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DENIELSON MOURA FERREIRA MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA CARREIRA DO MAGISTÉRIO ESTADUAL DO PARÁ: 1986 - 2010

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MESTRADO ACADÊMICO EM EDUCAÇÃO LINHA: POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS

DENIELSON MOURA FERREIRA

MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA CARREIRA DO MAGISTÉRIO ESTADUAL DO PARÁ: 1986 - 2010

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DENIELSON MOURA FERREIRA

MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA CARREIRA DO MAGISTÉRIO ESTADUAL DO PARÁ: 1986 - 2010

Dissertação apresentada na Linha de Políticas Públicas Educacionais, do Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGED, do Instituto de Educação - ICED, da Universidade Federal do Pará - UFPA, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Educação, sob a orientação da professora Drª Dalva Valente Guimarães Gutierres.

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Ferreira, Denielson Moura, 1976-

Mudanças e permanências na carreira do magistério estadual do Pará : 1986-2010 / Denielson Moura Ferreira. - 2016.

Orientadora: Dalva Valente Guimarães Gutierres.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências da

Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Belém, 2016.

1. Salários - Professores - Pará. 2. Professores - Condições econômicas - Pará. 3. Professores - Estatuto legal, leis, etc. - Pará. 4. Educação - Servidores públicos - Vencimentos, bonificações, etc. - Pará. I. Título.

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MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA CARREIRA DO MAGISTÉRIO ESTADUAL DO PARÁ: 1986 - 2010

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________ Profª. Drª. Dalva Valente Guimarães Gutierres - Orientadora

Universidade Federal do Pará - UFPA

_____________________________________________________ Profª. Drª. Rosana Maria Gemaque - Examinadora

Universidade Federal do Pará - UFPA

____________________________________________________ Profª. Drª. Márcia Aparecida Jacomini - Examinadora Externa

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP - SP

____________________________________________________ Profª. Drª Vera Lúcia Jacob Chaves - Suplente

Universidade Federal do Pará - UFPA

__________________________________________________ Prof. Dr. Marcos Bassi - Suplente Externo

Universidade Federal do Paraná - UFPR

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À minha mãe!

Que sozinha me criou Para meu próprio caminho trilar Que tudo me ensinou Muita garra para lutar Integridade e muito amor a ela devo (...) Tudo o que eu ganhar e conquistar (...) Pois sei que, em tudo que faço e que farei...

“Terei sempre o seu carinho, a sua mão E tudo será fruto desse corajoso e enorme coração”

[...]

Trecho da Música “Trem da Minha Vida” - Jorge Vercillo (CD “Trem da Minha Vida - ao vivo”- 2009)

À memória de minha querida avó Raquel de Moura Ferreira! Que sempre me apoiou na minha vida estudantil.

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos a Deus pelo precioso dom da vida;

À minha mãe Iracenir (Irá), que mesmo diante das dificuldades nunca hesitou na educação de seus filhos, sempre lhes oferecendo o que podia de melhor, minha eterna gratidão.

À minha avó (in memória) Raquel, que durante sua vida sempre me apoiou em minhas

decisões sobre a vida estudantil.

Agradeço também às minhas irmãs Valdete (Dete), Jane, Diene e Dielle, especialmente às duas últimas pelo companheirismo durante o período do mestrado e pelo compartilhamento das dificuldades e angústias durante o processo de construção deste trabalho.

Aos meus sobrinhos Suzane, Victor Rafael, Higor e Alana Sophia, que possam trilhar o caminho na árdua tarefa de estudar.

Aos meus familiares, pelo apoio incondicional que me proporcionou o ingresso e a conclusão do mestrado.

À professora Rosa Maria Farias dos Santos, diretora da Escola Estadual “Profª Antônia

Rosa”, no município de São João da Ponta, diretora à época do meu ingresso no mestrado, pelo apoio e pela não hesitação em relação ao meu licenciamento.

À Secretaria Estadual de Educação - SEDUC -, pela liberação para dar continuidades aos meus estudos, sem a qual as dificuldades seriam maiores para o cumprimento das tarefas do curso.

Ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará - SINTEPP -, em especial à Sílvia Letícia e ao Hamilton Corrêa pela disposição no fornecimento de dados e/ou informações para este trabalho.

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Meus agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES -, pela concessão de bolsa que contribuiu satisfatoriamente para a execução desta dissertação e para a ampliação de meu aprendizado.

Agradeço a todos os meus professores da Educação Básica e da graduação, que certamente contribuíram para a realização do mestrado.

Ao Grupo de Estudos em Gestão e Financiamento da Educação - GEFIN -, local que me acolheu e me proporcionou significativo aprendizado.

Aos colegas do GEFIN, em especial à Ana Paula pela parceria na produção de artigos e pelo compartilhamento das angústias.

Aos colegas do mestrado da turma 2014 e aos da disciplina “Seminário de Pesquisa” da turma 2015, pelo companheirismo, pela troca de conhecimentos e de experiências e pelo apoio nos momentos de dificuldades durante o processo de construção desta dissertação.

Aos professores do mestrado acadêmico em “Políticas Públicas Educacionais”, Professores

Doutores Vera Jacob, Ney Cristina, Olgaíses Maués, Gilmar Pereira, Marilena Loureiro, Rosana Gemaque e Benedito Ferreira pelos conhecimentos compartilhados que têm contribuído para o meu crescimento pessoal e intelectual, minha gratidão.

Agradeço em especial à minha orientadora, professora Doutora Dalva Valente Guimarães Gutierres, pela paciência, compreensão, compromisso e pelo exemplo de pessoa e de profissional comprometido com a melhoria da qualidade da educação pública e com a construção de um mundo melhor para todos.

Aos membros da Banca Examinadora, professoras Drª Rosana Gemaque (UFPA) e Márcia Aparecida Jacomini (UNIFESP - SP) pelas importantes contribuições para a conclusão deste trabalho.

Meus agradecimentos também a todas as pessoas que direta ou indiretamente incentivaram e contribuíram para a realização do mestrado, com um simples gesto ou uma palavra de apoio.

(8)

RESUMO

Este estudo analisa a carreira do magistério público do Estado do Pará na perspectiva de verificar as mudanças e as permanências a partir da Lei 7.442/2010, que dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR/2010. A concepção de carreira adotada baseia-se na ideia de que o desenvolvimento da trajetória profissional docente deve ser acompanhado da consequente melhoria remuneratória em função de fatores como tempo, formação inicial e continuada e desempenho. Por meio de pesquisa documental tendo como fontes especialmente a Lei nº 5.351/1986 que aprovou o Estatuto do Magistério e a Lei 7.442/2010 que aprovou o PCCR/2010, analisaram-se as mudanças e as permanências na carreira docente a partir de cinco eixos: estrutura dos cargos; formas de admissão/ingresso na carreira; jornada de trabalho; critérios de progressão/evolução na carreira; vencimento e composição da remuneração. Com o PCCR a carreira passou a se estruturar em quatro classes (I a IV), correspondendo à formação de nível superior, especialização, mestrado e doutorado, extinguindo-se cargos anteriores. As formas de ingresso na carreira foram mantidas, mas alteradas as exigências. A jornada de trabalho teve sua composição alterada pela elevação do percentual destinado à hora atividade de 20% para 25%. A movimentação na carreira em forma de progressão horizontal e vertical foi mantida, mas alteraram-se os critérios para a progressão horizontal e os percentuais de acréscimo salarial, introduzindo-se como condicionalidade à evolução na carreira as condições orçamentárias do Estado. No que se refere ao vencimento e à composição da remuneração foi definido 30% a mais de gratificação para os professores que atuam na Educação Especial e criadas gratificações aos professores que atuam na Superintendência do Sistema Penal - SUSIPE - e Fundação da Criança e do Adolescente - FUNCAP - e no Sistema Modular de Ensino - SOME. As mudanças e permanências verificadas após o PCCR/2010 retratam a correlação de forças do momento histórico, permeada pela luta dos trabalhadores da educação junto ao governo estadual e, portanto, como qualquer processo político, apresentam resultados parciais para a valorização dos profissionais do ensino estadual do Pará.

