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A construção da subordinação feminina e seu impacto na exploração do tráfico de mulheres.

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Academic year: 2021

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feminina e seu impacto na

exploração do tráfico de mulheres

Resumo

O objetivo do presente artigo é uma reflexão sobre o fenômeno tráfico de mulheres e sua relação com a construção social de gênero, que desencadeia na submissão da mulher. Articulam-se no corpo deste estudo os desdobramentos sociais que levam as mulheres a figurarem como principais vítimas na exploração do tráfico. Este crime constitui uma das principais consequências de violações de direitos humanos, e tem suas origens enraizadas na desigualdade social-econômica, e também na ausência de possibilidades para realização de sonhos pessoais. Para a presente investigação, adota-se o método qualitativo de análise documental de fontes primárias, que consistem em artigos do Código Penal brasileiro. Como fontes secundárias foi utilizada a doutrina sociológica, por meio de livros e teses de doutorado, bem como artigos publicados. A pesquisa está organizada em três partes, que estão interconectadas, proporcionando um entendimento amplo da matéria.

Palavras-chave

Tráfico de mulheres; Gênero; Submissão; Desigualdade.

Abstract

This article’s objective is a reflection on the women’s trafficking phenomenon and its relationship with the social construction of gender, which triggers in women’s submission. It articulates in the body of this study the social unfolding that lead women to be the main victims in the exploitation of trafficking. This crime is one of the main consequences of violations of human rights, and its origins are rooted in social-economic inequality, and also in the absence of possibilities for personal dreams. For the present investigation, the qualitative method of documentary analysis of primary sources, which consist of articles of the Brazilian Penal Code, is adopted. As secondary sources the sociological doctrine was used, through books and doctoral theses, as well as published articles. The research is organized in three parts, which are interconnected, providing a broad understanding of the matter.

Keywords

WomenTraffic; Genre; Submission; Inequality.

Juliana Gomes da Silva Graduada em Direito pela Mackenzie (julianagommes1@gmail.com )

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INTRODUÇÃO

Esse artigo pretende analisar a construção da subordinação feminina e seu impacto na exploração do tráfico de mulheres a partir de uma perspectiva da estruturação do gênero e da objetificação do corpo da mulher.

Nos últimos anos, a discussão a respeito do tráfico de mulheres vem ocupando um crescente espaço no debate público, nas agendas governamentais e na sociedade civil organizada, principalmente dentro do movimento feminista.

O tráfico internacional de pessoas não é um fenômeno novo e também não se pode dizer que seja consequência direta da globalização. Em resumo, se trata de uma atividade criminosa desde sua origem, cujos primeiros sinais remontam na Antiguidade, com povos gregos e romanos que traficavam seres humanos para fins de obtenção de prisioneiros de guerra (ARY apud GIRODANI, 1984, p. 186). Posteriormente, o fenômeno foi marcado pelo surgimento do Tráfico negreiro, que é caracterizado como base do capitalismo mercantil (VALENTIM, 1991, p.293), o que, mais à frente, evoluiu para o denominado Tráfico de Escravas Brancas.

Assim, é importante mencionar que o debate e a repressão a este crime têm-se realizado no processo de implementação do mais atual instrumento legal internacional relativo ao tráfico de pessoas, o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial mulheres e crianças, conhecido como Protocolo de Palermo que, formulado em

2000, entrou em vigor internacional em 2003 e foi ratificado pelo Brasil em 2004.

Tal instrumento contém uma gama de diferenças em comparação a instrumentos formulados anteriormente, principalmente no que diz respeito ao conceito de tráfico de pessoas, traçando, também, diretrizes importantes sobre a questão do consentimento da vítima.

Existe uma posição que considera a descaracterização do crime de tráfico para fins de exploração sexual, na hipótese em que a vítima consente em ir para o exterior, nos casos em que ela sabe que irá trabalhar como prostituta. A posição dominante, por sua vez, tem sido pela irrelevância do consentimento, eis que, na maioria das vezes, esse consentimento é viciado pelas falsas promessas de emprego e qualidade de vida, e pela pouca percepção da traficada de sua situação de vítima A problemática do tráfico de mulheres possui raízes bem profundas. Apresenta-se como um crime invisível, de difícil detecção.

