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Atenção à saúde bucal dos povos indígenas no brasil: uma revisão integrativa / Attention to oral health for indigenous peoples in brazil: an integrative review

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761

Atenção à saúde bucal dos povos indígenas no brasil: uma revisão

integrativa

Attention to oral health for indigenous peoples in brazil: an integrative

review

DOI:10.34117/bjdv6n4-151

Recebimento dos originais: 09/03/2020 Aceitação para publicação: 09/04/2020

Karlos Eduardo Rodrigues Lima

Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Católica de Quixadá Bolsista de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico – CNPQ

Instituição: Centro Universitário Católica de Quixadá

Endereço: R. Juvêncio Alves, 660 – Centro, Quixadá, Ceará, Brasil. E-mail: karlosed99@gmail.com

Guilherme Fernandes Gondim

Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Católica de Quixadá

Voluntário de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ

Instituição: Centro Universitário Católica de Quixadá

Endereço: R. Juvêncio Alves, 660 – Centro, Quixadá, Ceará, Brasil. E-mail: guiodonto2323@gmail.com

Gabriela Soares Santana

Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Católica de Quixadá Bolsista de Iniciação Científica do Centro Universitário Católica de Quixadá

Instituição: Centro Universitário Católica de Quixadá

Endereço: R. Juvêncio Alves, 660 – Centro, Quixadá, Ceará, Brasil. E-mail: gabriela_ssantana@outlook.com

Francisco Gleuberson Oliveira da Silva

Graduando em Odontologia pelo Centro Universitário Católica de Quixadá Voluntário de Iniciação Científica do Centro Universitário Católica de Quixadá

Instituição: Centro Universitário Católica de Quixadá

Endereço: R. Juvêncio Alves, 660 – Centro, Quixadá, Ceará, Brasil. E-mail: gleubersonoliveira1847@gmail.com

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761

Cosmo Helder Ferreira da Silva

Mestre em Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis pela Universidade da Integração Internacional da Lusofania Afro-Brasileira

Instituição: Centro Universitário Católica de Quixadá

Endereço: R. Juvêncio Alves, 660 – Centro, Quixadá, Ceará, Brasil. E-mail: helderferreira@unicatolicaquixada.edu.br

RESUMO

A atenção à saúde bucal é de fundamental importância para a prevenção de doenças que acometem a cavidade oral, a população indígena, um povo dotado de diversas características culturais próprias ainda sofre bastante com o acesso aos serviços odontológicos no Brasil. O objetivo deste trabalho foi descrever as principais ações de saúde bucal realizadas em comunidades indígenas no país. Trata-se de uma revisão de literatura dos artigos científicos publicados nos últimos 10 anos. Foi utilizada a base de dados LILACS, por meio dos descritores “Saúde bucal, Saúde de populações indígenas e População indígena”. Foram encontrados 27 registros de publicações, sendo que após a leitura de títulos e resumos, baseando-se nos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 7 estudos para serem incluídos na revisão de literatura. Com a análise dos estudos, observou-se que as ações de saúde nas comunidades indígenas, são ainda, insuficientes. Por tanto, verifica-se a necessidade de mais estudos que visem servir de subsídio para a criação de programas eficazes e específicos para a saúde indígena.

Palavras-chave: Saúde bucal; Saúde de populações indígenas; População indígena.

ABSTRACT

Attention to oral health is of fundamental importance for the prevention of diseases that affect the oral cavity, the indigenous population, a people endowed with diverse cultural characteristics of their own, still suffers a lot with the access to dental services in Brazil. The objective of this work was to describe the main oral health actions carried out in indigenous communities in the country. It is a literature review of scientific articles published in the last 10 years. The LILACS database was used, using the descriptors “Oral health, Health of indigenous populations and Indigenous population”. 27 records of publications were found, and after reading titles and abstracts, based on the inclusion and exclusion criteria, 7 studies were selected to be included in the literature review. With the analysis of the studies, it was observed that health actions in indigenous communities are still insufficient. Therefore, there is a need for further studies that aim to serve as a subsidy for the creation of effective and specific programs for indigenous health.

Keywords: Oral health; Health of indigenous populations; Indigenous population.

1 INTRODUÇÃO

A atenção à saúde caracteriza as ações realizadas pelo sistema de saúde para suprir as carências da população, esta é expressa por meio de serviços, políticas, e programas de saúde

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761 baseados no Sistema Único de Saúde (SUS). A população indígena possui diversas particularidades que estão ligadas a fatores ambientais, culturais, biológicos e econômicos.

