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Contribuições do programa residência pedagógica para a formação de docentes: concepção dos preceptores/ Contributions of the pedagogical residence program for teacher education: design of preceptors

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761

Contribuições do programa residência pedagógica para a formação de

docentes: concepção dos preceptores

Contributions of the pedagogical residence program for teacher education:

design of preceptors

DOI:10.34117/bjdv5n12-248

Recebimento dos originais: 10/11/2019 Aceitação para publicação: 18/12/2019

Jefferson Martins de Sousa

Licenciado em Educação Física pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Endereço: Av. Professor Antônio Campos S/N, Mossoró - RN, Brasil. CEP: 59625-620).

E-mail:jeffersonmsfla@gmail.com

Ana Lívia Moura de Paiva Dantas

Licenciada em Educação Física pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró, Rio Grande do Norte, Brasil.

E-mail:falarcomanna21@outlook.com

Lidja Caroline do Nascimento

Licenciada em Educação Física pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró, Rio Grande do Norte, Brasil.

E-mail: lidja_caroline@outlook.com

Camila Ursulla Batista Carlos

Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Docente da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte,

Mossoró, Rio Grande do Norte, Brasil. E-mail: camilaursulla@hotmail.com

Glycia Melo de Oliveira

Mestre em Educação Física pelo Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade de Pernambuco e Universidade Federal da Paraíba. Docente da

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. E-mail:glyciamelo@uern.br

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761 RESUMO

O presente estudo investigou a concepção dos preceptores do subprojeto de Educação Física da UERN, Mossoró-RN, a respeito da contribuição do programa Residência Pedagógica para a formação dos futuros docentes. Para coleta dos dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada com os três preceptores do subprojeto. Desta forma, estabeleceu-se três categorias de análise, a saber: Educação física escolar; Formação inicial e estágio; Resped. Portanto, o Programa Residência Pedagógica se apresenta como um meio de formação diferenciada e mais completa, contribuindo significativamente com o estreitamento das relações entre Universidade, escola e comunidade, concebendo assim, maior propriedade aos residentes em suas atuações nas escolas, proporcionando benefícios também para os preceptores.

Palavras-chave: Educação Física Escolar; Programas; Docência; Preceptores.

ABSTRACT

The present study investigated the conception of the preceptors of the Physical Education subproject of UERN, Mossoró-RN, regarding the contribution of the Pedagogical Residence program for the training of future teachers. For the data collection, the semi-structured interview with the three preceptors of the subproject was used. In this way, three categories of analysis were established, namely: Physical school education; Initial training and internship; Resped. Therefore, the Pedagogical Residence Program presents itself as a differentiated and more complete way of training, contributing significantly to the closer relations between University, school and community, thus creating greater ownership of residents in their performances in schools, preceptors.

Keywords:Physical School Education; Programs; Teaching; Preceptors.

1 INTRODUÇÃO

Segundo Betti (1996) desde a década de 1980 – com a chamada crise de identidade da Educação Física, a formação profissional é vista como questão crucial para esta área, tendo sido motivo de inúmeras produções e debates. A formação profissional apresenta-se como principal meio para garantir aos futuros docentes acesso a produção do conhecimento, oferecendo sustentação teórica e prática aos mesmos. Desta forma, evidencia-se a necessidade de uma formação de qualidade com vistas a democratizar o conhecimento e garantir a autonomia na busca e produção do mesmo (BARBOSA-RINALDI, 2008).

Figueiredo (2004) afirma que a Educação Física ocupa, em nossa sociedade, a posição de principal promotora da saúde e, por vezes, na visão popular, está associada somente ao aspecto biológico, seja em escolas, academias, clubes ou outros locais orientados à prática de exercício. Embora que muitos discentes ao ingressarem em um curso de Educação Física

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761 tenham esta ideia supracitada, hoje já se entende que esta área ultrapassa unicamente a questão da saúde, compreendendo produções culturais que envolvem também aspectos lúdicos e estéticos (FIGUEIREDO, 2004).

