TribunaisdeContas:avisãodamídiaimpressa
DEPARTAMENTODELINGÜÍSTICA,LÍNGUASCLÁSSICASEVERNÁCULA(LIV) PROGRAMADEPÓS-GRADUAÇÃOEMLINGÜÍSTICA(PPGL)
E-mail:ppgl@unb.br
CarlosTobiasdaSilva
TribunaisdeContas:
avisãodamídiaimpressa
DissertaçãosubmetidaaoDepartamentodeLingüís-tica,LínguasClássicaseVernáculacomorequisito parcialparaobtençãodoGraudeMestreemLingüís-ticadaUniversidadedeBrasília(UnB).
Orientadora:Prof.ªDr.ªJosêniaAntunesVieira
Brasília
2006
DEPARTAMENTODELINGÜÍSTICA,LÍNGUASCLÁSSICASEVERNÁCULA(LIV) PROGRAMADEPÓS-GRADUAÇÃOEMLINGÜÍSTICA(PPGL)
SILVA,CarlosTobiasda
TribunaisdeContas:avisãodaMídiaImpressa/CarlosTobiasdaSilva.Disser-taçãodeMestradosobaorientaçãodaProf.Dra.JosêniaAntunesVieira–Brasília: UniversidadedeBrasília,2006.
143fls. ISBN
1.TribunaisdeContas2.Mídia3.Análisedediscurso.I.Título
CDD-808.1 Índicesparacatálogosistemático
1.Lingüística
TribunaisdeContas:avisãodamídiaimpressa
DissertaçãosubmetidaaoDepartamentodeLingüística,LínguasClássicase VernáculacomopartedosrequisitosparaaobtençãodograudeMestreem
LingüísticapelaUniversidadedeBrasília.
Habilitação:MestreemLingüística
DatadeAprovação____/____/_____
Prof.ªDr.ªJosêniaAntunesVieira Presidente
UniversidadedeBrasília–UnB
Prof.ªDr.ªCéliaMariaMagalhães Membro
UniversidadeFederaldeMinasGerais–UFMG
Prof.ªDr.ªDenizeElenaGarciadaSilva Membro
UniversidadedeBrasília–UnB
Prof.ªDr.ªMariaChristinaDinizLeal Suplente
PrecisocomeçaragradecendoaDeusporter-medadoavida,asaúde,oalento, aforça,ovigoreacapacidadenecessáriosaodesempenhodessatarefa,semdeixar deladoaquiloqueémaisimportanteemminhavida:aSuaPalavra.
Àminhaesposa,Sara,eàsminhasfilhasLorenaeIsabela,que,comamoreca-rinho,compreenderamosmuitosmomentosquedediqueiaoestudoeàfinalização destetrabalho.
Àminhamãe,comquemaprendiquesóépossívelvencercommuitoesforço,e àmemóriademeupaique,desdeosmeusprimeirosanos,aocaminharmospelasruas denossacidade,meincentivavaaosestudoseforneciaonecessárioparacontinuar, mesmocomdificuldade,deacordocomseusparcosrecursosfinanceiros.
AoscolegasdoMestradoemLingüística,agradeçopelasolidariedadeecom-panheirismo,queforammarcasconstantesdurantetodoocurso,principalmentedo nossoquerido“grupodeestudo”.
AosprofessoreseprofessorasdoDepartamentopelosexcelentesmomentosde aprendizadoe,emespecial,àProfessoraJosêniaquesempresoubeapresentarconso- lonashorasdedesânimo,orientaçãonashorasdetumulto,e,principalmente,firme-za,perspicáciaetrabalhoárduonosmomentosdifíceis.
Resumo... xv
Abstract... xvii
1.Introdução... 1
2.Odiscursodocontroleexternocomoinstituição... 3
2.1 Oqueéocontroleexterno?... 3
2.2 Aorigemdasinstituiçõesdecontroleexterno... 4
2.3 Aposiçãodocontroleexternoemrelaçãoàtripartiçãodepoderde Montesquieu... 4
2.4 OsTribunaisdecontasportugueses... 7
2.5 AhistóriadostribunaisdecontasnoBrasil... 8
2.6 OmodelodecontroleexternonoBrasil... 11
2.7 OstribunaisdecontasdoBrasil... 11
2.7.1 Aescolhadosmembrosdotribunal... 12
3.Odiscursodamídiaimpressa... 15
3.1 Poderindividualeinstitucional... 16
3.2 Histórico... 16
3.3 Oladocapitalistadamídia:panoramamundial... 21
3.4 Oladocapitalistadamídia:panoramabrasileiro... 22
3.5 Implicaçõessociaisdadifusãodaimprensaedodomíniosobreela... 25
3.6 AamplitudedopodersimbólicocomoadventodaMídia... 26
3.7 Algumascaracterísticasdacomunicaçãodemassa... 26
3.8 Asnoçõesdeespaço/tempoedepúblico/privado... 27
3.9 PublicidadealémdoEstado... 28
3.10 Osbastidores:oqueéretratadonamídia... 30
3.11 Apráticadiscursivadamídia... 32
3.11.1 Aproduçãodosjornais... 32
3.11.2 Oconsumodainformação... 34
3.12 Ostextosdaimprensaesuascaracterísticas... 37
4.Visãoteórica:apesquisaemfoco... 39
4.1 AnálisedeDiscursoCrítica–ADC... 39
4.1.1 Formalismoefuncionalismo... 39
4.1.2 FunçõesdalinguagememHalliday... 40
4.1.3 Ocaminhoparaaabordagemcríticadalinguagem... 41
4.2 Asrepresentações,asrelaçõeseasidentidades... 44
4.2.1 Asrepresentações:opapeldaspalavras... 47
4.2.2 Asrelações:espaçonamídia... 49
4.2.2.1 Ovínculoentreotextoeasociedadeémediado... 49
4.2.2.2 Asvozesquerepresentamamídiaenelasãorepresentadas... 50
4.2.3 Asidentidades:resultadonaturaldasrepresentaçõesedas relações... 51
4.2.3.1 Aconstruçãodeidentidades... 52
4.3 Otrabalhoideológicododiscurso:deTracyaThompson... 54
4.3.1Umbreverelatodoestudodaideologia... 55
4.3.2AideologiaemAlthusser... 56
4.3.3AideologiaemvanDijk... 56
4.3.4AideologiaemThompson:aspectospragmáticos... 58
5.Caminhoentrecaminhos:traçandoametodologia... 61
5.1 Objetivosgerais... 61
5.2 Pesquisaqualitativacomauxíliodaquantitativa... 61
5.3 Coletadedados... 64
5.4 Objetivosespecíficos... 65
5.5 Categoriasanalíticas... 67
6.Análisedasrepresentações,dasrelaçõesedasidentidades... 69
6.1 ArepresentaçãodosTribunaisnaMídiaImpressa:análisedas expressõesutilizadas... 73
6.1.1 Qualéainfluênciadovocabulárionaconstruçãoda identidadedoTCU?... 79
6.1.2 Qualainfluênciadovocabulárionaconstruçãodas identidadesdosmembrosdo(ouindicadosparao)TCU?... 81
6.1.3 Qualainfluênciadovocabulárionaformaçãodeopinião sobreomododeescolhademembrosdoTCU?... 85
6.3 Aimagemdostribunaisdecontascombasenaformaçãoideológica constituídaporrepresentações,porrelaçõeseporconstruçãode
identidades... 89
6.3.1 Legitimação:umaestratégiaideológica... 90
6.3.2. Fragmentaçãoeunificação:comoamídiadivideeunea sociedadeemgrupos... 90
6.3.3 Alegitimaçãodoposicionamentodamídiapeloargumentode autoridade... 91
6.3.3.1 Odilemaentregrupos:... 93
6.3.3.2 Odilemainterno... 94
7.Conclusão... 97
Referências... 102
Anexo1–Manchetes... 113
Anexo2–Extras... 125
LISTADEGRÁFICOSEQUADROS
Gráfico1
Manchetespublicadasrelacionadas,diretaouindiretamente,aotema “mododeescolhadeMinistrosdoTCU”... 70 Gráfico2
Publicaçõespositivas,neutrasenegativassobreoTCU... 71 Gráfico3
Percentuaisdeutilizaçãodealgumasestratégicasideológicas... 72
Quadro1
Órgãosdecontrolenomundoesuasvinculações Quadro2
