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O Sindicalismo na América Latina

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Academic year: 2019

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O Sindicalismo na América Latina

Almiro Petry1(2007)

1 Introdução

A amplitude do tema determina as escolhas. Em vista disso, optou-se em dividi-lo em um resgate panorâmico da América Latina e uma ênfase no Brasil, definindo a 1ª parte com a abordagem do anarco-sindicalismo e, a 2ª parte, com a abordagem do sindicalismo brasileiro. A abordagem trata tão-somente na perspectiva do trabalho, ficando excluído o enfoque do capital.

2 Panorama histórico da América Latina 2.1 O anarco-sindicalismo 1ª Parte:

1848 – K. Marx e F. Engels publicam O Manifesto do Partido Comunista. “Proletários de todas as nações, uni-vos!”

Brasil: Revolução Praieira (Recife), influência do socialismo utópico. 1850 – México: José Maria Chávez cria, em Aguascalientes, um falanstério.

Chile: Ambrosio Larracheda e companheiros criam a Sociedad de la Igualdad. 1861 – México: Plotino Rhodakanaty publica a Cartilha Socialista e edita o jornal

El Falanstério.

1864 – Operários ingleses e franceses fundam a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), transformada na Primeira Internacional Socialista. 1865 – Cuba: Em Havana é fundado o jornal La Aurora, de idéias proudhonianas. 1866 – Chile: Ramón Picarte tenta criar um falanstério em Chillán.

1870 – México: Os socialistas proudhonianos criam o Gran Circulo de Obreros. 1871 – Os operários de Paris declaram a Comuna de Paris.

1872 – Dissolve-se a Primeira Internacional Socialista.

México: São editados os jornais El Obrero Internacional e La Comuna. 1875 – Uruguai: Funda-se a Federación Obrera Regional Uruguaya.

1876 – México: Primeiro Congresso Operário – discute-se as idéias socialistas.

1 Mestre em Sociologia Rural (UFRGS) e Doutor em Ciências Sociais (Unisinos); Professor do Curso de

Ciências Sociais da Unisinos e do Departamento de Sociologia da UFRGS (almiro.petry@gmail.com).

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México: Idea General de la Revolución em el Siglo XIX (Proudhon). Desencadeiam-se várias greves lideradas pelos anarquistas.

1877 – México: Levantes e sublevações camponesas contra os terratenientes. 1878 – 1º de maio: Em Chicago, quatro anarquistas são enforcados (lutavam pela

jornada de 8 horas). Este episódio marca a comemoração do dia 1º de maio. México: Funda-se o Partido Comunista Mexicano (idéias anarquistas). Uruguai: Edita-se o jornal El Internacional.

1879 – Cuba: Edita-se o jornal El Obrero (anarquista).

1882 – Argentina: Anarquistas comemoram o aniversário da Comuna de Paris. 1883 – Argentina: Funda-se (Buenos Aires) o Círculo Comunista Anarquista. 1884 – Colômbia: Reclus cria a República Idílicva (uma comunidade agrícola). 1886 – Cuba: Em Havana realiza-se o Congreso Obrero Local.

Argentina: O anarquista Mattei edita El Socialista.

1887 – Cuba: Em Havana edita-se o jornal anarquista El Productor.

Argentina: Os anarquistas fundam o Círculo Socialista Internacional. 1889 – Em Paris, funda-se a Segunda Internacional Socialista.

Brasil: Em Santos, Silvério Santos funda o Centro Socialista. 1890 – Europa: comemorações do 1º de maio

Chile: Greve geral promovida pelos anarquistas (violenta repressão). Argentina: Edita-se o jornal anarquista El Perseguido.

1891 – Argentina: Funda-se a Federación Obrera Argentina.

Encíclica Papal Rerum Novarum. Defende a ordem industrial capitalista e a organização dos trabalhadores na forma de “círculos operários”. Preocupa-se com a “questão operária” e a “questão social”.

1892 – Chile: Funda-se o primeiro Centro de estudos anarquistas.

1893 – Cuba: Os trabalhadores fundam a Sociedad General de Trajadores. Colômbia: Um levante anarquista em Bogotá, contra a jornada de trablho. Chile: Publica-se o jornal anarquista El Oprimido.