Tardif (2002), no texto "Saberes Profissionais dos Professores e Conhecimentos Universitários: elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas consequências em relação à formação para o magistério", argumenta que as experiências sociais do aluno (ginásticas, esportes, lutas, danças, jogos, etc) funcionam como um filtro através do qual ele aceita/rejeita os conhecimentos dos cursos de formação. Logo, um dos grandes desafios da formação inicial em Educação Física é conseguir abalar noções errôneas, pequenas e/ou limitadoras desta área, abrindo novos horizontes aos ingressantes.

Por sua vez, a segmentação do conhecimento, a fragmentação entre teoria e prática, e a abreviação do universo de conhecimento também está presente no ensino superior, junto com a prevalência de conteúdos técnicos e científicos e com disposição das disciplinas, fracionando o conhecimento e não permitindo que os futuros professores pensem, reflitam e nem os relacionem com sua prática profissional (BARBOSA-RINALDI, 2008).

Para Pimenta (2010), o conhecimento, a teoria como cultura objetivada, além de seu papel formativo, permitirá que os futuros professores tenham uma ação contextualizada a partir do momento em que os saberes teóricos se articulam com os saberes da prática, “[...] ao mesmo tempo ressignificando-os e sendo por eles ressignificados”. Desse modo, o papel da teoria é oferecer “[...] perspectivas de análise para compreenderem os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si mesmos como profissionais, nos quais se dá sua atividade docente, para neles intervir, transformando-os” (BARBOSA-RINALDI, 2008).

Ora, se as Diretrizes Curriculares para Formação de Professores apontam como campo de atuação a docência na Educação Básica, nada mais coerente que os cursos de formação de professores de Educação Física levem os futuros professores a uma compreensão sobre a instituição escolar, em especial, à respeito de seu funcionamento e cotidiano, além de pensar sobre o lugar da escola na formação dos professores de Educação Física, partindo do princípio de que sem conhece-la, não há como entender suas reais necessidades (DUDECK et al, 2017). Fica claro que a elaboração do conhecimento do futuro docente encontra-se estreitamente dependente da possibilidade de o ir testando em contexto real. Assim sendo, um aspecto estratégico da formação está na integração entre conhecimento profissional e conhecimento acadêmico, realizada a partir da aproximação das experiências de formação ao contexto da realidade profissional – escola (ONOFRE, 2002). Para isso acontecer de

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761 efetivamente, o futuro docente de Educação Física deve ser preparado para enfrentar e refletir, criticamente, sobre os fenômenos e as situações conflituosas existentes na educação física escolar. Visto isso, é necessário que os cursos estabeleçam com a escola uma relação extremamente próxima para que se concretize com a prática docente uma formação mais adequada (BARBOSA-RINALDI, 2008).

Com efeito, as novas orientações para os cursos de licenciatura estabelecem também que as práticas pedagógicas devem estar presentes desde os primeiros anos da formação inicial e o estágio supervisionado na segunda metade. Isto posto, colabora-se para que a formação do professor possa ser pautada por uma prática crítica e reflexiva desde o início do curso. Neste contexto entram as Práticas como Componentes Curriculares, os Estágios supervisionados e alguns Programas formativos que dizem respeito à política nacional de formação de professores, dentre eles o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID e o Residência Pedagógica – RESPED. Programas estes que têm contribuído significativamente para a inserção dos licenciandos nas escolas, tendo estas oportunidades de vivenciar o universo escolar já nos primeiros momentos do curso e isto, sem dúvidas, vai contribuir na compreensão que o mesmo deve ter sobre a escola (BARBOSA-RINALDI, 2008).

Cumpre frisar que neste trabalho a ênfase recairá sobre o Programa de Residência Pedagógica, lançado em 2018, e que visa promover a imersão do licenciando em escola de educação básica e o consequente aperfeiçoamento da formação prática. Essa imersão deve contemplar, entre outras atividades, regência de sala de aula e intervenção pedagógica, acompanhadas por um preceptor – professor da escola, com experiência na área de ensino do licenciando e orientada por um docente da sua Instituição Formadora (CARVALHO; FERREIRA, 2018).