Propriedadedeveículosdecomunicação(esimilares)porpartede
famíliasedeempresas... 24 Quadro3
ManchetessobreosTribunaisdeContas... 73 Quadro3-A
Expressõesdestacadasdasmanchetes... 74 Quadro4
Expressõesdestacadasdanotícia... 76 Quadro5
Expressõesdestacadasdaentrevista... 77 Quadro6
ExpressõesutilizadaspararepresentaroTCUnasmanchetes,
nanotíciaenaentrevista... 79 Quadro7
Expressõesutilizadasemrelaçãoaindicadosparao
(oumembrosdo)TCU... 81 Quadro8
Expressõesutilizadasemrelaçãoaomododeescolhadosmembrosdos tribunaisdecontas,principalmentedoTCU... 85 Quadro9
Expressõesquedemonstramodilemaentregrupos... 93 Quadro10
Apesquisa“TribunaisdeContas:avisãodamídiaimpressa”investigaodiscurso daMídiaImpressasobreomododeescolhadosmembrosdessasinstituições,com afinalidadeprincipaldeobservaraidentidadeconstruída.Analisotextospublicados emváriosjornaisdiárioseemumarevistaespecializada,noperíodode2000/2001e 2003/2004.Paraverificaropossívelimpactosocialdessaspublicações,escolhicomo pontosnorteadoresaAnálisedeDiscursoCrítica-ADC,principalmenteemFairclou-gh(1995a,2001e2003),eaTeoriaSocialdaMídiadeThompson(2002ae2002b), Fairclough(1995b).AideologiafoivistaprincipalmenteemAlthusser(2001),vanDijk (1993,1996e2001)eThompson(2002a).Oconceitodeidentidadesfoiabordado segundo Hall (2003), van Dijk (2001) e Silva (2002). A análise realizada permitiu verificarque,emgrandeparte,odiscursodaMídiaImpressatemcaráterideológico. Emborademaneiraexplícitaodiscursosejaderesistênciaedemudançadostatus quo ,principalmentedomododeescolhadomembrosdosTribunaisdeContas,olé-xicoutilizadoeaescolhadeparticipantespropiciaaperpetuaçãodoestadoatualdas coisas,daassimetriadepoder.
Theresearch“TribunaisdeContas:avisãodamídiaimpressa”investigatesthe Pressdiscourseaboutthewayofchoosingmembersofthoseinstitutions,withthemain intentionofobservingtheidentitiesformedinthatdiscourse.Iamanalysingtextspu-blishedinseveraldailynewspapers,duringtheperiodof2000/2001and2003/2004, andinaespecializedmonthlymagazine.Toverifythepossiblesocialimpactofthese publications,IchoseasbasisforthisworktheCriticalDiscourseAnalysis,mainlyin Fairclough(1995a,2001and2003),andtheMidiaSocialTheoryinThompson(2002a and2002b)andFairclough(1995b).IdeologicalaspectswereobservedinAlthusser (2001),vanDijk(1993,1996and2001)andThompson(2002a).Theconceptofiden-titieswasbroughtaboutaccordingtoHall(2003),vanDijk(2001)andSilva(2002). TheanalysisallowedtheverificationthatmostofthediscourseofthePressisideolo-gical.AndalthoughinanexplicitwaythediscourseoftheMídiaisoneofresistency andofchangeofthestatusquo,mainlyregardingtothewaythemembersofTCUare chosen,thewordsusedandthechoiceofparticipantscontributestotheperpetuation ofthesamestatusofunbalancedpowerinsociety.
1
Neste trabalho, tomei como objeto de pesquisa reportagens sobre os Tribu-naisdeContasdoBrasil,veiculadasnaMídiaImpressa,noperíodode2000/2001e 2003/2004.Paraanalisaropossívelimpactosocialdessaspublicações,escolhicomo pontosnorteadoresaAnálisedeDiscursoCrítica–ADC,principalmenteemFairclou-gh(1995a,2001e2003),eaTeoriaSocialdaMídiadeThompson(2002ae2002b)e Fairclough(1995b).Aescolhadotemanãofoimotivadaporumoudoispontos,mas simporváriasexperiênciaspessoaiscomoassuntoeointeressenomododeescolha derepresentantesdosTribunaisdeContas.
NodecorrerdedezanosdetrabalhonoTribunaldeContasdoDistritoFederal, verifiqueique,apósváriascríticasadvindasdaimprensaaessasinstituiçõesporvários motivos,entreelesomododeescolhadosseusmembros,oGovernodecidiuinvestir namelhoriadaimagemdessascasasfiscalizadoras,comacriaçãodeumfórumna-cionalparadiscussãodeassuntosligadosaocontroledegastosgovernamentais.Em decorrênciadasdiscussões,foicriadooProgramadeModernizaçãodosTribunaisde ContasdoBrasil–PROMOEX.
ParaanalisarosdiscursosdaMídiaImpressasobreomodelodenomeaçãode membrosdosTribunaisdeContas,procurareiuniraspectosformaisefuncionaisda linguagem,abordandorepresentações,emaspectoscomoescolhaslexicais;relações, pormeiodasvozesacessadas;e,chegandocomessespassosàconstruçãodeidenti-dades.Esseconjuntodeelementosforneceráabaseparadiscutiraideologiapresente nostextos.
Minhadissertaçãoserácompostadesetecapítulos.Oprimeirocapítuloéesta Introdução.Nosegundocapítulo,investigareiapráticasocialemrelaçãoaosTribu-naisdeContas,combase,principalmente,nosescritosdeFernandes(2003),Ribeiro (2002), Citadini (1995) e em entrevistas de representantes dessas instituições, con-cedidasàMídiaImpressa,verificandocomoosTribunaisdeContas,sobretudoem relaçãoàescolhadeseusrepresentantes,sãovistospelasociedade.
Noterceirocapítulo,procurareimostraralgunsaspectosdapráticadiscursivada Imprensa,considerandoaspectoscomoprodução,distribuiçãoeconsumodostextos jornalísticos;bemcomoapráticasocialeosinteressespolíticosassociadosàMídia Impressa.
Noquintocapítulo,exporeiospressupostosmetodológicosparacoletadeda- dos.Utilizareiabordagemqualitativacomapoiodaquantitativaparaanálisedasman-chetescoletadasnoperíodode2000/2001e2003/2004eapenasqualitativa,parao estudodenotíciaveiculadanoJornaloGlobo,de29deagostode2003,edetrecho deumaentrevistaconcedidapormembrodeTribunaldeContasàResvistaOMagis-trado.
Osextocapítuloestáreservadoàanálisedostextosqueformamocorpus.No aspectolingüístico,centrareiofoco:
1.nalexicalização,procurandoidentificaraperspectivainterpretativaquesub-jazaseleçãovocabulardaMídiaparaverificarsignificadosteórico,culturale ideológico-representações;
2.nasvozesacessadas,procurandoobservaraparticipaçãodeagentessociais nodiscursosobreosTribunaisdeContasnaMídia-relações;e
3.na construção de identidades, oportunidade em que discutirei aspectos da formaçãodaidentidadedossujeitosparticipantesdacomposiçãodostribu-nais,daquelesqueinfluenciamemsuasescolhaseaideologiasubjacente. Fechareicomasconclusõesnosétimoeúltimocapítulo,mostrandoosresulta- dosdapesquisaeaspossíveisaplicaçõespráticasdaquiloquefoicomentadoediscu-tidoduranteotrabalho.
