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Estimativa das emissões de gases de efeito estufa e proposta de mitigação dos impactos ambientais gerados por um empreendimento de geração de energia elétrica: um estudo de caso / Estimation of greenhouse gas emissions and proposal to mitigate environment

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Estimativa das emissões de gases de efeito estufa e proposta de mitigação dos

impactos ambientais gerados por um empreendimento de geração de energia

elétrica: um estudo de caso

Estimation of greenhouse gas emissions and proposal to mitigate environmental

impacts generated by an electricity generation enterprise: a case study

DOI:10.34117/bjdv6n6-599

Recebimento dos originais: 18/05/2020 Aceitação para publicação: 26/06/2020

Francisco Thiago Rodrigues Almeida Engenheiro Ambiental e Sanistarista

Mestrando em Engenharia Ambiental pelo Programa em Pós-Graduação de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Claudinei de Souza Guimarães Engenheiro Químico

Doutorado em Química pelo Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ/UFRJ).

Endereço: Av. Athos da Silveira Ramos, 149, Centro de Tecnologia, Escola de Química, Bloco E, Sala 203 Cidade Universitária - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 21941-909 – Brasil.

E-mail: claudinei@eq.ufrj.br Eduardo Gonçalves Serra

Engenheiro Industrial

Doutorado em Engenharia Oceânica pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Endereço: Cidade Universitária - Ilha Do Fundão - Ct - Bloco C - Sala C207 B Bonsucesso 21945-970 - Rio de Janeiro, RJ – Brasil.

E-mail: Serra@poli.ufrj.br RESUMO

O objetivo geral deste trabalho foi estimar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e propor estratégias de redução dos impactos ambientais para um empreendimento de geração de energia elétrica, a partir do uso de gás natural. A metodologia utilizada foi a GHG Protocol, personalizada para indústria de energia. Com o objetivo de analisar o comportamento da ferramenta, foram aplicados dados reais, referentes aos anos de 2016 e 2017, de uma Usina Termelétrica a gás natural situada no Rio Grande do Norte. Utilizou-se o método de neutralização de carbono como alternativa de mitigação dos impactos ambientais dos GEE, por meio da conversão destes em biomassa pela reação de fotossíntese. O bioma em estudo foi o da caatinga, considerando a localização da usina termelétrica. Obteve-se o resultado estimado de emissão de GEE no valor de 1.102.144,639 tCO2e e 1.138.256,986 tCO2e, nos anos de 2016 e 2017, respectivamente. A partir do resultado de emissão dos GEE, estima-se que será necessário o plantio 188.939.079 e 195.129.754 árvores, com base nos anos de 2016 e 2017, respectivamente, para neutralizar os impactos ambientais da emissão de GEE. A quantidade elevada de árvores é justificada pelo tipo de bioma considerado neste estudo, uma vez que a Caatinga é formada por árvores de pequeno porte e elevado espaçamento, gerando assim a

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necessidade de uma grande quantidade de mudas e aquisição de áreas extensas, para implantação da referida proposta.

Palavras-Chaves: Mudanças Climáticas, Gases de Efeito Estufa, Inventário de Emissão, Neutralização de Carbono.

ABSTRACT

The general objective of this work was to estimate greenhouse gas (GHG) emissions and to propose strategies to reduce environmental impacts for an electric power generation enterprise, using natural gas. The methodology used was the GHG Protocol, customized for the energy industry. In order to analyze the tool's behavior, real data were applied, referring to the years 2016 and 2017, of a natural gas thermoelectric plant located in Rio Grande do Norte. The carbon neutralization method was used as an alternative to mitigate the environmental impacts of GHGs, by converting them into biomass through photosynthesis reaction. The biome under study was the caatinga, considering the location of the thermoelectric plant. The estimated GHG emission result was obtained in the amount of 1,102,144.639 tCO2e and 1,138,256,986 tCO2e, in the years 2016 and 2017, respectively. Based on the result of GHG emissions, it is estimated that 188,939,079 and 195,129,754 trees are to be planted, based in 2016 and 2017, respectively, to neutralize the environmental impacts of GHG emissions. The high number of trees is justified by the type of biome considered in this study, since the Caatinga is formed by small trees and high spacing, thus generating the need for a large number of seedlings and the acquisition of extensive areas, for the implantation of the that proposal.