O Residência Pedagógica, articulado aos demais programas da Capes que compõem a Política Nacional de Formação de Professores tem como premissas básicas o entendimento de que, os egressos, ao final de seus cursos, devem ter habilidades e competências que lhes permitam realizar um ensino de qualidade nas escolas de educação básica (CARVALHO; FERREIRA, 2018). A rigor, também se entende o programa como um processo de valorização do trabalho desenvolvido e consequentemente, da formação de professores. Financeiramente, ressaltasse o investimento por meio de bolsas para vinte e quatro discentes – residentes; três docentes da educação básica – preceptores; e docentes supervisores da universidade. Tudo isto referente ao subprojeto de Educação Física, cabe ressaltar.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761 Finalmente, evidencia-se um objetivo de estabelecer uma relação dialógica da universidade (residentes, docentes orientadores e coordenação) inserida no cotidiano da cultura escolar (alunos e alunas, professores e professoras, coordenação pedagógica, direção, funcionários dos serviços gerais e pais e responsáveis), mediante a imersão do residente no cotidiano escolar num sentido ampliado e, que deve considerar a importância do trabalho coletivo e da tarefa de aprofundamento da reflexão sobre a prática, bem como o desenvolvimento de competências que permitam um pensamento crítico à respeito da realidade (CARVALHO; FERREIRA, 2018).

Dito isso, o presente trabalho visa investigar a concepção dos preceptores do subprojeto de Educação Física da UERN, Campus Central, a respeito da contribuição do programa Residência Pedagógica para a formação dos futuros docentes.

2 METODOLOGIA

O presente estudo é uma pesquisa descritiva com delineamento transversal. Participaram do estudo os três preceptores (dois do sexo masculino e uma do sexo feminino) do subprojeto de educação física do programa de residência pedagógica, que também são professores de escolas situadas no município de Mossoró-RN.

Para verificar e extrair o ponto de vista dos preceptores utilizou-se uma entrevista semiestruturada composta por perguntas de identificação, além de oito perguntas abordando temas acerca da Educação Física Escolar, Formação Inicial, estágio remunerado e obrigatório, experiência docente dos preceptores e, claro, acerca do Residência Pedagógica, mais especificamente sobre o subprojeto de Educação Física. O tratamento das respostas obtidas foi feito através da Análise de Conteúdo de Bardin (2009). Garantindo o anonimato dos preceptores, estes serão referidos como ‘Preceptor A, Preceptor B, e Preceptor C.’

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir das respostas obtidas, obteve-se três categorias, a saber: Educação Física Escolar, Formação Inicial e Estágio e Residência Pedagógica – RESPED. Um dado importante e comum é que os três preceptores foram graduados em Licenciatura Plena pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, e possuem título de especialistas. Divergem apenas quanto

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761 ao tempo de atuação profissional na área, exercendo a profissão há 14, 11 e 19 anos respectivamente para os Preceptores A, B e C.

Salienta-se ainda que estes docentes preceptores já supervisionaram inúmeros estagiários em diferentes épocas, então, logram de vasta gama de experiências e contribuições para compartilharem. Isto posto, busca-se uma opinião alheia as IES sobre concepção e entendimento destes preceptores a respeito da formação profissional em educação física. No Quadro 01 estão elencadas as três categorias de análise com suas respectivas ideias mais relevantes e citadas pelos docentes:

CATEGORIAS DE ANÁLISE IDEIAS RELEVANTES

Educação Física Escolar

- Fundamental importância na Formação do cidadão;

- Desenvolvimento integral e Socialização do aluno;

- Ultrapassa a questão física e a prática esportiva.

Formação Inicial e Estágio

- Didática; - Aulas práticas;

- Estágios obrigatórios e remunerados; - Experiências da graduação;

- Estágio abrangente, porém solto (ausência dos supervisores na escola);

- Estágio mostra habilidades e facilidades dos estagiários – direcionamento;

- Praticar o ensinar;

- Troca de experiências de ambas as partes.

Residência Pedagógica – RESPED

- Formação mais completa; - Exige-se mais dos discentes;

- Maior inserção e vínculo com a escola por parte dos discentes;

- Leva-se mais a sério que o estágio;

- Aprende-se mais a como ser professor (administrar aula);

- Retira os preceptores da acomodação; - Influências positivas nas aulas de EF;

- Pouca influência a nível de toda instituição escolar.

Quadro 1: Concepções e ideias mais relevantes.