“OOrçamentoNacionaldeveserequilibrado.Asdívidaspúblicasdevem serreduzidas,aarrogânciadasautoridadesdevesermoderadaecontrolada. Ospagamentosagovernosestrangeirosdevemserreduzidos,seaNação nãoquiseriràfalência.Aspessoasdevemnovamenteaprenderatrabalhar, em vez de viver por conta pública” (Marcus Tullius Cícero, 55 antes de Cristo).1
2.1 Oqueéocontroleexterno?
ConformemostrareinoCapítulo4,2
nãoépossívelaexistênciadeeventodiscur-sivodesencaixadodeumaordemdodiscurso.Osdiscursosestãosemprevinculados aoutrosdiscursospretéritosoucontemporâneoscomoemsériehistórica.Natural-mente,torna-seesclarecedorconhecernãosóopresenteemrelaçãoadeterminado campo,mastambémopassado.
Porisso,nestecapítulo,tratareidealgunspontosrelevantesacercadaexistência edahistóriadoControleExternonomundoe,mormente,nonossopaís,comafinali-dadeprecípuadetrazermaisclarezaparadeterminadospontosdodiscursodaMídia ImpressasobreTribunaisdeContas(mododeescolhademembros)noBrasil.
Aepígrafedemonstraque,hámuitotempo,apreocupaçãocomocontroleestá presente na sociedade. Mas, na realidade, o que é o controle? E, mais especifica-mente,oqueéoControleExterno?ConformeFernandes(2003),controlaréfunção inerenteaopodereàadministração,porissoéinteressederamoscomoafilosofia eaciênciapolíticae,podemosacrescentar,aLingüísticanavertentedaAnálisede DiscursoCrítica.
Hácontrovérsiassobreaetimologiadapalavracontrole,mas,segundoGiannini (1970),ovocábuloteriaorigemnoLatimMedieval,nacontraçãodecontraerotulum, quefeznascerapalavrafrancesacontrerole,significandorol,relaçãodecontribuintes aserverificadapelosexatores.Meirelles(2000)conceituacontrolecomo“afacul-dadedevigilância,deorientaçãoedecorreçãoqueumPoder,órgãoouautoridade exercesobreacondutafuncionaldeoutro”.Assim,podemostratarcontrolecomo sendoprincípioeatividadegovernamentalhorizontaldesupervisãoedegestãointe-graldaAdministração,econtroleexternoéessemesmoprincípio/atividadeexercido verticalmenteporumainstituiçãonão-subordinadaaopoderfiscalizado.
1 EstetrechofoiretiradodeRibeiro(2002). 2 EssadiscussãoestánoTópico4.2.
Odiscursodocontrole
externocomoinstituição
2.2 Aorigemdasinstituiçõesdecontroleexterno
De acordo com Nascimento,3 a origem dos órgãos de controle remonta aos
temposdoCódigoIndianodeManu,noséculoXIIIantesdeCristo.ConformeRibeiro (2002),encontramosregistrodaexistênciadecontroleedefiscalizaçãoaindanauni- ficaçãodoEgito,noreinodeMenésI,noséculoIVantesdeCristo.Noentanto,deve-mosainstitucionalizaçãodessaatividadeaosgregoseaosromanos,comoslogistase osquestores,respectivamente.
Esseinícioinspirouaspróximasgeraçõese,noperíodoMedieval,foramcriados órgãosdecontrolenaAlemanhaenaFrança,comaAltaCâmaraPrussianadeContas eosChambresdeComptes,respectivamente,enaInglaterra,comoExchequer ,em-briõesdosdoisprincipaisdessestiposdeórgãosnomundoatual:TribunaisdeContas (órgãoscolegiados)eControladorias(órgãosunitários).
O modelo de controle adotado na França foi de órgão colegiado (composto deváriosmembrosquedecidemsobreascontaspúblicas)eesseinstigou,deinício, principalmente,ospaíseslatinos.Oparadigmamonocráticoinglês(comapenasuma figuraqueemiteopiniãosobreascontaspúblicas)foiseguidoprincipalmentepelos paísescominfluênciaanglo-saxônica.
DeOliveira(1973)destaca,emtrabalhocomemorativodos25anosdoTribunal deContasdoEstadodeSãoPaulo,aorigemdosprincipaisórgãosdecontroleexisten-tesnaatualidade:naAlemanha,oTribunaldeContastevesuaorigemnaAltaCâmara PrussianadeContas,criadaem1714porFredericoGuilhermeI;aFrança,em1807, porintermédiodoImperadorNapoleão,criouaCourdesComptes;aItáliainstituiu, em14deabrilde1864,aCortedeiConti.
2.3 Aposiçãodocontroleexternoemrelaçãoàtripartiçãodepoder
deMontesquieu
SemlevaremconsideraçãoasdiferençasentreTribunaisdeContaseControla- dorias,Citadini(1995)afirmaqueapresençadoórgãodeControleExternoéindica-dorsegurodograudedemocraciaemqueviveopaís,equantomaisestáveisforem asinstituiçõesdoEstado,melhorseráodesempenhodoórgãodecontrole.Paraele, nosdoissistemashávantagensedesvantagensadestacarepontosdeaperfeiçoamen-toaseremperseguidos.Estassãoasprincipaiscaracterísticasdesseórgãonomundo: nãointegraoPoderExecutivo,e,quandomantémvínculocomoPoderLegislativo, não é de subordinação; quase sempre sua existência e competência têm previsão constitucional;exerceocontroledelegalidadebemcomoocontroleeconômicoou demérito;éórgãopúblicoeseusmembrosgozamdegarantiasdaMagistraturaou equivalentes.
3 Artigo da Internet: O controle da administração pública no Estado de Direito. Disponível em <http://www.
Comdiferentesvinculaçõesaospoderesconstituídos,emconsonânciacoma tripartiçãodepoderdeMontesquieuemLegislativo,ExecutivoeJudiciário,amaioria dospaísesdomundoadotaoelodoControleExternocomoPoderLegislativo.
Comecemospelosdoiscasosmenoscomuns:emboraboapartedasatuaisinsti-tuições de controle tenha muitas vezes origem no Poder Executivo, especialmente na FazendaPública,nãoécomumqueoPoderExecutivoocupeafunçãodecontroledos atosadministrativos,issoocorre,namaiorpartedasvezes,emregimesditatoriais–nas democraciasdehojeessaposiçãoérara,sendoresidualempaísescomincipienteorgani-zaçãodoEstado;quantoàligaçãocomoPoderJudiciário,apesardeosórgãosdecontrole externoterem,emdiversospaíses,dependendodocaso,funçõesassemelhadasàjudicân-cia,averdadeéquevincularoórgãodefiscalizaçãodaAdministraçãoaessePodernão émuitocomumnospaísescomsólidatradiçãodemocrática(Citadini,1995).
RestaagoracomentaroelodessesórgãosdecontrolecomoPoderLegislativo. Essaposiçãoémaiscomum,variando,noentanto,asituaçãodoórgãoemrelação aoCongresso.Emalguns,deformaminoritária,ocontroleéefetuadoporumdepar-tamentodeAuditoriadoParlamento,semqualquerautonomia,constituindosimples assessoriadessePoder.Namaioriadospaíses,entretanto,osórgãosdefiscalizaçãoe controlesesituamnaórbitadoPoderLegislativo,masseorganizameagemcomau-tonomiaadministrativaeexercemcompetênciasdefinidasdecontrole.Nessecaso,o vínculocomoParlamentosedánaformadefinidaemlei,massemqualquersubordi-nação.MesmoempaísesemquevigoraosistemadeControladoria,quenasceucomo órgãodoPoderLegislativo,essasituaçãoevoluiuparaummodelonoqualotrabalho deverificaçãodosatosadministrativoséexecutadoporórgãoscomautonomia,ainda quemantenhamfortevínculocomoParlamento.
