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RESUMO
Enaltecida há séculos, dos gregos aos romanos e da Idade Média aos tempos moderno e contemporâneo, a equidade tem sido a mais bela expressão jurídica da justiça humanizadora do Direito. Aristóteles nos legou o conceito de epiêikeia como a justiça mais bela e perfeita2. Cícero e os jurisconsultos ro-manos a exaltaram como a aequitas, ars boni et aequi3. Os canonistas medievais
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a chamaram de benignitas, magnanimitas, misericordia. São Tomás de Aquino a considerava a parte mais importante da justiça4; e no direito inglês, a equity. Nos séculos recentes, projetou-se nas legislações nacionais5, ingressou no Bra-sil pela Carta constitucional de 1824 (art. 179, inc. XVIII) e pela Constituição de 1934 (art. 113, inc. 37), que informou o CPC de 1939 (art. 114), com restrição no de 1973 (art. 127). Na atual reforma do Código de Processo Civil6 o instituto
da equidade restou inscrito no art. 140, par. único, e nas expressões equitativo DUWVREUHQRPHDomRGHSHULWRVHequitativaDUWVREUHKR-norários advocatícios). Apesar dessas restrições legais, a equidade continua atuante nas regras pertinentes à Lei dos Juizados Especiais (art. 6º), da CLT (art. 8º), do CTN (art. 108), na prática das audiências de conciliação, mediação, na Lei da Arbitragem (art. 2º) e com apoio dos princípios gerais da Lei de In-trodução; aliados ao bom senso e à prudência dos juízes, devem tais institutos contribuir para uma efetiva humanização dos processos, implícita no direito de acesso à justiça. Os magistrados se servirão de jurisprudência fundada em sólida doutrina para sustentação de decisões novas, pois a equidade, sendo conceito supralegal, metajurídico, pode prescindir de expressa autorização le-JLVODWLYDTXDQGRVHVREUHS}HRFXPSULPHQWRGDVÀQDOLGDGHVVRFLDLVGDOHLH a promoção do bem comum.
PALAVRAS CHAVE
Decisão Judicial – Mediação – Conciliação – Arbitragem - Equidade.
ABSTRACT
Exalted for centuries, from the Greeks to the Romans and from the Mi-ddle Age to modern and con-temporary times, equity has been the most be-autiful legal expression of the humanizing justice of the Law. Aristotle beque-athed to us the concept of epiêikeia as the most beautiful and perfect justice. Cicero and the Roman jurisconsults exalted it as aequitas, ars boni et aequi. The medieval canonists called it benignitas, magnanimitas, misericordia. St. Thomas Aquinas considered it the most im-portant part of justice; and in
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glish law, equity. In recent centuries, it was projected in national legislations, it entered Brazil by the Constitutio-nal Charter of 1824 (article 179, inc. XVIII) and by the Constitution of 1934 (article 113, inc. 37), which informed the Civil Procedure Code of 1939 (article 114), with restriction in the Civil Procedure Code of 1973 (article 127). In the current reform of the new Brazilian Civil Pro-FHGXUH&RGHWKHLQVWLWXWHRIHTXLW\ZDVLQVFULEHGLQDUWLFOHV HTXLWDEOHRQDSSRLQWPHQWRIH[SHUWVDQGLQDUWLFOHHTXLWDWLYHRQ legal fees). Despite these restrictions, equity continues to operate in the rules pertaining to the Law of Special Courts (article 6), Labor Consolidation (ar-ticle 8), Tributary Code (ar(ar-ticle 108), in the practice of conciliation hearings, mediation, in the Law of Arbitration (article 2) and with the support of the general principles of the Law Introduction; allied with the common sense and prudence of judges, should these institutes contribute to an effective humani-zation of processes, implicit in the right of access to justice. Magistrates will use jurisprudence based on solid doctrine to support new deci-sions, since equity, being a supralegal, metajuridic concept, can dispense with express legislative DXWKRUL]DWLRQZKHQLWRYHUFRPHVWKHIXOÀOOPHQWRIWKHVRFLDOSXUSRVHVRIWKH law and the promotion of the common good.
KEYWORDS
Judicial decision – Mediation – Conciliation - Arbitration - Equity.
