• Nenhum resultado encontrado

Câncer de mama: caracterização quanto a idade e aos aspectos tumorais (tipo de tumor e extensão) / Breast cancer: characterization as to age to tumor aspects (type of tumor and extension)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Câncer de mama: caracterização quanto a idade e aos aspectos tumorais (tipo de tumor e extensão) / Breast cancer: characterization as to age to tumor aspects (type of tumor and extension)"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Câncer de mama: caracterização quanto a idade e aos aspectos tumorais

(tipo de tumor e extensão)

Breast cancer: characterization as to age to tumor aspects (type of tumor

and extension)

DOI:10.34117/bjdv6n1-175

Recebimento dos originais: 30/11/2019 Aceitação para publicação: 16/01/2020

Marina Elias Rocha

Doutoranda em Ciências da Saúde no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás.

Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO - Brasil E-mail: marinaeliasrochaenf@gmail.com

Lucas Nunes Da Silva

Graduando em Medicina na Universidade Federal de Goiás. Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil E-mail: lucas.n.0909@gmail.com

Pedro Rodrigues Soares

Graduando em Medicina na Universidade Federal de Goiás. Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil E-mail: pedro.r.soares2@gmail.com

Ricardo Tavares Pacheco Filho

Graduando em Medicina na Universidade Federal de Goiás. Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil E-mail: ricardotpf907@gmail.com

(2)

Victória Coelho Jácome Queiroz

Graduanda em Medicina na Universidade Federal de Goiás. Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil E-mail: victoriacjqueiroz@gmail.com

Thiago De Paula Eleutério

Graduado em Medicina na Universidade Federal de Goiás. Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil Email: thiago.p.eleuterio@gmail.com

Rafael Rocha Luzini

Graduado em Medicina na Universidade Federal de Goiás. Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil Email: rafaluzini@yahoo.com.br

Gillalia Mendes Ribeiro

Enfermeira pela Universidade Paulista. Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil Email: gilhirto@hotmail..com

Sarah Miller Paula Do Prado

Enfermeira pela Universidade Paulista. Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil Email: sarahenfermagem@hotmail.com

Bruno César Teodoro Martins

Doutorando em Ciências da Saúde no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás

(3)

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil E-mail: bruno_zanby@hotmail.com

Rosemar Macedo Sousa Rahal

Doutora em Ciências da Saúde no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás

Instituição: Universidade Federal de Goiás.

Endereço: Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Medicina. 1ª Avenida, s/n

Setor Univesitário

74605-050 - Goiania, GO – Brasil E-mail: rosems@terra.com.br

RESUMO

Objetivo: Avaliar o perfil das pacientes mulheres com câncer de mama, dos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia - GO de 2008 a 2012. Metodologia: Estudo retrospectivo, descritivo, que incluiu os casos de câncer de mama ocorridos nas moradoras de Goiânia, identificados pelo Registro de Câncer de Base Populacional de Goiânia, no período de 2008 a 2012. As variáveis estudadas foram: dados sociodemográficos e tipificação (tipo de tumor e extensão) da neoplasia apresentada. Os dados obtidos foram tabulados em planilha na plataforma Excel e analisados através de estatística descritiva. Resultados: Foram registrados 2.303 casos de câncer de mama em mulheres nessas cidades. A média de idade das mulheres com diagnóstico de câncer de mama foi 55 anos, e em relação ao estado civil, um pouco mais de 42% se enquadraram em não solteira e mais de 43% estavam sem dados. Quanto à cor da pele, 37,06% eram brancas e mais de 39% da amostra não tinha completude dessa variável. Quanto aos aspectos tumorais em relação à extensão da doença, identificamos que em mais de 48% dos casos os tumores classificavam-se em localizados, mais de 23% em regionais e apenas 4,23% em metástase. Quanto à lateralidade mais de 35% estavam sem informações, 31,04% eram localizados a direita e 33,40% a esquerda. Quanto ao tipo tumoral a maioria, 85,5% dos casos, apresentou carcinoma ductal invasivo, 4,6% carcinoma ductal in situ, 2,6% carcinoma lobular invasivo e somente 0,30% carcinoma lobular in situ. 106 casos não tinham informação sobre o tipo de tumor. Conclusão: O estudo visa a uma melhor compreensão a respeito do efeito dessa doença nas pacientes: sua evolução, associação com fatores de risco, presença de metástases e mortalidade.