A saúde posta como direito de todos e dever do Estado, deve alcançar a totalidade da população independente de localização geográfica ou condição socioeconômica e cultural. Cabe aqui ressaltar sua aplicabilidade e estratégias eficazes para sua efetiva promoção e realização. Sabemos que o Brasil é muito diversificado em seu povo e suas regiões, e que ainda existe esta carência de serviços de saúde para a população nativa, a população indígena que existe no contexto cultural e social do Brasil (MACHADO JR et al., 2012).

Os dados epidemiológicos de 2010 sobre a saúde bucal no Brasil, demonstraram que o país entrou para o grupo das nações com baixa prevalência de cárie aos 12 anos. Porém, a pesquisa relatou uma prevalência de cárie significativa nas diversas faixas etárias estudadas, assim como diferenças regionais marcantes na prevalência e gravidade da cárie dentária. Esses achados indicam a necessidade de políticas voltadas para a equidade na atenção e ações de promoção e prevenção inovadoras e sensíveis às diferenças regionais (SBBRASIL, 2012).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2010, no Brasil as populações indígenas compõem cerca de 305 etnias, falam 274 línguas e totalizam aproximadamente 897 mil indivíduos. Esta população está presente em todos os estados brasileiros e cada povoado é dotado de uma cultura extremamente rica e própria. Tal diversidade cultural torna o representa uma das maiores riquezas do país (IBGE, 2010).

A saúde bucal é algo inerente e necessário ao indivíduo. A literatura aponta a importância da existência da atenção à saúde bucal e desenvolvimento de estudos que avaliem coletivamente ou individualmente os danos da ocorrência e prevalência da doença cárie e de doenças periodontais. Por sua frequência, a cárie é mais estudada com o objetivo de determinar etiologia social, prevalência e sua distribuição populacional no intuito de estabelecer planos e traçar metas para sua prevenção (FILHO; SANTOS; VETTORE, 2009).

Os hábitos de higiene bucal são fundamentais e determinantes para uma saúde bucal de qualidade, que vai além da estética e é essencial para garantir uma boa mastigação e digestão, bem como para a articulação de palavras no processo de fala. Sendo assim, a escovação com creme dental fluoretado, a utilização de fio dental, a manutenção de uma dieta equilibrada e consultar sempre um cirurgião dentista são práticas que influenciam diretamente na qualidade de vida do ser humano.

Um indivíduo indígena traz consigo toda uma bagagem cultural repassada de geração para geração, circunstância esta que exige do cirurgião dentista um atendimento odontológico

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761 ainda mais cuidadoso, envolvendo uma aproximação e conhecimento mútuo, visando inteirar-se das condições de vida no território indígena, dos hábitos de saúde bucal e da concepção do paciente acerca de sua saúde bucal, dos seus hábitos de higiene e de dieta.

Com base no exposto, o presente estudo tem como objetivo descrever as principais ações de saúde bucal realizadas em comunidades indígenas no Brasil.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que consiste em um método de reunir e sintetizar resultados de estudos. Ela possibilita a integração de pesquisas referentes a um determinado assunto e sua conclusão, com base em seus achados (SOARES et al., 2014).

Dividiu-se o processo de revisão em etapas: inicialmente foram criadas as perguntas norteadoras; realizou-se a busca pelos estudos para a construção do banco de dados para posterior análise dos resultados; e, por fim, os artigos foram organizados com a síntese do conhecimento produzido. O presente estudo se propôs a responder a seguinte pergunta norteadora: Quais as ações de saúde bucal realizadas nas comunidades indígenas?

Nesse contexto, realizou-se uma busca na base de dados eletrônica Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) com os descritores em Ciência da Saúde: “Saúde bucal”, “Saúde de populações indígenas” e “População indígena”. A coleta de dados deu-se no mês de agosto de 2019. Foram encontrados 27 estudos, após análise, foram incluídos os artigos publicados nos últimos 10 anos, e que foram realizados no Brasil, totalizando 7 estudos incluídos. Foram excluídos os estudos que não responderam às perguntas norteadoras e que não disponibilizavam o texto completo. Para a seleção dos artigos a serem utilizados, empregou-se os filtros de busca no site da base de dados pesquisada, adiante, realizou-se a leitura de títulos e resumos (Figura 01).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 01: Etapas da coleta de dados do estudo.