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INTRODUÇÃO - O paradigma da sentença judicial
(Da mihi factum, dabo tibi ius)7
Em todo processo se encontra uma causa materialDVTXHVW}HVGHIDWRSDUWL-FXODUHVHVSHFtÀFDVDFDGDFDVRXPDcausa formalDVTXHVW}HVGHGLUHLWRJHQp-ricas, universais; uma FDXVDHÀFLHQWHDTXHOHTXHMXOJDFRPFRPSHWrQFLDpWLFD moral, jurídica; uma FDXVDÀQDOGDUDTXLORTXHpMXVWRDFDGDXPGLVVROYHUD controvérsia, alcançar a paz social, com espírito de fraternidade (“para que não voltem a litigar ... “).
Os códigos processuais de 1939 e 1973 instituíram um modelo para as sentenças, no formato tradicional, repristinado pelo atual CPC8
1- Relatório, síntese da inicial do autor, resposta do réu, provas colhidas e UD]}HVÀQDLVFRPrQIDVHQRVIDWRVHVXWLOH]DVGDVOHLV
2 - Fundamentação9, sobre os fatos e questões que levam o juiz a “ponderar/
VRSHVDUµTXDORXTXDLVYmRGLULPLURFRQÁLWRTXDLVPRWLYDPVHXVHQVRMXUt-dico, sua intuição para a solução mais justa. Neste campo o juiz exerce plena-mente sua potestas, poder de polícia, direção do processo, ponderação e escolha dos fundamentos;
3 - Decisão, a atuação da formação jurídica e consciência humana do julga-dor, em que cabe aplicar a regra de ouro, ver os “outros” no processo como a si mesmo; aqui o jul gador exerce sua auctoritas, o saber jurídico na aplicação da ratio deciden di, DUD]mRVXÀFLHQWHDIXQGDPHQWDomRÀQDOGDVHQWHQoDMXVWD e concreta10.
A fundamentação do decisum, após sólida motivação sobre as questões de
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fato e de direito, exige dos juízes uma mirada hacia arriba, considerando a trans-cendência da Justiça, e una mirada hacia abajo, quando descem à consideração das condições sociais subjacentes ao caso particular11.
No exercício desta auctoritas o conceito de equidade (espírito da lei) deve inspirá-los a ampliar seus paradigmas de valoração do processo, sem forma-lismos em excesso nem apego extremo às minúcias procedimentais. Importa--lhes apreciar as questões humanas implicadas nos casos particulares, mais que apegar-se às leis a aplicar.
Em inúmeras regras inovadoras do CPC perpassa o espírito da equidade, que deve subsumir-se nas decisões judiciais. Sua missão é extrair das ques- W}HVRMXVWRSDUWLFXODUHVSHFtÀFRDFDGDFDVRQRPDLVSXURHQVLQDPHQWRDULV-totélico12.
Embora presente como única norma expressa no CPC 201513, a equidade
vem implícita em seu art. 8° como princípio geral de direito14, ampliando dessa
forma o art. 5° da Lei de Intro dução, ao avocar a função social da lei e o bem co-mum, à luz da dignidade da pessoa humana.
Os juízes estão conscientes de haver uma distância ética entre o legislador HRMXOJDGRUDYRFDomRGDTXHOHpIRUPXODUDOHWUDGDVQRUPDVHQTXDQWRDPLV-são do julgador é decidir pelo espírito equitativo das leis, sempre que possí-vel. No pensamento de Jean Cruet15, o magistrado-legislador é (como) o pretor
romano, criador do direito pretoriano (p. 22); o juiz é um legislador à força (p. 43); e o ponto de vista abstrato do legislador não é o ponto de vista concreto do juiz (p. 55).
Alcançada a ratio decidendi, IXQGDPHQWRHVSHFtÀFRGDVHQWHQoDRMXL]KX-manista costuma indagar se o veredito satisfez aos interesses dos litigantes,
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DSOLFDQGRDVLPHVPRDUHJUDGHRXURse fosse minha a cau sa, estaria em paz com a decisão? Aceitaria esta sem recorrer? Mesmo em casos não conciliados previa-mente, constitui dever judi cial decidir pela solução mais justa e menos danosa às partes, pois as decisões injustas causam danos, nem sempre reparáveis.