Keywords: Climate Change, Greenhouse Gases, Emission Inventory, Carbon Neutralization.

1 INTRODUÇÃO

O crescimento exponencial da população mundial vigente, principalmente, nos países menos desenvolvidos, ainda que venha se arrefecendo, nos países desenvolvidos, nas últimas décadas, somado aos efeitos do padrão de desenvolvimento predominante na maioria dos países, a partir do pós-guerra, centrado na produção industrial de bens intermediários, de capital, de consumo duráveis e não duráveis e agrários de larga escala e no crescimento das cidades, em conjunto com o desenvolvimento socioeconômico do mundo moderno, tem acelerado sobremaneira o uso dos recursos naturais renováveis e não-renováveis, gerando, entre outros efeitos, o aumento exponencial da concentração de Gases do Efeito Estufa (GEE) na atmosfera (FRANÇA, 2016). Além da influência humana, a poluição atmosférica tem origem também em emissões naturais (ALMEIDA;GUIMARÃES; RODRIGUES, 2020).

Segundo Guimarães (2016), os GEE são compostos que se acumulam na camada especifica da atmosfera do planeta, contribuindo para o aquecimento do planeta e formando o que se chama de efeito estufa. Este acúmulo vem influenciando o fenômeno de Mudanças Climáticas, cujo impacto tem sido discutido com ênfase pela comunidade cientifica internacional.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, que é uma organização criada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente com o fim de estudar fenômenos ligados

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às mudanças climáticas, confirma que a influência humana no sistema climático é clara e crescente, com impactos observados em todos os continentes e oceanos (RIBEIRO e SANTOS, 2016).

Vários setores de uso final de energia, como transporte, construção civil, edificações e agricultura são os principais responsáveis por estas mudanças, sendo que o setor industrial contribui com aproximadamente um terço das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2) relacionados à energia (HENRIQUES JUNIOR, 2010).

No Brasil, conforme o Instituto de Energia e Meio Ambiente – IEMA (2016:p.64), o setor de energia apresentou a maior taxa média de crescimento anual no período entre 1990 e 2014, tendo suas emissões atmosféricas saltado de 189,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) para 479,1 milhões de toneladas de CO2e, no mesmo período, superando as emissões da Agropecuária e se consolidando como o setor mais emissor, atrás apenas do item Mudança de Uso da Terra.

A elaboração de Inventário de emissões de GEE é a primeira etapa para que uma organização possa contribuir para o combate às mudanças climáticas. Esta é uma ferramenta de avaliação que se faz de uma empresa, setor produtivo, cidade, estado ou de um país a fim de determinar as fontes de emissões de GEE nas atividades produtivas e a quantidade lançada na atmosfera (MACIEL, 2016).

A partir dos resultados do inventário de emissões de GEE, pode-se estabelecer estratégia, planos e metas para mitigação e gestão de emissões de gases de efeito estufa, buscando assim contribuir com minimização do aquecimento do planeta. Além disso, a elaboração de inventários de GEE também permite às instituições almejar oportunidades de novos negócios no chamado mercado de carbono, criado pelo Protocolo de Quioto, através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e outros instrumentos, que envolve a captação de recursos para investimentos que gerem redução de emissões ou retirada de carbono da atmosfera, pela emissão e compra de Certificados de Poluição ou Créditos Carbono, ou ainda buscar processos que garantam eficiência energética e operacional (FRANÇA, 2016).

