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NORMAS DE ELABORAÇÃO DE TESES DE MESTRADO

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NORMAS DE ELABORAÇÃO DE TESES DE MESTRADO

Luís Reto e Francisco Nunes

ISCTE, Dezembro de 2001

Ref.ª: 02–03 21.07.2003

INDEG/ISCTE

(2)

ÍNDICE

Introdução 2

1. Problemas e Estratégias de Investigação 2

1.1. Do Problema à Estratégia de Investigação 3

1.2. Principais Métodos de Investigação 4

2. As Fases de um Projecto de Investigação 7

2.1. Do Tema ao Problema 7

2.2. A Estabilização do Quadro Conceptual 10

2.3. Definição da Estratégia de Investigação 11

2.4. Realização dos Trabalhos de Campo 13

2.5. Análise de Dados e Apresentação de Resultados 13

2.6. Discussão, Conclusões e Recomendações 14

3. Normas para Apresentação do Relatório Final da Tese 14

3.1. Formato 15

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NORMAS DE ELABORAÇÃO DE TESES DE MESTRADO

Luís Reto e Francisco Nunes

Introdução

O presente texto tem como único objectivo fornecer aos alunos dos mestrados de gestão os parâmetros metodológicos e normativos mínimos para conduzirem os trabalhos de elaboração e apresentação da sua dissertação. Este texto não dispensa, porém, a consulta e a leitura de bibliografia especializada sobre questões metodológicas. Assim, este documento assume-se apenas como um guia orientador para o desenvolvimento do projecto de pesquisa e como um instrumento de autoavaliação em cada fase do projecto de tese. O texto estrutura -se em três componentes fundamentais. A primeira focaliza -se na necessidade de iniciar a pesquisa pela discussão de um problema e passa em revista os principais métodos e técnicas de investigação actualmente à disposição dos que se dedicam ao trabalho científico. Na segunda parte, enumeram-se as fases a percorrer aquando da realização de uma investigação. A terceira parte ocupa-se das normas existentes no ISCTE com vista à apresentação do relatório final da dissertação.

Em cada uma destas componentes apresentam-se as noções fundamentais a observar e sugere-se um conjunto de questões a responder com vista a aferir a qualidade do trabalho produzido. Trata-se de desafiar os mestrandos a ir redigindo, em cada fase, documentos provisórios com um formato idêntico ao que assumirão quando constituírem os capítulos definitivos da tese.

1. Problemas e Estratégias de Investigação

1.1. Do Problema à Estratégia de Investigação

Qualquer problema de investigação deverá ser enquadrado numa determinada estratégia de pesquisa. A opção por uma dada estratégia obriga-nos a levar a cabo um trabalho sistemático que distingue o pensamento científico do senso comum, respeitando, desta forma, os critérios básicos de validade dos projectos de pesquisa. Ademais, só uma estratégia sistemática permite a réplica dos estudos por outros investigadores e noutros contextos.

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Se classificarmos as estratégias de pesquisa quanto ao tipo de problema a resolver, podemos afirmar que estas estratégias praticamente se reduzem aos seguintes métodos: experimental, causal-comparativo, associativo ou correlacional, descritivo, compreensivo e histórico. A cada um destes métodos corresponde um modo específico de formular problemas de investigação, bem como certas particularidades de recolha e tratamento de informação, como adiante se verá.

Na maioria dos projectos de pesquisa, a formulação do problema é seguida de uma resposta plausível. Esta resposta antecipada ao problema é aquilo a que chamamos hipótese. Neste sentido, a hipótese nunca deverá ser colocada em termos interrogativos, mas afirmativos. Também em boa parte dos casos, a estratégia de pesquisa assume uma lógica dedutiva, ou seja, utilizamos a teoria para prever os factos e estes são utilizados para testar hipóteses. Mas a lógica indutiva é também possível, ou seja, utilizarmos factos para construir teorias consistentes com esses mesmos factos. Hoje em dia, na maioria dos domínios das ciências de gestão, existe já teoria suficiente para fundamentar a dedução de hipóteses, pelo que não se pode reduzir este campo científico a um mero conjunto de práticas.

No entanto, quando a evidência teórica é pouco robusta, a pesquisa assume-se como mais exploratória e as hipóteses dão lugar a objectivos de investigação a atingir. Estes objectivos devem ser expressos de forma clara e mensurável. Se não possuírem estas características, não estamos a fala r de objectivos de investigação, mas de desejos ou de expectativas.