Nesta pesquisa, o foco será na reflexão sobre o gênero como um dos pilares que sustentam o mercado do tráfico. Será feita uma análise da construção social do gênero e sua implicação no papel da mulher. Por meio disso, demonstra-se que a objetificação do corpo da mulher e a sua subordinação perante o sexo masculino decorrem em função de uma imposição social construída e que varia de cultura para cultura.

O trabalho se divide em três partes. No primeiro momento, analisa-se o termo gênero buscando demonstrar a sua construção social, que muda dependendo da sociedade analisada. Em seguida, será abordada a subordinação da mulher em decorrência da desigualdade de gênero. Por

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último, será feita uma relação entre a construção da subordinação do corpo feminino e seu impacto no mercado do tráfico de mulheres.

1.1 Gênero: uma construção social

O termo gênero foi construído ao longo do tempo, sendo elaborado e reformulado em momentos específicos da história das teorias sociais sobre a “diferença sexual”, tendo sido inovador em diversos aspectos. (PISCITELLI, 2009, p. 123).

O conceito de gênero foi introduzido por Robert Stoller no Congresso Psicanalítico Internacional em Estocolmo, em 1963, quando tratou do modelo da identidade de gênero (HARAWAY,2004, p. 22). Em seu estudo, Robert Stoller entendeu que os indivíduos, ao nascer, são definidos como meninas ou meninos a partir de suas características biológicas, especificamente pelas genitais.

Ocorre que a maneira de se comportar como homem ou mulher não provem da diferenciação dessas características, mas sim de imposições e ou aprendizados culturais, que podem mudar conforme o lugar, a classe social e o momento histórico (PISCITELLI, 2009, p. 124). Na era atual ser mulher tem um sentido diferente do que tinha no século XIX, época que a educação das mulheres se restringia às atividades que fossem úteis no ambiente doméstico, desprovidas, portanto, de valor no mercado de trabalho.

Neste aspecto, Simone de Beauvoir, afirma que “Ninguém nasce mulher, tonar-se mulher” (BEAUVOIR, 1967, p. 9), O que a seguinte passagem traduz é a ideia de que não existe um destino, uma premeditação para que a fêmea assuma o papel

de “mulher” que a sociedade a obriga. A fêmea nasce e, assim, em sua concepção são constituídas e impostas pela sociedade obrigações e deveres a serem seguidos pela mesma como uma forma de estruturação da humanidade.

A construção do ideal social de “mulher” é imposta à fêmea desde a sua infância, fase em que já sofre com repressões e mutilações de suas vontades genuínas. Na juventude, a fêmea é limitada a passividade, ao ato da espera de seu destino fatal: o macho. A mulher cresce, portanto, convencida da superioridade viril. O homem, por sua vez, também “espera” por ela, mas será apenas um elemento de sua vida que não resume seu destino (BEAUVOIR, 1967, p. 66).

O casamento para a fêmea aparece como um ideal social para sua “emancipação” no mundo. Assim aduz Beauvoir:

O casamento não é apenas uma carreira honrosa e menos cansativa do que muitas outras: só ele permite à mulher atingir a sua dignidade social integral e realizar-se sexualmente como amante e mãe. É sob esse aspecto que os que a cercam encaram seu futuro e que ela própria o encara (BEAUVOIR, 1967, p. 67).

O termo “mulher” passou a ser utilizado como a denotação de uma identidade comum, tornando-se uma palavra com um animus problemático, equiparando-se a um ponto de contestação, uma causa de ansiedade. Assim, se alguém “é” mulher, certamente este alguém não é “só” mulher (BUTLER, 2003, p. 20), o que significa que o gênero muitas vezes não se constituiu da maneira coerente com cada sociedade. Ao contrário disso, segue, muitas das vezes, imposições culturais,

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raciais, étnicas, classistas, que não demonstram conformidade com a identidade que de fato as mulheres possuem em sua essência.

Necessário ressaltar que existe uma divisão introduzida entre sexo e gênero. Se o gênero é resultado de significados culturais assumidos pelo corpo sexuado, não se pode afirmar, portanto, que ele seja fruto de um sexo desta ou daquela maneira. Assim, a diferenciação entre sexo e gênero sugere uma descontinuidade radical entre corpos sexuados e gêneros construídos em formatos sociais e culturais (BUTLER, 2003, p. 24).