A mitigação das mudanças climáticas consiste na busca de alternativas para eliminar ou reduzir a emissão de GEE em uma determinada atividade ou empreendimento. A atuação na mitigação tende a ser menos custosa para remediar ou ter que se adaptar aos danos gerados pelos GEE (HENRIQUES JUNIOR, 2010).

Dentre as principais medidas de mitigação de emissões e para estabilizar as concentrações de GEE na indústria de energia, são consideradas principalmente a diminuição do uso de fontes fósseis na geração e uso de energia, a adoção de fontes energéticas renováveis, a captura e armazenamento de carbono e controle tecnológico de emissões fugitivas (RIBEIRO e SANTOS, 2016). Em todas essas medidas, novas tecnologias tendem a ter uma influência importante, devendo exigir uma série

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de incentivos para fomentar seu desenvolvimento, aquisição, implementação, difusão e retirada de barreiras (FOSTER et.al., 2007).

Considerando que o setor de energia contribui com uma parcela significativa na emissão de GEE no Brasil e no Mundo, mensurar e organizar os dados sobre as emissões de GEE e estudar esse potencial de mitigação no setor energético, contribuirá para a busca de soluções do problema da mudança climática global, além de trazer outros benefícios, como a diminuição da poluição atmosférica e mais segurança energética entre outros.

2 MATERIAL E MÉTODO

Esta pesquisa se caracterizou como um estudo de natureza aplicada, tendo uma abordagem exploratória e quantitativa, como também aplicação de procedimentos bibliográficos e de estudo de caso.

Na elaboração do inventário de emissões de GEE, utilizou-se a ferramenta Greenhouse Gas Protocol - GHG Protocol.

O presente trabalho foi estruturado nas seguintes etapas:

• A ferramenta GHG Protocol foi personalizada para um empreendimento de energia;

• A ferramenta foi aplicada por meio de estudo de caso da Usina Termelétrica a gás natural situada no Rio Grande do Norte;

• Foi elaborada proposta para mitigar as emissões dos poluentes deste empreendimento.

2.1 FERRAMENTA GHG PROTOCOL

O GHG Protocol, entre as diferentes metodologias existentes para realização de inventário de GEE corporativos, é a ferramenta mais utilizada mundialmente pelas empresas e governos para entender, quantificar e gerenciar suas emissões.

A metodologia do GHG Protocol é compatível com as Normas da International Organization for Standartization (ISO) e com as metodologias de quantificação do IPCC.

Neste estudo, utilizou-se a ferramenta GHG Protocol desenvolvida pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pelo World Resources Institute (WRI), na sua versão 2018.1.4.

A metodologia do GHG Protocol (2008) estabelece seis etapas seguintes para elaboração de inventários corporativos: a definição dos limites organizacionais e operacionais do inventário; a seleção da metodologia de cálculo e fatores de emissão; a coleta de dados das atividades que emitem GEE; o cálculo das emissões; e a elaboração do inventário de emissões de GEE.

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2.1.1 Limites Organizacionais

As operações das empresas variam nas suas estruturas legais e organizacionais e incluem: operações de propriedade integral, joint ventures incorporadas e não incorporadas, subsidiárias e outras. Para efeitos de contabilidade de GEE, os limites organizacionais, que dependem da estrutura da empresa e do relacionamento com todas as partes envolvidas.

Ao estabelecer limites organizacionais, a empresa escolhe uma abordagem para a consolidação das emissões de GEE e depois aplica essa abordagem para registrar e comunicar suas emissões de GEE.

O Programa Brasileiro do GHG Protocol (2008) utiliza duas abordagens para consolidação dos limites organizacionais: controle operacional e participação societária.

Neste estudo, utilizou-se a abordagem do inventário por meio de controle operacional, considerando que a Usina Termelétrica a gás natural é controlada por uma única empresa. Assim, a organização responderá por 100% das emissões de GEE deste empreendimento em estudo.

2.1.2 Usina Termelétrica

A UTE é uma termelétrica de cogeração, com capacidade de produzir 340 MW de energia elétrica e 600 t/h de vapor de água, situada no estado do Rio Grande do Norte. Neste Estudo, consideraremos o despacho anual de 50% da capacidade de geração.

