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Ceará Sustentável: uma análise da formulação da política ambiental cearense / Ceará Sustentável: an analysis of the formulation of Ceará's environmental policy

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Ceará Sustentável: uma análise da formulação da política ambiental cearense

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Ceará Sustentável: an analysis of the formulation of Ceará's environmental

policy

DOI:10.34117/bjdv6n4-002

Recebimento dos originais: 01/03/2020 Aceitação para publicação: 01/04/2020

José Lenho Silva Diógenes

Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará. Instituição: Universidade Federal do Ceará. Endereço: Campus do Pici, Bloco, 860, Fortaleza-CE.

E-mail: jlsdiogenes@ufc.br Breno Aloísio Torres Duarte de Pinho

Doutor em Demografia Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional. Instituição: Universidade Federal do Ceará. Endereço: Campus do Pici, Bloco, 860, Fortaleza-CE.

E-mail: brenoaloisio@gmail.com Mellissa Ashley Barbosa de Oliveira

Graduanda em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade Federal do Ceará. Instituição: Universidade Federal do Ceará. Endereço: Campus do Pici, Bloco, 860, Fortaleza-CE.

E-mail: e-mail: mellissaashley2@gmail.com Thais da Costa Araújo

Graduanda em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade Federal do Ceará. Instituição: Universidade Federal do Ceará. Endereço: Campus do Pici, Bloco, 860, Fortaleza-CE.

E-mail: e-mail: araujothaiscosta@gmail.com RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar a organização das ações do governo do Estado do Ceará a partir da orientação estratégica estabelecida no Plano Plurianual em torno do eixo Ceará Sustentável. Trata-se de um estudo exploratório, com o uso da pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados do trabalho apontam que o Ceará Sustentável reúne diferentes políticas, relacionadas com o acesso aos recursos hídricos, à preservação ambiental e a oferta de energias. Verificou-se uma diversificação dos instrumentos das políticas envolvendo planos, investimento em infraestrutura, capacitação de pessoas, difusão de informações, conservação e monitoramento de áreas, entre outras ações. Conclui-se que o Ceará Sustentável reúne um conjunto consistente de ações voltadas à sustentabilidade ambiental e que seu alcance pode ser compreendido a partir dessas medidas.

Palavras-Chave: Meio ambiente. Planejamento público. Políticas Públicas. Ceará Sustentável. ABSTRACT

The objective of this article is to analyze the organization of the government actions of the State of Ceará based on the strategic orientation established in the Pluriannual Plan around the Sustainable Ceará axis. This is an exploratory study, using bibliographic and documentary research. The results of the work show that Ceará Sustentável gathers different policies, related to access to water

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resources, environmental preservation and energy supply. There was a diversification of policy instruments involving plans, investment in infrastructure, training of people, dissemination of information, conservation and monitoring of areas, among other actions. It is concluded that Ceará Sustentável gathers a consistent set of actions aimed at environmental sustainability and that its scope can be understood from these measures.

Keywords: Environment. Public Planning. Public Policies. Sustainable Ceará. 1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é analisar a organização das ações do governo do Estado do Ceará a partir da orientação estratégica estabelecida no Plano Plurianual por meio do eixo Ceará Sustentável. Nesse sentido, considerando o planejamento público estadual, procura-se apresentar um exame da operacionalização das políticas relacionadas com a sustentabilidade ambiental no âmbito desse eixo.

O estudo foi elaborado a partir de pesquisas bibliográfica e documental. As análises sobre o Ceará Sustentável se fundamentam nas disposições estabelecidas no Plano Plurianual 2016-2019. Nele foram definidos sete eixos estratégicos organizadores das ações do governo, denominados “7 Cearás”: Ceará da Gestão Democrática por Resultados; Ceará Acolhedor; Ceará de Oportunidades; Ceará Sustentável; Ceará do Conhecimento; Ceará Saudável; e, Ceará Pacífico.

Considerando que para cada eixo estratégico há um foco principal que o caracteriza, a análise aqui desenvolvida focou no exame dos diferentes instrumentos ou ações governamentais planejadas, no âmbito do Ceará Sustentável, sobre o problema da sustentabilidade ambiental.

O artigo foi estruturado em cinco seções. Após esta introdução, discute-se a questão ambiental como problema público e as disposições institucionais relacionadas com o tema. Na terceira é apresentada a perspectiva de análise das políticas públicas. Na quarta seção é analisado o caso do Ceará Sustentável. E a última é destinada às considerações finais.

