Sofia e Walter Pirillo, domiciliados em Piracicaba, onde residem na Rua X, nº 100, tomam conhecimento que Jair e Rosa Lourenço ocupam um imóvel consistente em um prédio e seu respectivo terreno que lhes pertence, localizado em São Paulo na Rua Z, nº 1, subdistrito da Mooca. Sofia e Walter adquiriram o bem de Epitácio e Lourdes mediante escritura pública devidamente registrada. Em consequência do ato praticado por Jair e Rosa, Sofia propõe ação reivindicatória pelo procedimento ordinário em face de Jair, instruindo a inicial com cópia da escritura pública de venda e compra atinente à aquisição do mencionado bem. Aduz na peça incoativa que Jair ocupa injustamente a coisa em testilha da qual se intitula proprietária, descrevendo-a, e termina formulando pedido objetivando a condenação de Jair na restituição do questionado bem, cumulando esse pedido com o de indenização por perdas e danos consistentes nos frutos civis que a coisa poderia lhe ter proporcionado durante o tempo de ocupação injusta por Jair. Dá à causa para "efeitos meramente fiscais" o valor de R$ 5.000,00 que é inferior ao do valor venal atribuído pela Municipalidade e protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas. Requer, ainda, a concessão da antecipação de tutela. Jair foi citado por via postal, tendo o respectivo aviso de recebimento sido juntado aos autos há dez dias. A inicial foi distribuída à 25ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo. Jair e Rosa residem no questionado bem desde os idos de 1975, tendo nele edificado uma construção modesta que lhes serve de moradia.
AÇÃO
Propriedade
O art. 1.228 do Código Civil, ao dispor que a lei assegura ao
proprietário
o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de
reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua
ou detenha
, inovou trazendo a figura do detentor para o pólo
passivo da relação dominical.
elementos da propriedade:
o direito de usar,
jus utendi
,
o direito de gozar,
jus fruendi
,
o direito de dispor,
jus abutendi
,
Ação Reivindicatória
O
rei vindicatio
é a ação competente que
o proprietário
tem para
provocar a intervenção da tutela jurisdicional do Estado, diante da
verificação de um esbulho. Esta ação é chamada de reivindicação
de propriedade.
A ação reivindicatória tem como base o art. 5º, XII da Constituição
Federal, ao assegurar a todos o direito de propriedade, e o art.
1.228 do Código Civil, além do
art. 557
do CPC.
A ação reivindicatória, portanto,
é uma ação petitória
, de natureza
real, tendo por finalidade a retomada da coisa do poder de quem
quer que injustamente a detenha, exercitável contra todos.
Ação Reivindicatória
FORO COMPETENTE
Bem imóvel – art. 47 do CPC, o local onde se encontra o imóvel
Bem móvel – art. 46 do CPC, o domicílio do réu
CONTESTAÇÃO
A defesa clássica na ação reivindicatória costuma ser a alegação da prescrição aquisitiva, ou seja, exceção de usucapião.
VALOR DA CAUSA
Problema - Modelo
Maria e José Soares, domiciliados em Limeira, onde residem na Rua X, nº 100, tomam conhecimento que César e Ana Lourenço ocupam um imóvel consistente em um prédio e seu respectivo terreno que lhes pertence, localizado em São Paulo na Rua Z, nº 1, Luz.
Maria e José adquiriram o bem de Cassiano e Carol mediante escritura pública devidamente registrada. Em consequência do ato praticado por César e Ana, Maria
Modelo de Ação Reivindicatória
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL
(10 linhas)
Processo nº 000.00.000000-0
Modelo de Ação Reivindicatória
DA PRETENSÃO DEDUZIDA NOS AUTOS
A autora promove a presente ação reivindicatória pretendendo obter a condenação do réu alegando que o réu ocupa injustamente o imóvel do qual se intitula proprietária e juntando a escritura pública devidamente registrada, para comprovar o seu direito.
Fundada nessa premissa a autora elabora seu pedido objetivando a procedência da ação com a condenação do réu na restituição do questionado imóvel, cumulando com a indenização por perdas e danos consistentes nos frutos civis que a coisa poderia lhe ter proporcionado durante o tempo de ocupação injusta pelo réu.
A autora também requereu, ainda, a concessão de tutela antecipada.
Modelo de Ação Reivindicatória
DA CONTESTAÇÃO
Conforme determina o art. 336 do CPC, compete ao réu alegar toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor.
Entretanto, também compete ao réu, nos termos do art. 337 do CPC, antes de discutir o mérito, alegar: “(...) IX – (...) falta de autorização;”.