A UTE é composta por dois conjuntos de turbinas a gás natural e caldeiras de recuperação de calor. As turbinas produzem energia elétrica utilizando como combustível o gás natural. Os gases de exaustão aquecem a água na caldeira de recuperação produzindo vapor, que é conduzido por um vaporduto de 28 km e injetado em poços de petróleo da região do Alto do Rodrigues.

Para fornecimento de água para a produção de vapor, a UTE conta com uma captação de água que utiliza água do Rio Piranhas-Açu e uma ETA que produz três tipos de águas: filtrada, potável e desmineralizada, esta última é utilizada para o processo de produção de vapor. A ETE recebe os efluentes líquidos da usina e os trata para descarte no Rio Piranhas-Açu de acordo com as especificações contidas na legislação ambiental brasileira.

A subestação de 230 kV recebe a energia produzida pelos turbogeradores e a transmite através de uma linha de transmissão de 30 km até a subestação da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) localizada na cidade de Açu, onde é conectada ao Sistema Interligado Nacional.

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Figura 01 - Diagrama simplificado de processo da UTE.

Fonte: Autor (2018).

2.1.3 Limites Operacionais

Os limites operacionais envolvem a identificação das emissões associadas com as suas operações, classificando-as como emissões diretas e indiretas e selecionando o escopo para contabilização e elaboração do inventário.

As emissões diretas abrangem o consumo de combustíveis fósseis dentro da empresa por meio de equipamentos e veículos próprios e as emissões indiretas estão relacionadas às emissões resultantes das atividades da organização que está inventariando, mas que ocorrem em fontes que pertencem ou são controladas por outra organização.

Assim, para facilitar o entendimento das fontes diretas e indiretas, foram definidos três escopos para registro e inventário de GEE, conforme apresentado no Quadro 01:

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Quadro 01 - Caracterização dos escopos 01, 02 e 03 para Usina Termelétrica.

TIPO DE ESCOPO FONTES DESCRIÇÃO DAS FONTES

ESCOPO 01 Emissões diretas Queima de combustíveis fósseis Emissões de consumos de combustíveis em equipamentos próprios ou locados pela empresa para operarem sob sua gestão

Emissões de transporte com veículos próprios ou controlados pela Empresa.

Emissões fugitivas

Emissões resultantes das atividades de despressurizarão de linha de gás, recarga de extintores e manutenção de equipamentos de refrigeração. ESCOPO 02 Emissões indiretas Energia adquirida para operação da unidade

Aquisição de energia elétrica para operação de equipamentos ESCOPO 03 Outras Emissões indiretas Destinação de resíduos

Emissões do transporte, tratamento ou destinação de resíduos por terceiros.

2.1.4 Definição Temporal do Inventário

As empresas podem sofrer mudanças estruturais significativas, tais como aquisições, separações e fusões, o que pode alterar o perfil de emissões da empresa, dificultando comparações ao longo do tempo. Assim, faz-se necessária a definição temporal do inventário para o melhor entendimento do perfil de emissões da organização.

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De acordo com as especificações de verificação do Programa Brasileiro GHG Protocol (2017), um inventário de GEE deve contemplar o período de um ano-calendário inteiro, ou seja, a contabilização e quantificação das emissões devem abranger as atividades desenvolvidas pela organização entre 1° de janeiro e 31 de dezembro.

A Usina Termelétrica a gás natural do Rio Grande do Norte nunca realizou o inventário de emissões de GEE. Assim, buscou-se mensurar as emissões atmosféricas dos últimos dois anos – 2016 e 2017, com intuito de ter uma base comparativa de dados recentes. Ressalta-se que período selecionado foi marcado pela restrição hídrico devido o baixo nível pluviométrico registrado nos últimos cinco anos na região Nordeste do Brasil.