O novo juiz processualista deve, pois, armar-se de cultura, paciência e obs-tinação para enfrentar os males sociais que assolam a civilização, a dessacra-lização dos valores mo rais, a desconstrução das personalidades, a dissolução dos costumes sociais e cívicos, a desonra do corpo humano, o consumismo hedonístico, a trivialização do ensino, a alienação das mentes pela tecnologia das bana lidades, o indiferentismo ético-político do povo, o reacionarismo po-SXOLVWDUHLYLQGLFDWyULRDFXOWXUDGDVVXSHUÀFLDOLGDGHVRDEVHQWHtVPRSROtWLFR jVH[LJrQFLDVS~EOLFDVRGHVUHVSHLWRHDEDQGRQRjVWUDGLo}HVKLVWyULFDVHQÀP a queda vertiginosa à infelicidade de viver. Em bora pontuais, tais males têm força e destinação de se disseminarem globalmente.
II – Revolução Axiológica Processual: novos métodos
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Conciliação, mediação, arbitragem, negociações, transações, representam modalidades de solução de litígios eticamente superiores aos métodos tradi-cionais; segundo Angel Ossorio, “as condições apreciáveis e indispensáveis SDUDXPERPSURFHGLPHQWRMXGLFLDOVmRRUDOLGDGHSXEOLFLGDGHVLPSOLFLGDGH HHÀFiFLDµ16.
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O conciliador [...] poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a uti-lização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. [...] A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da inde-SHQGrQFLDGDLPSDUFLDOLGDGHGDDXWRQRPLDGDYRQWDGHGDFRQÀGHQFLDOLGDGHGD oralidade, da informalidade e da decisão informada17.
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Recebida a petição inicial, o juiz designa de imediato audiência de conci-liação ou mediação (art. 334), podendo haver mais de uma sessão necessárias à FRPSRVLomRGDVSDUWHV7DPEpPQDDXGLrQFLDGHLQVWUXomRHMXOJDPHQWR o juiz tentará conciliar as partes, independentemente de tentativas anteriores (art. 359).
O mesmo ocorre nas ações de família, em que
[...] todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da controvérsia [...] para a mediação e conciliação (Art. 694), [...] em tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução consensual... (Art. 696). No Código Civil se prevê igualmente o compromisso judicial ou ex-trajudicial para resolver litígios (art. 851), e questões de estado sem caráter patrimonial (art. 852) ou em contratos (art. 853).
Conciliação e equidade
Maria Inês Moura Santos Alves da Cunha18, em sua obra A equidade e os
PHLRVDOWHUQDWLYRVGHVROXomRGHFRQÁLWRV19 prenunciou a implementação ampla e
efetiva de novos métodos, nomeadamente conciliação, mediação, arbitragem e juizados especiais, e o “ajustamento das lides coletivas perante o Ministério Público”. Correta foi a autora ao fundamentar estes institutos na equidade20, e
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35HIHULUPHLRVDOWHUQDWLYRVSDUDVROXomRGHFRQÁLWRVpPHQFLRQDUWDPEpP o uso da equidadeQDSDFLÀFDomRS2bem comum é o supremo princípio diretor [...] sendo conceito [...] equivalente à equidade lato sensu; p. 72. As referências legais ao bem comum e aos ÀQVVRFLDLVGDOHL, bem como à decisão mais justa e equânime [...] sinalizam uma autorização legal para o uso da equidade; p. 73. [...] sendo o bem comum (a) coordenação do bem de todos segundo princípio ético, exige do julgador [...] atenção às circunstâncias particulares, condições sociais, econômicas, políticas e culturais; p. 74. A atividade do juiz deve ser humanizadora e participativa, postan-do-se como intermediário dos valores prevalecentes na sociedade; p. 75. A decisão
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mais justa e equânime indicada pelo legislador é o justo revelado pela equidade, ou o equitativo de Aristóteles, dos romanos, da patrística, da escolástica e dos mo-dernos [...] em um sentido de [...] complementaridade, em face das exigências de nossos tempos; p. 80. Dar prevalência ao equitativoHPGHWULPHQWRGROHJDOVLJQLÀFD ampliar o espectro da justiça para torná-la efetiva no âmbito das relações sociais e não apenas no nível jurídico e formal do discurso do Estado21. (Grifos nossos)
3HORQRYR&3&RVQRYRVPpWRGRVGHVROXomRGHFRQÁLWRVUHYLJRUDUDPD conciliação e a mediação, minuciosamente detalhadas. Evidencia-se que o es-pírito que preside a ambas é o mesmo da equidade, a visão do homem e seu drama no processo e não a simples aplicação da letra das regras. O julgador moderno não é mais o servo ou escravo da lei (la bouche de la loi), mas o huma-nista de respeito à dignidade da pessoa (em seus direitos e deveres), que busca os ÀQVVRFLDLVGDOHL e constrói a paz social, bem comum maior na sociedade (art. 8º, citado).
