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Eurobarómetro 84. Relatório Nacional . Opinião pública na União europeia. Portugal

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Eurobarómetro Standard 84

Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia,

Direcção-Geral da Comunicação.

Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em

Portugal.

Este documento não reflecte as opiniões da Comissão Europeia.

As interpretações ou opiniões expressas neste relatório são apenas dos seus autores.

Eurobarómetro Standard 84 – Onda EB84.3 – TNS opinion & social

Opinião pública na União europeia

Relatório nacional

Portugal

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Eurobarómetro Standard 84

Relatório nacional

OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA

PORTUGAL

http://ec.europa.eu/COMMFrontOffice/PublicOpinion

Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia, Direcção-Geral da Comunicação. Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em Portugal.

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Opinião pública na União Europeia

Outono 2015

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84

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 2

I. PORTUGAL: O ATUAL CLIMA DA OPINIÃO PÚBLICA 3 II. OS PORTUGUESES E A CIDADANIA 6 III. INFORMAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS MEDIA 9

CONCLUSÃO 12

Por uma equipa composta por Carlos Jalali (U. Aveiro), Marina Costa Lobo (Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa), José Santana Pereira (Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa) e Patrícia Silva (U. Aveiro).

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INTRODUÇÃO

O Eurobarómetro 84 foi realizado no outono de 2015, dando continuidade à análise regular da opinião pública europeia levada a cabo pela Comissão Europeia. Este relatório nacional examina os dados relativos a Portugal, em perspetiva comparada com os demais Estados-Membros da União Europeia (UE). O relatório aborda três temas. O primeiro é a avaliação que os portugueses fazem do atual contexto económico, tanto em termos individuais como coletivos. O segundo diz respeito às atitudes e opiniões dos portugueses relativamente à cidadania nacional e europeia. O terceiro é a utilização e as perceções dos portugueses sobre os media e a informação relativa a assuntos políticos nacionais e europeus. Em algumas questões mais relevantes, a opinião pública nacional foi aprofundada através do recurso a análises longitudinais (comparando os resultados atuais com os de inquéritos anteriores) e à desagregação dos perfis sócio-demográficos dos inquiridos.

Em Portugal, o trabalho de campo deste Eurobarómetro (EB) foi realizado entre os dias 7 e 16 de novembro de 2015. A nível nacional, este período ficou marcado pelo tema da formação do governo após as eleições legislativas de 4 de outubro de 2015, tema esse que suscitou fortes reações na opinião pública portuguesa. No dia 9 de novembro – dois dias depois do início do trabalho de campo deste Eurobarómetro – o XX governo constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho, apresentou o seu programa de governo no Parlamento. O resultado da votação deste programa, que teve lugar a 10 de novembro, foi a sua rejeição por uma maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções, acarretando assim a demissão do governo. Os últimos cinco dias de trabalho de campo são assim dominados pelo tema da sucessão deste governo, um processo que foi concluído já depois do fim do trabalho de campo deste EB, no dia 24 de novembro, com a indigitação de António Costa como primeiro-ministro pelo Presidente da República.

A nível internacional, este período ficou fundamentalmente marcado por uma série de hediondos ataques terroristas em Paris, que geraram um debate alargado sobre os temas da segurança e da integração na Europa. No período anterior aos atentados terroristas, a crise dos refugiados na Europa era o tema dominante na esfera pública internacional. No dia 8 de novembro, os ministros da Administração Interna da UE reuniram-se para coordenar os esforços europeus de resposta a esta crise. Ao mesmo tempo, a crise dos refugiados também dava sinais de ser um tema polarizador na opinião pública europeia, sendo disso exemplo uma manifestação antirrefugiados em Berlim, realizada no dia 7 de novembro, que mereceu algum destaque nos media em Portugal.

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I. PORTUGAL: O ATUAL CLIMA DA OPINIÃO PÚBLICA

Os Eurobarómetros recentes têm denotado a preocupação dos portugueses relativamente ao estado da economia. No gráfico 1.1, apresentamos a avaliação que os portugueses fazem da situação atual da economia do país no outono de 2015.