Fonte: autores, 2020

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A tabela 01 mostra os resultados obtidos por meio da busca realizada. Inicialmente, foram encontrados 27 artigos. Destes, 12 foram excluídos por não serem realizados no Brasil, 3 foram removidos por não atenderem à determinação de tempo da pesquisa e 5 foram exclusos por estarem indisponíveis. Ao final, restaram 7 publicações que estavam de acordo com os critérios de inclusão do presente estudo.

Tabela 01: Síntese de publicações incluídas na revisão de literatura TÍTULO E

AUTORES

ANO OBJETIVO (S) RESULTADOS CONCLUSÃO

Status periodontal de uma população da Reserva do Xingu (MESQUITA et al.) 2009 Descrever a prevalência de doença periodontal na população indígena do Oriente Médio e Baixo Xingu em comparação

com a população brasileira não indígena.

Na população não indígena, os indivíduos periodicamente saudáveis foram 46,2%, 21,9%

e 7,9% para cada faixa etária, respectivamente, e na população

do Xingu estavam 28,76%, 3,12% e 0% para cada faixa

etária, respectivamente.

Apesar da maior prevalência de cálculo, em todas as faixas etárias da população indígena, a perda dentária não parece seguir o mesmo padrão observado na

população brasileira não indígena, sugerindo diferenças de susceptibilidade, hábitos ou condições Cárie dentária e necessidades de 2010 Avaliar a prevalência de cárie e as necessidades

Os números brutos foram 5.366 dentes com lesões cariosas, 218

Em todos os grupos de edição de índices Potiguara

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761 tratamento entre povos indígenas da reserva indígena Potiguara no Brasil (SAMPAIO et al.) de tratamento de indígenas brasileiros em

uma reserva indígena.

dentes restaurados e 7543 dentes extraídos por cárie ou com indicação para extração.

se uma prevalência alta de cárie e muitos fatores que precisam

de tratamento. Fatores associados a cárie dental e doença periodontal em indígenas na América Latina: revisão sistemática (FILHO; SANTOS; VETTORE) 2014 Identificar fatores associados à cárie e às doenças periodontais em populações indígenas na América Latina.

Um dos estudos evidenciou a associação positiva entre perda dental e aumento da idade entre índios Guarani, no Brasil, com

maior proporção de sangramento gengival entre adolescentes do sexo masculino.

Dois estudos longitudinais com índios Xavante, no Brasil,

apontaram diferenças significativas na incidência de cárie entre idades e entre sexos.

O aumento da idade e diferenças entre sexos são possíveis fatores associados ao aumento da cárie dentária e doenças periodontais nas etnias Guarani e Xavante,

localizadas no Brasil.

Teatro mudo como alternativa de educação em saúde bucal com indígenas

no Estado do Pará (JÚNIOR, et al.) 2017 Promover a melhor percepção de riscos, como também de cuidados de saúde bucal no sentido de orientá-los de maneira a assumirem

uma postura de protagonismo destes cuidados com sua saúde.

Crianças e adultos participaram do projeto de extensão e, certamente representa uma estratégia de educação que pode

ser estimulada no contexto de educação em saúde para grupos

de línguas diferentes como também para pessoas com

deficiência auditiva, por exemplo.

O teatro mudo é uma ferramenta que, por valorizar a expressão

corporal permite uma comunicação eficaz em grupos linguisticamente distintos como os encontrados na CASAI em

Belém. Esta forma de arte conseguiu traduzir ideias mostrando-se como tecnologia educativa viável para educação em saúde com estes grupos.

Análise documental dos serviços de saúde bucal ofertados à população indígena no Brasil (RODRIGUES, et al.) 2018 Analisar a política de saúde bucal inserida no

subsistema de saúde indígena, evidenciando a sua evolução no processo

histórico e legal.

Apesar dos avanços, há recorrentes disparidades ao

analisarmos a saúde bucal indígena em comparação à população brasileira não indígena. Ao longo do tempo, a

saúde indígena esteve sob responsabilidade de distintas

instituições.

A trajetória da saúde bucal indígena brasileira é marcada por dissidências e existem bases jurídicas que garantem o acesso

aos cuidados de saúde deste grupo, embora a descontinuidade das políticas

impeça a integralidade das ações de saúde bucal.