(9)

ABSTRACT

This study analyses the career of the public school body of Pará in the perspective of examining the changes and continuities from Law 7.442/2010, which provides for PCCR/2010 (Offices, Career

and Remuneration Plan). It was assumed a definition of career based on the idea that a teacher’s

professional trajectory must be followed by an improvement in pay based on factors like time, performance and initial and continuing formation. Through file research using sources like Law 5.351/1986, which approved the School Body Statute; and Law 7.442/2010, which approved

PCCR/2010; were analyzed the changes and continuities of the teachers’ career through 5 axis:

office structure, job admission ways, working hours, job progression criteria and pay. With PCCR career is structured in four classes (I through IV), corresponding to formation of higher education, specialization, master and doctorate, with previous positions extinct. Ways of job admittance were kept, but their requirements changed. The working hours changed in composition through the raise of the time-activity percentage from 20% to 25%. Career movement through horizontal and vertical progress was kept, but the criteria of horizontal progress and the salary increase percentage were changed, introducing the budgetary situation of the State as condition to career evolution. As for pay, it was defined a 30% raise for teachers who worked on Special Education, plus the creation of rewards for teachers working on SUSIPE (Superintendence of Criminal Justice System), FUNCAP (Children and Adolescents Institute) and SOME (Modular Education System). The changes and continuities observed after PCCR/2010 portrait the interconnection of powers in the historic moment, permeated in fights of education workers and the government; and, like any political process, it shows partial results to the evaluation of education professionals of Pará.

Keywords: School Body Career, Pará’s Public School Body Statute, Teachers Evaluation, Career

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Valor do PSPN proposto pela CNTE e valor reajustado pelo MEC 78

(2008- 2015)

TABELA 2: BRASIL: Número e Percentuais de Professores com formação de 83

Nível superior (2010-2014)

TABELA 3: PARÁ: Mesorregiões, número de municípios e da população e a 89

participação sobre a população do Estado (2014)

TABELA 4: PIB e PIB per capita do Brasil e do estado do Pará (2002 - 2012) 91 TABELA 5: PARÁ: Indicadores Sociais (2002 - 2012) 92 TABELA 6: REGIÃO NORTE: Matrícula da Educação Básica por Etapa de 94 Ensino Básico (2014)

TABELA 7: REGIÃO NORTE: Matricula da Educação Básica por Dependência 95 Administrativa (2014)

TABELA 8: REGIÃO NORTE: Matricula da Educação Básica por Modalidades 96 de Ensino (2014)

TABELA 9: PARÁ: Dados Orçamentários (2007 - 2014) 96

TABELA 10: PARÁ: Receita Total da Função Educação (2007 - 2014) 97 TABELA 11: PARÁ: Despesas da Educação por Subfução em R$ (2007 - 2014) 99

TABELA 12: PARÁ: Receitas de Recursos do FUNDEB em R$ (2007 - 2014) 100 TABELA 13: PARÁ: Despesas/Aplicação dos Recursos do FUNDEB (2007 - 2014) 101

TABELA 14: PARÁ: Evolução das Matriculas da Educação Básica por Etapa 107 (2007 - 2014)

TABELA 15: PARÁ: Evolução das Matrículas da Educação Básica por 108 Dependência Administrativa (2007 - 2014)

TABELA 16: PARÁ: Evolução da Matrículas da Educação Básica por Modalidades 108 de Ensino (2007 - 2014)

TABELA 17: PARÁ: Número de Escolas da Educação Básica (2007 - 2014) 109

TABELA 18: PARÁ: Total de Professores da Educação Básica por Níveis de 110 Formação (2007 - 2014)

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TABELA 20: PARÁ: Evolução das Matrículas da Educação Básica da Rede 112 Estadual de Ensino, por Etapa (2007 - 2014)

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Mapa do Estado do Pará 88 FIGURA 2: Manifestação dos Professores em Greve - Maio/2010 132 FIGURA 3: Professores sendo agredidos durante movimento grevista - Junho/ 140 2010 FIGURA 4: Professores em greve pelo não-pagamento do Piso Salarial e pela 159 retirada das aulas suplementares - Junho/2015

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Organograma da SEDUC - 2014 104 QUADRO 2: Diretrizes e Objetivos/Metas do Plano Estadual de Educação - PEE 123 para a Valorização dos Trabalhadores em Educação

QUADRO 3: Vencimentos iniciais a partir do Nível A, da Classe I - professor com 139 20 horas

QUADRO 4: Estrutura dos Cargos no Estatuto do Magistério/1986 e no 149

PCCR/2010

QUADRO 5: Quadro Suplementar do Magistério (QSM) do Estado do Pará 151 QUADRO 6: Formas de Admissão/Ingresso na Carreira, no Estatuto do Magistério/ 151

1986 e no PCCR/2010

QUADRO 7: Jornada de Trabalho no Estatuto do Magistério/1986 e no 155 PCCR/2010

QUADRO 8: Critérios de Progressão Horizontal na Carreira do Magistério 162 Publico no Estatuto do Magistério/1986 e no PCCR/2010

QUADRO 9: Critérios de Progressão Vertical na Carreira do Magistério Público 167 no Estatuto do Magistério/1986 e no PCCR/2010

QUADRO 10: Vencimento e Composição da Remuneração dos Professores no 171

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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade.

ALEPA Assembleia Legislativa do Estado do Pará. ANA Avaliação Nacional de Alfabetização.

ANFOPE Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação. APEPA Associação dos Professores do Estado do Pará.

ASCOM Assessoria de Comunicação. CAQ Custo Aluno Qualidade. CAQI Custo Aluno Qualidade Inicial CCJ Comissões da Constituição e Justiça. CEB Câmara de Educação Básica.

CEE Conselho Estadual de Educação. CENTUR Fundação Cultural Tancredo Neves. CF Constituição Federal.

CFFO Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. CIG Centro Integrado de Governo.

CONAE Conferência Nacional de Educação. CNE Conselho Nacional de Educação.

CNTE Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. CONSED Conselho Nacional dos Secretários Estaduais da Educação. COSANPA Companhia de Saneamento do Pará.

DEDIC Diretoria de Ensino para a Diversidade, Inclusão e Cidadania. DEINF Diretoria de Ensino Infantil e Fundamental.

DEMP Diretoria de Ensino Médio e Profissionalizante.

DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. EC Emenda Constitucional.

EJA Educação de Jovens e Adultos. FEP Fundação Educacional do Pará.

FEPEP Federação Paraense dos Professores do Estado do Pará. FHC Fernando Henrique Cardoso.

FUNCAP Fundação da Criança e do Adolescente do Pará.

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.

FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.

GED Gratificação de Estímulo à Docência.

GEFIN Grupo de Estudo em Gestão e Financiamento da Educação. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

ICED Instituto de Ciências da Educação.