2 A QUESTÃO AMBIENTAL COMO PROBLEMA PÚBLICO

Um problema público envolve o reconhecimento da coletividade e atores políticos da diferença entre uma situação real e uma desejável (SECCHI, 2010). A degradação ambiental se caracteriza como um problema público relevante no contexto atual, demandando, cada vez mais, esforços para mitigar suas consequências sobre o bem-estar humano. O enfrentamento desse problema alcançou importância mundial e resultou, no âmbito nacional, na constitucionalização da proteção do ambiente natural (DIÓGENES, 2011).

O reconhecimento através das normas constitucionais da necessidade da preservação ambiental tem se tornado a forma moderna de tentar responder adequadamente a essa questão e de evitar a degradação ambiental proveniente do setor público ou privado (MEDEIROS, 2011). No

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Brasil, o tema foi constitucionalizado através da elevação do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado à condição de direito fundamental, colocando-se, para o Estado brasileiro, o dever jurídico de proteger o meio ambiente (DIÓGENES, 2011).

O texto da vigente Constituição Federal, em seu artigo 225, estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). Essa norma estrutura um relevante aspecto da dimensão institucional das políticas públicas ambientais brasileiras, isto é, a relação entre a dimensão jurídica do Estado e a atuação dos formuladores das políticas ambientais (SECCHI, 2010).

O artigo 3º, inciso I, da Lei 6.938 de 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente –, por outro lado, define o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). Isso revela como o problema ambiental coloca para o Estado uma missão deveras complexa, já que o combate à degradação ambiental deve levar em consideração a “interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas” (SILVA, 2009, p. 20).

Nesse contexto, o problema da degradação ambiental reclama do Estado a formulação de múltiplas políticas públicas capazes de induzir medidas positivas e abstenções de intervenções de particulares e do próprio Estado no meio ambiente natural que possam comprometer o equilíbrio ambiental. Isso demanda do analista de políticas públicas um esforço de redução da complexidade que envolve o tema, de modo a escolher um ponto de partida que compatibilize as necessidades de intervenções no meio ambiente com a imposição de preservação ambiental para a presente e as futuras gerações.

De fato, conforme destacam as pesquisas sobre o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, resumidamente, pode-se dizer que, com este direito, não se impõe uma privação da exploração dos recursos ambientais necessários para a melhoria da qualidade da vida humana. O que se pretende é que, em face da necessidade de manutenção da qualidade ambiental, evite-se a descaracterização do meio ambiente de seus elementos essenciais (SILVA, 2009).

O chamado suporte fático do direito fundamental em discussão reclama, especialmente, que o meio ambiente seja protegido contra as diversas formas de degradação oriundas dos excessos do progresso econômico sobre a atmosfera, a hidrosfera e a litosfera. Para tanto, deve-se levar em conta o estado dos elementos da natureza – águas, solo, ar, flora, fauna e paisagem – para aquilatar se eles estão em condições adequadas e se de seu uso advêm saúde ou doenças e incômodos para os seres humanos (MACHADO, 2010).

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O que se espera do Estado é que a proteção ambiental seja realizada na maior medida do possível, dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes, através do controle de todas e quaisquer formas de degradação, poluição, ao meio ambiente. Poluente, cumpre recordar, é “todo fator de perturbação das condições ambientais, não importa a sua natureza, viva ou não, química ou física, orgânica ou inorgânica” (SILVA, 2009, p. 32-33). Nesse sentido, o artigo 3º, inciso III, da Lei nº 6.938, exemplifica atividades que degradam a natureza:

atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Em face disso, as políticas públicas devem ser orientadas pela ideia de não-inibição da preservação ambiental. Coloca-se para o Estado a obrigação de compatibilizar os princípios da ordem econômica com práticas de conservação e uso racional dos recursos ambientais, especialmente os energéticos (FERREIRA, 2007). Somente assim é viável a sustentabilidade como construção de uma harmonia entre a natureza, a população e o meio social, especialmente nas chamadas sociedades de risco.

A sustentabilidade se tornou uma demanda latente, a estabelecer que a subsistência da humanidade e a subsistência do ecossistema natural estão intrinsecamente relacionados (CAVALCANTI, 1997). Nessa perspectiva, o crescimento econômico e o padrão de consumo da população devem ser compatíveis com a preservação ambiental. Nesse sentido, a atuação do setor público passa a ocorrer em diferentes áreas e com diferentes medidas, de modo a favorecer um desenvolvimento sustentável.