2.1.5 Fatores de Emissão

As atividades com potencial poluidor apresentam como dado um fator de emissão, que expressa o quanto intensiva é a atividade em termos de emissão de GEE, representando o volume desses gases emitido por certa unidade de atividade (FRANÇA, 2016).

Os fatores de emissões utilizados na ferramenta tiveram como base as atividades avaliadas no processo de geração de energia elétrica da usina a gás natural. Os fatores de emissão específicos e as respectivas fontes de literatura são fornecidos pela planilha do GHG Protocol, os quais são compatíveis com a metodologia de quantificação do IPCC.

2.1.6 Metodologia de Cálculo

As emissões de GEE devem ser calculadas levando em consideração o fator de emissão da atividade em estudo, cuja intensidade depende da fonte emissora, conforme estabelece a ferramenta GHG Protocol. Após o levantamento dos fatores de emissões, busca-se o levantamento das informações de matéria-prima e serviços. Os cálculos por tipo de emissão são estabelecidos por diferentes fórmulas. O inventário de emissões é o somatório de todas as contribuições individuais dos gases emitidos em cada atividade.

Destaca-se que para permitir a comparação das emissões de diferentes setores com diferentes gases, os volumes de cada gás e seu potencial de contribuição para aquecimento global são convertidos em uma unidade comum, o carbono equivalente: CO2e, considerando que cada gás do efeito estufa tem um potencial diferente de contribuição para o aquecimento global.

2.1.7 Somatório das Emissões

O somatório das emissões foi realizado individualmente em relação ao tipo de escopo. O cálculo é realizado conforme a equação 01.

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EmissãoTotal(tCO2e)Escopo01Escopo02Escopo03 (01) Onde:

Escopo 01 – fontes de emissão do escopo 01 (tCO2e); Escopo 02 - fontes de emissão do escopo 02 (tCO2e); Escopo 03 - fontes de emissão do escopo 03 (tCO2e).

2.1.8 Redução dos efeitos da emissão de GEE pela neutralização de carbono

A neutralização ou redução das emissões de GEE é a retirada do CO2 da atmosfera e a conversão deste em biomassa pela reação de fotossíntese (OLIVEIRA et al, 2013). Esta reação permite o acúmulo de biomassa por meio da absorção do CO2 e liberação do oxigênio (O2) na atmosfera, fixando o carbono nas árvores. Ainda, de acordo com os mesmos autores o número de árvores a serem plantadas para neutralização do CO2 emitido no período de um ano pode ser calculado pela equação 02.

] 2 , 1 ) [(    Et Ff N (02) Onde:

N – número de árvores a serem plantadas;

Et – quantidade total de GEE emitida pela UTE, em t CO2e;

Ff - fator de fixação de carbono em biomassa no local do plantio, em tCO2/nº de árvores plantadas, considerando um processo de regeneração natural das florestas e o plantio tradicional de espécies nativas para recuperação de áreas degradas, no bioma Caatinga, totalizando cerca de 1.644 árvores por hectare. Assim, o fator de fixação adotado neste estudo foi de 0,007 tCO2/ nº de árvores (SANTOS et.al, 2016);

1,2 = Fator de compensação para possíveis perdas de mudas;

3 RESULTADO E DISCUSSÃO

Os resultados das emissões de GEE da Usina Termelétrica em estudo obtidos a partir da ferramenta Greenhouse Gas Protocol - GHG Protocol referentes aos anos de 2016 e de 2017 serão descritos abaixo. As emissões de GEE calculadas neste trabalho estão expressas em toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e).

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3.1 EMISSÕES TOTAIS DE GEE

A partir dos resultados de emissões de GEE obtidos por cada escopo, pode-se calcular o resultado global das emissões de GEE geradas pela Usina Termelétrica a gás natural em questão. Esse resultado global é resultante do somatório das emissões dos três tipos de escopos considerados neste estudo, abordando o total de emissões em toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e). O Quadro 02 ilustra o resultado total das emissões de GEE estimadas neste estudo, a partir da ferramenta GHG Protocol, considerando os períodos de 2016 e de 2017.