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. IDH Índice de Desenvolvimento Humano.

IEP Instituto de Educação de Pará.

INEP Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais. LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

MARE Ministério da Administração e Reforma do Estado. MDE Manutenção e Desenvolvimento do Ensino.

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MPT Ministério Público do Trabalho.

NASPE Núcleo Assessor de Política Educacional. OAB Ordem dos Advogados do Brasil.

OIT Organização Internacional do Trabalho. OS Organizações Sociais.

PARFOR Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica. PCCR Plano de Cargos, Carreira e Remuneração.

PDRAE Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. PEE Plano Estadual de Educação

PIB Produto Interno Bruto. PL Projeto de Lei.

PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. PRND Programa Nacional de Desburocratização.

PSDB Partido da Social Democracia Brasileira. PSPN Piso Salarial Profissional Nacional. PT Partido dos Trabalhadores.

Q.P.M. Quadro Permanente do Magistério Público Estadual. Q.S.M. Quadro Suplementar do Magistério.

RJU Regime Jurídico Único. SAEN Secretaria Adjunta de Ensino. SAGE Secretaria Adjunta de Gestão.

SALE Secretaria Adjunta de Logística Escolar. SEAD Secretaria da Administração.

SEDUC Secretaria Estadual de Educação. SEFA Secretaria da Fazenda.

SEGOV Secretaria de Governo SEMOR Secretaria da Modernização

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte.

SEPOF Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças. SINTEPP Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará. SOME Sistema de Organização Modular de Ensino.

STF Supremo Tribunal Federal.

SUDAM Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia. SUSIPE Superintendência do Sistema Penal.

TAC Termo de Ajuste de Conduta. UEPA Universidade Estadual do Pará. UFPA Universidade Federal do Pará.

UNDIME União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação.

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. URES Unidades Regionais de Educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...17

Origem do Estudo...22

Problematização...25

Fundamentação Teórico-Metodológica...29

Procedimentos Metodológicos...33

Organização da Pesquisa...35

CAPÍTULO I - POLÍTICAS EDUCACIONAIS E DE CARREIRA DOCENTE NO CONTEXTO DO CAPITALISMO E DE REDEFINIÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO...38

1.1- A Crise do Capitalismo dos anos de 1970 e a Reforma do Estado Brasileiro da década de 1990...39

1.2 - O Plano de Reforma do Estado Brasileiro e suas implicações para a configuração do serviço público...51

1.3- A Reforma do Estado Brasileiro e as Políticas de Carreira do Magistério Público ...59

1.3.1- Políticas Educacionais, Valorização do Magistério e Carreira Docente a partir de 1990: o FUNDEF, o FUNDEB, as Diretrizes de Carreira, o PSPN e o PNE...62

CAPÍTULO II: POLÍTICAS DE CARREIRA DO MAGISTÉRIO PÚBLICO NO ESTADO DO PARÁ...86

2.1 - O Estado do Pará no contexto da Região Norte...86

2.1.1- Aspectos Históricos...86

2.1.2 - Localização e Aspectos Físicos. ...87

2.1.3 - População e Divisão Administrativa...89

2.1.4 - Aspectos Econômicos...90

2.2 - Os recursos Públicos para a educação no Pará...96

2.3 - A Política Educacional da Rede Estadual de Ensino do Pará...102

2.3.1 - Organização e estrutura da Educação Básica Estadual do Pará...102

2.3.2 - Oferta e atendimento educacional da Educação Básica no Estado do Pará...107

2.4 - Política de Carreira do Magistério Público no Estado do Pará ...116

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2.4.2 - A Carreira do Magistério Público e o Plano Estadual de Educação - PEE/

2010...119

2.4.3 - A Carreira Docente e o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) - Lei nº 7.442/2010...126

2.4.3.1- O Processo de construção do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração...126

PCCR/2010 2.4.3.2 - O PCCR proposto pelo Governo Estadual e a posição do Sindicato...132

2.4.3.3 - O processo de aprovação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR/2010...144

CAPÍTULO III: A CARREIRA DO MAGISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ NO PCCR/2010 EM RELAÇÃO AO ESTATUTO DO MAGISTÉRIO/1986: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS...148

3.1 - Estrutura dos Cargos...148

3.2 - Formas de Admissão/ingresso na carreira...151

3.3 - Jornada de Trabalho...154

3.4 - Formas de Progressão/evolução na carreira...162

3.5 - Vencimento e composição da Remuneração...170

CONSIDERAÇÕES FINAIS...179

REFERÊNCIAS...184

(18)

INTRODUÇÃO

O tema da carreira e da valorização dos profissionais do magistério público remonta ao ano de 1932 com o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova1”. A partir da década de 1950, com o elevado crescimento de matrículas em decorrência da industrialização, para atender a demanda de alunos “os professores passaram a ser formados em massa, em curso de baixa qualidade, a perceber menores remunerações e a acumular jornadas de trabalho” (DUTRA JR, 2000, p. 64), o que contribuiu diretamente para a intensificação do processo de desvalorização dos profissionais do magistério. Nos anos de 1970, a Lei nº 5.692/1971 estabeleceu em seu art. 36 que “em cada sistema de ensino deveria haver um estatuto para estruturar a carreira do magistério de 1º e 2º graus, com acessos graduais e sucessivos”, tendo em vista, garantir a valorização aos profissionais do magistério público. Segundo Monlevade (2000), mesmo se tratando de uma determinação legal, muitos sistemas de ensino não atenderam ao dispositivo da Lei. Na década de 1980, o tema passou a constituir-se pauta das discussões acadêmicas e sindicais, tendo sua intensificação a partir dos anos de 1990, através da política de fundos para o financiamento da educação, representado pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização dos Profissionais do Magistério (FUNDEF), criado em 1996; pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) instituído em 2007; e mais recentemente com a Lei do Piso Salarial Profissional Nacional - PSPN, em 2008.

Com o intuito de construir uma educação pública de qualidade para todos, a partir1da década de 1980, a defesa da valorização docente foi intensificada pelos movimentos de professores, o que resultou na aprovação do princípio constitucional do art. 206 da CF/1988, pelo qual a valorização do magistério público tem como pressuposto a elaboração de Plano de Carreira com o ingresso do profissional através de concurso público de provas e títulos, além de Piso Salarial Profissional Nacional, como forma de garantir a elevação dos padrões de remuneração dos docentes. Vale ressaltar, que antes dosanos de 1980, já havia a defesa da valorização dos professores por parte de entidades da classe (Monlevade, 2000).

1 O objetivo do Manifesto era de uma educação voltada para todos, sem discriminação de classe social.

(19)

Nesse processo de implementação de políticas de carreira dos profissionais da educação básica, a questão da des(valorização) docente precisa ser compreendida sob a ótica de suas determinações políticas e econômicas, ou seja, não pode ser estudada ou analisada dissociada do processo de expansão do capital, pois as políticas de valorização do magistério, como integrantes da política educacional são também uma das facetas da política social, que subordinada a uma determinada lógica, não pode ser compreendida de forma isolada e separada da política econômica, instaurada sob o modo de produção capitalista (GERMANO, 2005).2

Para Rocha (2009), tanto na década de 1980 quanto nos anos de 1990, as lutas e conquistas dos educadores pela valorização foram acerca de melhorias salariais e pela implantação de Planos de Carreira como forma de melhorar a carreira e garantir a atratividade dessa profissão para as novas gerações, pois aspectos como a falta de professores e o abandono da carreira nos conduzem a inferir que as condições de trabalho docente2 não são as mais atrativas, corroborando os estudos de Ferreira (2004), para os quais, os professores da educação básica se encontram em processo de desvalorização salarial e de desqualificação profissional.