3 ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE A ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Para facilitar uma abordagem analítica, uma política pública pode ser compreendida como um processo que se divide em fases (HOWLET, 2013; SECCHI, 2010). Nessa compreensão, o ciclo de uma política pública passa pelas etapas de identificação do problema, formação de agenda, formulação e escolha de alternativas viáveis de ação, implementação e avaliação dos resultados da política (SECCHI, 2010; JANNUZZI, 2011).

Apesar da simplificação desse esquema, ele permite compreender que a análise aqui proposta se refere à transição da etapa de escolhas de alternativas para a implementação de ações, na medida em que as diferentes alternativas de intervenção são definidas no Plano Plurianual. Importante notar que o orçamento anual do governo dever ser elaborado de forma compatível com o Plano Plurianual,

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que é um instrumento de planejamento de médio prazo e cobre um período de quatro anos (GIACOMONI, 2007).

Assim, como já mencionado, o Ceará Sustentável é uma orientação estratégica definida no âmbito do Plano Plurianual 2016-2019 do Ceará, reunindo diferentes programas que contribuem para o objetivo estratégico traçado. Portanto, parte-se da perspectiva de que o Ceará Sustentável reúne diversos instrumentos que integram diferentes políticas relacionadas com a sustentabilidade.

Nesse sentido, para compreender a orientação das políticas públicas relacionadas com a sustentabilidade, analise-se o seu desenho, ou, mais especificamente, analisam-se os diferentes instrumentos utilizados enquanto meio de realização de uma política. Deve ser observado que a estrutura de uma política pública pode ser compreendida a partir dos diferentes instrumentos empregados, como programas, leis, projetos, incentivos governamentais, entre outros (SECCHI, 2010).

Para analisar o Ceará Sustentável, a identificação dos instrumentos governamentais escolhidos, consoante uma orientação estratégica voltada à sustentabilidade ambiental, permite compreender como diferentes ações propostas concretizam as políticas relacionadas com essa questão. Compreende-se que esse é um método que permite estruturar a ação coletiva para lidar com um problema público (OLLAIK; MEDEIROS, 2011).

Ademais, implica verificar, diante das inúmeras demandas e limitações de recursos públicos, quais foram as prioridades estabelecidas na agenda da política e que se apresentam definidos no Plano Plurianual. A partir da análise das alternativas escolhidas, é possível compreender os meios estabelecidos para que as políticas possam atingir os objetivos esperados.

4 ANÁLISE DE PROGRAMAS NO ÂMBITO DO CEARÁ SUSTENTÁVEL

Inicialmente, deve ser observado que o Plano Plurianual 2016-2019 do Governo do Estado do Ceará foi elaborado de modo que os programas foram organizados por temas estratégicos, enquanto estes se apresentam como desdobramentos dos eixos governamentais (Ceará, 2015a). Como já se destacou, foram definidos sete eixos: Ceará da Gestão Democrática por Resultados; Ceará Acolhedor; Ceará de Oportunidades; Ceará Sustentável; Ceará do Conhecimento; Ceará Saudável; e Ceará Pacífico.

O Eixo Ceará Sustentável apresenta o seguinte objetivo estratégico: “meio ambiente protegido, com utilização racional dos recursos naturais" (CEARÁ, 2015a, p. 103). Ele se desdobra em três temas estratégicos: Recursos Hídricos; Meio Ambiente; Energias. Esses temas, por sua vez, reúnem diferentes programas que contribuem na direção dos objetivos temáticos.

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O tema estratégico Recursos Hídricos tem como resultado temático o “abastecimento de água com qualidade garantida para todo o Estado" (Ceará, 2015b, p. 106). Ele se compõe de três programas: oferta hídrica para múltiplos usos; gestão dos recursos hídricos; climatologia, meio ambiente e energias renováveis. O Quadro 1 apresenta um resumo desses programas.