A desigualdade entre os sexos implica em diferenciações culturais e sociais entre homens e mulheres, culminando em um uma distinção desigual entre os gêneros. Entre as décadas de 1920 e 1930, por exemplo, as leis eram amplamente diferentes para homens e mulheres, época em que só os homens podiam votar, ter acesso à educação e possuir bens.

Atualmente, ainda que as mulheres venham atingindo certa independência em comparação ao século passado, a desigualdade ainda é evidente no que concerne principalmente à sua inserção no mercado de trabalho e na política, de forma que, no Brasil, atualmente, ainda conta com menos de 10% de mulheres tanto no legislativo, quanto no executivo1.

1 Agência Brasil. Brasil ocupa 115º lugar em ranking de mulheres na política. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/ politica/noticia/2017-03/brasil-ocupa-115o-lugar-em-ranking-de-mulheres-na-politica> Acesso em: 12 de março de 2019.

O Relatório de Desigualdade Global de

Gênero de 20172, publicado pelo Fórum Econômico

Mundial, no subíndice “Empoderamento Político”, foi constatado que o Brasil caiu da 86ª posição para 110ª em relação ao relatório do ano anterior, de forma que dos 513 deputados federais, apenas 51 são mulheres. No Senado, elas representam 13 das 81 cadeiras, o que evidencia o ritmo lento do progresso econômico, político, social rumo a uma sociedade igualitária para os gêneros.

Essas noções e diferenciações entre os gêneros masculino e feminino construídas ao longo do tempo apresentam algumas teorias acerca de sua estruturação. A teoria social, objeto de estudo do presente trabalho, fundamenta-se no conceito de que a diferença entre os gêneros supracitados é o norteador universal de diferenciação e classificação. De acordo com essa teoria, em todos os grupos, as diferenças entre o que é tido como feminino e masculino norteiam as personalidades e as tarefas consideradas apropriadas para homens e mulheres. (PISCITELLI, 2009, p. 127)

Com base nessa teoria, foram formuladas ideias que demonstram a flexibilidade e variação cultural da distinção do que é tido como masculino e feminino, provando que a divisão de tarefas imposta por cada sociedade não são absolutas. Como exemplo, tem-se a sociedade indígena em que a atividade de tear é vista ora como feminina ora como masculina. Não há nada naturalmente feminino ou masculino (PISCITELLI, 2009, p. 127).

2 Relatório de Desigualdade Global de Gênero de 2017.Dis-ponível em: <http://cite.gov.pt/pt/destaques/complementos-Destqs2/WEF_GGGR_2017.pdf> Acesso em: 12 de março de 2019.

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Também neste sentido, a autora Margaret Mead realizou uma pesquisa entre os povos que ocupavam a Nova Guiné, fazendo uma comparação entre os papeis sociais de homens e mulheres. Relatou em sua obra que as atividades desempenhadas por homens e mulheres no provo Tchambuli eram consideradas atípicas e fora do comum sob a ótica da cultura ocidental. Neste povoado, os homens são ligados à arte em nível maior do que as mulheres. Cada homem é um artista, praticando a dança, a costura em tecido, a pintura, flauta, dentre outros, apresentando uma personalidade mais emocional e afetiva, ao mesmo tempo em que as mulheres, por outro lado, praticavam a arte com muito menos frequência, limitadas a pinturas de algumas cestas e fazendo parte de alguns grupos de dança, possuindo uma personalidade dirigente, dominadora e impessoal (MEAD, 1973, p. 273-277).

Como afirmado anteriormente, as pesquisas se contrapõem ao que é construído culturalmente na sociedade ocidental, na medida em que a sociedade americana pressupõe que as mulheres são naturalmente mais dóceis, sensíveis e fracas em comparação aos homens. Este estudo de Mead foi revolucionário ao demonstrar que essas considerações não são fixas, mas sim construídas desde que uma criança é concebida.

Tem-se que é comumente visto na sociedade as posições do homem e da mulher. Enquanto que por um lado o homem representa hoje o positivo e o neutro, isto é, o masculino e o ser humano, a mulher, de modo contrário, representa o negativo (BEAVOUIR, 1967, p. 167).