Nessa perspectiva, Gatti (2010, p.142) considera que a não atratividade da carreira docente está relacionada às mudanças demandadas pelo mundo do trabalho. Para a autora,

As carreiras profissionais, nas últimas décadas, em decorrência das mudanças sociais, vêm também se caracterizando pela instabilidade, descontinuidade e horizontalidade, em contraposição ao modelo de anos anteriores, quando eram marcadas por relativa estabilidade de emprego e de tipo de atividade e progressão linear vertical. Mudanças no mercado de trabalho e a sua relação com a formação profissional exigida, bem como representações sociais das profissões, associadas a status e salário, são fatores que certamente influenciam a atratividade na escolha entre diferentes áreas de trabalho.

As mudanças no mundo do trabalho, responsáveis pelas novas exigências às carreiras profissionais, apresentam fatores que influenciam na atratividade e no momento de decisão em relação a qual profissão seguir. Nesse sentido, mediante Luz (2008), o valor dos vencimentos iniciais cada vez mais baixos, a continuidade da política de professores contratados, a jornada de trabalho dos professores cada vez mais intensa e a omissão por parte de governantes em assegurar os direitos dos trabalhadores da educação, mediante uma carreira que lhes garanta valorização, não pode considerar a carreira

2 É atribuição fundamental do professor, que compreende atividades de planejar e ministrar aulas, orientar

(20)

docente como atrativa, pois, o que se pode notar é um verdadeiro processo de desvalorização dos profissionais do magistério público.

Na perspectiva de discutir a valorização docente é preciso destacar a importância dos professores para a formação da cidadania, tanto nos aspectos sócio-político-culturais como no produtivo, pois “sem o trabalho dos professores da educação

básica não há como formar qualquer outra categoria de profissionais” (GATTI;

BARRETO; ANDRÉ, 2011, p. 138). Talvez, por essa atribuição da profissão do magistério que Ferreira e Hypólito (2010) caracterizam o trabalho docente como um trabalho diferenciado dos demais, por envolver alto grau de subjetividade e complexidade. O trabalho do professor é de grande relevância para a formação do homem e o alcance da cidadania, porém o reconhecimento social e a valorização da profissão docente parecem estar muito distantes pelo que tem sido materializado pelas políticas públicas educacionais.

Isso demanda uma discussão sobre a carreira dos profissionais da educação básica diferenciada das demais categorias de trabalhadores, considerando digna remuneração e condições de trabalho3 para que o professor se sinta motivado a realizar um bom trabalho durante toda a sua carreira “para contribuir com a formação de outros cidadãos” (BOVERO, 2002, p. 120).

Sobre isso, Morduchowicz (2003) em seu estudo “Carreiras, Incentivos e Estruturas Salariais Docentes”, mostra que na maioria dos países da América Latina, como no Brasil, a Carreira Docente apresenta semelhanças em sua estrutura, principalmente no que diz respeito ao incentivo de desempenho que ainda é muito escasso, e o tempo de serviço vem sendo o fator de influência para a concessão de aumentos e promoções. No que diz respeito às remunerações, elas são compostas de um salário básico e vários adicionais.

3 A ausência de garantia em relação às melhorias salariais e de condições de

trabalho pode causar um clima de insatisfação nos professores em relação à carreira, contribuindo para que esta seja cada vez menos atrativa e comprove o que Morduchowicz (2003, p.10) apresenta em sua análise, ao dizer que “são em número cada vez menor os cargos que permitem obter aumento salarial quase sempre que exclusivamente por tempo de serviço, e que a única via de mobilidade de seu pessoal é a saída para postos de gestão

3 De acordo com Assunção (2003), Kuenzer e Caldas (2007), as condições de trabalho são identificadas

(21)

e direção”. Essa análise de Morduchowicz (2003) nos permite entender que a fuga de pessoal para os cargos superiores de gestão e direção se dá por melhorias salariais, uma vez que, no geral, a remuneração docente é baixa e a progressão que poderia ser um fator de melhoria salarial, na maioria dos casos analisados pelo autor, é basicamente por tempo de serviço.

A valorização dos profissionais da educação pública, segundo a LDB nº 9.394/96 em seu art. 67, deve ser garantida pelos sistemas de ensino por meio de Estatuto e Plano de Carreira para o Magistério Público, nos quais deverão estar assegurados o ingresso na carreira exclusivamente por concurso público de provas e títulos; a formação profissional continuada com licenciamento remunerado; o piso salarial profissional; a progressão funcional; o período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; e condições adequadas de trabalho.

Nessa perspectiva, a carreira do magistério público é referenciada tanto pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF - Lei nº 9.424/1996 (que vigorou por um período de dez anos) como pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB - Lei nº 11.494/2007. Trata-se de dois fundos financeiros que apresentam em comum, entre outros aspectos, a exigência de criação de Planos de Carreira e Remuneração para professores em todos os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, como forma de valorizar os profissionais da educação. A carreira do magistério público foi preconizada também pelo Conselho Nacional de Educação - CNE - por meio da Câmara de Educação Básica - CEB - que instituiu a Resolução nº 03/1997. Esta Resolução fixou as diretrizes para os Novos Planos de Carreira e de Remuneração para o Magistério dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, buscando regulamentar o disposto no art. 67 da LDB/96.

Vale salientar, que tanto a carreira quanto a valorização do magistério público se tratam de determinações legais, e que até 2008 “não havia legislação nacional definidora de igualdade salarial para os profissionais da educação pública no Brasil” (VIEIRA, 2013, p. 113). Dessa forma, “cada ente federado, Estados, Distrito Federal e Municípios - reajustava o salário dos profissionais de acordo com sua legislação e suas regras” (idem).

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Profissional Nacional - PSPN foi instituído pela Lei 11.738/2008. Para Vieira (2013), a aprovação da Lei do Piso Salarial pode representar uma vitória para os docentes da educação básica. Porém, não podemos deixar de fazer o seguinte questionamento: até que ponto a Lei do PSPN pode ser considerada vitória para os docentes, uma vez que, o que a autora chama de igualdade salarial, refere-se à proposta de igualdade de vencimento e não de remuneração?

Tendo em vista que a carreira docente no Brasil é heterogênea, podemos observar em Planos de Carreira, variações nos valores do vencimento-base quando comparadas as dependências administrativas e a região de atuação do professor, mesmo

com a aprovação da lei do Piso que trata do “valor mínimo abaixo do qual não pode ser

fixada a remuneração de início de carreira de um determinado profissional” (ABICALIL, 2008, p. 67). Logo, a tão almejada valorização pela igualdade salarial parece está bem distante de ser materializada. Neste sentido, concordamos com Pascholiano (2008, p.06) ao postular que “a situação financeira do professor é ponto nevrálgico do trabalho

docente”.

Vieira (2013) enfatiza que mesmo diante da demora pela regulamentação da lei

“não significa que o tema esteve sempre ausente do debate educacional” (p.113). Isso nos permite entender que a demora em transformar o Piso Salarial Profissional em lei específica pode ser explicada talvez pela falta de disposição política para o enfrentamento da questão no sentido de transformá-la em política pública.