Quadro 1 – Programas do tema estratégico Recursos Hídricos – Plano Plurianual 2016-2019 do estado do Ceará

Programa Objetivo Tipos de produto Valor previsto

Oferta hídrica para múltiplos usos

Garantir a oferta de água para o abastecimento humano, agropecuário, industrial e de empreendimentos turísticos para

centros urbanos e rurais.

barragem construída; adutora construída; eixo de integração construído; poço instalado; sistema de abastecimento de água simplificado implantado;

estudos e projetos realizados; fiscalização realizada

R$ 2.147.736.482,00

Gestão dos recursos hídricos

Promover o uso múltiplo eficiente com qualidade adequada e a gestão participativa dos recursos

hídricos.

campanha realizada; plano elaborado; estudos e projetos

realizados R$ 17.946.814,00 Climatologia, meio ambiente e energias renováveis

Gerar dados e informações para subsidiar a formulação do planejamento governamental, na definição de políticas e diretrizes

de distribuição e gestão de recursos hídricos e energia, de desenvolvimento rural e agrário,

na implementação de ações de combate à degradação ambiental e

na convivência com as variabilidades climáticas do

semiárido.

boletim informativo divulgado; portal hidrológico mantido; sistema de suporte à

decisão sobre recursos hídricos mantido; sistema meteorológico, hidrológico e ambiental estruturado; estudo

e pesquisa realizados

R$ 10.772.700,00

Fonte: Elaborado com base no Plano Plurianual 2016-2019 do Estado do Ceará (2015b)

Analisando os programas que integram o tema estratégico recursos hídricos, é possível identificar diferentes objetivos e instrumentos utilizados em cada um deles. O programa “oferta hídrica de múltiplos usos” se destaca com a destinação de valores mais elevados e de tipos de produtos a serem entregues, envolvendo obras de infraestrutura relacionadas com o abastecimento. Os outros dois programas apresentam valores relativamente baixos, com produtos relacionados com o planejamento e difusão de informações.

O tema estratégico meio ambiente tem como resultado temático “recursos ambientais com uso racional e sustentável” (CEARÁ, 2015b, p. 111). Ele é composto por cinco programas: revitalização de áreas degradadas; resíduos sólidos; Ceará mais verde; Ceará no clima; Ceará consciente por natureza. Um resumo desses programas é apresentado no Quadro 2 a seguir.

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Quadro 2 – Programas do tema estratégico Meio Ambiente – Plano Plurianual 2016-2019 do estado do Ceará

Programa Objetivo Tipos de produto Valor previsto

Revitalização de áreas degradadas

Melhorar as condições socioambientais em áreas de risco e adjacências.

área urbanizada; área demarcada; barragem construída; dragagem executada; equipamento social construído R$ 394.232.258,00 Resíduos sólidos Reduzir os impactos negativos da disposição inadequada de resíduos sólidos no meio ambiente.

plano elaborado; município beneficiado; central de tratamento construída; estudo e pesquisa realizados; sistema de gestão implantado

R$ 126.466.747,00

Ceará mais verde

Conservar, recuperar, ampliar e proteger a cobertura vegetal e os solos do Ceará.

estudo e pesquisa realizados; área reflorestada; unidade de conservação implementada; inventário florestal publicado; unidade de conservação mantida; imóvel cadastrado; centro de triagem e reabilitação de animais silvestres mantido; centro de triagem e reabilitação de animais silvestres implantado; unidade de conservação protegida; área protegida

R$ 97.651.587,00

Ceará no clima

Minimizar os efeitos negativos das mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, orientando e disciplinando a utilização racional dos recursos ambientais.

projeto ambiental implantado; brigada de incêndio implantada; estudo e pesquisa realizados; plano elaborado; área recuperada; praia certificada; município certificado; estação de monitoramento implementada; praia monitorada; diagnóstico publicado; município beneficiado R$ 26.554.484,00 Ceará consciente por natureza Estabelecer um processo contínuo de educação ambiental no Estado do Ceará, propiciando mudanças de atitudes e valores visando uma relação harmoniosa com o meio ambiente.

evento realizado; pessoa capacitada;

adesão realizada R$ 9.785.598,00

Fonte: Elaborado com base no Plano Plurianual 2016-2019 do Estado do Ceará (2015b).

Considerando os programas que integram o tema estratégico Meio Ambiente, constata-se a adoção de diferentes tipos de ação, tendo em vista os produtos a serem entregues. O programa “revitalização de áreas degradadas” tem os valores mais elevados e produtos envolvendo obras relacionadas com as condições de urbanização. “Resíduos sólidos” reúne ações que se voltam ao planejamento e a infraestrutura. O “Ceará mais verde”, terceiro maior em valor, propõe ações voltadas para a preservação ambiental no Estado. “Ceará no Clima” e “Ceará consciente por natureza” apresentam valores relativamente baixos, sendo o primeiro voltado a ações relacionadas ao planejamento e monitoramento, e o segundo, à capacitação de pessoas que atuam na área ambiental.