Essa construção social da imagem da mulher como representante do polo negativo tem

como consequências aspectos drásticos muito além daqueles relativos à sua autoimagem, levando a sua subordinação em relação ao homem e favorecendo, portanto, a expansão da dominação masculina. 1.2 A histórica desigualdade de gênero: a

subordinação feminina

Simone de Beauvoir considerava certos aspectos como sendo os principais para a construção da dominação masculina sobre a mulher, sendo estes impedimentos concretos para que esta alcançasse sua autonomia como: a educação, que preparava as meninas para agradar os homens para o casamento e a maternidade; o caráter opressivo do matrimônio para as mulheres; a falta de liberdade no que concerne à maternidade, na medida em que não existiam métodos anticoncepcionais que permitissem a escolha de ser mãe ou não; a existência de uma maior liberdade sexual para o homem e a falta de trabalhos e profissões dignas e bem remuneradas que permitissem a sua independência financeira (PISCITELLI apud BEAUVOIR, 2009, p. 131).

Nasce a partir dessa perspectiva o termo “patriarcado”, sendo este caracterizado por um sistema social em que a diferença sexual serve como base para a opressão e domínio do homem sobre a mulher. Em resumo, o poder patriarcal é caracterizado pelo controle do homem sobre o corpo da mulher, para fins reprodutivos e sexuais (PISCITELLI, 2009, p. 132).

A dominação de gênero decorre, muitas vezes, de elementos incorporados ainda que de forma inconsciente, que acabam por ressaltar a “superioridade” masculina. Ou seja, a sociedade desenvolve apego a certos modos de pensamento de

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natureza masculina e desigual, sendo eles próprios produtos da dominação, imediatamente revestidos de certa significação social, como, por exemplo, o pensamento primário da movimentação para o alto, sendo associado ao masculino, como a ereção ou a posição sexual superior no ato sexual relacionados ao homem (BOURDIEU, 1998, p. 16).

Pierre Bourdieu afirma, também, que a força particular masculina sobre a mulher é originária de uma ideia de natureza biológica, que é, por sua vez, ela própria uma construção social naturalizada (BOURDIEU, 1998, p. 32). O autor sustenta que a biologia e corpo seriam os espaços em que as desigualdades entre os sexos, no caso na ideia de dominação masculina, seriam naturalizadas.

Nesta tese também se relaciona o “falocentrismo”, sendo este a construção cultural da ereção masculina como dominante biologicamente e socialmente; é uma vocação viril; o orgulho fálico concedido a todos os homens por herdar seu órgão genital, sendo este a representatividade da sua força brutal em dominância da fêmea, que, por outro lado, representa o negativo em razão da ideia previamente estabelecida em relação ao homem.

Compreende-se que o falo, relacionado diretamente ao patriarcado, concentra todas as fantasias coletivas de potência fecundante, de maneira que a honra e a virilidade máscula são positivadas através de certas atitudes – defloração da noiva, progenitura masculina abundante, dominação do relacionamento etc. – que são esperadas de “um homem que seja realmente um homem” (BOURDIEU, 1998, p. 20).

Assim, a definição social dos órgãos sexuais é muito mais do que um simples registro de propriedades naturais do homem ou da mulher, sendo um produto de uma construção efetuada acerca de certas diferenças, ou do obscurecimento de certas semelhanças, como, por exemplo, a representação da vagina como um falo invertido (BOURDIEU, 1998, p. 23). O princípio masculino acaba sendo tomado como medida de todas as coisas, enquanto que a representação feminina é resumida à submissão e à imagem da vagina como órgão “vazio”, órgão este que é socialmente constituído como objeto sagrado e submetido a regras estritas de acesso.

A ideia da vagina como um tabu resulta na idealização de tal órgão como fetiche, sendo tratada como um segredo, segredo este que o comércio do sexo passou a se apropriar para garantia do lucro (BOURDIEU, 1998, p. 26). Assim, nas palavras de Pierre Bourdieu:

Ao fazer intervir o dinheiro, certo erotismo masculino associa a busca do gozo ao exercício brutal do poder sobre os corpos reduzidos ao estado de objetos e ao sacrilégio que consiste em transgredir a lei segundo a qual o corpo (como o sangue) não pode ser senão doado, em um ato de oferta inteiramente gratuito, que supõe a suspensão da violência. (BOURDIEU, 1998, p. 26).