Palavras-chave: Câncer de mama, aspectos sociodemográficos e aspectos tumorais. ABSTRACT

Background: To evaluate the breast cancer patients’ profile, on Goiânia and Aparecida de Goiânia – GO, between 2008 and 2012. Methods: A retrospective, descriptive study, that included the breast cancer cases on women living in Goiânia, identified by the Cancer Registry of Populational Base of Goiânia. between 2008 and 2012. The variables analyzed were: sociodemographic data and the characteristics (type of tumor and extension) of the presented neoplasia. The data obtained was tabulated on an Excel spreadsheet and analyzed using

(4)

descriptive statistics. Results: 2303 cases of breast cancer in woman were registered on these cities. The average age of women with a breast cancer diagnosis was 55 years, and pertaining relationship status, a little over 42% fitted the not single category, and over 43% had no data. About the skin color, 37.06% were white and over 39% had not filled this variable on the record. About the tumor aspects related to the disease’s extension, we identified that in over 48% of the

cases the tumors were classified as localized, over 23% as regional and only 4.23% as distant. About the tumor’s side, over 33% had no information, 31.04% were located at the right side and 33.40% at the left side. About the tumor’s type most cases, 85.5%, were invasive ductal carcinoma, 4.6% ductal carcinoma in situ, 2.6% invasive lobular carcinoma and only 0.30% lobular carcinoma in situ. 106 cases had no information about the tumor’s type. Conclusion: This study’s goal was a better comprehension about this disease’s effect on the patients: it’s evolution, association with risk factors, presence of metastasis and mortality.

Keywords: Breast cancer, sociodemographic aspects and tumor aspects. 1. INTRODUÇÃO

O câncer é hoje uma das doenças mais complexas e em maior destaque do planeta. Em 2012, foram registrados 14.9 milhões de casos de câncer no mundo (FERLAY et al., 2015; GHONCHEH, POURNAMDAR, SALEHINIYA, 2016).

O câncer de mama ocupa papel de destaque nesse panorama, representando 25% dos casos mundiais da doença, sendo assim a neoplasia maligna de maior incidência e mortalidade entre as mulheres no Brasil e no mundo (CURADO et al., 2007). Sua incidência mundial há décadas vem aumentando: em 1980 foram registrados 572 mil casos da doença, e 1,15 milhão de casos em 2002 (MARTINS et al., 2009).

Em 2012, foram diagnosticados 1,67 milhão de novos casos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012). A incidência dessa neoplasia é maior nos países desenvolvidos, chegando em 89.7 casos por 100 mil habitantes na Europa Ocidental, de acordo com dados da OMS em 2015, e em 92,9 casos por 100 mil habitantes nos Estados Unidos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012). Já em 2015, para efeito de comparação, foram registrados no leste africano 19,4 casos por 100 mil habitantes. (GHONCHEH, POURNAMDAR, SALEHINIYA, 2016).

Nos países em desenvolvimento, devido a uma série de fatores, entre os quais está a dificuldade de detecção precoce do câncer, destaca-se a elevada mortalidade (GHONCHEH, POURNAMDAR, SALEHINIYA, 2016). A América do Sul, por exemplo, embora tenha uma incidência da doença igual à metade da europeia, é responsável por 60% dos casos fatais no planeta. (CECILIO et al., 2018).

(5)

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama aumentaram progressivamente entre 1992 e 2012, em parte devido à melhoria dos sistemas de notificação (CECILIO et al., 2018). Mas ainda hoje, a disponibilidade de estatísticas de óbito de qualidade é considerada um fator limitante para os estudos sobre o assunto (FELIX et al., 2012).

Até o século passado predominavam no país os diagnósticos em estágios mais avançados da doença, que representavam de 60% a 70% dos casos. Estudos mais recentes já apontam para a tendência de diagnósticos mais precoces, o que representa uma melhoria do panorama nacional da doença (MARTINS et al., 2009).