1.2. Principais Métodos de Investigação

Os métodos que descreveremos, sinteticamente, nas próximas páginas, correspondem a grandes modelos de equacionar os problemas de investigação e, muitas vezes, não são aplicáveis no seu “estado mais puro”. Há estudos que, pela sua complexidade, exigem a utilização de mais do que uma perspectiva, sendo, contudo, de frisar que normalmente existe um método dominante. Vejamos, então, cada uma das principais estratégias ou métodos de pesquisa.

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necessidades de garantir estas três condições levam a que os estudos experimentais sejam, quase sempre, levados a cabo em contextos artificiais (laboratório). No caso das investigações no terreno, na maioria das situações, não é possível garantir todas as condições que permitam atribuir a variação no(s) efeitos apenas à(s) causa(s) em estudo, pelo que se fala de desenhos quasi-experimentais.

Causais comparativos. São investigações que exigem também a formulação de um modelo onde se procura analisar a relação de causalidade entre variáveis, à semelhança do que foi descrito para os experimentais. Se bem que se trate de comparação de grupos, o facto de não se (poder ou querer) manipular a causa, acarreta a impossibilidade de testar com rigor a existência de relações causais.

Correlacionais. Estas investigações procuram analisar se, e em que medida, duas ou mais variáveis variam conjuntamente. A designação de método correlacional advém do facto de o teste desta eventual covariação ser efectuado, na maioria dos casos, com recurso a coeficientes de correlação. São investigações que exigem também a formulação de um modelo, à semelhança do que foi descrito para as estratégias experimentais. Tal como o método causal-comparativo, a diferença essencial reside na impossibilidade de retirar inferências causais, mas apenas associativas.

Descritivas. São investigações que têm por objectivo central caracterizar o estado actual de um determinado objecto de investigação. Podem utilizar-se hipóteses ou não, dependendo da robustez da evidência empírica ou teórica que se possui sobre o fenómeno.

Compreensivas. Estas estratégias visam compreender um determinado objecto de estudo em profundidade, procurando analisar a sua dinâmica própria. São investigações complexas e têm, na gestão, um terreno de aplicação privilegiado. Procuram estudar um fenómeno no interior de um determinado contexto cujas fronteiras entre subunidades, ou mesmo com o exterior, são de difícil definição.

Históricas. São investigações que procuram descrever as variações que um fenómeno teve ao longo de um determinado período de tempo, encontrar explicações para essas mesmas variações e, em alguns casos, efectuar previsões. Baseiam-se em factos passados, embora possam existir ainda fontes de informação primárias (actores vivos).

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Menor Complexidade

(menos variáveis)

PROBLEMAS-TIPO MÉTODO DOMINANTE Mais

possibilidade de testar hipóteses

• Testar ou inferir relações de causalidade • Estabelecer associações

• Descrever a realidade • Compreender a

realidade em relação ao passado

• Compreender a realidade presente contextualizada

• Experimental e quasi– experimental, causal comparativo,

• Correlacional

• Descritivo

• Histórico

• Compreensivo

Maior Complexidade (mais variáveis)

Menor capacidade de

deduzir hipóteses. Mais

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Do ponto de vista terminológico, convém ainda clarificar alguns conceitos aqui utilizados, uma vez que se regista uma enorme variação das expressões utilizadas nas várias obras que versam sobre questões metodológicas. Assim, utilizamos a palavra método ou estratégia de investigação apenas para referir os grandes tipos de pesquisa atrás descritos. O conceito de técnicas de recolha de informação é claramente distinto do enunciado no ponto anterior, não fazendo, por isso, qualquer sentido por exemplo falar "do método do questionário" ou utilizar expressões semelhantes relativas a outras técnicas de recolha de informação.

As técnicas de recolha de informação são subsequentes à definição do método e devem ser ajustadas ao modo como a informação se apresenta disponível e ao re spectivo nível de medida. Em princípio, qualquer técnica de recolha de dados pode ser utilizada, como principal ou secundária, no quadro de qualquer um dos métodos anteriormente apresentados.

No campo da gestão, as técnicas de recolha de informação mais frequentes são as seguintes: questionário, entrevista, recolha documental e observação. Algumas destas técnicas fundamentais apresentam versões já estabelecidas ou padronizadas e mesmo publicadas em obras de referência dos respectivos domínios científicos.

Finalmente, há que decidir sobre as técnicas de análise de dados mais ajustadas ao teste das hipóteses ou à verificação dos objectivos. Aqui, o importante é levar em consideração o método de partida, o nível de medida das variáveis utilizadas e a quantidade de variáveis a relacionar num mesmo tratamento, tendo em conta a dimensão das amostras.