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O tema estratégico Energias tem como resultado temático manter a “matriz energética diversificada com oferta e fornecimento de energia ampliada e com qualidade" (CEARÁ, 2015b, p. 119). Ele é composto por apenas um programa, intitulado “matriz energética do estado do Ceará”. Este programa, conforme apresentado no Quadro 3, reúne ações relacionadas com geração e transmissão de energia elétrica, distribuição de gás natural, atração de investimentos para o setor de energia por meio da adoção de leis de incentivo fiscal e leilões públicos, além de expansão de ligações elétricas no meio rural.

Quadro 3 – Programa do tema estratégico Energias – Plano Plurianual 2016-2019 do estado do Ceará

Programa Objetivo Tipos de produto Valor previsto

Matriz energética do estado do ceará Contribuir com as políticas públicas estaduais na atração de novos empreendimentos.

sistema de geração de energia implantado; sistema de geração de energia mantido; plano elaborado; rede de distribuição de gás natural instalada; leilão público realizado; lei publicada; rede de transmissão elétrica ampliada; rede de distribuição elétrica ampliada; ligação elétrica realizada

R$ 147.723.533,00

Fonte: Elaborado com base no Plano Plurianual 2016-2019 do Estado do Ceará (2015b)

Analisando os programas que integram os três temas estratégicos dentro do Ceará Sustentável, observa-se que o governo propõe diversos focos de ação e planeja a utilização de diferentes instrumentos para operacionalizar políticas relacionadas com a sustentabilidade ambiental, dado os tipos de produtos que devem ser entregues à sociedade.

Nessa perspectiva, a operacionalização de diferentes políticas, vinculadas à estratégia do Ceará Sustentável, envolve ações governamentais diversificadas que passam pela expansão da infraestrutura para abastecimento de água, urbanização, disposição de resíduos sólidos, oferta de energias, recuperação de áreas, proteção de animais, águas e áreas, difusão de informações e qualificação de pessoal, elaboração de planos, ações de monitoramento, articulação com municípios e incentivos para o setor privado.

Considerando os valores projetados no Plano Plurianual 2016-2019 para a realização desses programas ao longo de quatro anos, chega-se ao total de 2,9 bilhões de reais. Contudo, 72% desse valor correspondem apenas ao programa “oferta hídrica para múltiplos usos”. Esse resultado é sugestivo sobre os desafios do governo estadual para assegurar condições mais favoráveis de abastecimento de água para a população e as atividades econômicas.

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Apesar da concentração de recursos, o Estado do Ceará apresenta um conjunto variado de ações relacionadas com a sustentabilidade ambiental. Deve ser observado que a questão ambiental é, para as unidades da federação do Brasil, um problema permanente e as condições regionais condicionam a direção das políticas públicas. Assim, pode-se compreender, no âmbito do planejamento dos investimentos do governo do Ceará, o destaque das políticas relacionadas com a busca de avanços nas condições de convivência com o seminário.

O problema ambiental é um típico problema público, e as diferentes ações relacionadas com seu enfrentamento demandam gastos públicos (BALEEIRO, 2006). Cumpre recordar que a tomada de decisão sobre o gasto público pressupõe duas valorações de singular importância: a seleção das necessidades da coletividade que são consideradas públicas e a comparação entre a intensidade e urgência dessas necessidades (VILLEGAS, 1995).

O planejamento das despesas públicas com as diferentes estratégias relacionadas com a questão ambiental preenche esse pressuposto. Ademais, o atual contexto do planejamento público se relaciona com uma noção de Estado de Direito Ambiental, comprometido com o equilíbrio ambiental (LEITE, 2010). A partir da observação do planejamento definido no Plano Plurianual, considerando as ações e seus custos, pode-se dizer que o Ceará Sustentável representa uma orientação estratégica coerente na direção dos desafios da sustentabilidade ambiental

Contudo, devem ser observas as limitações que se impõem à própria organização do planejamento público. Um exemplo ilustrativo, no que se refere à distribuição de ações, é a inclusão de ações relacionadas com o saneamento básico no âmbito do Ceará Saudável. Posto isto, deve-se compreender que o tema da sustentabilidade é transversal, e as ações governamentais relacionadas ao tema não se limitam necessariamente ao conjunto das ações definidas no âmbito do Ceará Sustentável.