1896 - França: Funda-se a Confederação Geral do Trabalho. Peru: Em Lima realiza-se o Primero Congreso Obrero.

Chile: Cria-se o Centro Social Obrero que publica o jornal El Grito del Pueblo. 1897- Argentina: Em Buenos Aires funda-se o jornal anarquista La Protesta Humana. 1898 – Brasil: Em Porto Alegre realiza-se o congresso das organizações operárias. 1899 – Colômbia: O anarquista indígena Jacinto Albarracin funda, na floresta, uma

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1900 – México: O anarquista Ricardo Flores Magón funda o jornal La Regeneración. 1901 – Argentina: (Re)funda-se a Federción Obrera Argentina. Os operários de Rosário

declaram greve geral.

1902 – Argentina: A FOA declara greve geral no país.

Chile: A greve dos tipógrafos marca o desenvolvimento do sindicalismo revolucionário. Realiza-se o Primeiro Congresso Social Operário.

1903 – Argentina: Forma-se a Unión General de Trabajadores (reformista), base do sindicalismo revolucionário.

Chile: Os portuários fazem uma greve geral. Nos conflitos mais de cem trabalhadores morrem e centenas ficam feridos.

1904 – Argentina: Funda-se a Federação Operária Regional Argentina, a mais importante organização anarco-sindicalista da América Latina.

1905 – Uruguai: Funda-se a Federación Obrera de la Regional Uruguaya, da linha anarco-sindicalista.

Chile: Realiza-se o Primeiro Congresso Operário Nacional.

1906 – Brasil: Realiza-se o Primeiro Congresso Operário Brasileiro, de linha anarco-sindicalista e cria a Confederação Operária Brasileira.

Chile: Funda-se a Federación de Trabajadores de Chile, da linha sindicalista revolucionária.

México: Greve dos mineiros. No confronto com a polícia, há centenas de mortes. 1908 – Brasil: A COB publica o jornal anarco-sindicalista A Voz do Trabalhador.

Bolívia: Funda-se a Federación Obrera Local (desaparece e volta em 1926). México: Revolta dos camponeses com o apoio dos anarquistas.

1910 – Morre Liev Tolstoi que influenciou os grupos anarco-cristãos.

México: Revolução liderada por Zapata e Villa, com apoio dos anarco-sindicalistas, contra P. Díaz. Vitoriosa, faz-se as reformas agrária e social.

1911 – Peru: Greve geral, liderada pelos anarco-sindicalistas.

Panamá: Edita-se El Único, jornal anarquista individualista (único na AL). 1912 – Bolívia: Cria-se a Federación Obrera Internacional, anarco-sindicalista.

Chile: Edita-se o jornal La Batalla, importante periódico anarquista.

1913 – Brasil: O Segundo Congresso Operário Brasileiro mantém a linha sindicalista revolucionária.

Colômbia: Cria-se a Unión Obrera de Colômbia.

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Conferência Libertária.

1915 – México: Fracassa a tentativa de formar a Confederação Anarco-sindicalista. Brasil: Realiza-se no Rio o Congresso Anarquista Sul-Americano.

1916 – México: Realiza-se o Congreso Obrero Nacional. Cria-se a Federación del Trabajo de la Región Mexicana, da linha anarco-sindicalista.

1917 – Brasil: Edita-se o jornal A Plebe, a mais importante publicação anarquista. Chile: Cria-se a Industrial Workers of the World, da linha sindicalista revolucionária.

1918 – Brasil: No Rio, ocorre a greve geral, conhecida por “Insurreição Anarquista do Rio de Janeiro”. Criam-se os Comitês Populares contra a Carestia de Vida. 1919 – Brasil: Funda-se o Partido Comunista do Rio de Janeiro, inspiração anarquista.

Argentina: Greve geral e a repressão mata centenas de operários. Chile: Com base na IWW, cria-se a central sindical, anarco-sindicalista. Em Moscou funda-se a Internacional Comunista, tida como a Terceira Internacional Socialista.

1920 – Brasil: Realiza-se o Terceiro Congresso Operário Brasileiro. Chile: Publica-se Claridad, considerada a mais ortodoxa.