ParaCitadini(1995),nãoparecedifícildemonstrarqueaopróprioLegislativoin-teressa“umafiscalizaçãotécnicafeitasemapaixãodasmaioriasparlamentares,porsi mesmasmutáveisevoltadasparaocombatepolíticopartidário”.Ovínculosubordinati-vocomoParlamentopodetornarqualquertrabalhodeauditoriasuspeito,deixandode ladooequilíbrioeaimparcialidadequeoórgãodeveterparaapreciararegularidade daaçãogovernamental.
Nosistemaparlamentarista,acapacidadedefiscalizaçãodoParlamentosofre odilemadeomesmoórgãoqueefetuaafiscalizaçãopolíticadogoverno,istoé,o Legislativo,seroqueformaoGovernoporsuamaioria.Talvez,poressarazão,nesses paísessetenhadefendidocomtantaprecisãoaautonomiadoórgãofiscalizador.No Canadá,porexemplo,consagrou-seomandatodoControladorcomoformadefugir àsmaioriaseventuais.
Governo.Citadini(1995)consideraqueagarantiadevitaliciedadeouoestabeleci-mentodemandatoscertosparaosControladores,Conselheiros,JuízesouMinistrosé afórmulaencontradapelospaísesque,alémdedarindependênciaparaoexercício desuafunção,éumamaneiradedesvincularojuizdecontas,doExecutivo,quepro-põe,edoLegislativo,queaprovaoorçamento. AmencionadavinculaçãosubordinativadosórgãosdecontroleaoLegislativo éresidual,deacordocomCitadini(1995).Alocalizaçãodessesórgãosdecontrole nomodelomontesquianodetripartiçãodopoderématériapolêmica.Noentanto, podemosconstatarqueexisteumaposiçãomajoritáriatantoemnúmerodepaíses como entre os doutrinadores, que situa os Tribunais de Contas ou Controladorias comoautônomosaoladodoLegislativo,comcompetênciadefiscalizaçãodefinida eprópria,ecomseusmembrosgozandodegarantiasdaMagistratura.Poucossãoos paísesnosquaisocontroleestásubordinadoaoExecutivo,menosaindaaquelesem queéintegrantedoPoderJudiciário,prevalecendoalocalizaçãodoórgãoaoladodo Legislativosem,noentanto,qualquerrelaçãodesubordinação. Afeiçãoatualeasvinculaçõesdosórgãosdecontrolenomundoédemonstradano seguintequadro:4 QUADRO1 Órgãosdecontrolenomundoesuasvinculações
Tipos Poder Países
Tribunais de Con-tas
Legislativo
Alemanha,Angola,Argélia,Áustria,Bélgica,Benin,Bra-sil,CaboVerde,China,ComunidadeEconômicaEuropéia, Coréia do Sul, Espanha, França, Gabão, Gâmbia, Gana, GuinéBissau,Holanda,IlhasMaurício,Itália,Japão,Líbia, Luxemburgo, Malásia, Marrocos, Mauritânia, Moçambi-que, Mônaco, São Tomé e Príncipe, Senegal, Tanzânia, Tunísia,Turquia,Uruguai,Zaire. Judiciário GréciaePortugal. Controladorias Legislativo ÁfricadoSul,Argentina,Austrália,Canadá,CostaRica,Di-namarca,Equador,EstadosUnidosdaAmérica,Honduras, Hungria,Índia,Inglaterra,Irlanda,Islândia,Israel,México, Nicarágua,Noruega,NovaZelândia,Paquistão,Suíça,Ve-nezuela,Zâmbia.
Executivo Antilhas Holandesas, Bolívia, Cuba, Finlândia, Jordânia,Namíbia,Paraguai,Suécia.
Independentes (desvinculadas dospoderes) Chile,Colômbia,ElSalvador,Guatemala,Panamá,Peru, PortoRico,RepúblicaDominicana,Suriname. Essasobservaçõessãopertinentes,poisestãoligadasaoantigodesejodeseter umórgãodecontroleindependenteeautônomo,quenãosesujeiteaosmandose desmandosdaautoridadesupremadopaís,oucomodiziaCícero“àarrogânciadas autoridades”.
Edifício-sededotribunaldeContas,naAv. daRepública,emLisboa.<www.tcontas.
pt/pt/aptesenta/actualidade.shtm.>
2.4 OsTribunaisdecontasportugueses
ParanosconcentrarnomodelodecontroleseguidopeloBrasil,odeórgãoco-legiado,emqueseusmembrosemitemdecisõescomaprovaçãodamaioria,épreciso voltarcomCitadini(1995),aoperíodocolonial.Nessaépoca,oBrasilestavasujeito àsinstituiçõesdecontrolelusitanas.PassemosentãoaumbrevehistóricodoControle ExternoemPortugal,parachegarmosaonossomodelodehoje.
DeacordocominformaçãodosítiodoTribunaldeContasPortuguês,5assim
evoluiuaInstituiçãodeControledaquelePaís:nosprincípiosdoséculoXIII,haviaos LivrosdeRecabedoRegni ,comumacontabilidadeextremamenterudimentar;nase-gundametadedomesmoséculo,gradativamenteosórgãosdaadministraçãopública, incluindoacontabilidade,começaramaseestabelecer;comDomDinis(1279-1325), teveiníciooesboçodoqueviriaaseros“Contos”;comDomJoãoI(1385-1433),os “Contos”ganharamautonomiaefoicriadaaCasadosContos(1389-1761:período dodescobrimentodoBrasil);DomJoséI(1750-1776)instituiuoErárioRégio(1761-1832); com advento do liberalismo, criou-se o Tesouro Público (1832-1844); em 1844,foiestabelecidooConselhoFiscaldeContas,deabreviadaexistência,apenas cincoanos;em1849,tem-seacriaçãodoTribunaldeContas,comsobrevivênciaaté 1911,quando,então,foiinstituídooConselhoSuperiordaAdministraçãoFinanceira doEstadoqueexistiude1911a1919;em1919,essefoisubstituídopeloConselho Superior de Finanças (1919-1930). Finalmente, em 1930, foi criado o Tribunal de Contasque,apesardareformade1976,éomesmodosdiasatuais.
ActodeliquidaçãodecontasnaCasadosContos,no tempodoReiD.AfonsoV(Oléosobretela.JaimeMartins Barata.)<www.tcontas.pt/pt/aptesenta/apresenta.shtm.>
2.5 AhistóriadostribunaisdecontasnoBrasil
Com esse breve histórico, podemos inserir o Brasil, já no descobrimento em 1500,emsujeiçãoàCasadosContos.DeacordocomahistoriadoraVirgíniaRau,6
noreinadodeD.JoséI,acriaçãodoErárioRégio,em1761,simbolizouoregimede centralizaçãoabsoluta:todasasrendasdacoroaalidavamentradaedelasaíamos fundosparatodasasdespesas.