Outro aspecto importante da epidemiologia do câncer de mama no Brasil é a sua heterogeneidade quantos às diferentes regiões. No Amapá, foram estimados 60 casos da doença por 100 mil habitantes para 2018, enquanto que em São Paulo estimou-se 16.340 casos por 100 mil habitantes. Em Goiás, essa estimativa foi de 1.670 casos por 100 mil habitantes, sendo destes 560 casos por 100 mil habitantes em Goiânia. Na região Centro-Oeste como um todo, estimou-se para 2018 uma taxa bruta de 4.200 casos por 100 mil habitantes de câncer de mama feminino (BRASIL, 2018).

Esse panorama de Goiás se assemelha ao do restante do Brasil. Em 1988, o câncer de mama feminino era responsável por 15% das neoplasias em Goiânia, apresentando em 1991 uma incidência de 39,3/100.000 mulheres, a terceira maior incidência registrada no país na época, atrás de São Paulo e Porto Alegre (ABREU et al., 2012).

Já no quinquênio 1999-2003 foi observado um aumento de 249% no número de casos de câncer de mama em Goiânia, quando comparado ao período de 1989-1993, muito disso decorrente da melhora dos programas de rastreamento da doença (DUTRA et al., 2009). Em 2002, dados apontaram para uma incidência de câncer de mama de 41,02/100.000 habitantes na cidade, seguindo tendências observadas em alguns países industrializados (FREITAS- JUNIOR et al., 2010).

Após a criação do Registro de Câncer de Base Populacional de Goiânia, em 1986, o diagnóstico dos casos incidentes de câncer na cidade de Goiânia está sendo monitorados de forma contínua, permitindo a identificação do padrão de incidência e de mortalidade das mulheres goianas nos últimos 30 anos. Assim, as neoplasias dos moradores da cidade de Goiânia vêm sendo bem documentadas e, atualmente, é possível fazer um levantamento adequado de como tem sido o padrão de incidência e de mortalidade, através dos vários anos em que o registro de câncer tem atuado (CURADO, 1990).

(6)

Diante do exposto e do impacto social relacionado ao câncer de mama, idealizou-se este estudo que poderá auxiliar no conhecimento acerca do perfil etário das mulheres portadoras de câncer de mama e também oferecer subsídios para o desenvolvimento de estratégias para prevenção, detecção precoce e tratamento desta neoplasia. Desta maneira, o trabalho tem o objetivo de avaliar o perfil das mulheres acometidas pelo câncer de mama, dos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia – GO, dos últimos cinco anos (2008 – 2012).

2. OBJETIVO

Analisar o perfil das mulheres com câncer de mama, residentes dos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia – GO nos últimos cinco anos (2008 – 2012).

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo de base populacional de mulheres com diagnóstico de câncer de mama, atendidas nos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia- Goiás – Brasil. Os dados foram obtidos no Registro de Câncer de Base Populacional de Goiânia (RCBP), registradas no período de 2008 a 2012.

O RCBP consiste em centros sistematizados de aquisição, armazenamento e análise das características de casos novos de câncer em uma população. Tem por objetivo conhecer a incidência, distribuição e tendência temporal do câncer na população englobada pela sua cobertura geográfica, possibilitando identificar populações de risco, avaliar a eficácia de programas de prevenção e controle de neoplasias. Tais centros utilizam, em sua maioria, o sistema para informatização dos dados nos RCBP – SisBasepopWeb (BPW), desenvolvido e disponibilizado pelo INCA, para estruturação de suas bases de dados e gerenciamento do processo de coleta e produção de informações.

As variáveis analisadas no presente estudo foram: dados sociodemográficos e tipificação (tipo de tumor e extensão) da neoplasia apresentada. O critério de elegibilidade para inclusão dos casos seguiu a metodologia do RCBP-GO. A elegibilidade de inclusão compreendeu todos os casos de câncer diagnosticados, anualmente, em mulheres que fossem moradoras do município de Goiânia e Aparecida

de Goiânia. Para evitar o viés de seleção de pacientes de outras localidades que viessem se tratar em Goiânia e Aparecida de Goiânia, o diagnóstico de câncer deveria se apresentar com data posterior à fixação de sua residência nesta cidade.