1921 – Argentina: Os operários da Patagônia (ainda em greve), foram massacrados pelo Exército.

1922 – Brasil: Funda-se o Partido Comunista do Brasil, aderente à Terceira Internacional (são ex-anarquistas).

El Salvador: Funda-se a Unión Obrera Salvadoreña, de tendência anarco- sindicalista.

Cuba: Funda-se a Federación Obrera de la Habana.

Chile: Funda-se a Federación Obrera Regional de Chile (desaparece em 1927, para coexistir com a IWW) – sindicalista revolucionária.

1923 – México: Funda-se a Alianza Local Mexicana Anarquista.

Peru: Funda-se a Federación Regional de Obreros Índios, de orientação anarco- Sindicalista.

1924 – Brasil: manifestações de solidariedade em defesa dos anarquistas Nicola Sacco e Bartolomeu Vanzetti (após processo fraudulento, assassinados em 1927).

Panamá: Funda-se o sindicato anacro-sindicalista Sindicato General de Trabajadores.

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Sindicalista. O Segundo Congresso Operário cria a Confederación Obrera Nacional.

Cuba: Funda-se a Confederación Ncional Obreera de Cuba, anarco-sindicalista. 1926 – Guatemala: Forma-se o primeiro grupo operário anarquista.

1927 – Protestos mundiais pelo assassinato de Sacco e Vanzetti.

Colômbia: Greve geral, conquista principal dos anarco-sindicalistas. 1930 – Brasil: Revolução de 30, caminho para a ditadura de Vargas.

Argentina: Golpe militar de Gal. Uriburu ao qual segue a ditadura de Perón, que destruirá o sindicalismo argentino.

1931 – Chile: Funda-se a Federación General de Trabajadores, anarco-sindicalista. Cuba: Greve geral promovida pelos anarco-sindicalistas.

1935 – Cuba: Os anarquistas participam da luta contra a ditadura de Batista.

Argentina: Funda-se a Federación Anarco-comunista da Argentina (clandestina) 1937 – Brasil: Implanta-se a ditadura de Vargas. Constituição fascista. Repressão ao

movimento anarquista e comunista.

1939 – Inicia a Segunda Guerra Mundial: desencadeia-se a expansão nazi-fascista. 1994 – O México adere ao NAFTA. 90% dos trabalhadores não possuem representação

sindical. Os 10% filiados à Confederação dos Trabalhadores do México (CTM), não conseguem resistir às pressões das multinacionais. O desrespeito dos regulamentos da OIT é clamoroso. De 789 maquiladoras, pulou-se para mais de 4 mil, na faixa que vai de Tijuana a Monterrey. As razões: proximidade com o maior mercado consumidor do planeta; custo de fabricação 30% mais barato do que o norte-americano; redução da estrutura administrativa; isenção de impostos diretos e indiretos; supressão das barreiras alfandegárias; frágil legislação ambiental etc.A Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (CIOSL) denuncia as violências anti-sindicais, dos direitos sindicais e dos direitos dos trabalhadores.

2.2 O Sindicalismo no Brasil: 2ª Prte

A história do movimento sindical brasileiro pode ser dividida em quatro períodos: 1. Do início do Século XX, até a década de 1930;

2. O atrelamento ao Estado: 1930 até o final da ditadura militar; 3. O novo sindicalismo: 1978 até 1990;

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2.2.1 1º Período

A jovem classe operária brasileira luta pela redução da jornada de trabalho, sob o ideário anarquista e socialista. Adeptos da luta anticapitalista, os líderes sindicalistas e anarco-socialistas mobilizaram o incipiente operariado urbano-industrial na conquista das primeiras medidas legais de proteção aos trabalhadores. As tradicionais oligarquias consideravam essas lideranças como a “ameaça vermelha” efluente da revolução russa de 1917. Eram tidos como um obstáculo à industrialização, no modelo taylorista-fordista. Daí a intensa repressão. No meio operário, a principal resistência provinha do pensamento social cristão. O envelhecimento da política do café com leite se avizinhava. As idéias modernistas começaram a ser disseminadas a partir da semana da Arte Moderna (1922), do Movimento Tenentista e da grande marcha de Carlos Prestes, contra o poder central, interesseiro e corrupto. Em 1923, cria-se, com a Lei Chaves, a Previdência Social. A quebra da bolsa de valores de Nova Iorque (1929), sinalizava com a decrepitude do capitalismo.