Esclarece,ainda,VirginiaRau,queoErárioRégiosofreualteraçõesduranteos temposdaocupaçãofrancesa:extinção,em1807,dasduascontadoriasrelativasaos domíniosultramarinose,em1809,revogaçãodaextinção.Mas,em1820,devidoà diminuiçãodoexpediente,asduascontadoriasultramarinasforamreunidasemuma só:aContadoriaGeraldoRioeBahia.7
Fernandes(2003)relataqueimportantemarconahistóriadascontasdoGover-nofoiadefiniçãodanovaestruturadaFazendaPública,passandoaadministração centraldaFazendaacompreenderaSecretariadeEstadodosNegóciosdaFazenda, oTribunaldoTesouroPúblicoeoConselhoFiscaldeContas.Assim,teveinícioa diferençaentreasfunçõesadministrativaseasdefiscalização,masanovainstituição aindanãotinhaindependênciaquantoaopodercentral.OsmembrosdoConselho FiscaldeContaseramnomeadospeloGoverno,escolhidosentreopessoaldoTribu-naldoTesourooudeoutrasrepartições.
AConstituiçãomonárquicade1824estipulou,noseuart.170,que
areceitaeadespesadaFazendaNacionalseráencarregadaaumTribunal, ondeemdiversasestaçõesdevidamenteestabelecidasporleiseregularáa sua administração, arrecadação e contabilidade, em recíproca correspon-dênciacomastesourariaseautoridadesdoImpério.
Mas, apesar desse artigo na Constituição de 1824, de acordo com dados do TCU,8aidéiadecriaçãodeumTribunaldeContassurgiu,pelaprimeiraveznoBrasil,
somenteem23dejunhode1826,comainiciativadeFelisbertoCaldeiraBrandt,Vis-condedeBarbacena,edeJoséInácioBorges,queapresentaramprojetodeleinesse sentidoaoSenadodoImpério.
AsdiscussõesemtornodacriaçãodeumTribunaldeContasdurariamquase umséculo,polarizadasentreaquelesquedefendiamasuanecessidade–paraquem ascontaspúblicasdeviamserexaminadasporumórgãoindependente–,eaqueles queocombatiam,porentenderemqueascontaspúblicaspodiamcontinuarsendo controladasporaquelesmesmosqueasrealizavam.
Écertoquehavia,noTesouro,umaDiretoria-GeraldeTomadadeContas.Mas,de acordocomaspalavrasdoMinistrodaFazendaSilveiraMartins,em1878,essascontas
eramtomadas“aosagentessubalternosdofiscoedemaisresponsáveis,masimpotente contraoMinistroordenadordadespesa,dequemdependeeaquemobedece”.
Alongaesperasófoirecompensadaem1890,noprimeiroanodaRepública, peloDecretonº966-A,de7denovembrodaqueleano;quando,medianteiniciativa doentãoMinistroRuyBarbosa,foicriadooTribunaldeContasdaUnião.Naexposi-çãodemotivos,RuiBarbosaprocurouesclarecerque
Amedidaquevempropor-voséacriaçãodeumTribunaldeContas,corpo demagistraturaintermediáriaàadministraçãoeàlegislaturaque,colocado emposiçãoautônoma,comatribuiçõesderevisãoejulgamento,cercadode garantiascontraquaisquerameaças,possaexercerassuasfunçõesvitaisno organismoconstitucional,semriscodeconverter-seeminstituiçãodeornato aparatosoeinútil(...)Nãobastajulgaraadministração,denunciaroexcesso cometido,colheraexorbitânciaouprevaricação,paraaspunir.
Circunscritaaesseslimites,essafunçãotutelardosdinheirospúblicosserá muitasvezesinútil,poromissa,tardiaouimpotente.Convémlevantarentreo poderqueautorizaperiodicamenteadespesaeopoderquequotidianamente aexecutaummediadorindependente,auxiliardeumoutro,que,comunican-docomalegislaturaeintervindonaadministração,sejanãosóovigiacomoa mãofortedaprimeirasobreasegunda,obstandoaperpetuaçãodasinfrações orçamentárias por um veto oportuno aos atos do Executivo, que direta ou indireta, próxima ou remotamente, discrepem da linha rigorosa das leis de finanças.9
AConstituiçãode1891,aprimeirarepublicana,aindaporinfluênciadeRuiBar-bosa,institucionalizoudefinitivamenteoTribunaldeContasdaUnião,inscrevendo-o noart.89:
éinstituídoumTribunaldeContas,paraliquidarascontasdareceitaedes-pesaeverificarsualegalidade,antesdeseremprestadasaoCongresso.Os membrosdesteTribunalserãonomeadospeloPresidentedaRepública,com aprovaçãodoSenado,esomenteperderãoosseuslugaresporsentença.10
AinstalaçãodoTribunal,entretanto,sóocorreuem17dejaneirode1893,gra-çasaoempenhodoMinistrodaFazendadoGovernodeFlorianoPeixoto,Serzedello Corrêa.Porém,logoapóssuainstalação,oTribunaldeContasconsiderouilegala nomeação, feita pelo Presidente Floriano Peixoto, de um parente do ex-Presidente DeodorodaFonseca.OPresidente,inconformadocomadecisãodoTribunal,man-douredigirdecretosqueretiravamdoTCUacompetênciaparaimpugnardespesas consideradas ilegais. O Ministro da Fazenda Serzedello Corrêa, não concordando comaposiçãodoPresidente,demitiu-sedocargo,expressando-lhesuaposiçãoem cartade27deabrilde1893,cujotrechobásicoéoseguinte:
EssesdecretosanulamoTribunal,oreduzemasimplesMinistériodaFazen- da,tiram-lhetodaaindependênciaeautonomia,deturpamosfinsdainsti-tuição,epermitirãoaoGovernoapráticadetodososabusosevósosabeis -éprecisoantesdetudolegislarparaofuturo.SeafunçãodoTribunalno espíritodaConstituiçãoéapenasadeliquidarascontaseverificarasua
9 Disponívelem:<http://www.senado.gov.br>.Acessoem:25out2002.
legalidadedepoisdefeitas,oqueeucontesto,euvosdeclaroqueesseTri-bunalémaisummeiodeaumentarofuncionalismo,deavolumaradespesa, semvantagensparaamoralidadedaadministração.
Se,porém,eleéumTribunaldeexaçãocomojáoqueriaAlvesBrancoe comotêmaItáliaeaFrança,precisamosresignarmo-nosanãogastarsenão oqueforautorizadoemleiegastarsemprebem,poisparaoscasosurgentes aleiestabeleceorecurso.
Osgovernosnobilitam-se,Marechal,obedecendoaessasoberaniasuprema daleiesódentrodelamantêm-seesãoverdadeiramenteindependentes. Pelo que venho de expor, não posso, pois Marechal, concordar e menos referendarosdecretosaqueacimamerefiroeporissorogovosdigneisde conceder-meaexoneraçãodocargodeMinistrodaFazenda,indicando-me sucessor.”
Tenente-CoronelInnocêncioSerzedelloCorrêa11
AsConstituiçõesbrasileirasde1934,1937,1946e1967eemendas,sucessiva-mentemexeramcomasatribuiçõesdoTribunaldeContas.Voudestacar,entretanto, as inovações trazidas pela Constituição de 1967: o acréscimo da incumbência ao Tribunalderealizarauditoriafinanceiraeorçamentáriasobreascontasdasunidades dostrêspoderesdaUnião;ainstituiçãodoSistemadeControleExterno,acargodo CongressoNacional,comauxíliodoTribunaldeContas,edoSistemadeControleIn-terno,exercidopeloPoderExecutivoedestinadoacriarcondiçõesparaumControle Externoeficaz.
11 Disponívelem:<http://www2.tcu.gov.br/>.Acessoem:21jun2005. VistaPanorâmicadaSededoTCU,<www.tcu.gov.br>.
orçamentária,jáprevistasnaConstituiçãoanterior,afiscalizaçãooperacionalepatri- monialdaUniãoedasentidadesdaadministraçãodiretaeindireta,quantoàlegali-dade,àlegitimidadeeàeconomicidade;tambémrecebeuaincumbênciadeexercer a fiscalização da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas. No âmbito dessestrabalhos,faztambémavaliaçãodosresultadosdeprojetosedosprogramas detrabalhoquantoàeficácia,àeficiênciaeàeconomicidade.Alémdisso,qualquer pessoafísicaoujurídica,públicaouprivada,queutilize,arrecade,guarde,gerencie ouadministredinheiros,bensevalorespúblicosoupelosquaisaUniãoresponda, ouque,emnomedesta,assumaobrigaçõesdenaturezapecuniáriatemodeverde prestarcontasaoTCU.