O corpo da mulher é uma construção reiterada de discursos e práticas faladas e perpetuadas ao longo do tempo, contribuindo para a sua submissão. Neste aspecto, é necessário fazer uma breve menção dos discursos filosóficos, religiosos e médicos que influenciaram diretamente a construção da subordinação feminina.

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Hipócrates incorporou o discurso “a semente macha é mais forte que a semente fêmea”, afirmando em sua obra que o “produto” nascerá sempre da semente mais forte, e que naturalmente “a semente macha é mais forte do que a semente fêmea” (JOAQUIM, 1997, p.81).

O pensamento de Hipócrates funde-se em uma visão da mulher vista como matriz, como um campo semeado por outro, de modo que o homem representa a semente, o produtor, e a mulher representa a reprodutora. Isso é explicado por sua crença em ressaltar que se a mulher tem relação com o homem, a saúde dela, então, será melhor, “menos boa se não tiver” (JOAQUIM, 1997, p.81).

Aristóteles, por sua vez, considerava que “o primeiro desvio é o nascimento de uma fêmea”. Acreditava que, de uma maneira geral, as fêmeas eram inferiores fisicamente em comparação aos homens, valendo-se, assim, do tamanho do cérebro como parâmetro para caracterizar a mulher como um ser inferior intelectualmente e demonstrar a maior inteligência dos homens. Nas palavras do filósofo:

Entre os animais, é o homem que tem o cérebro maior, proporcionalmente ao seu tamanho, e, nos homens, os machos têm o cérebro mais volumoso que as fêmeas. (...) São os machos que têm o maior número de suturas na cabeça, e o homem tem mais do que a mulher, sempre pela mesma razão, para que esta zona respire facilmente, sobretudo o cérebro, que é maior. (ARISTOTELES, 1957, p.41).

Com relação ao discurso religioso, na Idade Média, o sistema de pensamento aristotélico foi incorporado pela religião cristã e difundido em compasso entre o encontro do discurso filosófico e religioso, relacionando a dignidade

feminina à criação da figura de Eva, sinônimo de pecado e vista como objeto de tentação de Adão. (ARISTOTELES, 1957, p. 42).

Os estudos médicos do século XVII, por sua vez, reafirmavam as teorias filosóficas e religiosas sobre a inferioridade feminina. Galeno, médico da época, explicava que os órgãos genitais femininos eram considerados o inverso do masculino por uma ausência de calor, o que fez com que permanecessem no interior do corpo da mulher. (COLLING, 2015).

No século XVIII esse estudo médico logo foi ratificado pelo discurso psiquiátrico, que passou a tratar as mulheres como um ser doentio e histérico, surgindo a chamada “histerização” do corpo da mulher, marcado pela imagem da “mulher nervosa”. Segundo Michel Foucault:

tríplice processo pelo qual o corpo da mulher foi analisado – qualificado e desqualificado – como corpo integralmente saturado de sexualidade; pelo qual, este corpo foi integrado, sob o efeito de uma patologia que lhe seria intrínseca, ao campo das práticas médicas; pelo qual, enfim, foi posto em comunicação orgânica com o corpo social (cuja fecundidade regulada deve assegurar), com o espaço familiar (do qual deve ser elemento substancial e funcional) e com a vida das crianças (que produz e deve garantir, através de uma responsabilidade biológico-moral que dura todo o período da educação): a Mãe, com sua imagem em negativo que é a ‘mulher nervosa’, constitui a forma mais visível desta histerização. (FOUCAULT, 1979, p.98)

Conclui-se que a construção do gênero feminino e a objetificação do corpo da mulher se pautaram historicamente em um conjunto de estudos e teorias dos campos social, político, religioso, médico, psiquiátrico, dentre outros, tendo sido,

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inclusive, o pensamento norteador dos traficantes de mulheres, o que se verá a seguir. A força da desconstrução dessa imagem, portanto, deve ir além meramente do campo social.

1.3 O corpo da mulher como principal fonte de lucro para o tráfico internacional de pessoas

É possível observar que as representações sexuais entre os dois sexos não são, de maneira alguma, simétricas. O corpo é representado como um objeto passivo, por meio do qual são impostos significados e obrigações derivados da cultura e do meio social, ou, pelas palavras de Judith Butler «o

instrumento pelo qual uma vontade de apropriação ou interpretação determina o significado cultural por si mesma.” (BUTLER, 2003, p. 27).