(7)

Para a classificação do tumor considerou-se: EXTENSÃO IN SITU – quando a histologia abrangia os carcinomas que não invadiam da membrana basal, ou seja, puramente in situ; TUMOR LOCALIZADO – quando, apesar de invadir a membrana basal, não houve comprometimento axilar ao exame histológico, além de não detectadas metástases por exame clínico ou por exames de imagem; TUMOR REGIONAL – quando havia evidência de comprometimento linfonodal, descrita no exame histológico ou por descrição de comprometimento axilar no estadiamento da doença; METÁSTASE – quando o informe clínico, exame de imagem ou exame histológico evidenciasse a presença de doença metastática fora da mama e da axila homolateral. Os dados obtidos foram tabulados em planilha na plataforma Excel e analisados através de estatística descritiva.

4. ASPECTOS ÉTICOS

O presente estudo foi apreciado e aprovado pelos comitês de ética do Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (protocolo 1.629,547) e do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (protocolo 1.596,198) e conforme as resoluções no 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, não houve necessidade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), pois se trata de um estudo de base populacional.

5. RESULTADOS

Observou-se que no período de 2008 a 2012 foram registrados 2.303 casos de câncer de mama casos de câncer de mama em mulheres, nos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia.

Verificou-se então que destes, 2.024 pertencem ao município de Goiânia, representando 87,92% dos casos, enquanto que 278 casos foram localizados no município de Aparecida de Goiânia, 12,08% dos casos. Em relação à idade, a média verificada foi de 55 anos e com desvio padrão de aproximadamente 11 anos.

Na Tabela 1, observam-se os aspectos sociodemográficos. Em relação ao estado civil um pouco mais de 42% se enquadraram em não solteira e mais de 43% estavam sem dados. Quanto à cor da pele, 37,06% eram brancas e mais de 39% da amostra não tinha completude dessa variável.

Segundo descrito na Tabela 2, frente aos dados relacionados quanto aos aspectos tumorais em relação à extensão da doença, identificamos que mais de 48% das pacientes classificavam em tumores localizados, mais de 23% em regionais e apenas 4,23% em

(8)

metástase. Quanto à lateralidade mais de 35% estavam sem informações, 31,04% eram localizados a direita e 33,40% a esquerda. Quanto ao tipo tumoral a maioria 85,5% dos casos apresentou carcinoma ductal invasivo, 4,6% carcinoma ductal in situ, 2,6% carcinoma lobular invasivo e somente 0,30% carcinoma lobular in situ, 106 casos não tinham informação sobre o tipo de tumor.

Tabela 1 – ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS

Variável Número Total Percentual

Estado Civil Sem informação 970 43,42% Solteiras 320 14,42% Não solteira 580 42,16% Etnia Sem informação 906 39,36% Branca 853 37,06% Parda 487 21,15% Preta 56 2,43%

Tabela 2 – ASPECTOS TUMORAIS

Variável Número Total Percentual

Extensão da Doença In situ 164 7,03% Localizado 1124 48,14% Metástase 99 4,23% Regional 541 23,17% Sem dados 407 17,43% Lateralidade Esquerda 768 33,40% Direita 716 31,04% Sem Dados 819 35,56% Tipo de tumor

(9)

Carcinoma Ductal In Situ 105 4,6% Carcinoma Lobular Invasivo 68 2,6% Carcinoma Lobular In Situ 7 0,30%

Sem Dados 156 7%

6. DISCUSSÃO

Com o presente estudo, foi possível compreender os principais fatores epidemiológicas que caracterizam as mulheres com câncer de mama moradoras dos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia, entre os anos de 2008 e 2012.

Foi evidenciado que a média de idade das mulheres com diagnóstico de câncer

de mama nos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia – Goiás, Brasil, foi 55 anos, ratificando outras séries da literatura (MORAES et al., 2006; TRUFELLI et al, 2008). Esse resultado confirma que o câncer de mama é mais frequente em mulheres acima dos 50 anos de idade, reforçando que os programas de prevenção devem priorizar as faixas etárias de risco. Os dados epidemiológicos do câncer de mama nessas idades têm sido descritos de forma periódica. No entanto, poucos estudos como esses foram realizados com utilização de dados provenientes dos registros de base populacional (MORAES et al., 2006; TRUFELLI et al, 2008).