2.6 OmodelodecontroleexternonoBrasil
OControleExternonoBrasilé,emprincípio,políticoporserdiretamenteexerci-dopeloPoderLegislativodecadaesferadaFederação(art.70,caput,daConstituição Federal),masosTribunaisdeContassãoórgãostécnicosencarregadosdeauxiliaro Legislativonessaimportantetarefaquecontribuiparaagarantiadoregimedemocrá-tico,paraaestabilidadedasrelaçõesentreEstadoesociedade,advindasdasmuitas funçõesprópriasdoEstadoeexercidaspormeiodeinstituiçõesdaesfera:Legislativa, ExecutivaouJudiciária.
2.7 OstribunaisdecontasdoBrasil
QueroagorapassaraidéiageraldecomoosTribunaisdeContasestãosistema-tizadosnonossoenormeterritórionacional.ConformedizFerreira(1989,p.634), todososórgãosdecontasestaduaisemunicipaisdevemmantersimetriacomoTribu-naldeContasdaUnião.Assim,noBrasil,conformeFernandes(2003),existemtrintae quatroTribunaisdeContas:umTribunaldeContasdaUnião,umTribunaldeContas doDistritoFederal,vinteeseisTribunaisdeContasdeEstado,quatroTribunaisde ContasdemunicípiosedoisTribunaisdeContasdemunicípio(nosingular):12
a)umTribunaldeContasdaUnião,responsávelpelocontroledosbens,dinhei-rosevaloresdaesferafederaledosterritóriosfederais,sehouver;
b)um Tribunal de Contas do Distrito Federal, com jurisdição sobre todos os órgãoseregiõesadministrativasdoDistritoFederal,oqual,apropósito,não podesedividiremMunicípios;
c)vinteeseisTribunaisdeContasdeEstado,sendoumporEstado,mascom jurisdiçõesnemsempresemelhantes,conformeseobservaaseguir:
d)quatroTribunaisdeContasdemunicípios:
d1) nosEstadosdaBahia,doCeará,deGoiásedoPará,háumTribunalde ContasdosMunicípios,órgãoespecíficoparacuidardascontasdeto-dososMunicípiosdosrespectivosEstadosetambémauxiliarascâmaras municipaisnoControleExterno.NessesEstados,portanto,aatuaçãodo TribunaldeContasdoEstadoérestritaaocontroledosórgãoserecursos estaduais;
e)doisTribunaisdeContasdemunicípio(nosingular).
e1) nosEstadosdoRiodeJaneiroeSãoPaulo,háumTribunaldeContasdo Município,nessecaso,grafadonosingular,quetemporobjetivofiscalizar ascontasdoMunicípiodoRiodeJaneiroedeSãoPaulo,respectivamente. EssesEstadostêmaparticularidadedeascapitaisteremomesmonomedo Estadoe,emambos,tambémháoTribunaldeContasdoEstado,agravan-doaconfusão.Dessemodo,noEstadodoRiodeJaneiroedeSãoPaulo,o TribunaldeContasdoEstadoexerceajurisdiçãosobreoEstadoetodosos Municípios,excetuando-seoMunicípiodarespectivacapital.
2.7.1 Aescolhadosmembrosdotribunal
DeacordocomaConstituiçãode1988,oTribunaldeContasdaUniãotêmem suaestruturaquatroórgãosdistintos:
• Oórgãodeliberativo(plenário)podeserdivididoemcâmaras,sendocom- postoporMinistroseMinistros-substitutos.Funcionajuntoaoórgãodelibera-tivoumrepresentantedoMinistérioPúblicodeContas;
• O Ministério Público que atua junto ao Tribunal, também denominado de MinistérioPúblicoEspecialouMinistérioPúblicodeContas,écompostode umProcurador-Geral,trêsSubprocuradores-GeraisequatroProcuradores; •
Órgãostécnicos,denominados,naatualestrutura,SecretariadeControleEx- terno–SECEX,queatuamporáreasregionais,umaporEstado,eáreastemá-ticas,nasede;e
• Umaunidadedetreinamento,denominadaInstitutoSerzedelloCorrêa.
AindadeacordocomFernandes(2003,p.573),osTribunaiseosConselhosde Contasdasunidadesfederadasguardamconformidadecomomodelofederal,exceto emrelaçãoaosórgãostécnicos,queselimitamàrespectivaáreadejurisdição.
É tradição da legislação brasileira a nomeação dos Ministros do Tribunal de ContasdaUniãopeloPresidentedaRepúblicaedesdeacriaçãodoTribunaldeCon-tas,osmembrosforamequiparadosaosMinistrosdoSupremoTribunalFederal.13A
Constituiçãode1988inovounosentidodequeosMinistros,anteriormenteescolhi-doslivrementepeloPresidentedaRepública,agorasãoselecionadosdeacordocom oscritériosestabelecidosnoart.73,§2º,incisosIeII:
Art.73,§2ºOsMinistrosdoTribunaldeContasdaUniãoserãoescolhidos: I – um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendodoisalternadamentedentreauditoresemembrosdoMinistérioPúblicojunto aoTribunal,indicadosemlistratríplicepeloTribunal,segundooscritériosdeanti-güidadeemerecimento;
II–doisterçospeloCongressoNacional.
AatualConstituiçãoBrasileira(1988)éinovadoratambémemrelaçãoaosre-quisitosparaescolhadosMinistros,namedidaemqueatribuiufeiçãomaistécnicae composiçãodiversificadaaoTribunaldeContasdaUnião,segundoquatrodiferentes exigênciasestabelecidasnoart.73:
I–maisdetrintaecincoemenosdesessentaecincoanosdeidade; II–idoneidademoralereputaçãoilibada;
III–notóriosconhecimentosjurídicos,contábeis,econômicosefinanceirosoude administraçãopública;
IV–maisdedezanosdeexercíciodefunçãooudeefetivaatividadeprofissional queexijaosconhecimentosmencionadosnoincisoanterior;
V–serbrasileiro.
EssesrequisitosbuscamguardarsimetriacomasexigênciasdaConstituicãoFe-deralemrelaçãoaoscargosdeMinistrodoPoderJudiciário.ParaFernandes(2003), asexigênciasdeidoneidademoraledereputaçãoilibadasãorazoavelmentesubje-tivas,porquepodemserenfrentadas,promovendo-seaprovanegativa:nãopossuir idoneidademoralereputaçãoilibada.
Oportunamente,paraFernandes(2003),osconceitosjurídicosdessesdoisre-quisitossãoexatamentecoincidentescomasacepçõesvulgares:idoneidademoralé aptidão,capacidadedesesituarnoplanodosbonscostumesconsagradospelaso-ciedade;reputaçãoilibadadizrespeitoaoconceitoqueasociedadeatribuiaosujeito “secomancha,puro,incorrupto”.
Aocontráriodoqueocorrenasrelaçõessociaiseemprocessoscriminais,no planomoralinexiste”ServiçodeProteçãoaoCrédito”ou“CartóriodeRegistro”das condutas,podendo-seconcluirque,parapossuiridoneidademoral,seriasuficiente
queocandidatonãoostentassecondenaçãocriminaldefinitivaounãofossefreqüen-13 Art.6°CompõemoTribunalosfuncionários,aqueseconferirvotodeliberativonasmatériassubmetidasà
tadorassíduodecolunaspoliciais.Jáareputaçãoilibadarequeridaparaocargode ministro,exigeonãoenvolvimentoematosdecorrupção,entreoutros.