Na conciliação, nos casos em que não houve vínculo anterior entre as partes, o juiz estatal ou o particular sugerem, sem imposição ou constrangimento, a solução da pendência, que só se efetiva pelo livre acordo entre as partes22; na
mediação, para casos em que existe vínculo anterior entre as partes, predomi-na a neutralidade e a imparcialidade do mediador, que não sugere, impõe ou LQWHUIHUHQDVROXomRHDSHQDVDX[LOLDDVSDUWHVDDOFDQoDUDVROXomRGRFRQÁLWR gerando benefícios mútuos231DVGXDVKLSyWHVHVRDFRUGRHQWUHRVFRQÁLWDQWHV
resulta em uma transação, como também ocorre mediante advogados.24 Quanto
à arbitragem25, o árbitro é juiz de fato e de direito, pode impor uma decisão por sentença (art. 12 da Lei), equiparada à heterocomposição judicial.
Há de se acrescentar a automediação26, realizada pelos advogados das partes,
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de valores, em que são evidentes os princípios éticos baseados na equidade. Como se depreende destas soluções alternativas, ademais de atender à diminuição de ações judiciais, prevalece a intenção de se obter um resultado equitativo para as partes, o justo meio ou justa me dida, preconizados por Aris-tóteles sobre a equidade.
,,,2QRYRSDUDGLJPDGHVROXomRGHFRQÁLWRV27
Thomas Khun celebrizou-se pela análise da mudança de paradigmas nas ci-ências, citando como exemplos a física de Aristóteles, a astronomia copernicana, a dinâmica newtoniana, a química de Boyle, a teoria da relatividade de Einstein. 6HJXQGRHOHSURGX]VHXPDUHYROXomRFLHQWtÀFDTXDQGRXPQRYRSDUDGLJPD substitui o paradigma tradicional e, a cada revolução, o ciclo se reinicia e o para-digma instaurado dá origem a um novo processo de ciência normal28.
Quando se fala, portanto, de mudança de paradigma, em geral tal mu-dança se refere a um momento revolucionário, tal como a referida revolução copernicana. Mas o que enfatizamos em relação à mudança no direito é a trans-formação de categorias jurídicas e a instauração de novos parâmetros, como é nos modos de conciliação e mediação.
Por que dizemos que tais categorias representam uma mudança de pa- UDGLJPD"3RUTXHGHXPODGRPRVWUDVHXPHVJRWDPHQWRGRSDUDGLJPDSRVLWL-vista clássico e de outro a abertura para soluções jurídicas que integram cessão consensual do direito e soluções equitativas de justa medida.