Portanto, o corpo é em si mesmo o resultado de uma construção de diversos fatores, assim como a pirâmide que determina o domínio dos sujeitos em razão da construção do gênero (BUTLER, 2003, p. 27). Se por outro lado, a atitude esperada do gênero masculino é a dominação do gênero feminino, em âmbito psicológico, social, e, principalmente, sexual, para uma mulher o que se espera é a sua aderência, passividade, o ato de consentir, de ficar por baixo no ato sexual, de ser dominada em todos os aspectos.

Toda essa materialização das atitudes sexuais entre os gêneros contribui para a proliferação do comércio sexual das mulheres, que têm o seu próprio corpo exposto como mercadoria, estampados em um cardápio, materializados para o varejo, prontos para serem escolhidos pelo homem que possui o poder de levar consigo o objeto que deseja sexualmente.

O tráfico internacional de mulheres, que tem como um dos principais objetivos a exploração sexual, é relacionado diretamente com a indústria da pornografia, do erotismo, que mercantilizam o corpo feminino com as propagandas, com a erotização, corroborando o ideal de dominação do sexo masculino descrito anteriormente.

Porém, o erotismo não é a única causa para a exploração da mulher, havendo inúmeros motivos que levam à sua exploração como principal fonte de lucro para o tráfico internacional de mulheres. O abuso dos indivíduos como força de trabalho, somado à condição de inferioridade da mulher, resulta em altos índices de desemprego feminino, induzindo as mulheres às profissões não formais e subalternas, como a prostituição. (GOLDMAN, 2011, p. 248).

Emma Goldman cita Reginald Wright Kauffman como primeiro autor a tratar do mal social em sua obra The House of Bondage (A Casa da Servidão). Nas palavras da autora:

Reginald Wright Kauffman, cujo trabalho The House o fBondage (A Casa da Servidão) é a primeira tentativa séria de tratar do mal social – e não de uma perspectiva sentimental filistina. Um jornalista com ampla experiência, o senhor Kauffman prova que nosso sistema industrial não oferece para a maioria das mulheres qualquer alternativa a não ser a prostituição. As mulheres retratadas em The House of Bondage pertencem à classe trabalhadora. Se o autor tivesse retratado a vida de mulheres em outras esferas, ele teria encontrado o mesmo tipo de situação. Em nenhum lugar a mulher é tratada de acordo com o mérito de seu trabalho, mas apenas como sexo. Portanto, é quase inevitável que ela deva pagar por seu direito a existir, a manter uma posição seja onde for, com favores sexuais. Assim, é apenas uma questão de grau se ela vende a si

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mesma a apenas um homem, dentro ou fora do matrimônio, ou a vários homens. Quer os nossos reformadores o admitam ou não, a inferioridade econômica e social da mulher é a responsável pela prostituição (GOLDMAN, 2011, p. 248-249).

Este cenário explicitado por Goldman é incentivado e marcado, ainda, pelo processo de globalização da sociedade atual. Neste contexto, as mulheres inseridas neste sistema de desenvolvimento econômico levam consigo o peso da busca de soluções para superar as consequências das reformas, tornando-se uma captura fácil dos aliciadores do tráfico, que as iludem com promessas de trabalhos dignos e de remuneração compensatória. (SOUSA, 2012, p.1).

Por outro lado, também, é necessário ressaltar a responsabilidade das politicas públicas que contribuem para o empobrecimento das camadas média e baixa da sociedade, levando à venda dos filhos pertencentes às famílias em situação de dificuldade econômica, principalmente meninas, destinadas ao mercado da prostituição. (SOUSA, 2012, p.2).

Este fenômeno, no entanto, não é novo. Pode-se afirmar que o tráfico teve sua origem na escravidão, sobretudo na escravidão branca do século XIX para o XX, em que mulheres europeias eram conduzidas para consumidores não ocidentais do universo não desenvolvido, caracterizando uma rota inversa da que ocorre atualmente, de forma que as circunstancias continuam em sua essência a mesma, mulheres ingênuas que são aliciadas por traficantes para migrar a uma vida indigna e sofrida, inexistindo a opção de fuga. (SOUSA, 2012, p.2).