Essesconceitosmorais,emboraprescindamderegistros,sãomuitomaisseveros queosjurídicos,poisnãosesubmetemaojulgamentojurídico,situam-senoplano moral,nãohánecessidadedeprocessocondenatório,massimque,aosolhosdaso-ciedadeacondutasejaveementementereprovável;queo“candidato”nãomaisseja merecedordecréditoparadesempenhartãoelevadocargo.
ParaFernandes(2003),ocontrolesocialsobreasnomeaçõestendeaseaprimo- rar:asociedadeeaslegítimasinstituiçõesrepresentativas–Imprensa,OAB,entida-desdeclasse,MinistérioPúblicoetc–possuemmeiosparaimpugnarasnomeações edevemusá-los,paraimpedirque“aventureiros”quenadaconhecemdoControle Externo,doônusdesseencargo,docompromissodeledecorrente,e,acimadetudo, quenãopreenchemquasenenhumdosrequisitos–sejamguindadosaumaposição comoadeMinistro.
Embora tenha reflexo em toda a sociedade, este estudo está centrado princi-palmenteemduasesferassociais,comordensdediscursodistintas:osTribunaisde ContaseaMídiaImpressa.Assimcomotrouxemosàluzoveioprincipaldasinstitui-çõesdeControleExterno,precisarei,agora,comcuidado,desvelarofilãohistóricoda Mídia,comfoconosjornaisescritos,porseremseustextosabaseparaaanáliseaser empreendidanoCapítulo6.
Dessemodo,aminhafinalidadeaquiéofereceraoleitorentendimentobásico sobreosmecanismosdaMídia.Procurareiaproximaroconceitodemodernidade,nos termosdeThompson(2002a),comfoconainstituiçãoTribunaldeContas,relacionan-do-oaoentrelaçamentocomplexodosmeiosdecomunicaçãocomoutrosprocessos dedesenvolvimento.Paratanto,seránecessáriocomentarsobrepoderesuasformas, eentãotraçarumbrevehistóricodaMídiaemâmbitomundiale,especialmente,no Brasil;implicaçõessociaisecaracterísticasdaMídia;comunicaçãodemassa;repre-sentaçãodeeventos;epráticadiscursivadaImprensa.
Thompson(2002a)relacionaamodernidadecomdiferentesformasdeinteração entreosindivíduos:interaçãofaceaface(tradicional),interaçãomediada(telefone, bate-paponaInternet)equase-interaçãomediada(livros,jornais,rádioeTV).Ofoco destetrabalhoestá,portanto,naquase-interaçãomediadae,maisespecificamente,na MídiaImpressa.
Asinteraçõessãomeiosdecomunicaçãoentreindivíduos,ea“modernidade” foiformadaporumentrelaçamentocomplexododesenvolvimentodessesmeiosde comunicaçãocomoutrosprocessosdedesenvolvimento,consideradosnasuatotali- dade.Porisso,paraentendermosasinstituiçõesmodernasprecisamosdarlugarcen-tralaodesenvolvimentodosmeiosdecomunicaçãoeaoseuimpacto.
Foramraríssimososteóricossociaisquederampapelsignificativoaoprogresso dosmeiosdecomunicação.Atéhoje,aênfaseestá,sobretudo,nosprocessosdera- cionalizaçãoedesecularização.Thompsonsedestacacomoumdosnomesquees-capouaessamodelagemderaciocínio,servindo,dessemodo,comoumadasbases, emrelaçãoàTeoriaSocialdaMídia,paraopresentecapítulo.
Agorapretendoesboçar,demodosucinto,umhistóricorazoavelmentedocu- mentadoecomclarasbasesinstitucionais,desdeaspequenaserudimentaresmáqui-nasimpressorasdoséculoXVatéaosenormesconglomeradoshojeexistentesnaárea dacomunicaçãosocial.Comentareiantesoentrelaçamentodopodersimbólico,cuja
Odiscursodamídia
impressa
instituiçãoparadigmaéaMídia,comoutrasformasdepoder(econômico,políticoe militar),parachegarmosàinstituiçãoTribunaldeContas.
3.1 Poderindividualeinstitucional
SegundoThompson(2002a),poderéacapacidadede,medianteações(nelas entendidas as interações), alcançar objetivos e interesses, de intervir no curso dos acontecimentosenasprópriasconseqüênciasdeleadvindas.Paraoexercíciodopo-der,osindivíduosempregamrecursosdisponíveis,eosrecursossãoosmeiospara alcançardeterminadofim.Oacúmuloderecursospodeaumentaropodernasmãos deumindivíduooudeumainstituição.
Muitasvezespensamosempodercomoalgoinstitucional,masademonstração depoderévistanamaiscorriqueiraconversadepessoasnarua,comotambém,de maneiraemblemática,nosrecônditosderepartiçõespúblicasonde,àsvezes,milhões emilhõesestãoempauta,nosmaisdiversostiposdenegociação.Mas,háclaramente umavastaredederelaçãodepoderentreindivíduosquenadaoupoucotemaver comoEstado.
Seguindo Michael Mann, Thompson (2002a) distingue quatro tipos de poder: econômico,político,coercitivoesimbólico.Paraele,há“instituiçõesparadigmáti-cas”,combaseprivilegiadaparaoexercíciodedeterminadotipodepoder.Oautor argumentaqueaatividadeprodutivafornecebaseparaopoderioeconômicoe,em-boraimpliquemisturacomplexadediferentestiposdeatividade,recursosepoder, aindaassim,mantém-seaorientaçãoparadeterminadopoder.
Opoderpolítico,bastanteligadoaoEstado,derivadaatividadedecoordenação dosindivíduosedaregulamentaçãodospadrõesdesuainteração.Opodercoerci-tivocompreendeouso,ouameaçadeuso,daforçafísica,comonopoderiomilitar, oudeoutrotipodeforça,poderdeaplicarsanções,porpartedoEstado.AMídiaéa instituiçãomodelodopodersimbólico,emborasejaminegáveisainfluênciapolítica eacapacidadeeconômicadessesegmentodasociedade.Essasdistinções,noentan-to,sãodecunhoestritamenteanalíticoe,naprática,veremosumamálgamadesses diversostiposdepodernasinstituições,compendênciamaisforteparadeterminado tipodepoder,comojáassinalei.
3.2 Histórico
Antesdequalquercoisaprecisoressaltarque,nestecapítulo,estaremostratando primordialmente,masnãoexclusivamente,dopodersimbólico,eumquestionamen-tobásicoseimpõe:dequemaneiraaorganizaçãosocialdessetipodepodermudou comoadventodassociedadesmodernas?Thompson(2002a)apontatrêsmudanças.
IohannGutenberg
<http://en.wikipedia.org/wiki/johann_Gutenberg>
Asegundamudançadizrespeitoàgradualexpansãodesistemasdeconheci- mentoedeinstruçãoessencialmentesecularizados,ouseja,asescolaseasuniversi-dadessetornaramcadavezmaisaptasparaatransmissãodeumasériedehabilidades edeformasdeconhecimento,entreasquaisoconhecimentodaescritaeraapenas umaparte.
Aterceiramudançaimportantenaorganizaçãosocialdopodersimbólicoeque, geralmente,temrecebidomenosatençãodoqueasduasprimeiras,apesardeservir- lhesdeapoioatécertoponto,foiamudançadaescritaparaaimpressãoeoconse-qüentedesenvolvimentodasindústriasdaMídia.