Sem prejuízo da jurisdição tradicional, o novo CPC disciplinou os institu-tos da conciliação, mediação e arbitragem visando acelerar o andamento das causas, oferecer justiça menos onerosa, aliviar processos nos tribunais, proce-GHUjHIHWLYDVHOHomRGRVFRQÁLWRVDSD]LJXDURVkQLPRVH[DOWDGRVGDVSDUWHV
5HDOL]DUDSDFLÀFDomRPHGLDQWHPpWRGRVDOWHUQDWLYRVPHQRVUtJLGRVFRQV-titui meta inteligente de se fazer justiça, otimiza o protagonismo dos juízes na direção do processo; versados em humanidades, serão sempre construtores da
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Na realidade, ao buscar o cidadão a justiça mediante o processo, ele chama o Estado-juiz a intervir em sua vida e este assume o poder de tarifar sua liber-dade, sua honra, seu salário, seu patrimônio. Nas conciliações as partes enxer-gam “o outro”, estabelecem um contraditório de fato, exercem uma cidadania ativa, responsável, expressão de autêntica democracia participativa (CF) 29; “a
interferência do juiz, na conciliação, é uma forma, tal qual uma sentença, de fazer oportuna justiça, porque ele atua no aperfeiçoamento da equitatividade ... buscada pelas partes”30.
Os litigantes que ingressam no templo da Justiça podem enfrentar a impunidade, muitas vezes reiterada e a lentidão do Judiciário, o alto custo do processo e a imprevisibilidade na decisão. Em vez de simplesmente concreti- ]DURMXVWRSOHLWHDGRRSURFHVVRVHWRUQDÀQDOLGDGHHPVLPHVPR$FDXVDIRU-PDOSURFHGLPHQWDOLVWDHDHÀFLHQWHMXGLFLDOLVWDDFDEDPVXSODQWDQGRDFDXVD ÀQDOTXHGHYHULDH[SUHVVDURÀPGROLWtJLRPHGLDQWHGHFLVmRMXVWDFRQFUHWD HTXkQLPHHSDFLÀFDGRUD
Podemos vislumbrar no novo Código de Processo Civil que os renovados modelos de conciliação e mediação constituem um amplo paradigma a ser adotado em todas as audiências judiciais, segundo regras propícias à solução H[WUDMXGLFLDOGRVFRQÁLWRVKDMDYLVWDDFULDomRREULJDWyULDGHFHQWURVHVSHFLD-OL]DGRVSRUWRGRVRVWULEXQDLVDUW&)DUWLQF,H,,5HFRQKHFH Elias Farah, renomado advogado trabalhista, que “... o importante e singular instituto jurídico conciliatório nas ações judiciais, é, sem dúvida, um dos meios PDLVSURPLVVRUHVGHHYLWDUSURFHVVRVHLOLGLUFRQÁLWRVµ31. ª Ç ¯ Á  ½ ®Ç ¶ ¬ ¶ ¾ À Á ¸ Á  ¯ ½ ¼ ½ À ¯ ® » É ½  ! " # $ % & Å Ç Ã' ½ Á ( ®Á Â Ç ° Ë °¸ ½ À Ã Ç ¾ À ½ ® » Á ½ ® »Â ¾ ) * ±+ ¾ Æ °µ , ° -. / û½ ¯ 0 ½ ½ ' °1 2 2 3 % Ë 4 Ç ¸ ½ À Ã Ç ¾ À ½ Á 5 ¼ Á Ã»Ì Á » ½ ¾ ) * * ±¾ Æ °Î Î ± °
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Esta disponibilidade para conciliar e mediar demandas permite ao juiz a aplicação constitucional da fraternidadeFRPRHVStULWRLPDQHQWHjFRQFLOLDomR petição inicial e resposta iniciaram o diálogo conciliatório; as questões foram lançadas para debates; a motivação pelos fatos e normas invocados permite equilibrar reivindicações extremadas; as razões pessoais, bem ponderadas, levam a amenizar os ânimos, a brem-se as mentes para particularidades não suspeitadas, caem distân cias psicológicas, aproximam-se os contendores; as partes se reconhecem uma à outra, em termos pessoais e jurídicos.
A palavra do conciliador/mediador é doutoral, tem ares de sacralida de, as SDUWHVFRQÀDPQDLPSDUFLDOLGDGHGRexpert que vai orientá-los à decisão. Ao longo das audiências elas amadurecem e esclarecem o juiz na compreensão das raízes da controvérsia. Desde a leitura das primeiras peças o conciliador/ mediador busca compreender o espírito dos que litigam, a razão psicológica da contenda e por quais ra zões evitaram um confronto prévio ao litígio judicial.