Ademais, é importante destacar que os gastos previstos com os programas definidos no Plano Plurianual não representam, necessariamente, todos os esforços relacionados com a sustentabilidade ambiental. Há medidas importantes que nem sempre dependem do orçamento público, como as mudanças legais, a ampliação das articulações setoriais e intergovernamentais, ou mesmo avanços na gestão dos recursos que favoreçam ações mais efetivas do setor público. Também é importante considerar que parte das despesas públicas, que contribuem para a execução de diferentes políticas, apresenta-se vinculada à administração geral e não a uma política específica.

Um resultado sugestivo sobre a alocação de recursos é a distribuição proporcional das despesas projetadas no Plano Plurianual para o período 2016-2019, considerando apenas os programas finalísticos, excluindo-se as despesas relacionadas com o funcionamento da máquina pública. Nessa perspectiva, o Ceará Sustentável responde pelo terceiro maior volume de gastos

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finalísticos, que, consoante Ceará (2015a, p. 164) apresenta a seguinte projeção para a distribuição proporcional: Ceará Saudável (34,2%), Ceará de Oportunidades (27,4%), Ceará do Conhecimento (15,2%), Ceará Sustentável (8,5%), Ceará Pacífico (5,7%), Ceará Acolhedor (5%), Ceará da Gestão Democrática por Resultados (4,0%).

5 CONCLUSÃO

A sustentabilidade é um problema público que demanda a formulação de políticas com o objetivo de preservar o equilíbrio ambiental. O fato de a Constituição Federal de 1988 ter assegurado a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado impõe às unidades da federação a obrigação de formular políticas públicas que garantam a efetivação desse direito.

A análise do Ceará Sustentável revela que o mesmo reúne diferentes políticas, as quais estão relacionadas com o acesso aos recursos hídricos, à preservação ambiental e o avanço no acesso a energias. Ademais, diferentes instrumentos são apresentados para a realização dessas políticas, envolvendo planos, investimento em infraestrutura, capacitação de pessoas, difusão de informações, conservação e monitoramento de áreas, entre outras ações.

Apesar da conformação de um conjunto consistente de políticas voltadas para a sustentabilidade ambiental, devem ser observados os limites do Ceará Sustentável no que se refere à concentração das ações que contribuem na direção da sustentabilidade ambiental. Em outros termos, uma análise mais aprofundada sobre as políticas governamentais que contribuem de forma efetiva para a sustentabilidade ambiental também deve considerar as ações vinculadas a outros eixos, além do Ceará Sustentável.

REFERÊNCIAS

BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças. 16. ed. ver. e atualizada por Djalma de Campos. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 23 abr. 2019.

CAVALCANTI, Clóvis (org.). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1997.

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DIÓGENES, José Lenho Silva. A concretização do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado: um exame a partir de ações estatais. 2011. 112 f.: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Direito, Fortaleza-CE, 2011.

FERREIRA, HelineSilvini. Política Ambiental Constitucional. In: CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (orgs.). Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007.

GIACOMONI, J. Orçamento público. 14 ed. São Paulo: Atlas, 2007

JANNUZZI, P. de M. Avaliação de programas sociais no Brasil: repensando práticas e metodologias das pesquisas avaliativas. Planejamento e políticas públicas, n. 36, p. 251-275, 2011.

HOWLETT, M. RAMESH, M; PERL, A. Política Pública: seus ciclos e subsistemas: uma abordagem integral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

LEITE, José Rubens Morato; AYALA, Patryck de Araújo. Dano Ambiental: do individual ao coletivo extra patrimonial – Teoria e prática – 3 ed. rev. atual.eampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais LTDA, 2010.

MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 18 ed. São Paulo: Malheiros, 2010.

OLLAIK, Leila Giondoni; MEDEIROS, JanannJoslin. Instrumentos governamentais: reflexões para uma agenda de pesquisas sobre implementação de políticas públicas no Brasil. Revista de AdministraçãoPública, v. 45, n. 6, p. 1943-1967, 2011.

SECCHI, L. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

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VILLEGAS, Héctor B. Curso de finanzas, derechofinanciero y tributario. 5. ed. Buenos Aires: Depalma, 1995.

Referências

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