Gráfico 1.1 – Avaliação da situação atual da economia nacional

Os portugueses fazem uma avaliação extremamente negativa da situação da economia nacional, com 91 por cento dos inquiridos a considerarem que a economia está mal ou muito mal. Apenas na Grécia é possível observar uma maior predominância de avaliações

negativas do estado da economia. Em Portugal, a proporção de pessoas que expressam avaliações positivas está mais de 30 pontos percentuais abaixo da média europeia (40 por cento).

Em termos longitudinais, é de salientar uma melhoria na avaliação que é feita da economia ao longo dos últimos dois anos. Assim, no outono de 2013, a proporção de inquiridos que avaliavam negativamente a situação da economia nacional era de 96 por cento, baixando para 94 por cento em 2014 e 91 por cento neste inquérito. Contudo, ao longo deste período, a posição relativa de Portugal mudou, passando os portugueses de terceiro para segundo grupo nacional mais pessimista na UE. Ainda mais relevante, a distância em relação à média europeia aumentou. No outono de 2013, a diferença entre as avaliações negativas em Portugal e no conjunto dos Estados-Membros da UE era de 28 pontos percentuais, aumentando para 31 pontos percentuais no outono de 2014 e, neste Eurobarómetro, para 34 pontos percentuais. Este padrão sugere que se, por um lado, os portugueses têm melhorado a sua avaliação da situação da economia nacional ao longo dos últimos dois anos, por outro, esta melhoria tem sido muito lenta e não tem acompanhado o ritmo da média europeia.

O mesmo padrão emerge no que diz respeito à situação do emprego em Portugal, com 93 por cento dos inquiridos a avaliarem-na negativamente. Esta é uma proporção apenas inferior à

observada na Grécia (99 por cento) e em Espanha (94 por cento). Neste indicador, também se constata uma ligeira melhoria em comparação com 2013: na primavera desse ano, as avaliações negativas relativamente ao emprego em Portugal eram partilhadas por 98 por cento dos inquiridos. Contudo, mais uma vez, em Portugal a melhoria tem sido mais lenta do que na UE.

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Na primavera de 2013, a diferença nas percentagens de avaliações negativas entre Portugal e o conjunto dos Estados-Membros era de 18 pontos percentuais, enquanto que no outono de 2015 atinge os 26 pontos percentuais.

Este pessimismo relativamente aos indicadores económicos nacionais também encontra eco na avaliação que os portugueses fazem da situação da economia europeia e da sua própria situação financeira e profissional. Neste Eurobarómetro, 68 por cento dos inquiridos avaliam a situação da economia europeia como sendo “má” ou “muito má” – o valor mais elevado da UE, cuja média se situa nos 50 por cento, e apenas igualado pela França. Tal como nas

questões anteriores, os padrões observados no outono de 2015 representam uma melhoria relativamente a 2013, ano em que a proporção de avaliações negativas atingia 87 por cento na primavera (Eurobarómetro 79) e mantinha-se em 86 por cento no outono (Eurobarómetro 80).

Contudo, nesta questão, o declínio nas avaliações negativas em Portugal parece estar a ocorrer a um ritmo semelhante ao observado na UE: no outono de 2013, a diferença entre

Portugal e a média europeia era de 21 pontos percentuais, sendo que agora é de 18 pontos percentuais.

No que diz respeito à situação financeira do agregado familiar, esta é descrita como “má” ou “muito má” por 57 por cento dos portugueses, um valor apenas inferior ao verificado na Grécia (76 por cento) e quase o dobro da média europeia (30 por cento). O padrão não se altera quando analisamos a avaliação que os inquiridos fazem da sua situação profissional: 43 por cento expressam avaliações negativas, sendo este um valor apenas

inferior aos observados na Grécia (52 por cento) e na Bulgária (48 por cento), situando-se 18 pontos percentuais acima da média europeia (25 por cento).

Contudo, e como ilustra o gráfico 1.2, estes resultados também denotam uma melhoria relativamente a 2013, com a proporção de avaliações negativas a apresentar um decréscimo, em ambos os casos, de 11 pontos percentuais em relação ao Eurobarómetro 80.

Trata-se de uma variação não apenas positiva mas consideravelmente superior à observada no âmbito da avaliação da situação da economia nacional e do emprego no país (em ambos os casos, 5 pontos percentuais de diferença relativamente a 2013).