4XDOGHYHVHUDH[SHULrQFLDH[LJLGDGRMXL]FRQFLOLDGRUGHFRQÁLWRVQRV DSUHVHQWD(OLDV)DUDK
... a neutralização dos ímpetos das partes precisa ser habilmente induzida por UHFRPHQGDo}HVGHXPPHGLDGRUSDFLHQWHHTXLGLVWDQWHMXVWRTXDOLÀFDGRHLQWH-ressado, capaz de um diálogo conciliador, comedido, sem arrogância, encarnado QDÀJXUDUHVSHLWiYHOGRMXL]32
No curso do processo, é vezeiro que audiências formais sejam adiadas por circunstâncias várias, adiantado da hora, falta de testemunhas, petição das partes, e o tempo pass a. Por que não adiar conciliações até se alcançar um YHUHGLWRFRQVHQVXDOPHQWHMXVWRVXSHULRUDXPDVHQWHQoDUHFRUUtYHO"$TXLR tempo é lucro, não mera protelação.
4XDQWDYH]VHDVVLVWHDRÀQDOGHFRQFLOLDo}HVHPHGLDo}HVEHPVXFHGLGDV litigantes empedernidos se confraternizarem, refazendo relacionamentos, afas-WDQGRUDQFRUHVHDJUDGHFHQGRDRFRQFLOLDGRURXPHGLDGRU6DHPJUDWLÀFDGRV pelos ganhos e o juiz pelo dever cumprido. O conciliador/mediador é o juiz da fraternidade, o humanista que exerce a cidadania na democracia participativa, que atua em benefício da paz social e do bem comum, resguardando e promoven-do as pessoas, como exigên cias éticas e constitucionais.
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eRMXOJDGRUequânime, que vê e aplica a lei segundo o espírito de equidade; quando concilia ou media fundamenta-se mais na dignidade das pessoas do que no direito estrito, visando a construção daquela sociedade fraterna, justa e solidária, objeto do Bem comum (Preâmbulo da Constituição).
Vantagens e desvantagens da conciliação e mediação
Dentre as desvantagens das práticas conciliatórias avulta a recusa in-MXVWLÀFDGDGDVSDUWHVWHPHURVDVGHXPFRQIURQWRSHVVRDORXFRQVWUDQJLPHQWRV pelo juiz33; a reação de advogados que insistem na litigiosidade do
contraditó-rio judicialista e pragmático; a falta de preparação psicológica das partes; conta igualmente a reduzida vocação de alguns juízes para estabelecerem diálogos, às vezes exaustivos, indisposição temperamental, despreparo, arrogância, falta de humildade, irritabilidade para negociação.
-iDVYDQWDJHQVVXSHUDPDVFRQFLOLDo}HVSURPRYHPDFHOHULGDGHHRDU-quivamento de inúmeras causas; a audiência é exercício de humanização do SURFHVVRHVWDEHOHFHVHXPFRQWUDGLWyULRSHVVRDOUHDOQmRRÀFLRVRHIRUPDOLV-ta; haverá sempre economia de custas pela redução do processo às provas já presentes; des burocratizam-se os procedimentos pela oralidade informal, re-duzindo o a cordo a uma folha de papel; o despacho inicial pode e deve sugerir a conci liação prévia, com indicação de subsequentes34.
Tenha-se em mente os propósitos salutares do novo Código para redu-zir a morosidade processual, a litigiosidade recursal e a economia de custos do processo, em prestígio do justo acesso e humanização da justiça, garantias fundamentais da Constituição. Igualmente a busca do aperfeiçoamento dos juízes, através das Escolas da Magistratura, bem como o estímulo do Tribunal de Justiça de São Paulo a esses paradigmas.
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Conciliação e mediação em Cartórios
A Constituição Federal preconizou que as controvérsias de âmbito interno GHYHULDPVHUUHVROYLGDVDWUDYpVGHFRQFLOLDomRHSDFLÀFDomRSRUPHLRVQmRFRQ-vencionais35. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), à sua vez, propôs a
ado-omRSHORV7ULEXQDLVGHPRGHORVDSWRVjVROXomRSDFLÀFDGRUDGHFRQÁLWRVGH forma a eliminar a sobrecarga de processos, recursos e execuções na Justiça36.