Cárie dentária em povos do Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2007 e 2013 (LEMOS, et al.) 2018 Descrever a prevalência de cárie e provisão de cuidados odontológicos na população do Parque Indígena do Xingu, Brasil, aos 5, 12 e 15-19 anos de idade, 2007 e 2013. Examinaram-se 368 (2007) e 423 (2013) indígenas no

período, sem diferença significativa entre as médias do

número de dentes cariados, perdidos e obturados aos 5 e aos

12 anos; essa diferença foi significativa aos 15-19 anos.

A prevalência de cárie permaneceu elevada em crianças e reduziu-se em adolescentes (15-19 anos); a provisão de cuidados odontológicos decresceu. Prevalência de cárie na população indígena Brasileira de áreas urbanas 2018 Comparar a prevalência de cárie e o número médio de dentes cariados, perdidos e

As crianças indígenas tinham mais dentes cariados e menos dentes restaurados do que as

não-indígenas; crianças

Este estudo dá credibilidade às suspeitas de que no Brasil existem desigualdades no estado

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761 com base no levantamento de Saúde Bucal Nacional – 2010 (MIRANDA; SOUZA; LEAL) restaurados entre indivíduos indígenas e não indígenas, com base

nas informações recuperadas do SB Brasil

2010.

indígenas com idade cinco tinham menos dentes ausentes

do que branco, preto e etnia marrom. Em todas as faixas etárias, os indígenas tinham menos dentes restaurados que os

não indígenas.

indígenas auto identificados e seus homólogos nacionais que vivem em áreas urbanas. Assim,

os resultados esclarecem a necessidade de conduzir um estudo epidemiológico em saúde

bucal exclusivamente entre os indígenas.

Fonte: autores, 2020

4 DISCUSSÃO

Para Rodrigues et al. (2018), a efetiva implementação de políticas públicas,

especialmente a de saúde bucal indígena, implica diretamente na dificuldade que os governos e os gestores públicos possuem na administração dos diversos interesses existentes, sobretudo quando envolve investimentos e desconsidera-se a cultura tradicional silvícola.

Filho; Santos; Vettore (2014), apontam a necessidade de mais estudos que sirvam de subsídio para as atividades e programas voltados à saúde indígena, sendo necessários maiores investimentos em recursos humanos e formações no processo de investigação e controle de doenças graves na região da América Latina e Caribe.

Ainda de acordo com o estudo de Filho; Santos; Vettore (2014), ao se observar a situação de saúde dos povos indígenas da América Latina, constata-se que diversas etnias ainda experimentam desigualdades no padrão de certas doenças, no estado de saúde e no acesso e utilização dos serviços de assistência à saúde.

A falta de instruções de cuidados de saúde bucais não podem ser desconsiderada. A ausência de água, programas de fluoretação e baixa exposição a fluoreto tópico pode contribuir para a alta prevalência de cárie nas populações indígenas (SAMPAIO, et al. 2010).

Em concordância com este estudo, Júnior et al. (2017) relata que as comunidades indígenas na Amazônia são muito heterogêneas e isto se deve a diferentes fatores como distintas cosmovisões (crenças, valores, atitudes), relação com o ambiente, interações internas e com outros grupos étnicos, entre outros elementos. A relação de contato com a população não índia, por exemplo, influencia de maneira relevante estes grupos humanos.

Segundo Filho; Santos; Vettore (2014), na América Latina, os estudos indicam tendência de aumento da prevalência da cárie e doenças periodontais entre grupos indígenas. No entanto, existem algumas dificuldades em se estabelecer comparações entre as condições de saúde

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761 bucal das diferentes etnias, devido à heterogeneidade das faixas etárias investigadas e abordagens metodológicas distintas.

Para Miranda; Souza; Leal (2018), outro aspecto que deve ser levado em consideração diz respeito à maneira pela qual a população indígena foi definida, assim como é importante conduzir uma discussão antropológica nesses tipos de estudo, pois muitos autores usam os termos raças e etnias intercambiáveis, embora a raça seja muito mais associado às características sociais do indivíduo do que às características biológicas. De fato, o termo etnia refere-se ao indivíduo que pertence ou se acredita pertencer a um grupo em que tenha características e ascendência geográfica semelhantes, tradições culturais e idioma.

