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Educação escolar indígena

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Academic year: 2021

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Educação escolar indígena

O principal objetivo desta

apresentação é fazer uma reflexão

sobre a cultura indígena kaingang,

sobre as políticas educacionais

integracionistas e sobre a política

atual, que se fundamenta no

paradigma da interculturalidade e na

falta de respeito com a diferença.

(2)

Educação cultural indígena

• A chegada dos portugueses ao litoral brasileiro ocorreu no início do século XVI. A educação indígena, tal como vinha sendo praticada nas aldeias, estava com seus dias contados. O processo de aprendizagem desenvolvido pelas diferentes etnias indígenas até então foi

desqualificado pelo colonizador, que ignorava as concepções culturais pedagógicas desse

povo, não admitindo sequer a possibilidade dos indígenas terem sido capazes de construir, ao longo do tempo, um método e um discurso sobre suas próprias práticas educativas.

(3)

Educação Tradicional

• Nessa sociedade, onde antes não havia escola -onde não havia situações sociais exclusivamente pedagógicas aos olhos do colonizador -, a

transmissão de saberes era feita no intercâmbio cotidiano, através de contatos pessoais e diretos. A aprendizagem se dava em todo o momento e em qualquer lugar, na divisão do trabalho, ao

redor do fogo e na época da colheita. Não havia um especialista. Era sempre possível aprender algo em qualquer tipo de relação social, o que fazia de qualquer indivíduo um agente da

educação social, mantendo vivo o princípio de que todos educam a todos.

(4)

Educação tradicional sem

repressão

• No século XVI, o princípio pedagógico indígena mais criticado foi aquele detectado por um

missionário jesuíta, quando registrou surpreso, que “os índios amam seus filhos

extraordinariamente”, lamentando, porém, “que nenhum gênero de castigo têm para os filhos. Não há pai nem mãe que em toda vida castigue nem toque em seu filho”. Esse tipo de relação, nas quais as crianças são socializadas sem

repressão é observável até no século XXI, nas aldeias indígenas.

(5)

Educação Ocidental

• Nos dias atuais, essa proposta dos índios contra o castigo físico aplicado às crianças é vista com simpatia e parece ser universalmente aceita por todas as correntes de pensamento das tribos. Acredita-se que está ali, incorporado na criança, um ancestral seu, que não pode ser castigado de maneira alguma. No entanto, a pedagogia ocidental da época, acostumada com o uso de palmatória e com outras formas de violência física, considerou a ausência de castigo como uma omissão, um atraso, um vício, porque não corrigia o erro e, por isso, obstruía o processo de aprendizagem.

(6)

Educação tradicional e liberdade

• Nenhuma criança tem tanta liberdade e

independência quanto as crianças indígenas. Elas são respeitadas como adultas e amadas como crianças. Seu nascimento é muito

festejado. Para os kaingang, elas são sagradas, pois são a reencarnação de parentes mortos e, por isso, não podem castigá-las.

• Podemos observar que a cultura kaingang

valoriza os aspectos interiores e espirituais, não concordando com a ideologia do não indígena, que, para a sua satisfação pessoal, é capaz de prejudicar os próprios irmãos ou a si mesmo.

(7)

Escola para indígenas

No século XVI, foram criadas as primeiras

escolas para índios, onde eles eram

doutrinados, catequizados e podiam

aprender ofícios úteis aos jesuítas, únicos

responsáveis pelo ensino escolar da

época. Somente alguns alunos eram

selecionados para a leitura e a escrita.

Nessa época, ainda era utilizada uma

língua indígena no ensino, ainda que

fosse um idioma geral, com base no

Tronco JÊ.

(8)

Educação escolar para desarticular

• A partir do século XVIII, a Língua Portuguesa tornou-se obrigatória, como tentativa de desarticular a

identidade étnica dos povos indígenas do país.

Mesmo em meados do século XIX e XX, mantiveram-se as propostas colonizadoras de homogeneizar os grupos étnicos em uma cultura só, a cultura nacional. A Lei de Diretrizes e Base de 1961 e sua reforma, em 1971, reforçam ainda mais a política de unificação ao exigir que “os povos indígenas lessem e escrevessem em idioma nacional antes mesmo que pudessem falar ou compreender esta língua que é o português”.

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A educação escolar ocidental

aculturadora

• A escola, assim como todas as outras formas de instituição, sempre exerceu o papel de

“devoradora de identidade”. Massacra,

hegemoniza, impede qualquer manifestação cultural e individualiza o homem, pois se

empenha em adaptá-lo ao que se considera “normal”. Pode-se observar que a evolução da instituição escolar, desde que se constituiu há 500 anos e como insiste em existir até hoje, dá-se puramente no âmbito da forma, pois os

conteúdos e conceitos, quando não continuam os mesmos, servem para as mesmas

(10)

Escola indígena como referência

• A escola para o povo Kaingang é considerada um ponto de referência, onde as crianças indígenas têm o primeiro contato com diversas culturas e até

mesmo com a sua língua escrita. Sabem que a educação escolar, vinda do não indígena, é um objeto aculturador. Mesmo assim, lutam para que seja diferenciada e específica.