Quadro 02 - Total de emissões de GEE (tCO2e), gerada pela Usina Termelétrica a gás natural, nos anos de 2016 e 2017.

Fonte

Emissão total de GEE (tCO2e)

2016 2017

Usina Termelétrica a gás natural

1.102.144,639 1.138.256,986

Fonte: Autor (2018).

Os valores obtidos nos inventários de emissões de GEE referentes aos anos de 2016 e de 2017 estão coerentes com a interrupção do comportamento de queda de emissões de GEE gerado pela crise econômica, observada em 2015 e 2016 (ano em que as emissões caíram 7%), conforme apresentado no Documento Síntese das Emissões de GEE do Brasil (TASSO REZENDE DE AZEVEDO, 2018), tendo em vista que é observada uma crescente comparando-se os resultados dos anos de 2016 e de 2017.

Ainda conforme os dados de Tasso Rezende de Azevedo (2018), apesar da queda emissões de GEE do Brasil em aproximadamente 2,3%, em 2017, o setor de energia, mais especificamente o de geração de energia elétrica, teve um acréscimo de 7% das emissões de GEE, devido a uma nova queda da geração de energia em hidrelétricas, com consequente aumento da geração termoelétrica a combustível fóssil.

Houve uma produção de energia elétrica correspondente a 1.932.602,424 MWh/dia e 1.952.333,610 MWh/dia, em 2016 e 2017, respectivamente, conforme apresenta o gráfico 01.

Fazendo-se uma relação da emissão de GEE com a produção de energia elétrica, observa-se que houve a emissão de g CO2e/kWh correspondente a 570,3g CO2e/kWh e 589,0g CO2e/kWh, o que está abaixo da média mundial de plantas a gás natural com ciclo aberto equivalente a 717 gCO2e/kWh, porém dentro do intervalo mundial que varia entre 487 a 962g CO2e/kWh (BAUER et.al, 2018).

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Gráfico 01 – Relação entre Produção de energia elétrica com emissão de GEE.

Fonte: Autor (2018).

Ainda segundo Bauer et. al. (2018), a média de emissão de GEE por geração de energia elétrica está acima do intervalo para usinas a gás natural por ciclo combinado que varia entre 400 a 460 g CO2e/kWh, que é explicado pelo fato das usinas por ciclo combinado terem uma maior taxa de eficiência no aproveitamento energético, em torno de 49 a 53%, o que mostra que o fechamento de ciclo da usina pode ser uma alternativa para redução das emissões de GEE.

A partir do Gráfico, observa-se também que à medida que cresce a produção de energia elétrica, aumenta-se a geração emissões de GEE, devido ao maior consumo de gás natural, para a operação da usina termelétrica.

3.2 NEUTRALIZAÇÃO DAS EMISSÕES DE GEE TOTAIS

Considerando a equação 02 e os valores obtidos nos inventários de emissões de GEE referentes aos anos de 2016 e de 2017, estimamos o quantitativo de árvores do bioma Caatinga, onde a Usina Termelétrica a gás natural em questão está situada, conforme o Quadro 03 abaixo:

1.102,14 1.138,26 1.932,60 1.952,33 0,00 500,00 1.000,00 1.500,00 2.000,00 2.500,00 2016 2017 M ilh ar e s

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Quadro 03 - Total de árvores necessárias para neutralização de emissões de GEE.

Ano Emissão total de GEE

(tCO2e)

Número de árvores

2016 1.102.144,639 188.939.079

2017 1.138.256,986 195.129.754

Fonte: Autor (2018).

Observa-se o elevado número de árvores necessárias para neutralização das emissões de GEE geradas pela Usina Termelétrica a gás natural em questão, nos anos de 2016 e 2017. Esse resultado é justificado pelo tipo de bioma considerado neste estudo, uma vez que a Caatinga é formada por árvores de pequeno porte e elevado espaçamento.