A Lei do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) trouxe exigências que configuram a necessidade de novas diretrizes de Plano de Carreira do Magistério Público. Nessa perspectiva, o Conselho Nacional de Educação (CNE), em 2008, realizou várias audiências públicas4, cujo objetivo consistia em debater e elaborar diretrizes que pudessem subsidiar os entes federados na elaboração de seus Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação Básica, em conformidade com o art. 6º da Lei do PSPN. 4Essas mesmas exigências já tinham sido demandadas pela Lei 9.424/96 - FUNDEF.

Em 28 de maio de 2009, o Conselho Nacional de Educação (CNE), por meio da Câmara de Educação Básica (CEB), aprovou a Resolução 02/2009 que fixou as diretrizes para os Planos de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação

4 Essas audiências contaram com a participação de entidades importantes como a Confederação Nacional

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Básica Pública, considerando o que já havia sido estabelecido na CF/1988, na LDB/1996 e na Lei 11.494/2007, de que a elaboração dos Planos de Carreira e Remuneração do Magistério da Educação Básica Pública pelos Estados e Municípios deveria contemplar os seguintes princípios: acesso, formação, progressão e avaliação de desempenho, de acordo com a Lei do Piso Salarial.

Com vistas a política de valorização dos profissionais da educação básica pública, o Plano Nacional de Educação - PNE - Lei nº 13.005/2014 para o decênio 2014-2024, estabeleceu em sua meta 18 que no prazo de 2 (dois) anos todos os sistemas de ensino assegurem a existência de Planos de Carreira para os profissionais da educação básica pública.

No intuito de compreender as políticas de valorização docente no Estado do Pará, este estudo teve como objeto de análise a carreira do magistério público da educação básica do referido estado, na perspectiva de analisar as mudanças e as permanências na carreira dos professores a partir da aprovação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR (Lei 7.442/2010).

Origem do Estudo

A inquietação com a Carreira do Magistério Público do Pará iniciou-se em 2001, durante a graduação desenvolvida no curso5 de “Formação de Professores”, da Universidade do Estado do Pará - UEPA, ofertado no Município de São João da Ponta6 -PA. O contato com o tema me proporcionou um breve entendimento de que sem carreira não há valorização dos profissionais e sem valorização não se pode garantir melhoria da qualidade da educação. Como as contribuições do curso não foram suficientes para uma compreensão aprofundada sobre o tema, senti a necessidade de aprofundar 5os estudos com objetivo de conhecer o que de fato é uma carreira docente valorizada.

Em 2004, ao ingressar como professor da rede Municipal de Ensino de São João da Ponta - vivenciei diversas situações pertinentes ao que conhecemos como de desvalorização da profissão docente. Nos eventos que participávamos sobre política

5 O curso resultou de um convênio entre a Prefeitura Municipal e a Universidade do Estado do Pará - UEPA

assinado naquele ano para oferecer formação de nível superior aos professores das redes municipal e estadual de ensino que ainda não possuíam esse nível de escolaridade como exigia a LDB nº 9.394/1996, mas atuavam na docência no município.

6 O Município de São João da Ponta localiza-se no nordeste do Estado do Pará, a uma distância de

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educacional, principalmente naqueles promovidos pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP), a carreira do magistério era muito discutida como instrumento de valorização dos profissionais da educação, mas para isso precisava estar estruturada em um documento legal que garantisse tal valorização e que fosse implementado.

No curso de Especialização em “Políticas de Gestão e Financiamento da

Educação”, em 2009, na Universidade Federal do Pará (UFPA), tive a oportunidade de aprofundar o entendimento sobre carreira e valorização dos profissionais do magistério. Nesse período, os profissionais da educação básica da rede estadual de ensino, através do sindicato representante da categoria, se organizavam em defesa da elaboração e implantação de um Plano de Carreira, como estabeleciam as legislações federais vigentes. O ano de 2010 foi marcado por muitas discussões e polêmicas a respeito do PCCR entre os representantes do SINTEPP e os do governo estadual, que ao apresentarem a proposta de PCCR aos membros do sindicato, tiveram que reelaborar o documento por ter sido rejeitado pelos sindicalistas por não apresentar as propostas defendidas pelos representantes da categoria nas mesas de negociação com o governo do Estado. Nesse processo, em julho de 2010, após nova apreciação do Plano pelos representantes dos professores, finalmente o PCCR foi aprovado.

Ao ingressar na carreira do magistério vinculado à Secretaria Estadual de Educação do Estado do Pará (SEDUC/ PA), no cargo de Técnico em Educação7 no final de 2010, período em que o PCCR já havia sido aprovado, tive a oportunidade de participar de inúmeros encontros de formação com professores, onde era possível perceber com frequência a insatisfação dos docentes com a carreira e o desejo por um Plano de Cargos, Carreira e Remuneração que lhes garantisse valorização profissional e salarial.

O ano de 2011 foi de muita expectativa para os docentes da educação básica da rede estadual de ensino do Pará, por ter sido o ano do início da implantação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR). Por se tratar de um Plano novo, o PCCRgerou, além da expectativa, muitas dúvidas nos professores, dividindo opiniões entre eles. Para 6

7 Com a Lei Estadual nº 7.442/2010 que instituiu o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos

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alguns, o PCCR representava melhorias e avanços por se tratar de um documento com novas exigências para a carreira; para outros, retrocessos porque a forma proposta para a política salarial não garantia ganhos à remuneração.

Ainda em 2011, ingressei como membro voluntário do projeto de pesquisa “A

Política de Financiamento da Educação Básica no Município de Barcarena: Implicações para a democratização educacional por meio da valorização dos profissionais do magistério”, coordenada pela professora Drª Dalva Valente Guimarães Gutierres, do Grupo de Estudos em Gestão e Financiamento da Educação (GEFIN), do Instituto de Educação (ICED) da Universidade Federal do Pará (UFPA), o que ampliou meu interesse em conhecer de forma mais aprofundada como se constitui a Carreira do Magistério Público e se tal forma de constituição propicia a valorização docente.

Nesse trânsito pelas atribuições do cargo de técnico em educação e de membro da pesquisa surgiram muitas dúvidas sobre o tema da Carreira, que me motivaram a tentar ingressar, em 2014, no Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas Educacionais, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED), da Universidade Federal do Pará, com a intenção de aprofundar os estudos sobre Carreira e Valorização Docente da Educação Básica. O projeto para a seleção teve como título “A Carreira Docente no

Estatuto do Magistério e no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR no Estado

do Pará: avanços e retrocessos”.

Ao ingressar no mestrado, a proposta foi discutida pelos alunos da turma, reelaborada e aperfeiçoada, o que nos permitiu manter a mesma intenção de pesquisa, porém com o título alterado para “A Carreira do Magistério Público no Estado do Pará no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR/2010 em relação ao Estatuto/1986:

mudanças e permanências”. Após a qualificação do texto, optamos por acolher a sugestão da banca examinadora, que recomendou a alteração do título da dissertação para

“Mudanças e Permanências na Carreira do Magistério Estadual do Pará: 1986-2010”. Na condição de aluno do Mestrado e vinculado ao Grupo de Estudos em Gestão e Financiamento da Educação (GEFIN), minha inserção na pesquisa nacional

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integrado ao subgrupo9 que vem se ocupando de estudos do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos profissionais da educação do Estado do Pará e do município de Belém.7

Estudar sobre o Plano de Carreira dos Profissionais da Educação Básica da

Rede Estadual de Ensino do Estado do Pará, além de necessário, faz-se importante para contribuir com a análise sobre a temática, tendo em vista compreender se a forma como a carreira do magistério público estadual vem sendo implementada está em consonância com as legislações nacionais, e, se pode garantir valorização aos profissionais do magistério e à melhoria da qualidade do ensino público. 8

Problematização

O termo “carreira”10, se origina do latim carraria, cujo significado “caminhos

para carros”. Vale lembrar, que esse significado sofreu algumas mudanças ao longo do

tempo. Para Chanlat (1995, p. 69) carreira é defendida como “trajetória da vida profissional” ou “um ofício, uma profissão que apresenta etapas, uma progressão”. Nessa mesma direção, Dutra (1996) compreende carreira como o caminho a ser seguido por um executivo, ou uma profissão, a exemplo da carreira militar, isto é, uma espécie de caminho estruturado e organizado no tempo e no espaço que pode ser seguido por uma determinada pessoa.