2. As Fases de um Projecto de Investigação

2.1. Do Tema ao Problema

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Este processo global da investigação implica percorrer diferentes etapas, de natureza distinta. Na primeira, desenvolve -se um processo interactivo entre as questões gerais de investigação, inicialmente colocadas pelo próprio investigador, e o estado da arte no domínio temático em estudo. Na prática, esta fase consiste na conciliação dos nossos interesses pessoais, tanto teóricos como práticos, com o desenvolvimento científico acumulado na área de conhecimento em que nos situamos, ou seja, há a necessidade de confrontar as nossas interrogações gerais de investigação com o estado do conhecimento já produzido nesse campo.

Frequentemente, esta é uma fase de grande incerteza, de permanentes reformulações dos objectivos da tese, mas que corresponde a um enriquecimento da perspectiva de partida a qual, se bem sucedida, se traduz numa formulação inovadora do problema de investigação. O resultado desta primeira fase é a definição de um problema de investigação e da respectiva estratégia de pesquisa. O grau de consistência teórica do campo em estudo, bem como da respectiva evidência empírica, determina a possibilidade de se deduzirem hipóteses ou, em alternativa, de se estabelecerem objectivos de investigação.

QUADRO CONCEPTUAL Escolha da área/tema

Formulação geral do problema de investigação Enunciação dos objectivos ou formulação de hipóteses

QUADRO OPERATÓRIO Escolha da estratégia geral de verificação Escolha das técnicas de recolha da informação Escolha das técnicas de tratamento da informação

TRABALHO DE CAMPO

ANÁLISE DE DADOS

DISCUSSÃO

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Usualmente esta é a fase mais difícil de qualquer tese e onde se regista maior probabilidade de abandono, principalmente nos casos em que não existem linhas de investigação em curso, bem delimitadas e orientadas pelas universidades, as quais poupam ao investigador o esforço de ser criativo na formulação do problema. A integração de uma tese de mestrado num projecto de investigação mais vasto se, por um lado, propicia mais eficácia (acabar mais depressa e ter maior número de teses terminadas), por outro lado priva o investigador da actividade criativa e do treino necessário que possibilite a aquisição de competências para investigar autonomamente no futuro.

Neste contexto, as pistas que podemos fornecer para a procura de problemas de investigação são seguintes:

• aquando da revisão de literatura, pode procurar-se identificar incoerências, contradições, saltos, falhas num mesmo autor ou entre vário s autores;

• proceder ao teste de hipóteses deduzidas de teorias alternativas sobre o mesmo domínio; • replicar, para o contexto nacional, investigações pertinentes levadas a cabo noutros

países, com os devidos ajustamentos;

• as teses e artigos científicos contêm, frequentemente, sugestões para investigações futuras;

• animar ou participar em discussões sobre temas relacionados com o âmbito da tese com especialistas, professores ou colegas;

• problematizar a prática profissional pessoal, tentando enquadrá-la em teorias existentes nesse domínio.

Uma vez efectuado este primeiro trabalho, passe à escrita, sem se preocupar se está ou não a redigir um texto definitivo. Depois de escrever a sua primeira versão, verifique se é possível responder afirmativamente às questões seguintes:

• O problema está apresentado de uma forma clara que permite a sua fácil interpretação? • É possível obter-se uma resposta para o problema através da recolha e análise dos

dados, isto é, podemos dizer que com ele se pode desenvolver uma investigação? • O problema está contextualizado, ou seja, é possível situá-lo no campo da ciência? • Foi mostrada e discutida a importância do problema para a temática em questão? • Foi possível, para este problema, identificar as variáveis que o podem operacionalizar e

determinar as relações específicas entre elas?

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2.2. A Estabilização do Quadro Conceptual

O aprofundamento da primeira fase exige a realização de uma revisão de literatura abrangente que possibilite, não só enquadrar o nosso problema no seio do estado do conhecimento nesse campo, como também identificar as variáveis mais relevantes, as relações mais importante entre elas, e o modo como costumam ser operacionalizadas. A revisão de literatura, que, no relatório final da tese constitui a primeira parte, é a materialização das contribuições dos autores mais relevantes e actuais para o campo de conhecimento em análise. No fim desta actividade, o aluno deverá encontrar-se totalmente à vontade na respectiva área de conhecimento.

A pesquisa de literatura e a revisão teórica variam em extensão e profundidade de acordo com o tipo de estudo que se está a efectuar. Para a concretizaçã o desta revisão de literatura é importante que o investigador consiga elaborar uma grelha de análise, que permita mostrar um fio condutor da investigação e que conduza à materialização de uma estrutura de referência.