Modelo de Ação Reivindicatória
DA NULIDADE
Nos termos do art. 73, § 1º, I do CPC, ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações que versem sobre direitos reais imobiliários.
Com efeito, nos termos do parágrafo único do art. 115 do CPC a ausência de citação provocará a extinção do processo sem resolução de mérito (art. 485, X do CPC).
Aliás, assim ensinava a Jurisprudência, sob a égide o antigo CPC, com texto idêntico ao vigente:
"AÇÃO REIVINDICATÓRIA - AÇÃO REAL IMOBILIÁRIA - FALTA DE CITAÇÃO DO
CÔNJUGE VIRAGO - FORMALIDADE ESSENCIAL - NULIDADE - EXTINÇÃO DO PROCESSO. I - Nos termos do que dispõe o inc. I do § 1º do art. 10 do CPC, ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações que versem sobre direitos reais imobiliários, como se apresenta o pleito reivindicatório, sob pena de nulidade do processo" (Ap. Cível 418.982-0, Rel. Osmando Almeida, DJ 16/06/04).
Modelo de Ação Reivindicatória
Superada a questão da nulidade, passamos à discussão da questão preliminar.
DA FALTA DE AUTORIZAÇÃO
Na hipótese presente a autora não juntou aos autos a autorização do seu marido, conforme exige o caput do art. 73 do CPC, configurando a hipótese prevista no art. 337, IX, do CPC.
Posto isso, o réu requer a aplicação do art. 76 do CPC, com a suspensão do processo, conferindo-se prazo razoável para o saneamento do defeito, sob pena da decretação da nulidade do mesmo.
Assim, caso o vício apontado não seja sanado, na forma da lei, caberá a extinção do processo sem resolução de mérito.
Modelo de Ação Reivindicatória
DO MÉRITO
No mérito, alega o réu que exerce posse justa, motivo pelo qual a parte autora não encontrará sucesso na presente demanda, fundada no art. 1.228 do Código Civil.
Assim, apesar da autora alegar sua condição de proprietária para a reivindicação do imóvel, na hipótese dos autos o réu é atualmente o legítimo titular do domínio do imóvel, em razão da prescrição aquisitiva.
Conforme se verifica dos autos, o réu ocupa o imóvel há mais de 35 anos, sem qualquer violência ou clandestinidade, motivo pelo qual indiscutível a natureza justa da sua posse.
Modelo de Ação Reivindicatória
No mesmo sentido, impróprio é o pedido de indenização por perdas e danos consistentes nos frutos civis que a coisa poderia lhe ter proporcionado durante o tempo de ocupação pelo réu, afinal eventual direito apenas teria origem após o ajuizamento da presente ação, diante na atual natureza da posse.
Por último, em atenção ao princípio da eventualidade, se apesar de tudo quanto foi exposto, entender V. Exa, pela procedência do pedido da parte autora, pede o réu que lhe seja garantida a retenção do bem até que sejam pagas todas as benfeitorias lá efetivadas, pelos preços atualizados, em razão da evidente boa-fé na ocupação.
As benfeitorias existentes no imóvel consistem no único bem do réu, que com grande sacrifício, ao longo de muitos anos, conseguiu edificar sua casa, atualmente avaliada em R$ (valor).
Modelo de Ação Reivindicatória
Nada mais há que se falar no presente caso, bastando a elaboração da conclusão e dos requerimentos.
DA CONCLUSÃO E DOS REQUERIMENTOS DE PROVA
Apresentadas as razões de fato e de direito que justificam a resistência à pretensão deduzida pela parte autora, resta ao réu apresentar o seu requerimento para a produção de todos os meios de prova em direito admitidos sem exceção de qualquer um deles.
DOS DEMAIS REQUERIMENTOS
Concluindo a presente contestação, esta também se apresenta para
a) o acolhimento da nulidade alegada, com a extinção do feito sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, X, do CPC, em caso de não atendimento;
Modelo de Ação Reivindicatória
b) o acolhimento da preliminar do réu, com a extinção do feito sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC, em caso de não atendimento;
c) que o pedido da parte autora seja julgado improcedente, com o reconhecimento da prescrição aquisitiva em favor do réu, condenando a parte autores nas custas, honorários advocatícios e demais cominações de praxe;
d) em atenção ao princípio da eventualidade, que na remota hipótese do pedido formulado pela parte autora acolhido, que o mesmo seja julgado parcialmente procedente, com a ressalva do direito de retenção, por oportunidade da execução de sentença.
Termos em que,
Pede e espera deferimento, São Paulo, (data).