Evidencia-se que, no que diz respeito à Educação Física Escolar, esta é situada pelos preceptores como de fundamental importância na formação cidadã do aluno, transcendendo a questão física e à prática esportiva, acarretando o desenvolvimento integral e a socialização do aluno. Nesse sentido, Dudeck (2017) afirma que a formação cidadã para intervir na vida

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761 pública é um dos pilares da socialização dos alunos na escola. Destaca assim que, se deve manter a dinâmica, o equilíbrio e as normas de convivência nas instituições sociais.

Por sua vez, Neira (2009) ressalta que os objetivos da Educação Física escolar são idênticos aos da escola, cabendo, não somente a ela, mas a todos os componentes curriculares estudar e aprofundar uma parcela determinada da cultura, no caso específico da Educação Física, o patrimônio corporal. Tal fato deve ser feito examinando como grupos sociais se apropriam e criam novos movimentos, esportes, brincadeiras ou outros. Em função disso que se ressalta a necessidade e importância de uma ação pedagógica conjunta, atribuindo ao professor de Educação Física responsabilidade idêntica aos demais, atentando também para os temais transversais.

Como foi visto a Educação Física tem como objeto de estudo, a cultura corporal, sendo estas representações de um campo vasto que engloba a produção de práticas expressivas e comunicativas que, se apresentam a partir da expressão corporal. Conforme Carvalho e Ferreira (2018), é importante abarcar mais que a questão física, o processo de ação-reflexão-ação sobre a prática deve estar presente. Logo, em suas dinâmicas torna-se necessário estimular a reflexão, isto firma uma educação voltada à transformação social.

No que se refere a integração social, Rocha (2017) afirma que a Educação Física possibilita, as crianças, lograrem habilidades, conhecimentos e atitudes, isto permite-as confrontar ideias, escolher e tomar decisões. Diz ainda que, a atividade física é também um saber que deve ser compartilhado com todos – possibilitando uma consciência cívica – e devem possibilitar e orientar a escolha de valores futuro nas vidas dos discentes.

Com relação a importância da Educação Física, Pereira (2009) afirma que um dos contributos está na melhoria da saúde do indivíduo. Outra razão invocada para justificar este pensamento é o fato desta disciplina estabelecer, de maneira mais notável, relações sociais entre os estudantes.

Convém ressaltar que, quanto a Formação Inicial e Estágio, houveram diversidade de ideias, sendo muito positivo para todos, porém com algumas ressalvas. Para a Formação Inicial destacaram-se a Didática e as aulas práticas como elementos importantes para o exercício docente. Os estágios – obrigatório e/ou remunerados – agregaram a estes docentes vivencias valiosas para suas carreiras, evidenciando assim, segundo seus relatos, habilidades e facilidades destes em determinados campos de atuação.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761

O meu primeiro estágio foi com o fundamental menor e, foi a partir daí que outras pessoas começaram a ver que eu tinha facilidade ou habilidade, não sei como vamos dizer, para trabalhar com crianças. Então eles começaram a me puxar e me mostrar que eu tenho essa habilidade de trabalhar com crianças (Preceptor B).

Corroborando com essa ideia Pimenta (2010) traz uma ideia de que o “estágio é suporte essencial do desenvolvimento da competência técnica necessária ao futuro professor”. Assim também como Colombo e Ballão (2014) afirmam que a função do estágio é reforçar o aprendizado profissional do educando através da experiência prática.

Como foi dito anteriormente, algumas ponderações foram feitas no que concerne ao Estágio Curricular. O Preceptor A, por exemplo, advertiu acerca da ausência dos orientadores, classificando o estágio como solto. Seguindo essa ideia, Pimenta e Lima (2006) criticam essa versão do estágio, em que o mesmo reduz-se a observação dos professores e a mera imitação desses modelos, sem nenhuma contextualização com a realidade social no qual está inserida e sem qualquer fundamentação teórica. Deve-se ainda atentar para essa questão, visto que um componente que busca aproximar a Universidade da instituição escolar apresenta uma lacuna comunicativa entre supervisores de campo e acadêmicos.