As etnias mais pesquisadas foram as do Brasil, com maior percentual de estudos sobre comunidades indígenas do Xingu e sobre os Xavante, ambas situadas no estado de Mato Grosso, na região Centro-Oeste do país. Chama a atenção a ausência completa de estudos na década de 1990 e o ressurgimento de publicações importantes a partir de 2001 (FILHO; SANTOS; VETTORE, 2014).

Mesquita et al. (2009) mostra que apesar de haver maior prevalência de cálculo em todos os grupos de faixa etária da população indígena, a perda dentária não parece seguir o mesmo padrão notado na população brasileira não indígena, expondo dissemelhanças na suscetibilidade, hábitos ou condições.

A saúde indígena é complexa e as dificuldades para a sua eficiência são inúmeras, como o acesso às comunidades, a diversidade e as especificidades de cada grupo étnico, a falta de profissionais qualificados, a estrutura organizacional e a gestão participativa, dentre outras. (RODRIGUES et al. 2018).

Reafirmam Filho; Santos; Vettore (2014) que as desigualdades de saúde encontradas entre os povos indígenas e a sociedade envolvente são determinadas por problemas no acesso e utilização de serviços de atenção à saúde bucal.

De acordo com Filho et al. (2014), os estudos sobre saúde bucal indígena indicam tendência de aumento da prevalência da cárie. No entanto, há dificuldades em se estabelecer comparações entre as condições de saúde bucal das diferentes etnias devido a heterogeneidade das faixas etárias e abordagens.

O estudo de Lemos e seus colaboradores (2010) demonstrou que o fornecimento de serviços odontológicos pirou no período de 2007 a 2013, evidenciando a necessidade da criação de programas de qualidade e fixos especificamente para as comunidades indígenas,

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761 dessa mesma forma, Mesquita e seus colaboradores (2009) voltaram a relatar a importância da criação de mais projetos de saúde bucal para a população indígena.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos analisados revelaram que as ações voltadas para a saúde bucal indígena ainda não são suficientes para suprir a necessidade das populações indígenas, bem como enfatizaram a necessidade de mais atenção a estes povos, evidenciando a necessidade de criação de programas para atenção à saúde bucal indígena, visando promover saúde bucal, evitar doenças pertinentes, como a cárie e as doenças periodontais e realizar tratamentos, evitando a progressão destas doenças e a perda dentária. Fica claro, portanto, que são necessários mais estudos que sirvam de subsídio para a criação de programas eficazes e voltados especificamente para a saúde bucal indígena.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC, mantido pelo Centro Universitário Católica de Quixadá (UNICATÓLICA) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

REFERÊNCIAS

FILHO, P. A.; SANTOS, R. V.; VETTORE, M. V. Saúde bucal dos índios Guaraní no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Caderno de Saúde Pública. v. 25, n. 1, p. 37-46, 2009.

FILHO, P. A.; SANTOS, R. V.; VETTORE, M.V. Fatores associados a cárie dental e doença periodontal em indígenas na América Latina: revisão sistemática. Rev Panam Salud Publica, v. 35, n. 1, p. 67-77, 2014.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Brasil. 2013. (https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?busca=1&id=3&idnoticia=2194&t=censo-2010-poblacao-indigena-896-9-mil-tem-305-etnias-fala-274&view=noticia).

JÚNIOR, A. F. C., et al. Teatro mudo como alternativa de educação em saúde bucal com indígenas no Estado do Pará. Revista da ABENO, v. 17, n. 1, p. 2-7, 2017

LEMOS, P. N., et al. Cárie dentária em povos do Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2007 e 2013*. Epidemiologia e Serviços de Saúde, [s.l.], v. 27, n. 1, p.1313-1322, mar. 2018. Instituto Evandro Chagas. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742018000100005.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.4,p.18704-18713 apr. 2020. ISSN 2525-8761 MACHADO JR, E. V.; REYES, M. A. M.; DIAS, R. L. Odontologia na aldeia: a saúde bucal indígena numa perspectiva antropológica. Revista de Antropologia, v. 4, n. 5, p. 182-222. Mai. 2012.

MESQUITA, L. P., et al. Periodontal status of an indigenous population at the Xingu Reserve.

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SOARES, C. B., et al. Integrative Review: Concepts And Methods Used In Nursing. Revista

da Escola de Enfermagem da Usp, [s.l.], v. 48, n. 2, p.335-345, abr. 2014. FapUNIFESP

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Figura 01: Etapas da coleta de dados do estudo.

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