Quanto ao estado civil, os resultados encontrados confirmam que as mulheres não solteiras também são a maioria em estudos semelhantes, que afirmam ser importante a presença de um companheiro para o enfrentamento da doença devido ao grande impacto psicossocial gerado (SCHNEIDER, D’ORSI, 2009).

Um estudo de Nicolussi (2011), em Ribeirão Preto, São Paulo, encontrou uma taxa de 62,9% de mulheres casadas entre as pacientes analisadas, com 17,1% solteiras, 11,4% viúvas e 8,6% divorciadas, taxa semelhante à encontrada por Cangussu (2010), em Minas Gerais, de 60,6% de pacientes casadas, 14,1% de solteiras, 8,4% de separadas e 16,9% de viúvas. As análises citadas diferem um pouco do percentual de não solteiras encontrado neste trabalho, 42,16%, porém eles não levaram em conta a não completude da variável, o que foi feito nos dados desta análise.

Essa taxa de não completude, inclusive, chamou atenção por ser bastante elevada, de 43,2%. Houve outros estudos que também verificou não completude importante do estado civil nos registros, que indicaram também uma tendência crescente na omissão dessa informação nos bancos de dados, o que sugere a necessidade de intervir sobre o treinamento dos

(10)

profissionais de saúde para melhorar a qualidade dos dados enviados aos registros de base populacional (FÉLIX et al., 2012).

Quanto à etnia, a literatura é variada. A maior prevalência de câncer de mama em mulheres brancas verificada nesse estudo condiz com o encontrado na maioria dos artigos. Uma análise feita em Minas Gerais constatou maior acometimento dessa etnia tanto no grupo das mulheres com menos de 35 anos quanto no grupo das que tinham entre 50 e 65 anos (DUTRA et al., 2009). Outra análise, dessa vez no Rio Grande do Sul, teve 93,6% de sua amostra pertencente à etnia branca (MORAES et al., 2006).

No entanto, um estudo realizado no Espírito Santo verificou uma distribuição diferente. A maior prevalência era de pacientes pardas, 53%, sendo as consideradas brancas 43,3%. As de cor preta eram 1,9%, as indígenas 0,6%, e as de cor amarela eram 0,1%. As fichas que não possuíam informação quanto à etnia eram 1%. Nesse estudo, a mortalidade foi maior nas mulheres de cor parda – 60% - em relação às de cor branca – 38% (SILVA, 2009). Tais variações podem sim ser reflexos regionais da heterogeneidade populacional brasileira, mas também podem ser usadas para verificar potenciais desigualdades socioeconômicas associadas ao acesso às políticas públicas de saúde. Um exemplo é um estudo norte-americano, no estado de Ohio, que verificou que ao longo dos anos a mortalidade em pacientes com câncer de mama vem caindo mais devagar em mulheres negras (OLIVEIRA et al., 2011).

O reflexo disso é visto em outras variáveis, como o estadiamento ao diagnóstico, mas cabe a reflexão sobre associação entre as questões socioeconômicas e o diagnóstico e tratamento do câncer de mama. Em relação ao estadiamento, os dados do presente estudo apontam uma divergência quando comparado a dados de países desenvolvidos. Segundo apresentado por Miller, Hankey e Thomas (2002) nos Estados Unidos, entre 55,6% a 72,6% das mulheres apresentavam estágio localizado da doença, 23,3% a 34,5% comprometimento regional e entre 4,1% a 9,4% já haviam apresentado metástase, a depender da etnia analisada. Nos estudos de Eisemann, Waldmann e Katalinic (2012), dados coletados na Alemanha demonstram cerca de 40% dos diagnósticos em estágio localizado da doença, 30% em extensão regional e 5% de quadros metastáticos. No presente estudo obtivemos 48,14% com localização restrita a mama, 23,17% em extensão regional e 4,23% com apresentação metastática. Porém, mesmo divergente de modelos dos países desenvolvidos, a distinção é ainda maior quando comparados aos dados do Norte da África.