2.2.2 2º Período

Para desmantelar a estrutura sindical autônoma, a partir de 1931, criam-se leis que garantem conquistas sociais e, ao mesmo tempo, submissão do trabalho ao capital. Os sindicatos, das diferentes categorias profissionais, estando vinculados ao Ministério do Trabalho, integravam a estrutura do Estado. A partir de 1937, com a Lei da Segurança Nacional, a repressão ao movimento aumenta. Os sindicatos autônomos (ainda remanescentes) são fechados. Desta forma, o movimento do operariado brasileiro gera um tipo de sindicalismo apoiado na colaboração de classes (cresce a perspectiva assistencialista). Os sindicatos tornam-se órgãos de sustentação e legitimação da ordem estatal-capitalista. Com a CLT, em 1942, o imposto sindical e demais laços burocráticos, implanta-se uma subalternidade “peleguista”, em contraste com o período de lutas do passado. As grandes campanhas nacionais: o ferro é nosso; o petróleo é nosso, mobilizaram o operariado, envolto no espírito nacional-desenvolvimentista. Em determinadas ocasiões: campanha da legalidade; campanha das reformas de base; ligas camponesas; golpe de Estado em 1964, as lideranças dos trabalhadores ligadas ou influenciadas pelo PCB, balizavam suas ações (greves, passeatas de protesto etc.) vinculadas aos setores “progressistas” da burguesia.

2.2.3 3º Período

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greves que se tornou um marco histórico. As direções sindicais forjadas no regime não resistem. A ruptura é flagrante. Prevalece, agora, a luta por condições essenciais de arrancar conquistas, mediante uma estrutura organizativa independente. Esta é a bússola norteadora da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT, 1983, 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora), que visava derrubar as direções “pelegas”. Esta estratégia posterga, no mínimo, em uma década as medidas anti-sociais da implantação do neoliberalismo no País. Em 1986 ressurge o Comando Geral dos Trabalhadores (movimento democrático de 1963), sob a denominação de Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e organiza-se na luta e na defesa do patrimônio nacional.

2.2.4 4º Período

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Referências

RODRIGUES, Edgar. Universo ácrata. Florianópolis: Ed. Insular, 1999.

RODRIGUES, Leôncio M. e REIS VELLOSO, João Paulo. (orgs.). O futuro do sindicalismo: CUT, Força Sindical e CGT. São Paulo: Ed. Nobel, 1992.

GÓMEZ, Alfredo. Anarquismo e anarco-sindicalismo na América Latina. Madrid: Ed.

Ruedo Ibérico, 1980.

ALMEIDA, Eneida. Breve história do sindicalismo. 2005. Disponível: www.vermelho.org.br

BORGES, Altamiro. O sindicalismo diante do risco-ALCA. 2005.

Disponível: www.vermelho.org.br

CRONOLOGIA DO ANARQUISMO (UFSC).

Disponível: www.agrorede.org.br/ceca/edgar/cron.A.html

Visitar: 1 http://www.adital.com.br/site/tema.asp?lang=PT&cod=23

2 http://www.adital.com.br/site/tema.asp?lang=PT&cod=12

3 http://www.jornalistas.online.pt/canal.asp?idselect=0&idCanal=498&p=0

4 http://www.cadernocrh.ufba.br/viewarticle.php?id=384

5 http://www.wsws.org/pt/2006/aug2006/por2-a30.shtml

6 http://resistir.info/petras/petras_24mai07.html

7 http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=19877

8

http://www.ilo.org/public/spanish/region/ampro/cinterfor/publ/sind_for/castillo/index.htm

9 http://www.ola.cse.ufsc.br/analise/20070410_sindi.htm

10 http://www.marxist.com/reuniao-historica-trabalhadores-america-latina-4.htm

11 http://www.cut.org.br/

12 http://www.fsindical.org.br/fs/index.php

Referências

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