É ainda essencial fundamentar todas as afirmações pela consistência lógica dos argumentos apresentados, fazendo, sempre que necessário, referências precisas aos autores proponentes. Espera-se, deste modo, que esta revisão de literatura apresente uma argumentação sustentada, isto é, que exista uma explanação clara e consistente das ideias, podendo-se recorrer a exemplos e citações que possam sustentar as ideias-chave. A revisão de literatura, aquando da sua redacção final, deverá desembocar na fundamentação do problema de investigação e na sustentação das hipóteses a testar ou objectivos a atingir na fase empírica.

É de realçar nesta fase, que a revisão de literatura efectuada, no âmbito de uma tese de mestrado, não pode ficar-se pelas generalidades, sendo exigida a consulta das obras fundamentais dos autores de referência na área, seja sob a forma de livro, seja a informação presente nas revistas da especialidade.

Após a primeira redacção da revisão de literatura, deve sujeitar o seu texto ao seguinte interrogatório para aferir da qualidade do mesmo:

• A revisão de literatura efectuada foi suficientemente abrangente para cobrir e explicar todo o fenómeno?

• As referências citadas são relevantes para o problema em questão?

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• A revisão de literatura obedece a uma estrutura criada pelo investigador, com uma sequência lógica, que se inicia no geral e se encaminha para o particular?

• A revisão de literatura termina com um breve resumo onde se podem evidenciar as suas implicações para o problema de investigação, identificado nas interrogações iniciais? • Se possuir hipóteses, estas estão justificadas pela revisão de literatura efectuada,

servindo como resposta para a questão de partida?

• Cada hipótese contém uma relação ou diferença esperada entre variáveis? Se necessário, as variáveis estão definidas operacionalmente?

• Finalmente, as hipóteses são testáveis?

Se respondeu afirmativamente a estas questões, está em condições de começar a planear a sua investigação, a definir o método de investigação que vai utilizar, os instrumentos de recolha de dados, o universo e a amostra necessária para o projecto.

2.3. Definição da Estratégia de Investigação

Se o seu texto resistiu à bateria de questões anteriores, há fortes probabilidades de conceber uma estratégia de investigação adequada ao seu problema. Esta consiste em determinar como, na prática, vai testar as suas hipóteses ou atingir os objectivos a que se propôs.

Esta fase da investigação, uma vez que o investigador tem uma ideia muito clara do que pretende atingir, define que métodos de trabalho utilizar, quer para a recolha dos dados, quer para a sua análise. É uma fase de planeamento, pelo que importa avaliar a exequibilidade do projecto, face ao tempo, aos recursos disponíveis e à acessibilidade da informação. Trata-se de um confronto entre a tese ideal e a tese possível.

Uma boa fonte de inspiração para esta fase é a releitura dos estudos empíricos já visitados aquando da revisão de literatura, dado que, na sua maioria, constituem projectos de pesquisa bem sucedidos.

É nesta fase que devem ainda ser identificados ou construídos os instrumentos de recolha de dados a utilizar e as características essenciais das amostras pertinentes para o problema de investigação formulado.

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Deve, no entanto, salientar-se que é possível levar a cabo boas investigações sem a necessidade de se proceder à recolha de dados primários, pelo que não deve excluir-se, à partida, a possibilidade de trabalhar apenas com dados secundários. Actualmente existe uma enorme profusão de informação já registada, a qual pode ser utilizada para fins científicos. Neste caso, o que importa é averiguar em que medida esta informação se adequa aos objectivos da pesquisa e se tem a credibilidade necessária.

Deve ter já nesta fase uma ideia muito clara de como os dados recolhidos deverão ser tratados e quais as técnicas de análise de dados a utilizar. Como já mencionado, a escolha destas técnicas depende, em boa parte, da estratégia de pesquisa seguida, mas também do nível de medida das variáveis e das amostras em causa.

Tal como já fez para a formulação do problema e para a revisão de literatura, passe a escrito a definição da sua estratégia de investigação. Em seguida, submeta o seu texto a mais um interrogatório.

Instrumentos de recolha de dados

• Tem no seu quadro teórico justificação para os instrumentos de recolha de dados, bem como das medidas que pretende utilizar? Eles vão responder aos seus objectivos de investigação ou às hipóteses?

• O instrumento ou as medidas traduzem as variáveis que é suposto medirem?

• O instrumento ou as medidas estão adequados à amostra que vai ser utilizada na investigação?

• O instrumento foi avaliado em termos da sua validade e os respectivos coeficientes estão dentro dos parâmetros aceitáveis?