Em 2011, nos estudos de Boder et al (2011), realizados com 234 pacientes da Líbia, apenas 17% eram diagnosticadas em estágio localizado da doença, 68% com

(11)

comprometimento regional e para tumores com metástase, cerca de 14%. Em relação à lateralidade o lado esquerdo é predominante nesse estudo com 33,40% dos dados informados, mas 35,56% encontravam-se sem a informação específica. Quanto ao tipo de tumor o carcinoma ductal invasivo foi o tumor morfologicamente de maior frequência relatado por este estudo, seguido pelo carcinoma ductal in situ, sendo esses achados semelhantes aos de outros estudos (MORAES, et al., 2006; SCHNEIDER, D’ORSI, 2009).

Também foi possível observar o aumento significante dos dois tipos morfológicos mais frequentes, sendo que o aumento percentual da média do Carcinoma Lobular Invasivo foi numericamente maior que o do Carcinoma Lobular In Situ.

7. CONCLUSÃO

O presente estudo se propôs a avaliar os fatores epidemiológicos-chave que compõem o cenário do câncer de mama em mulheres dos municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia, entre os anos de 2008 e 2012. A partir dessa compreensão, torna-se possível estabelecer medidas intervencionistas atualizadas e adequadas no sentido de potencializar a eficiência do rastreamento da doença e, consequentemente, reduzindo também morbimortalidade causada pelo câncer de mama.

Dessa forma, considerando a dificuldade de se encontrar dados referentes aos municípios citados, consideramos que o trabalho foi concluído com êxito. Tal escassez de dados nos serviu de motivação para escrever o trabalho, sempre visando proporcionar uma visão holística e atual do perfil epidemiológico feminino que ainda padece com o câncer de mama. Ela também reforça a importância de análises sociodemográficas como essa, e de intervenções que visem a melhorar a completude dos dados a serem inseridos nos registros de base populacional, atuando na formação conscientização do profissional de saúde que alimenta esses bancos de dados, da mesma forma, conseguimos evidenciar a etnia mais frequentemente acometida, bem como identificar o estado civil das pacientes, algo que se relaciona fortemente com seu estilo de vida e, consequentemente, com a probabilidade de desenvolver câncer de mama. Ao avaliarmos a frequência da extensão da lesão, possibilitou-se compreender melhor o padrão de evolução da doença, relacionando-o com o perfil epidemiológico das pacientes. Assim, conseguimos avaliar tal perfil epidemiológico de maneira ampla, contextualizando-o com perfis obtidos em outras regiões do Brasil e do mundo.

(12)

REFERÊNCIAS

1 – ABREU, E. et al. Sobrevida de dez anos de câncer de mama feminino em coorte populacional em Goiânia (GO), Brasil, 1988–1990. Cad. Saúde Colet. Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p.305-313. 2012.

2 - BODER, J.M.E. et al. Breast cancer patients in Lybia: comparison with European and Central African patients. Oncology Letters 2. n. 2, p.323-330. 2011.

3 – CECILIO, A.P. et al. Breast cancer in Brazil: epidemiology and treatment challenges. Breast Cancer : Targets and Therapy. v. 7, p. 43-49. 2015.

4 – CURADO, M.P. Registro de câncer de Base Populacional de Goiânia. Rev Bras Cancerol, n. 36, p. 43-44, 1990.

5 – CURADO, M.P. et al. Cancer Incidence in Five Continents, Vol. 9. IARC Scientific Publications. Lyon, n. 160. 2007.

6 – CURADO, M.P.; LATORRE, M.R.D.O. Câncer em Goiânia: Tendências (1988- 1997). Max Gráfica. Goiânia. 2006.

7 – DEVITA JR., V.T. et al. Cancer: principles and practice of oncology. Philadelphia. Lippincott Williams & Wilkins. 7 ed., p. 1415-1477. 2005.

8 – DUTRA, M.C. et al. Imunofenótipo e evolução de câncer de mama: comparação entre mulheres muito jovens e mulheres na pós-menopausa. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. Rio de Janeiro, v. 31, n.2. 2009.