Caso a termelétrica em questão estivesse localizada no bioma da Mata Atlântica, teríamos o resultado de 8.588.139 e 8.869.534 árvores para os resultados de emissão de GEE anos de 2016 e 2017, respectivamente, considerando o fator de fixação de carbono em biomassa no local do plantio de 0, 154 tCO2/ nº de árvores (OLIVEIRA, 2013).

A diferença representa uma redução de 95% do número de árvores. Segundo Santos et. AL (2016), estudos de estocagem de carbono em árvores da Caatinga são reduzidos até o presente, no entanto, em comparação aos estudos em outros biomas brasileiros, pode-se afirmar que a vegetação possui baixa capacidade de estocagem de carbono.

Diante deste resultado, a alternativa de redução dos efeitos da emissão de GEE pela neutralização de carbono se torna bastante onerosa, considerando os custos de aquisição de plantas nativas e aquisição de extensas terras para o plantio do número de árvores aqui estimado.

4 CONCLUSÃO

É amplamente aceito, hoje, que as ações antrópicas são a principal causa do atual aquecimento global. Isso se deve ao acréscimo na concentração de GEE oriundo das atividades humanas que implica no aumento da capacidade da atmosfera em reter calor e, consequentemente, no aumento da temperatura do planeta.

Constatamos também que uma das principais atividades antrópicas que estão relacionadas ao aumento gradativo de emissões de GEE é a queima de combustíveis fosseis, em especial no uso e na produção de energia. Como dito acima, o setor de energia objeto desse trabalho – incluindo produção e consumo de combustíveis e energia elétrica – representa, segundo o Observatório do Clima (SEEG, 2018) a terceira maior fonte de emissões brutas de GEE no Brasil.

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O uso da ferramenta Greenhouse Gas Protocol - GHG Protocol, no estudo de caso deste trabalho – Usina Termelétrica a gás natural de ciclo simples situada no Rio Grande do Norte, permitiu estimar a emissão de GEE na ordem de 1.102.144,639 tCO2e e 1.138.256,986 tCO2e nos anos de 2016 e de 2017, respectivamente.

Comparando os resultados obtidos no estudo de caso deste trabalho com os resultados de outras térmicas, constatou-se que as usinas termelétricas com ciclo combinado apresentam uma menor emissão de gases de efeito estufa, em torno de 60%, até em casos que a potência instalada da usina é maior, possibilitando inferir que o fechamento de ciclo de produção de energia elétrica é uma alternativa a ser considerada como medida mitigadora de emissões atmosféricas.

Outra alternativa considerada neste trabalho foi a neutralização de emissões de GEE, por meio de plantio de árvores. Considerando o resultado de emissão de GEE nos anos de 2016 e 2017, houve a estimativa de árvores do bioma Caatinga, onde a Usina Termelétrica a gás natural em questão está situada, em torno de 188.939.079 e 195.129.754, respectivamente.

Observa-se que é bastante elevado número de árvores necessárias para neutralização das emissões de GEE geradas pela Usina Termelétrica a gás natural em questão, nos anos de 2016 e 2017. Esse resultado é justificado pelo tipo de bioma onde a planta se localiza neste estudo, uma vez que a Caatinga é formada por árvores de pequeno porte e elevado espaçamento.

Diante deste resultado, a alternativa de redução dos efeitos da emissão de GEE pela neutralização de carbono se torna bastante onerosa, considerando os custos de aquisição de plantas nativas e aquisição de extensas terras para o plantio do número de árvores aqui estimado.

Faz-se necessário um aprofundamento do estudo de viabilidade técnica e financeira de fechamento do ciclo de geração de energia da usina em questão, em busca do abatimento de emissões de GEE e da eficiência energética, em consonância com o Plano Nacional de Eficiência Energética da Indústria brasileira.

REFERÊNCIAS

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Figura 01 - Diagrama simplificado de processo da UTE.
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