O tráfico pode envolver um indivíduo ou um grupo de indivíduos. Segundo Damásio de Jesus,

o ilícito começa com o aliciamento e termina com a pessoa que explora a vítima, utilizando-se de práticas para mantê-la em escravidão:

O tráfico internacional não se refere apenas e tão-somente ao cruzamento das fronteiras entre países. Parte substancial do tráfico global reside em mover uma pessoa de uma região para outra, dentro dos limites de um único país, observando- se que o consentimento da vítima em seguir viagem não exclui a culpabilidade do traficante ou do explorador, nem limita o direito que ela tem à proteção oficial (JESUS, 2003, p.7).

Essa escravidão, ainda que a maioria seja ligada ao comércio sexual (prostituição, turismo sexual, pornografia e tráfico para fins sexuais), pode ser direcionada a diversos setores, como o trabalho forçado e escravo nos setores agrícolas, pecuários, nos serviços domésticos, casamento forçado dentre outros; para a extração de órgãos e para adoção, que são definidas como forma moderna de escravidão, sendo uma afronta grave aos direitos humanos, interferindo diretamente na dignidade humana. (LEAL, LEAL, 2005, p. 1).

As principais vítimas de tráfico no Brasil e no mundo são mulheres, sendo estas destinadas para fins de exploração sexual. De acordo com o Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT)3 de 2005, 43% das pessoas traficadas no

mundo são destinadas ao comércio do sexo, 32% são vítimas de exploração econômica e 25 % são encaminhadas para outros tipos de exploração.

3 Relatório Global do Seguimento da Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. Disponível em: <https://reporterbrasil.org.br/documentos/relatorio_glob-al2005.pdf> Acesso em: 23 de abril de 2019.

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Neste ponto, o relatório supracitado ainda aponta um dado relevante: 56% das vítimas de exploração econômica são mulheres e meninas, e com relação à exploração sexual 98% são, igualmente, mulheres e crianças. O tráfico internacional de pessoas, na era pós-moderna é conhecido como a forma modernizada de escravidão, refletindo com uma nova “roupagem” o fenômeno que se originou na escravidão branca do século XIX. A era da globalização recriou formas tradicionais de exploração, o trabalho forçado, trabalho escravo, o tráfico de seres humanos para fins sexuais, guerras, fome, desalento, abandono e falta de perspectiva (LEAL, LEAL, 2005, p. 2).

O tráfico de humanos vai além do aspecto criminal legal. Configura-se como um fenômeno multidimensional, multifacetado e transnacional, que tem suas dimensões enraizadas com as relações macrossociais e culturais. A primeira porque, como exposto acima, o mercado globalizado impacta diretamente na expansão do crime organizado, e na exploração sexual comercial, e a segunda porque a cultura machista, patriarcal, insere mulheres, adolescentes e crianças como vítimas de submissão nas relações de dominação.

Em razão da sua faceta multidimensional, o tráfico de mulheres se tornou um crime o qual seu combate encontra diversos obstáculos. Primeiro porque não há um consenso acerca da definição de “tráfico”, e, consequentemente, pairava a dúvida de quais práticas deveriam ser combatidas (WIJERS, 2003, p. 79). Segundo, a questão do consentimento da vítima frente ao aliciamento é uma discussão polemizada dentro deste assunto na medida em que engloba o reconhecimento ou não

da prostituição voluntária. Isso implica em outros pontos polêmicos como a expressão da autonomia da vontade e da liberdade profissional da mulher, envolvendo também as discussões existentes entre visões abolicionistas e as emancipatórias da prostituição (MOURA, 2009, P. 2021).

Além disso, no atual cenário social, é concedida pouca consideração à palavra de quem é enquadrado como vítima, principalmente quando estas são prostitutas. Embora o Protocolo de Palermo, principal instrumento internacional que combate o tráfico de pessoas, afirme que o consentimento é irrelevante em alguns casos para a configuração do tráfico, pouco respeito é dado à autonomia e à palavra da mulher (SCHILLING, OLIVEIRA, 2014, p. 51).

A formulação, harmonização e implementação de normas legais referentes ao tráfico de pessoas, têm lugar no cenário de conflitos políticos, em que existem pontos de desencontros e articulações entre as diferentes lógicas normativas que funcionam de acordo com ações de diferentes grupos de interesse. Assim, de acordo com Piscitelli:

Desencontros e convergências são perceptíveis no entrecruzamento entre lógicas dos estados nacionais e outras que podem ser consideradas supranacionais e transnacionais. E, muitas vezes, há desencontros entre essas lógicas e as que permeiam as ações de pessoas consideradas em situação de tráfico (PISCITELLI, 2008, p.34).