9 - EISEMANN, N.; WALDMANN, A.; KATALINIC, A. Epidemiology of breast cancer – current figures and trends. Geburtshilfe und Frauenheilkunde. V. 73, n. 2, p. 130-135. 2013. 10 - ESTIMATIVA 2018 Incidência de Câncer no Brasil. INCA. Disponível em:

<http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/index.asp>. Acesso em: 20 de maio de 2018. 11 – FELIX J.D. et al. Avaliação da completude das variáveis epidemiológicas do Sistema de Informação sobre Mortalidade em mulheres com óbitos por câncer de mama na Região Sudeste: Brasil (1998 a 2007). Ciênc. saúde colet. V. 17. 2012.

12 – FERLAY J. et al. Cancer incidence and mortality worldwide: Sources, methods and major patterns in GLOBOCAN 2012. Int. J. Cancer. V. 136, p 359–386. 2015.

13 – FREITAS-JUNIOR R. et al. Incidence trend for breast cancer among young women in Goiânia, Brazil. Sao Paulo Med. J. São Paulo, v.128, n.2. 2010.

(13)

14 – GHONCHEH, M.; POURNAMDAR, Z.; SALEHINIYA, H. Incidence and Mortality and Epidemiology of Breast Cancer in the World. Asian Pacific Journal of Cancer Prevention, V. 17, Cancer Control in Western Asia Special Issue. 2016.

15 – MARTINS, E. et al. Evolução temporal dos estádios do câncer de mama ao diagnóstico em um registro de base populacional no Brasil Central. Rev Bras Ginecol Obstet. V. 31, n. 5, p. 219-223. 2009

16 - MILLER, B.A.; HANKEY, B.F.; THOMAS, T.L. Impact of sociodemographic factors, hormone receptor status, and tumor grade on ethnic differences in tumor stage and size for breast cancer in US women. American Journal of Epidemiology. V. 155, n. 6, p. 534-545. 2002.

17 – MORAES, A.B. et al. Estudo da sobrevida de pacientes com câncer de mama atendidas no hospital da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro v.22, n.10. 2006

18 – OLIVEIRA, E.X.G. et al. Acesso à assistência oncológica: mapeamento dos fluxos origem-destino das internações e dos atendimentos ambulatoriais. O caso do câncer de mama. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 27. 2011.

19 – SILVA, P.F. Perfil de mulheres com câncer de mama atendidas em Vitória – ES: Influência das variáveis sociodemográficas com o estadiamento clínico do tumor antes do tratamento. 2009. 126f. Dissertação (Mestrado em Política, Administração e Avaliação em Saúde) - Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2009.

20 - SCHNEIDER, I.J.C.; D’ORSI, E. Sobrevida em cinco anos e fatores prognósticos em mulheres com câncer de mama em Santa Catarina, Brasil. Cad. Saúde Pública. V. 25, n. 6, p. 1285-1296. 2009.

21 - TRUFELLI, D.C. et al. Análise do atraso no diagnóstico e tratamento do câncer de mama em um hospital público. Rev Assoc Med Bras. V. 54, n. 1, p. 72-76. 2008

22 – WORLD HEALTH ORGANIZATION. International Agency for Research on Cancer. GLOBOCAN 2012: Estimated Cancer Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 2012. 2012.

Referências

Documentos relacionados

־ Uma relação de herança surge quando um objecto também é uma instância de uma outra classe mais geral (exemplo: “automóvel é um veículo”). ־ É sempre possível

Ainda considerando a procedência dessas crianças, notou-se também que aquelas oriundas de instituição pública e com diagnóstico nutricional de obesidade ou sobrepeso

Afinal de contas, tanto uma quanto a outra são ferramentas essenciais para a compreensão da realidade, além de ser o principal motivo da re- pulsa pela matemática, uma vez que é

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e

Effects of the bite splint 15-day treatment termination in patients with temporomandibular disorder with a clinical history of sleep bruxism: a longitudinal single-cohort

Quanto ao tratamento periodontal em pacientes com coagulopatas hereditárias, é correto afirmar: a Polimentos coronarianos devem ser realizados de maneira esporádica, pois

As key results, we found that: the triceps brachii muscle acts in the elbow extension and in moving the humerus head forward; the biceps brachii, pectoralis major and deltoid

Este trabalho se justifica pelo fato de possíveis aportes de mercúrio oriundos desses materiais particulados utilizados no tratamento de água, resultando no lodo