Ao nos referirmos à carreira do magistério público no Brasil é preciso considerar que a organização e a luta dos professores em defesa de sua valorização profissional não é recente. No Brasil, essa organização contribuiu para o que passou a ser proposto no art. 206 da Constituição Federal/1988 que estabeleceu, dentre outras coisas, que a valorização dos profissionais da educação escolar das redes públicas de ensino deverá ser garantida através de: a) planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; e b) piso salarial profissional nacional. Essa obrigatoriedade da CF/88 foi remetida para legislações complementares, repassando assim aos Estados, ao Distrito

8 São Paulo, Pará, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Campo Grande, Cuiabá, João Pessoa, Teresina,

Boa Vista, Belo Horizonte e Natal.

9 Constituídopor graduandos, mestrandos e coordenado localmente pela professora Drª Dalva Valente

Guimarães Gutierres, da UFPA.

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Federal e aos Municípios a responsabilidade pela implantação de Planos de Carreira e Remuneração aos professores.

Vale lembrar que, a força dessa obrigatoriedade foi mais sentida a partir da década de 1990, em função de várias reformas educacionais promovidas no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Nesse período, foi apresentada uma proposta de Reforma11 do Estado Brasileiro e várias reformas estruturais de caráter neoliberais, que tinham como objetivo central, a necessidade de reestruturar o Estado com medidas que atendessem às demandas do capitalismo. Assim, as políticas de valorização dos profissionais da educação, passaram a ser elaboradas e implementadas de acordo com as orientações advindas dessa dinâmica do capital.

Ferreira (2004) defende que a atuação do Estado nos países subdesenvolvidos como é o caso brasileiro, se dá nas relações e na regulação financeira. Dessa forma, na área da educação, percebe-se que o “processo de reformas deu-se em duas frentes: uma, por meio da apresentação de um projeto global para a educação; a outra, na operacionalização de um conjunto de planos setoriais, legislação e financiamento, por

meio de Fundos” (p. 23) que, por sua vez, apresentam a valorização do magistério por meio de planos de carreira.

Sobre o financiamento da educação e a valorização do magistério, Gemaque (2004), enfatiza que as discussões pela defesa de mais recursos para a educação e a valorização dos profissionais do magistério público emergiram desde a CF/1988, mas se intensificaram nos anos de 1990 com a apresentação do Pacto pela Educação12 que culminou na elaboração do Plano Decenal de Educação13.

9

11 A discussão sobre a Reforma do Estado será melhor detalhada no capitulo I desta dissertação.

12 Tinha como uma de suas linhas de defesa a criação ou revisão de estatuto e planos de carreira do

magistério público com a implantação de um regime de trabalho de 40 (quarenta) horas semanais de trabalho, das quais pelos menos 25 (vinte e cinco) da jornada de trabalho fosse para as atividades extraclasse; estabelecimento de um Piso Salarial Profissional para professores com habilitação em nível médio e em efetivo exercício do magistério, no valor de R$ 300,00 reais (trezentos reais), não sendo consideradas as vantagens pessoais (Pacto Nacional pela Educação, 1994).

13 Documento elaborado em 1993 pelo Ministério da Educação (MEC) destinado a cumprir, no período de

uma década (1993 a 2003), as resoluções da Conferência Mundial de Educação Para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial. Esse documento é considerado “um conjunto de diretrizes políticas voltado para a recuperação da escola fundamental no país”. Através do Plano, o governo brasileiro se comprometeu em garantir a satisfação das necessidades básicas de educação de seu povo. “Dessa forma, cujo objetivo mais amplo é assegurar, até o ano 2003, a crianças, jovens e adultos, conteúdos mínimos de aprendizagem que atendam a necessidades elementares da

vida contemporânea”. Disponível em:

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Na proposta pela valorização dos profissionais da educação pública, vale destacar, a defesa por Planos de Carreira. Por esse ângulo, consideramos que a garantia de Planos de Carreira para os docentes da educação básica pública é resultado de lutas da categoria e não como força de determinações governamentais ou de organismos internacionais, embora a valorização docente por meio de planos de carreira tenha sido preconizada também pelo Pacto pela Educação.

No contexto do discurso da nova lógica do capital que fundamentou o processo de Reforma do Estado Brasileiro, foi aprovada a LDB - 9.394/96 que além de reiterar, amplia a ideia do art. 206 da CF/88, ao dispor sobre a valorização dos profissionais da educação. Essa valorização se expressa no art. 67 da LDB/96 da seguinte forma:

Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos Estatutos e dos Planos de Carreira do Magistério Público:

I- Ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II- Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim;

III- Piso salarial profissional;

IV- Progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação de desempenho;

V- Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho;

VI- Condições adequadas de trabalho; (BRASIL/1996; grifos nossos).

De acordo com os incisos de I a VI do art. 67 da LDB/96, o poder público deve oferecer, por meio dos sistemas de ensino, o mínimo imprescindível para a materialização da valorização dos profissionais do magistério público.

Sobre a forma de valorização dos profissionais da educação garantida através de Estatuto e de Plano de Carreira, Dutra Jr et al (2000, p. 36) explica a diferença conceitual entre os dois. Segundo o autor,

O Estatuto corresponde ao conjunto de normas que regulam a relação funcional dos servidores com a administração pública, e dispõe, por exemplo, sobre investidura, exercício, direitos, vantagens, deveres e responsabilidades. O Plano de Carreira consiste no conjunto de normas que definem e regulam as condições e o processo de movimentação dos integrantes em uma determinada carreira, e estabelece a progressão funcional e a correspondente evolução da remuneração (grifos nossos).

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servidor e a administração pública, enquanto o segundo, seria uma normatização15 mais específica sobre a carreira, neste caso, do magistério público da educação básica.10

No Estado do Pará, até 2010, não havia Plano de Cargos, Carreira e Remuneração, sendo a Carreira regulamentada na década de 1980, pela Lei nº 5.351/1986, que estabeleceu o Estatuto do Magistério/1986. Porém, a força da organização e mobilização da categoria e da conjuntura política e econômica que obrigava os governos a implantarem seus planos de cargos e carreira foi determinante para a criação do PCCR dos Profissionais da Educação Básica Pública em 2010 (SOUZA, 2012).

Assim, para compreender se as propostas do PCCR/2010 podem garantir valorização aos profissionais da educação básica estadual do Pará, é necessário um estudo aprofundado da carreira docente no Estatuto do Magistério de 1986 e no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR/2010. Por isso, me propus a esse desafio elegendo como questão norteadora para o presente estudo: Quais as mudanças e permanências na carreira do magistério a partir do PCCR/2010 em relação ao Estatuto do Magistério/1986?