Gráfico 1.2 – Evolução da avaliação da situação profissional e financeira dos inquiridos

Para além disso, em ambos os indicadores há uma aproximação entre os valores observados em Portugal e a média europeia, com a diferença entre as respetivas percentagens

de avaliações negativas da situação financeira do agregado familiar a passar de 33 pontos percentuais no outono de 2013 para 27 pontos percentuais neste Eurobarómetro.

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Por sua vez, a diferença entre as taxas relativas à situação profissional passou de 25 pontos percentuais no outono de 2013 para 18 pontos percentuais neste último outono. Estes resultados sugerem que a evolução positiva na avaliação que os portugueses fazem da sua situação individual ao longo dos últimos dois anos é mais pronunciada que a evolução da avaliação da situação coletiva do país. Ao mesmo tempo, convém não ignorar que, apesar destas

melhorias, Portugal continua a apresentar percentagens comparativamente muito baixas de inquiridos que expressam avaliações positivas, sendo que, em geral, os padrões portugueses são apenas melhores que os da Grécia.

Neste contexto, como avaliam os portugueses o papel dos setores público e privado na criação de emprego, e a relação entre estes dois setores no que diz respeito ao investimento? O gráfico 1.3 apresenta dados relativos a estas duas questões.

Gráfico 1.3 – Papel dos setores público e privado na promoção de emprego e investimento (percentagem de inquiridos que tendem a concordar / concordam totalmente com as afirmações)

Os portugueses estão entre os que mais concordam que “o setor privado está melhor posicionado do que o setor público para criar novos empregos”, com esta afirmação a

merecer a concordância de três em cada quatro inquiridos, uma proporção excedida apenas em Malta e na Finlândia. Contudo, é necessária alguma cautela na leitura destes resultados. Com efeito, os dados apresentados no gráfico 1.3 representam a soma dos inquiridos que “concordam totalmente” e que “tendem a concordar” com esta afirmação. No caso português, este grupo é sobretudo composto por inquiridos que “tendem a concordar” (55 por cento do total dos inquiridos). Quando identificamos apenas os que “concordam totalmente”, verificamos que Portugal apresenta níveis substancialmente mais baixos de apoio à ideia de uma maior eficácia da iniciativa privada (21 por cento), próximos – embora inferiores – à média europeia (22 por cento).

No que diz respeito à afirmação “Os fundos públicos devem ser usados para estimular o investimento do setor privado ao nível da UE”, esta é alvo de concordância por parte da maioria dos portugueses, a um nível próximo – mas inferior – à média europeia. Contudo, também este resultado deriva maioritariamente de inquiridos que “tendem a concordar”. Examinando apenas os que concordam totalmente, Portugal apresenta o quinto nível mais baixo de concordância da UE, com 14 por cento (média europeia de 18 por cento).

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II. OS PORTUGUESES E A CIDADANIA

O gráfico 2.1 apresenta dados relativos ao sentimento de cidadania europeia dos portugueses em perspetiva comparada.

Gráfico 2.1 – Sentimento de cidadania europeia

(percentagem de inquiridos que se consideram cidadãos europeus)

Neste inquérito, a percentagem de portugueses que se consideram cidadãos europeus é

de 72 por cento, correspondente a uma substancial maioria dos inquiridos e bastante superior à média europeia. Quando analisado longitudinalmente, este resultado representa um

aumento assinalável relativamente a Eurobarómetros recentes. No outono de 2013, a proporção de portugueses que se consideravam cidadãos europeus era de 58 por cento, valor ligeiramente inferior à média europeia na altura (59 por cento). Estes dados representam a soma dos inquiridos que responderam “sim, certamente que sim” e “sim, em parte sim” quando inquiridos se se sentem cidadãos europeus. É de assinalar que, quando desagregamos este total, os portugueses estão sobretudo no campo dos que se consideram parcialmente cidadãos europeus (52 por cento). Os que se consideram certamente cidadãos europeus correspondem a 20 por cento dos inquiridos – uma proporção inferior à média europeia (25 por cento). O rácio entre os que se consideram “em parte” e “certamente” cidadãos europeus é de 2,6:1 em Portugal. Este é o segundo rácio mais alto da UE, sendo apenas inferior ao da Grécia. Tal indicia um núcleo comparativamente restrito de indivíduos com um forte sentimento de cidadania europeia em Portugal, embora, globalmente, os portugueses se considerem cidadãos europeus. Quando inquiridos sobre o grau de conhecimento que têm dos seus direitos enquanto cidadãos europeus, os portugueses refletem perfeitamente a média europeia, com 49 por cento dos inquiridos que afirmam conhecer (“certamente” ou “em parte”) os seus direitos. O mesmo é verificado quando se lhes pergunta se gostariam de saber mais sobre os seus direitos como cidadãos da UE: em Portugal, 65 por cento respondem afirmativamente, mais uma vez replicando a média europeia.