• Aprender e saber usar a Língua Portuguesa na escola é um dos meios que a sociedade indígena dispõe para interpretar, compreender e dominar os códigos da sociedade culta, aqueles que orientam a vida dos cidadãos no país e, sobretudo, aqueles que dizem respeitar o direito dos Povos Indígenas

(11)

Os benefícios da educação escolar

indígena

• A escola indígena existe para preservar os costumes, a cultura e os hábitos da

comunidade. Nela, o professor ensina música, dança, cantiga e a história ancestral do seu

povo. A escola incentiva o saber tradicional do seu povo e, assim, este povo sempre será

aquele povo. Ela também ensina o

conhecimento do mundo do homem branco, a língua portuguesa e a formalização de políticas de sustentabilidade para a sociedade na qual está inserida.

(12)

A escola indígena como lócus

A escola indígena se apresenta como um lócus, que nos instiga a uma observação dos

processos de ensino-aprendizagem e das interações entre alunos, professores e

comunidade.

• Esses processos próprios demonstram práticas, no qual a criança indígena, por meio de suas

relações com as outras, produz significados, constituindo assim a construção da história do indivíduo para a futura continuação da etnia. Este modo de ser kaingang está no gene ou genética.

(13)

O tornar aluno e ser índio

Esta perspectiva do tornar-se aluno permite considerar que os estudantes indígenas no contexto escolar produzem significados sobre esta condição e os conhecimentos lá

transmitidos.

• Os estudantes indígenas apresentados são atores sociais ativos inseridos no seu

contexto sócio-histórico e, sobretudo,

produtores culturais, considerados intelectuais de sua cultura.

(14)

A necessidade de manter a cultura

• É importante frisar que é necessário realizar

uma pesquisa etnográfica aprofundada sobre o processo de revitalização cultural e o tornar-se

aluno ou tornar-se indígena do portão para fora

e do portão para dentro.

• Por que as escolas indígenas não conseguiram sozinhas manter a cultura de uma etnia milenar, mas se tivermos a comunidade indígena e a lei inserida como prevê a LDB com certeza vamos manter a cultura por mais séculos.

(15)

Perspectivas da educação escolar

indígena

• A escola indígena kaingang apresentada aqui tem um lócus privilegiado, porque proporciona o campo de investigação e a compreensão da

educação diferenciada, colocando assim o aluno indígena numa perspectiva sobre os

processos educativos específico e tradicional.

• Esses processos pedagógicos próprios deverão trazer futuras discussões sobre a formação de professores.

• Na construção de materiais didáticos, este tema deverá estar contido nos parâmetros

curriculares educacionais para as escolas de ensino básico.

(16)

Como a lei define

• A Educação Escolar Indígena está garantido nos artigos 78 e 79 do Ato das Disposições

Gerais e Transitórias da Constituição de 1988. Explica-se o dever do Estado e como oferecer uma educação escolar bilíngue e intercultural que fortaleça as práticas socioculturais e a

língua materna de cada povo, que proporcione a oportunidade de recuperar as memórias

históricas e reafirmar sua identidade cultural, dando-lhes, também, o acesso aos

conhecimentos técnico-científicos da sociedade nacional.

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O ensino de hoje

• A educação alfabetizadora nas comunidades

indígenas é como alguém que compra um peixe com espinhas. Escolhemos o que há de melhor e tiramos as espinhas.

• Hoje, a maioria das crianças que vão para a escola e que são alfabetizadas , são obrigadas a engolir o peixe com espinha e tudo. É uma formação que não atende à expectativa delas como seres humanos e que violenta suas

(18)

A pedagogia oral

• Na tradição kaingang, os meninos bebem o conhecimento do seu povo nas práticas de

convivência, nos cantos, nas narrativas e até mesmo na confecção do artesanato. Os cantos narram a criação do mundo, sua fundação e

seus eventos, assim como as conquistas. É dessa forma que a criança indígena que ali cresce, aprendendo e ouvindo as narrativas

históricas dos seus ancestrais, se reafirma como tal.

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MENSAGEM DE SOBREVIVÊNCIA

CULTURAL ÉTNICA

Arrancaram minhas folhas.

Cortaram meus galhos.

Derrubaram meu tronco.

Incineraram tudo, mas esqueceram

de arrancar a minha RAÍZ, por isto estou

aqui.

Referências

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