OsurgimentodasindústriasdaMídiacomonovabasedopodersimbólicoéum processoqueremontaàsegundametadedoséculoXV(1450-1500).Portanto,oad-ventodaindústriagráficarepresentouosurgimentodecentrosederedesdessetipode poderque,geralmenteescapavamaocontrolereligiosoeestatal,masqueaIgrejaeo Estadoprocuraramusarembenefíciopróprioe,detemposemtempos,tentaramsupri-mir.Podemosassim,combaseemThompson(2002a),resumirosprincipaisfatosque prepararamocaminhoparaosurgimentodaImprensacomoaprincipalfontedopoder simbólico:
• SéculoIIIdC,opapeleralargamenteutilizadoemtodaaChinaparamanus-crevereparaoutrasfinalidades,essastécnicasdefabricaçãodepapelforam seespalhandopormeiodemercadores;
• SéculoXIII(1201-1300),opapeleuropeucomeçouaserproduzidoemgran-deescala;
• MeadosdoséculoXIV(1350),opapeljáerausadoemtodaaEuropa,garan-tindoumleve,macioefacilmentedisponívelmeiodeescritaqueserevelaria idealparaosobjetivosdaimpressão;
ABíbliadeGutenberg <http://en.wikipedia.org/wiki/johann_
Gutenberg>
• SéculoXV,porvoltade1450,Gutenbergaperfeiçousuastécnicasosuficiente paraasexplorarcomercialmentee,em1454pelomenospartedesuaBíblia estava completa. Poucos anos depois, muitas oficinas tipográficas estavam operandoemMainz;
• SéculoXV,em1480,haviatipografiasinstaladasemmaisdecemcidadesda Europaeumflorescentecomérciodelivrostinhasurgido;
• PrimeirasdécadasdoséculoXVI,AntonKoberger,deNuremberg,desenvol-veu uma organização editorial de porte e, em 1563, Plantin de Antuérpia formouumsindicatodeeditoresecriouamaioremaispoderosaorganização editorial,controlandoovirtualmonopóliodevendadetextoslitúrgicospor todooImpérioEspanholdosHabsburgos.
Thompson (2002a) ainda destaca que, antes do advento da imprensa, várias redesregularesdecomunicaçãotinhamsidoestabelecidasnaEuropa,dessasodesta- quevaiparaquatrotipos:1)umaestabelecidaecontroladapelaIgrejaCatólica;2)ou-tranasmãosdasautoridadespolíticasdosEstadosedosPrincipados;3)umaterceira ligadaàexpansãodaatividadecomercialcomoinstituição;4)e,porúltimo,umarede informaldecomerciantes,demascastesedeentretenedoresambulantes,taiscomo contadoresdehistóriasetrovadores.Essasredes,desumaimportânciaparaoadvento daimprensa,sedesenvolveramcomosseguintesdestaques:
• Século XV, estabelecimento de serviços postais oficiais em alguns estados, quesópodiamserutilizadosporparticulares,medianteautorizaçãoespecial epagamento;
• SéculoXVII,ampliaçãodosserviçospostaisparaparticulares;
• SéculosXVIIeXVIII,emergênciadeumaredeintegradadecomunicaçãopos-talpública,fornecendoserviçosdomésticoseinternacionais;
Comessepanodefundododesenvolvimentotecnológicotantoparaautiliza-çãodopapeledaprensadeGuttenberg,quantoparaousodosmeiosdetransporte dascomunicações,trareiumpequenoresumodosfatosligadosàMídiaImpressa:
• Meados do século XV: uma variedade de folhetos informativos, pôsteres e cartazes começaram a aparecer, como valiosa fonte de informações sobre acontecimentoscorrentesedistantes;
• SegundametadedoséculoXVI:começaramasurgirpublicaçõesperiódicas denotíciasedeinformações;
• DuasprimeirasdécadasdoséculoXVII:origensdosjornaismodernos,notí-ciassemanais,comcertograudeconfiabilidade;
• SéculoXVII:Colônia,Frankfurt,AntuérpiaeBerlimtornaram-seosprimeiros centrosdeproduçãodejornais,eadistribuiçãoerafeitapeloschefespostais, comtiragemmínimamodestade400cópias,asreportagenseramsobreas-suntosexternosporcausadasupervisãodoGoverno;
• SéculoXVIII:evoluçãodaimprensaperiódicaembasescomerciaiseinde-pendentesdopoderdoEstadonaInglaterra,comoDailyCourant,deSamuel Buckley,1702;
• SéculoXVIII,1750:Londrescontavacomcincojornaisdiáriosbemestabe-lecidos,seistri-semanais,cincosemanáriosemuitosoutrosperiódicosmais baratos:circulaçãototaldeaproximadamente100.000cópiasporsemana; •
FinsdoséculoXIX:aliberdadedeimprensatinha-setornadomatériaconsti-tucionalemmuitosestadosocidentais.DeacordocomoProf.Dr.JairBorin, daEscoladeComunicaçõeseArtesdaUSP,essafoiaépocadodesenvolvi-mentodaimprensanosEstadosUnidos;14
• Ojornal“Sun deNovaYork”,centradonocais,eraeditadocom5.000exem-plares,eapenascincoanosmaistardejávendia30.000exemplares;
• BenjamimFranklinpopularizouaimprensaaoreduzirosvaloresdosjornais normaisdeUS$0,12para0,2centavodedólar.Osjornaispopularespassam acontarcomumatiragemde80.000exemplares.
Paraconcluiressehistórico,tragoasponderaçõesdeThompson(2002a)sobre astendênciascentraisnodesenvolvimentodasindústriasdaMídiadesdeoiníciodo séculoXIX:1)transformaçãodasinstituiçõesdaMídiaemconglomeradoscominte- ressescomerciaisdegrandeescala;2)globalizaçãodacomunicação;e3)desenvolvi-mentodasformasdecomunicaçãoeletronicamentemediadas.
EmborajánoséculoXVIIIaMídiatenhaevoluídoparaoladocomercial,somen- tenoiníciodoséculoXIXessemovimentoaumentousignificativamente,principal-mente,pelosseguintesmotivos:
15 ArtigonaInternet:disponívelem:<http://cidadeusp.br/educar2001/med3ses3.php.>Acessoem:1ºset2005. • substancialcrescimentodapopulaçãourbana,e,duranteasegundametade
doséculoXIX,declíniosignificativodastaxasdeanalfabetismo;
• jornalismomaisleveemaisvivo,comapresentaçãomaisatraenteparaalar-garocírculodeleitores;
• oaumentodonúmerodeleitoresproporcionouparaapropagandacomercial umpapelimportantenofinanciamentodaindústriadaMídia;
• desenvolvimento das organizações multimídia e multinacionais de grande porte,comconcentraçãocadavezmaisintensa;
• primeirasexperiênciascomtelégrafoeletromagnético;
• primeiradécadadoséculoXX,tecnologiadetransmissãodafalaporondas eletromagnéticas;
• depoisdaprimeiraGuerraMundial,WestinghouseeMarconicomeçaramas primeirasexperiênciascomtransmissõesradiofônicas,istoé,transmissãode mensagensporondaseletromagnéticasparaumaaudiênciaindeterminadae potencialmentevasta;
• desenvolvimentodorádioem1920edatelevisãoem1940.Essesforamins- trumentosrevolucionários,principalmente,porampliaroespaçodosnão-es-colarizadosnosmeiosdecomunicação,poisantessópodiamouviraleitura oucomentáriosdeoutrosarespeitodasnotícias.15
OquadrodoBrasil,comocolôniaportuguesa,eradeatraso.Nãohaviaqualquer tipodeimprensa,osjornaiseramproduzidosnaGrãBretanhaeaquichegavamcom pelomenos30diasdeatraso.Oprimeirojornalbrasileiro,CorreioBraziliense,foi
ThefirststeamcylinderpressinventedbyFrederickKoenig,andusedinprinting“The Times”<www.usgennet.org/.../images/plate9.>