A semelhança do que se observa na UE como um todo, há em Portugal uma maioria de inquiridos que se consideram simultaneamente portugueses e europeus, embora coloquem a sua nacionalidade à frente da sua identidade europeia (gráfico 2.2).

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Gráfico 2.2 – Identificação nacional e europeia (percentagem de inquiridos que se sentem...)

As diferenças entre Portugal e a média europeia são escassas. Portugal apresenta um valor ligeiramente inferior de inquiridos que se consideram mais europeus do que portugueses ou unicamente europeus (4 por cento, contra 6 por cento a nível europeu). Ao mesmo tempo, Portugal apresenta um valor ligeiramente inferior de inquiridos que se consideram unicamente portugueses. Uma das dimensões centrais da identidade nacional e cultural dos indivíduos é a língua. Quando inquiridos sobre a aprendizagem de outras línguas para além da nacional, os portugueses estão entre os que mais estão de acordo com a seguinte afirmação: “Todas as pessoas na UE deveriam saber falar pelo menos outra língua para além da sua língua materna”. No total,

93 por cento dos portugueses concordam (totalmente ou tendencialmente) com esta ideia, um valor acima da média europeia (86 por cento). Apenas seis Estados-Membros apresentam uma taxa de concordância superior à de Portugal relativamente a esta afirmação.

Quando inquiridos sobre as principais vantagens de aprender uma nova língua, os portugueses salientam, em primeiro lugar, benefícios em termos profissionais – poder trabalhar noutros países (52 por cento). Esta é também a principal vantagem identificada pelos europeus em geral. Contudo, os portugueses diferem dos europeus no que diz respeito à segunda vantagem mais referida. Se nos Estados-Membros da UE esta apresenta um cariz mais lúdico (“para falar durante as férias no estrangeiro”, 46 por cento), em Portugal assume uma dimensão distinta, centrada no diálogo intercultural: 51 por cento

dos portugueses consideram que a aprendizagem de uma nova língua permite “compreender as pessoas de outras culturas”. Este resultado é consistente com a avaliação muito positiva que os portugueses fazem da imigração, com 64 por cento a considerarem que os imigrantes são um contributo importante para o país. Esta é uma proporção substancialmente superior à média europeia (41 por cento) e a quinta mais alta da UE.

No gráfico 2.3 apresentamos a opinião sobre os valores dos diferentes Estados-Membros da UE. Como se pode ver, a maioria dos portugueses considera que estes países partilham valores próximos, mais do que a média europeia. De seguida, o gráfico 2.4 apresenta a imagem da União Europeia nos 28 Estados-Membros.

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Gráfico 2.3 – Grau de proximidade dos diferentes Estados-Membros da UE

em termos de valores

Gráfico 2.4 – Imagem da União Europeia

A UE surge neste Eurobarómetro com uma imagem mais positiva em Portugal que a média europeia (42 por cento, contra 37 por cento na UE), o que constitui uma franca recuperação da imagem da UE em relação aos dois últimos relatórios. No outono de 2013,

os portugueses que tinham uma imagem negativa da UE (39 por cento) eram mais numerosos do que os que exprimiam imagens positivas (22 por cento). No outono de 2014, a imagem da UE apresentava um saldo positivo, embora continuasse abaixo da média europeia. Neste relatório, a opinião pública portuguesa reassume uma posição substancialmente pró-europeia, com grande parte dos portugueses a afirmar ter uma imagem positiva da UE (42 por cento), contra 41 por cento de inquiridos que olham de forma neutra e 15 por cento de maneira negativa para a UE.

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III. INFORMAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS

MEDIA

O gráfico 3.1 apresenta dados relativos à perceção dos inquiridos sobre o seu grau de informação a respeito de assuntos europeus. Esta perceção é medida numa escala de 0 a 3, em que 3 significa “muito bem informado/a” e 0 significa “nada informado/a”1.