Objetivos: 1- Geral:

Analisar a carreira do magistério público do Estado do Pará, no Estatuto do Magistério/1986 e no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR/2010, na perspectiva de identificar mudanças e permanências na carreira docente a partir do PCCR/2010.

2- Específicos:

1- Analisar as políticas educacionais de carreira docente no contexto do capitalismo e da redefinição do papel do Estado Brasileiro;

2- Analisar a política de carreira docente no Estado do Pará;

14 Conjunto de normas que regem o funcionamento de uma instituição; ou modo de reger ou dirigir; ou

conjunto de normas que regem o funcionamento de uma instituição. (Miniaurélio Século XXI Escolar, 2001, p. 592).

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3- Analisar as principais mudanças e permanências propiciadas pelo PCCR/2010, em relação ao Estatuto do Magistério/1986 na carreira do magistério público da educação básica do Estado do Pará em relação à valorização docente.

Entendo que os resultados da pesquisa poderão contribuir com os profissionais da educação paraense e com os estudiosos e pesquisadores do tema, no sentido de analisar o que mudou e o que permaneceu na carreira do magistério da educação básica pública estadual a partir do PCCR/2010 em comparação ao Estatuto do Magistério/1986.

Fundamentação Teórico-Metodológica

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Segundo Triviños (2006), ao se pesquisar um objeto, é necessário considerar suas correlações; de onde se originou e como se desenvolveu, mostrando as contradições de suas relações para só então percebê-lo, a partir de outras dimensões, com muito mais riqueza do que antes. Esse movimento é explicitado pelo autor da seguinte forma:

A categoria de totalidade para o método materialista histórico dialético é uma totalidade concreta, é um todo espiritual, ideal. É uma reprodução mental do fenômeno concreto sensível, não como ele se oferece numa primeira instância, mas como emerge depois de haver sido relacionado com outros fenômenos (econômicos, políticos, culturais e sociais) e de haver estudado seu desenvolvimento através de suas contradições. Esta concepção de totalidade do materialismo dialético baseia-se na relação dialética do todo com as partes no sentido que um fenômeno só abstratamente, artificialmente, pode ser isolado e explicado em si mesmo, alheio às circunstâncias que o produziram ou nas quais está inserido (TRIVIÑOS, 2006, p. 188).

Isso significa que para compreender o objeto de investigação, é necessário considerar as relações do objeto com os aspectos políticos, econômicos, culturais e sociais responsáveis pelo seu surgimento e pela forma como se encontra, para então compreendê-lo em sua totalidade. Essas relações são constituídas em determinados contextos, períodos e condições que possuem relação com a realidade. Com base nessa ideia, o estudo considera que a carreira do magistério básico público não é um fenômeno isolado dos aspectos que influenciam as relações sociais, por isso, só será possível compreendê-la relacionada com o contexto macro dos aspectos sociais, políticos e econômicos.

Nessa perspectiva, a análise da carreira do magistério público do Estado do Pará se dará com maior intensidade no contexto a partir da década de 1990, por este apresentar várias mudanças que podem ter influência direta na construção dos Planos e consequentemente na carreira dos profissionais da educação básica. Para explicar melhor essa ideia, recorremos a Kosik (1976) para quem,

A atitude primordial e imediata do homem, em face da realidade, não é a de um abstrato sujeito cognoscente, de uma mente pensante que examina a realidade especulativamente; porém, a de um ser que age objetivamente, de um indivíduo que exerce a sua atividade prática no trato com a natureza e com os outros homens (p. 13).

Partindo desse pressuposto, consideramos que a não neutralidade do sujeito

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internacionais - que contribuíram para tal situação e os aspectos sócio-político-econômicos determinantes da realidade em que está ocorrendo tal processo.

Essa compreensão implica refletir as condições nas quais o homem se relaciona com a natureza e se constitui como ser social. Essa relação é explicitada por Marx (1982), para quem o homem, em sua relação com a natureza, é compreendido como ser genérico que opera sobre o mundo, sobre os outros homens e sobre si mesmo enquanto espécie que busca sua sobrevivência, tendo em vista suas necessidades indiretas, que resultam de mediação e não apenas aquelas consideradas urgentes. Ao construir a natureza, o homem constrói e transforma a si mesmo como membro dessa natureza pela sua capacidade reflexiva e consciente. Ao contrário de outros animais, o homem constrói o mundo objetivo através de uma atividade social, prática e consciente: o trabalho. A natureza se humaniza a partir da produção de seu trabalho, pois,

A atividade vital consciente distingue imediatamente o homem da atividade vital animal. (...) É certo que também o animal produz. (...) Porém produz unicamente o que necessita imediatamente para si ou para sua prole; produz unilateralmente, enquanto que o homem produz universalmente; produz unicamente por mandato de necessidade física imediata, enquanto que o homem produz inclusive livre da necessidade física e só produz realmente liberado dela; o animal se produz apenas a si mesmo, enquanto que o homem reproduz a natureza inteira; o produto do animal pertence imediatamente a seu corpo físico, enquanto que o homem se defronta livremente com seu produto. (...), por isso precisamente é apenas na elaboração do mundo objetivo onde o homem se afirma como um ser genérico. Esta produção é sua vida genérica ativa. Mediante ela, a natureza aparece como obra sua e sua realidade (MARX, 1982, p. 111-112).

Essa explicitação nos ajuda a compreender o caráter social e histórico do homem, isto é, as relações estabelecidas entre o homem e a natureza e consigo mesmo que só são possíveis pela relação com outros homens e são constituídas historicamente, ou seja, toda e qualquer relação se constrói histórica e dialeticamente, assim como as políticas educacionais são construídas não como neutras e a-históricas; elas se revelam como consequências de determinadas visões de mundo, de sociedade e de educação. As relações sociais não ocorrem no vazio, mas em determinados contextos e condições materiais presentes no plano da realidade, no plano histórico, acompanhadas de relações contraditórias e conflitantes que são fundamentais para o desenvolvimento e a transformação dos fatos. Ou seja,

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consciência jamais pôde ser outra do que o ser consciente, e o ser dos homens é o seu processo de vida real (Marx e Engels, 1986, p. 79).

Essas contribuições de Marx e Engels ajudam a perceber a concepção dialética no mundo real, no conceito, na consciência real sob as categorias totalidade, contradição, mediação, ideologia e práxis. Essas categorias são fundamentais e importantes para que o homem compreenda sua condição de ser social e construa uma concepção de mundo que possa lhe fornecer meios de lutar pela sua emancipação social. Sobre isso recorremos à contribuição de Gramsci (1978, p. 85), para quem:

Pela própria concepção de mundo pertencemos sempre a um determinado grupo, precisamente o de todos os elementos sociais que partilham de um mesmo modo de pensar. Somos conformistas de algum conformismo, somos sempre homem-massa ou homens coletivos. O problema é o seguinte: qual o tipo histórico de conformismo e do homem-massa do qual fazemos parte?

Pelo fato de pertencermos a um determinado grupo social, neste caso, daquele que historicamente tem sido excluído dos benefícios políticos, econômicos e sociais que nos garantam condições mais dignas de vida, entendemos que não há outro caminho para a transformação social e para a emancipação humana, se não através da luta política entre a classe trabalhadora e 11a que detém o poder econômico, pois “a história de todas as

sociedades que existem até hoje, tem sido a história da luta de classes” (MARX E ENGELS, 2006, p. 45).