Outra dificuldade, também, diz respeito à representatividade das mulheres na formulação de tratados e protocolos internacionais. Em tese, a representação dos direitos das mulheres para a formulação de políticas públicas faz-se

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necessária com a presença feminina, para que assim sejam devidamente contempladas nas discussões. Tal presença é imprescindível para a extensão do foco para as mulheres e para sua legitimidade como sujeito político. Essa abertura para a representação do gênero feminino é praticamente obrigatória quando se busca promover a visibilidade política, principalmente por meio de uma participação na formulação das políticas públicas direcionadas ao enfrentamento do tráfico de mulheres.

Em linhas gerais, essa carência de representatividade acontece em decorrência de problemas enraizados em prerrogativas sociais, principalmente àquelas discussões relacionadas aos problemas de gênero. Como explicitado, o homem e a mulher são diferenciados por questões biológicas, caracterizando o gênero feminino como um conjunto de seres dotados de fragilidade e submissão, o que culmina em abusos físicos e psicológicos, além da falta de representação em áreas de poder. Por este motivo, o feminismo é inevitável para o início da tomada de posição, através da qual os direitos humanos e os valores femininos serão auferidos (STEANS, 1998).

Conclusão

O tráfico de seres humanos, especificamente de mulheres, é um crime contra a dignidade humana em expansão em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. É um fenômeno complexo, de múltiplas facetas, o que acarreta na dificuldade em se identificar suas ações, na medida em que se relaciona com a migração, propostas de casamento, trabalho, mercado do sexo, estudo e com as situações de desaparecimento. Todos esses aspectos facilitam a invisibilidade do crime.

Conforme o relatório da OIT, estima-se que 12,3 milhões de pessoas exerçam trabalho forçado, e que deste número 2,45 milhões de pessoas foram traficadas. No Brasil, este crime encontra-se em uma crescente gradativa, de forma que o País atrai, predominantemente, mulheres afro-descendentes entre 15 e 25 anos de idade, segundo a Pesquisa Nacional sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil4 publicada em 2002. O

documento também atesta a existência de cerca de 240 rotas de tráfico de pessoas no Brasil, envolvendo um fluxo permanente de jovens mulheres e, em número menor, homens.

Apesar das mudanças trazidas por meio dos instrumentos internacionais, como por exemplo, o Protocolo de Palermo, um dos principais problemas permanece intacto desde o tráfico de escravas brancas até o tráfico atual: o problema da discriminação de gênero. A partir desta ideia, fez-se notável que a construção de uma conduta social para o gênero feminino e masculino é uma das bases para o desaguamento do tráfico em mulheres. Isso porque, ainda que o tráfico cerque outras vítimas e possua outras formas de exploração, as principais aliciadas ainda continuam sendo mulheres, meninas e para fins de exploração sexual.

Apesar da modificação e evolução dos tratados e convenções, que ao longo do tempo foram se adaptando às realidades histórica, social e cultural das vítimas, o problema da desigualdade

4 Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual comercial no Brasil (Pestraf). Disponível em: <http://www.justica.gov.br/sua-protecao/trafi-co-de-pessoas/publicacoes/anexos-pesquisas/2003pestraf.pdf> Acesso em: 23 de abril de 2019.

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de gênero não foi superado. Este aspecto está enraizado na cultura global e mostra-se como um obstáculo que está presente desde o aliciamento dos traficantes até a formulação dos tratados, visto que ainda são muitos os países que pendem de representantes mulheres em posições de poder.

Além disso, a moralidade materializada na prostituição ainda é um preconceito ante o qual os Estados se calam. A ligação entre prostituição e tráfico de mulheres que a maioria ainda defende impacta diretamente no tratamento do caso e na implementação de leis e políticas públicas para o combate ao tráfico, à medida em que o preconceito dificulta a concretização de medidas protetivas e programas para a sociabilização das vítimas. Isso denota, também, a questão da discriminação de gênero, já que a prostituição, por sua vez, é relacionada à mulher.

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