Gráfico 3.1 – Sentimento de informação sobre assuntos europeus (escala de 0-3)

Os portugueses consideram-se ligeiramente menos bem informados sobre os assuntos europeus (índice de 1,29) que a média europeia (1,33). Contudo, este índice nacional oculta

diferenças consideráveis entre grupos sócio-demográficos no nosso país, como o gráfico 3.2 ilustra. Assim, é entre as domésticas, os inquiridos que abandonaram os estudos mais cedo, os mais idosos e os residentes em aldeias e zonas rurais que o sentimento de informação sobre os assuntos europeus é mais baixo. Por sua vez, os quadros superiores e os que

prosseguiram os estudos durante mais tempo consideram-se substancialmente mais bem informados. Há duas notas adicionais a destacar nestes resultados. Primeiro, a relação entre grau de urbanização e a perceção de grau de informação não é linear, com os residentes em vilas e pequenas cidades a apresentarem melhores resultados que os residentes nas grandes cidades. Segundo, um padrão semelhante emerge no que diz respeito à idade: uma relação curvilínea, com os mais jovens (15-24 anos) e os mais idosos (mais de 55 anos) a considerar-se menos bem informados que as faixas etárias intermédias. O resultado dos mais jovens afigura-se potencialmente como o mais surpreendente. Na medida em que esta é uma faixa etária que sempre viveu no seio da UE, poder-se-ia esperar um sentimento de informação mais elevado.

1 O cálculo deste índice ponderou de seguinte forma as quatro respostas válidas à questão: 3 - Muito bem informado(a); 2 -

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Gráfico 3.2 – Sentimento de informação individual sobre assuntos europeus por grupos sócio-demográficos (escala de 0-3)

O gráfico 3.3 apresenta dados sobre qual é a principal fonte de informação dos portugueses sobre assuntos políticos europeus e nacionais.

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A televisão constitui a principal fonte de informação sobre assuntos europeus e domésticos, tanto na UE como em Portugal. Contudo, emerge aqui uma diferença substancial entre os resultados nacionais e o padrão global da UE, com a dependência da televisão como fonte de informação a ser mais acentuada entre os portugueses do que entre os europeus em geral. Com efeito, Portugal está entre os países em que as pessoas mais

recorrem à televisão como principal fonte de informação sobre assuntos políticos. Tal ocorre quer no que diz respeito aos assuntos políticos nacionais – aspeto em que apenas a Bulgária (75 por cento) e a Roménia (82 por cento) ultrapassam Portugal – quer nos assuntos políticos europeus, onde apenas a Roménia (74 por cento) apresenta um maior peso da televisão. Esta maior dependência na televisão leva a que as demais fontes tenham um peso menor em Portugal do que na UE como um todo. Entre estas fontes, a maior diferença reside nas fontes digitais (websites, redes sociais), com o recurso a estas como principal fonte de informação em Portugal a situar-se 11 pontos percentuais abaixo da UE no que diz respeito aos assuntos políticos nacionais e 9 pontos percentuais nos assuntos políticos europeus.

No que diz respeito à forma como os meios de comunicação social nacionais apresentam a UE, os portugueses estão entre os que mais consideram que tal é feito de forma objetiva. Apenas a Finlândia (67 por cento) e a Lituânia (66 por cento) apresentam valores mais

altos que Portugal (65 por cento) no que diz respeito à perceção de objetividade da televisão. Quanto à rádio, apenas a Lituânia (64 por cento) supera Portugal (63 por cento). No caso da imprensa, Portugal apresenta o quinto nível de perceção de objetividade mais alto (60 por cento), embora aqui o resultado seja afetado pela elevada proporção de inquiridos em Portugal que não sabe ou não responde a esta questão – considerando apenas as respostas válidas, Portugal apresenta o nível de perceção de objetividade da imprensa mais alto em toda a UE.

Como vimos, o recurso às redes sociais online enquanto principal fonte de informação é muito limitado em Portugal. Apesar disso, os portugueses avaliam positivamente o papel destas redes no envolvimento político dos cidadãos, à semelhança dos seus congéneres europeus (gráfico 3.4). Ao mesmo tempo, é de destacar que uma larga maioria dos portugueses e dos europeus em geral não confia nas informações sobre assuntos políticos veiculadas pelas redes sociais.