Nessa perspectiva, a condição social do homem é imprescindível para sua tomada de consciência16 no sentido de lutar pela transformação da sociedade, pois de acordo com Marx e Engels (1989) “não é a consciência dos homens que determina o seu ser; ao contrário, é o seu ser que determina a sua consciência” (p.36).

Nesse sentido, pela consciência obtida a partir da posição social dos homens, os fenômenos são transformados a partir de várias determinações presentes em uma totalidade concreta, ou seja, a natureza se apresenta como um todo coerente, no qual, objetos e fenômenos são ligados entre si.

Nesta discussão, vale citar a contribuição de Lefebvre (1975, p. 238), para quem “nada é isolado. Isolar um fato, um fenômeno e depois conservá-lo pelo entendimento neste isolamento, é privá-lo de sentido, de explicação e de conteúdo. É imobilizá-lo artificialmente, matá-lo”, isto é, na relação objeto e fenômeno, tudo se

16 Só é possível chegar à compreensão do conceito de consciência, seu significado e dimensões, se formos

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relaciona, tudo está conectado entre si e com o todo. Dessa forma, a carreira do magistério público está interligada a aspectos políticos, econômicos e sociais que contribuem para a concretização da totalidade, pois “o concreto é concreto por ser a síntese de muitas determinações, logo, unidade da diversidade” (MARX; ENGELS, 1989, p. 229). Nesse caso, se a totalidade é concreta, e se o concreto é síntese de múltiplas determinações, tal síntese deve apresentar tais determinações da totalidade.

De acordo com essa ideia, as políticas educacionais para a Carreira Docente precisam ser pensadas como parte de um projeto social, construído pela sociedade e implementado por meio da “ação do Estado” (AZEVEDO, 1997). É necessário articular, metodologicamente a análise dessa totalidade (apresentada aqui como parte integrante do projeto social) considerando as mediações e determinações - nacionais e internacionais - que têm relação com as políticas de valorização dos profissionais da educação básica pública.

E para transformar a realidade tal como se apresenta, é fundamental considerar o princípio da contradição existente no real. Considerando a contradição, apoiado em Marx (1983), como uma espécie de relação determinante para o desenvolvimento de um objeto ou fenômeno que, quando relacionados à sua essência e natureza impulsionam a sua modificação e o seu desenvolvimento desvelando aspectos desconhecidos do fenômeno social, é com base nesse princípio que pretendemos buscar a compreensão da realidade que tem permeado o movimento histórico de luta dos docentes da rede estadual de ensino do Estado do Pará pela sua valorização.

É preciso considerar durante o estudo da Carreira Docente que, o conhecimento é determinado pela matéria; que existem relações entre os fenômenos materiais e espirituais, e que, a contradição e a história são elementos fundamentais no processo de transformação da sociedade. No caso da carreira docente do Estado do Pará, o princípio da contradição pode ajudar a explicar os porquês da atual configuração da carreira e fornecer elementos para a construção de outro dispositivo que vá ao encontro dos interesses da classe trabalhadora do magistério estadual paraense.

Procedimentos Metodológicos

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de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses e etc”, este trabalho conta também com a contribuição de pesquisa do tipo documental, que para Marconi e Lakatos (1990) refere-se, à fonte de coleta de dados restrito a documentos, entendidos como registros, sendo estes escritos ou não.

Este estudo foi desenvolvido considerando a série história compreendida entre os anos de 2007 a 2014. O motivo para a delimitação desse período foi por 2007 ser o primeiro ano de mandato do governo de Ana Júlia Carepa (PT) - período de muita expectativa para os profissionais da educação básica pública em relação à construção e à aprovação de Plano de Cargos, Carreira e Remuneração e de políticas de valorização do magistério estadual -, e 2014 pelo PCCR já estar em vigor. Esse recorte temporal correspondente a um período de 7 ( sete) anos, e nos possibilitou compreender a implementação de políticas educacionais, mais especificamente de carreira e de valorização dos profissionais do magistério implementadas nesse período no Estado do Pará.

Nesse processo de desenvolvimento do estudo, o primeiro passo foi a revisão da literatura a fim de relacionarmos a pesquisa com outras produções sobre o tema. Para isso, foi consultada uma variedade de fontes bibliográficas, tais como livros, artigos publicados em revistas impressas e/ou eletrônicas, dissertações e teses sobre o objeto de pesquisa.

O segundo passo, foi o levantamento documental, que para Severino (2007, p.122-123) tem “como fonte documentos no sentido amplo, ou seja, não só documentos impressos, mas, sobretudo, outros tipos de documentos, tais como jornais, filmes, gravações, documentos legais”, ou seja, são documentos utilizados como matéria-prima durante o processo de investigação pelo pesquisador. Por esse motivo, o Estatuto do Magistério de 1986, o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PCCR/2010, além de boletins informativos do Sindicato dos Professores constituíram documentos de grande importância para responder aos objetivos da pesquisa.

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Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e ao Balanço Geral do Estado, disponível no site da Secretaria Estadual da Fazenda (SEFA) do Estado do Pará. Para corrigir os dados financeiros ao longo da série histórica utilizamos como deflator o Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mede a inflação no Brasil desde 1999. Para isso, recorremos ao Índice de Cálculo (DRCALC) disponível no site www.drcalc.net. Como

mês base consideramos o mês de abril de cada ano da série histórica e, como “mês final”,

dezembro de 2014. Esse mecanismo inflacionário nos permitiu uma análise e uma compreensão mais aprofundada dos dados financeiros do Estado do Pará, com vistas a identificar a participação das receitas do Estado na educação.

Para identificarmos o papel desenvolvido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP), recorremos a documentos e informativos disponíveis no site do sindicato e a noticiários de jornais locais.

No que diz respeito ao processo de luta dos trabalhadores em educação pela aprovação e implementação do PCCR, buscamos informações no site da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), do SINTEPP e da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA) para ajudar a embasar nossas análises.

A análise da carreira do magistério público da rede estadual de ensino no Plano de Cargos, Carreira e Remuneração - PPCR/2010, em relação ao Estatuto do Magistério/1986 foi desenvolvida a partir de cinco (05) eixos de análise: a) Estrutura dos Cargos; b) Forma de Ingresso na carreira; c) Composição da jornada de trabalho; d) Critérios de progressão/evolução na carreira; e e) Vencimento e composição da remuneração. A opção por esses indicadores foi por entendermos que eles podem nos ajudar a identificarmos as mudanças e as permanências na carreira no PCCR/2010 em relação ao Estatuto do Magistério/1986 de forma mais aprofundada a ponto de indicar elementos que possibilitem mudanças significativas no sentido de garantir uma efetiva valorização dos profissionais do magistério da rede pública no Estado do Pará.

Organização da Pesquisa

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Tabela 1: Valor do PSPN proposto pela CNTE e valor reajustado pelo MEC (2008 -2015).
Tabela 2: BRASIL: Número e percentuais de Professores com Formação de Nível Superior (2010 - -2014)
Tabela 4: PIB e PIB per Capita do Brasil e do Estado do Pará  (2002 - 2012)  ANO
Tabela 6: REGIÃO NORTE - Matrículas da Educação Básica por Etapas de Ensino Básico - 2014   Estado  Educação  Infantil  %  Ensino  Fundamental  %  Ensino Médio  %  Total  Acre  32.796  13,70   163.799  68,58  42.245  17,69  238.840  Amapá  25.307  12,49
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Referências

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