Como vimos, o CPC de 2015 ampliou as normas anteriores sobre concilia-ção e mediaconcilia-ção (arts. 165 a 175). Através destes meios as partes podem dialogar e chegar a um entendimento que satisfaz seus interesses, mediante o cumpri-mento do acordo, válido como sentença judicial.
Referidos métodos extrajudiciais facilitam ao cidadão escolher a melhor for-ma de resolver suas contendas com os melhores benefícios. Cabe à sociedade valorizar estes meios e desenvolver uma nova cultura para solução de questões litigiosas. Nesta linha de atuações, os cartórios paulistas foram autorizados a praticar atos alternativos para melhor acesso à Justiça, desafogando o Poder Ju-diciário do acúmulo de processos, possibilitando maior agilidade e efetividade QDUHVROXomRGRVFRQÁLWRV37.
O Estado de São Paulo foi pioneiro ao estender aos cartórios a via extraju-dicial, mediante lavratura de atos de conciliação e mediação38, constituimdo-se
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Vimos que o instituto da conciliação, ora enfatizado pelo novo CPC, sem-pre foi de aplicação obrigatória no sistema judicial trabalhista, pelos princípios LPSHUDWLYRVQDVROXomRGRVFRQÁLWRVODERUDLVSHOD&/7$UWV40.
Há de se louvar a preocupação do legislador de 1943, atribuindo aos juí-zes trabalhistas “ampla liberdade na direção do processo”, velando “pelo an-damento rápido das causas”, renovada preocupação do legislador processual $UWRTXHEHPMXVWLÀFDVHUHPRVMXL]DGRVHWULEXQDLVWUDEDOKLVWDVGHQR-minados “justiça de equidade”.
Lei da Arbitragem41
Foi estabelecido no art. 2º que a arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes, devendo constar da sentença se os árbitros julgaram por equidade (art. 26).
eFDUDFWHUtVWLFDGDDUELWUDJHPSRUWDQWRDXWLOL]DomRGHXPFULWpULRDUEL-tral de julgamento que não seja estritamente legal, mas entendido pelo árbitro como sendo o mais justo, não podendo as partes se furtar ao resultado da deci-são. Assim, arbitragem, mediação e conciliação constituem paradigmas instru-PHQWDLVSDUDDSDFLÀFDomRGHFRQÁLWRVGHQDWXUH]DFLYLOFRPHUFLDOHWUDEDOKLVWD de forma rápida, amigável e informal, fora das lindes do Poder Judiciário.
8PGRVPDLVDOWRVÀQVDOFDQoDGRVSHODDSOLFDomRGDHTXLGDGHFRQVLVWH na humanização da Justiça, que exige um processo orientado pela oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, como preconi-zado no art. 2º da Lei dos Juipreconi-zados Especiais.
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Conclusões
Aduziremos as seguintes observações metodológicas às análises ora ex-SRVWDV
1º) os conceitos de equidade, como emanação do direito natural e como cri-tério de julgamento, podem se sobrepor, porquanto ser equânime (dever natural do juiz) não é excepcional, pois está implícito no próprio ato do juízo, constituin-do um direito-dever natural constituin-do julgaconstituin-dor, que independe constituin-do sistema jurídico e pode ser exercido apesar dele;
2º) bem por isso, excluída a equidade cerebrina ou de tipo alternativo, os de-mais conceitos serão sempre um dever da função do magistrado, apenas se dis-tinguindo as funções explicitadas pela lei e as implícitas no ordenamento; assim como não pode haver uma regra jurídica que não seja moral, também não pode deixar de ser aplicada equitativamente, sempre que couber.
Do exposto se constata que o conceito de equidade, aplicado nas conci- OLDo}HVPHGLDo}HVHDUELWUDJHQVORQJHGHVHUFRQVLGHUDGRVXSpUÁXRRXGHV-piciendo, é historicamente considerado pela maioria dos juristas, com funda-mento nas leis introdutória, processual e trabalhista, e aplicado com frequên-cia, implícita ou explicitamente por árbitros e magistrados, orientados pelos conceitos de justiça social e bem comum, de raízes aristotélico-tomistas e jus-naturalistas.
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