Gráfico 3.4 – Avaliação do papel das redes sociais na informação e participação política (percentagem que concorda, excluindo não sabe/não responde)

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CONCLUSÃO

No relatório anterior (relativo ao Eurobarómetro 82, do outono de 2014) notámos que, embora as perceções negativas dos portugueses prevalecessem, surgiam também sinais de uma perspetiva mais positiva. Os dados deste Eurobarómetro confirmam esta apreciação. Nas várias questões sobre a avaliação da atual situação económica, financeira e laboral, observa-se um decréscimo das avaliações negativas em relação a Eurobarómetros de anos recentes. Este decréscimo é sobretudo relevante nas questões relacionadas com a situação financeira do agregado familiar e a situação profissional do inquirido, onde a melhoria dos resultados nacionais representa uma aproximação à média europeia.

Contudo, importa também notar que esta melhoria está ainda longe de inverter o padrão de avaliações negativas que caracterizou os anteriores Eurobarómetros. Tal é evidente não só em termos absolutos, como também relativos. Este relatório apresenta a opinião sobre cinco dimensões da situação atual. Destas, Portugal surge como o país mais negativo em uma (situação económica europeia); como o segundo país mais negativo em duas (situação financeira do agregado e estado da economia nacional); e, por fim, como o terceiro país mais negativo nas restantes duas dimensões (situação laboral no país e individual). Globalmente, apenas a Grécia apresenta um quadro mais negro que o observado em Portugal.

Esta evolução positiva também encontra eco na avaliação da União Europeia. O indicador mais importante prende-se com a imagem positiva da UE, relativamente ao qual, neste Eurobarómetro, Portugal retoma uma posição acima da média europeia. Como notámos no Relatório do Eurobarómetro 80, o início do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro no nosso país coincidiu com um declínio acentuado na imagem da UE. Esta queda atingiria um pico no outono de 2013, quando a proporção de inquiridos com uma imagem negativa da UE era de 39 por cento e apenas 22 por cento perspetivavam a UE de forma positiva – na altura, este valor era o terceiro mais baixo da UE. Neste Eurobarómetro, a imagem da UE em Portugal regressa aos valores pré-resgate, inclusive superando os verificados no último Eurobarómetro efectuado antes do pedido de ajuda externa, do outono de 2010, com a UE a suscitar uma imagem positiva a 42 por cento dos inquiridos (contra 40 por cento no outono de 2010) e uma imagem negativa a 15 por cento dos portugueses (contra 19 por cento no outono de 2010). Neste capítulo, é também de destacar o facto de os portugueses apresentarem valores acima da média europeia no que diz respeito ao sentimento de cidadania europeia e à perceção de proximidade dos diferentes Estados-Membros em termos dos seus valores.

O nível de informação sobre assuntos europeus que os portugueses afirmam possuir situa-se muito próximo da média europeia. Contudo, existem diferenças consideráveis entre grupos sócio-demográficos. Entre estes, é de destacar a faixa etária entre os 15 e 24 anos de idade. O valor do indicador para este grupo não é distinto da média nacional, mas é mais baixo que o observado nas faixas etárias intermédias (entre 25 e 54 anos), o que contrasta com anteriores Eurobarómetros e com as nossas expectativas relativamente aos portugueses que já nasceram num Portugal membro das Comunidades Europeias. Este relatório também confirmou o papel esmagador da televisão enquanto fonte de informação no nosso país, muito mais que na generalidade dos países europeus. Os dados indicam ainda que os portugueses classificam os seus meios de comunicação social tradicionais como sendo objetivos na forma como apresentam a UE. As atitudes dos portugueses em relação aos novos media não destoam do padrão europeu, considerando estes como um bom instrumento para gerar interesse e participação política, mas também apresentando sérias reservas quanto à fiabilidade das notícias publicadas nas redes sociais.

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Gráfico 1.1 – Avaliação da situação atual da economia nacional
Gráfico 1.2 – Evolução da avaliação da situação profissional e financeira dos inquiridos
Gráfico 1.3 – Papel dos setores público e privado na promoção de emprego e investimento  (percentagem de inquiridos que tendem a concordar / concordam totalmente com as afirmações)
Gráfico 2.2 – Identificação nacional e europeia  (percentagem de inquiridos que se sentem...)
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