Com relação a influência do Estágio na formação dos discentes, os preceptores acreditam que este atua direcionando a prática e o ensinar, podendo servir como espelho daquilo que deve ou não ser feito, inspirando ou não estes futuros profissionais. Anacleto et al., (2017) cita que o estágio supervisionado colabora no processo formativo do futuro professor de Educação Física, servindo como momento/etapa da formação inicial que fomenta as competências necessárias para superar os dilemas e obstáculos que são inerentes ao ambiente da escola. A troca de experiências entre discente e supervisor também é citado pelos preceptores como momentos de ganhos mútuos. Guerra (1999 p.04) colabora com esse pensamento, quando afirma que o “estágio é uma via de mão dupla, onde o estagiário precisa da escola, mas ao mesmo tempo o estagiário tem que se perguntar qual é a contribuição dele para a escola”.

No que se refere ao Residência Pedagógica – RESPED, este programa é situado, pelos preceptores, como parte de uma formação mais completa em que se exige mais dos discentes, ao passo que estes também atribuem maior conceito a este programa do que ao Estágio Curricular, embora sejam parecidos. O Residência denota uma maior inserção na escola o que,

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761 possibilita, criação de vínculos e laços entre instituição escolar e residentes, segundo Preceptor B.

O Residência apresenta-se como algo a mais na formação. Os meninos aqui estão vivenciando todos os momentos, estão tendo um planejamento maior, conhecendo mais profundamente funcionários e alunos, porque tem mais tempo. O residente consegue criar um vínculo com a escola (Preceptor B).

Assim, Tardif (2005) concorda que somente o contexto do trabalho interativo cotidiano permite compreender as características cognitivas particulares da docência, e não o inverso. Este maior contato que programas de iniciação à docência como o RESPED proporciona, além de facilitar as experiências nas relações pessoais e profissionais, geram maior visibilidade e autonomia ao residente. Sem contar as discussões orientadas, reuniões e diálogos que contribuem de forma mais aprofundada na formação inicial. Complementando a discussão, Marcelo (2009) alerta que:

Estar centrado na prática não necessariamente implica envolver-se em situações de sala de aula em tempo real. É dizer que para aprender, os professores necessitam utilizar exemplos práticos, casos e materiais escritos, casos de multimídia, observações de ensino, diários de professores e exemplos de trabalhos dos alunos. Estes materiais permitem que os professores obtenham informações para saber sobre a prática e discutir ensino (MARCELLO, 2009, p. 49).

Quanto aos preceptores, estes se percebem como responsáveis em relação a demonstrar aos acadêmicos/residentes, a importância que estes têm e terão futuramente para com seus futuros alunos, no campo profissional. Veem ainda o Residência como uma ferramenta para melhoria do próprio trabalho deles, pois retiram-nos de possíveis acomodações e relaxamentos, buscando assim dar exemplo para os residentes e, futuros profissionais.

O Preceptor C, ao ser questionado como se percebe na condição de preceptor, afirmou que se sente privilegiado. Complementou assegurando que esses momentos em que ocorrem trocas de experiências são muito bons porque, com o passar dos anos, há um relaxamento natural e, com a chega dos residentes – motivados, acaba por motivá-los também, fazendo com que procurem e evoluir seus conhecimentos e metodologias.

Estar disposto a fazer reflexões sobre a prática e buscar a ampliação dos conhecimentos independente da experiência, é um ponto chave na carreira docente. Neste contexto, Pimenta

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p.31581-31592 dec 2019 . ISSN 2525-8761 e Lima (2012, p.35) afirmam que o modo de aprender a profissão, conforme a perspectiva da imitação será a partir da observação, imitação, reprodução e, às vezes, reelaboração dos modelos existentes na prática consagrados como bons”.

4 CONCLUSÃO

Com efeito, depreende-se que a vivência do exercício docente no contexto escolar para os estudantes representa situações de aprendizado profissional, pois aproxima-os da realidade educativa deste local de trabalho. Sob esta ótica, deve proporcionar ao futuro docente uma interação adequada com a escola, com os alunos e com os professores da instituição, acarretando a aquisição de conhecimentos acerca do sistema educacional e a cultura profissional, bem como a obtenção da identidade profissional destes futuros docentes.

Pode-se concluir que o Residência Pedagógica, no ponto de vista dos preceptores, constitui-se um importante modo de inserção de futuros profissionais na escola, agregando influências positivas para as aulas de Educação Física e, ao mesmo tempo, acarreta ganhos e maior experiência no fazer pedagógico pelos discentes residentes, porém ainda com uma influência tímida a nível escolar.

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