando a descrição dos antigos de que John Dayrell era de estatura pequena), alguns pedaços de

tecido preto e alguns cabelos brancos. Esse material foi colocado em uma urna e depositado na nova tumba, ao nível da rua agora retificada, exatamente em frente à Capela da Santa Casa de Caridade. A lápide original, onde existia o nome quase apagado de John Dayrell, sofreu avarias nessa operação, mas foi colocada cobrindo a nova sepultura, com os devidos remendos. Nela, não existiam mais quaisquer vestígios do nome de John Dayrell.

O túmulo de John Dayrell, após a exumação acima descrita ( 1984 )

Sempre foi um desejo nosso, colocar uma nova lápide nesse local, registrando a identificação de nosso patriarca, ( que foi apagada com o tempo ), com o objetivo de prestar-lhe uma homenagem,

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cidade de Diamantina, praticamente desconhecido por quase todos, inclusive pelas pessoas que frequentam a Santa Casa.

Após algumas tentativas frustradas, obtivemos a autorização da Direção da Sta. Casa e o apoio e o incentivo do emérito Dr. José Aristeu de Andrade, um médico que também tem dedicado grande parte de sua vida à Santa Casa (mais de 50 anos ! ), repetindo a

"missão sacerdotal" de "alimentar a alma e restaurar a vida", como fazia ali mesmo, há quase dois séculos, nosso patriarca, o "doutor inglês".

No final de agosto / 2.007, alguns descendentes do Dr John Dayrell, Márcio Dayrell Batitucci, Marcelo Dayrell Batitucci e o comandante Geraldo Dayrell Gott, com a autorização da Direção da Santa Casa e a prestimosa ajuda do Dr. José Aristeu, conseguimos finalmente concretizar esse sonho, instalando no local, uma nova lápide, com a identificação básica de nosso patriarca, Dr. John Dayrell, o “doutor inglês”.

Marcelo, Geraldo, Dr. José Aristeu e Márcio, em frente à tumba de John Dayrell, com a nova lápide instalada em 2.007

Como pode ser observado, o Dr. José Aristeu teve o cuidado de instalar a nova lápide identificatória, no mesmo local da antiga lápide, com uma pequena saliência em suas laterais, no pressuposto

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de que os motoristas respeitassem esse local e não passassem seus carros por cima da lápide. O que não aconteceu !

Abaixo, oTexto identificador da nova lápide, na tumba de John Dayrell

Em Dezembro de 2.007, ainda com a autorização da Direção da Sta. Casa e a prestimosa ajuda do Dr. José Aristeu de Andrade, conseguimos "entronizar" na Galeria de Fotos da Capela da Santa Casa, uma foto de nosso patriarca John Dayrell, como mais uma homenagem ao seu dedicado trabalho de médico, nessa Instituição. A foto está colocada ao lado de outras pessoas ilustres, também ligadas à Santa Casa de Caridade.

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Parte da Galeria de Fotos da Capela, com a foto de nosso patriarca John Dayrell

J

Ao alto, o Conde de Ipanema

Abaixo, a Irmã Jardim, D. Serafim Gomes Jardim ( Arcebispo na década de 1930 ), Alexandre Diniz Mascarenhas e John Dayrell

Estamos muito gratificados por ter a foto-lembrança de nosso patriarca John Dayrell, exposta no local onde ele, por tantos anos, " alimentou a alma e restaurou a vida " do povo mais humilde de Diamantina ( Hino da Família Dayrell )

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Esses, em resumo, são os fatos e dados que estão relacionados com essa singular particularidade, envolvendo a Santa Casa, com um de seus ilustres médicos, estando enterrado bem em frente a escadaria da Capela.

Referências

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