• O instrumento foi avaliado em termos de fidelidade e os respectivos coeficientes encontram-se dentro dos parâmetros aceitáveis?

• Descreveu os procedimentos de codificação, aplicação e interpretação dos instrumentos?

Sujeitos

• Descreveu o universo que pretende estudar, indicando as suas principais características e as variáveis de estratificação (se for o caso)?

• A amostra seleccionada tem os critérios da sua constituição bem definidos?

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Procedimentos

• O plano de investigação é adequado ao teste das hipóteses ou à consecução dos objectivos?

• Descreveu os procedimentos para levar a efeito a investigação de forma a minimizar os erros e a poder descrever o trabalho a efectuar com o detalhe suficiente para que ele possa ser replicado por outro investigador?

• Se efectuou uma investigação exploratória prévia, ou um estudo piloto, tem a sua influência nesta investigação perfeitamente clarificada?

• Descreveu os procedimentos de controlo para minimizar os erros de recolha e de informatização dos dados?

A resposta afirmativa a estas questões permite validar a qualidade da concepção da sua estratégia de investigação, pelo que estará em condições de proceder ao trabalho de campo. Não se esqueça de confrontar a sua avaliação com a perspectiva do seu orientador de tese.

2.4. Realização dos Trabalhos de Campo

A recolha de dados deve obedecer a cuidados especiais de modo a minimizarem-se os erros e enviesamentos e a garantir que ela é fiável. As fontes de enviesamento são múltiplas, dependendo a sua natureza e importância do método em uso numa investigação específica, pelo que, uma vez escolhida a sua estratégia de investigação, é aconselhável aprofundar os riscos mais usuais do respectivo método.

Para além destas especificidades, deve ter em atenção que, para uma tese de mestrado, o tempo disponível para a recolha de informação é reduzido, pelo que a informação deve ser recolhida num intervalo de tempo relativamente curto. Deve ainda informar as pessoas que são objecto de recolha de informação que os dados são confidenciais e que a sua divulgação será sempre anónima e os dados tratados de forma agregada. Deve também dar conhecimento sobre o âmbito e a instituição na qual a investigação se desenvolve. A informação deve, preferencialmente, ser recolhida pelo próprio mestrando. É melhor dispormos de amostras mais reduzidas e garantirmos, pessoalmente, a qualidade dos dados, do que possuirmos grandes amostras cuja qualidade seja duvidosa.

2.5. Análise de Dados e Apresentação de Resultados

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A apresentação dos resultados da investigação deve, sempre que possível, assumir a forma de tabelas ou de gráficos que possibilitem uma leitura imediata e fácil, se m esquecer que, no texto, não podem existir tabelas ou gráficos sem serem comentados.

Se se tratar de dados quantitativos, não se deve dispensar a apresentação das estatísticas descritivas, mesmo se o método aponta para outros tipos de análises próprias a esse mesmo método. Caso se trate de análise qualitativa, deve ficar claro qual é o procedimento analítico utilizado.

Nesta fase da análise dos dados e da apresentação dos resultados, existem também algumas questões a que deve responder para saber se o seu trabalho respeita os critérios de aceitação mais comuns. As principais questões a responder são as seguintes:

• Os resultados estão apresentados através das estatísticas ou outras técnicas de análise mais adequadas?

• O nível de significância, face ao qual os resultados dos testes foram avaliados, foi especificado antes da análise dos dados?

• Se utilizou testes paramétricos demonstrou que evitou violar os pressupostos relativos a cada um?

• Os testes de significância são os adequados às suas hipóteses e ao seu plano de investigação?

• Todas as hipóteses que formulou foram testadas?

• Os testes de significância foram interpretados usando os graus de liberdade mais adequados?

• Os resultados estão apresentados de forma clara, sem duplicações e fáceis de ler e de interpretar?

• Os quadros e as figuras estão bem organizados e são fáceis de compreender? Cada um está adequadamente numerado, com a sua designação e devidamente referenciado no texto contendo o respectivo comentário?

2.6. Discussão, Conclusões e Recomendações

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limitações da investigação efectuada, tendo em conta a aprendizagem que esta proporcionou.

É usual realizar a discussão dos resultados em torno de eixos, tais como: a possibilidade de o método escolhido e as técnicas de recolha de dados poderem afectar os resultados produzidos; a confirmação ou refutação da teorias de suporte, das hipóteses de partida e dos objectivos enunciados, bem como a apresentação de explicações alternativas; o confronto dos resultados com outros já publicados; e existirem eventuais implicações para consumidores, empresas, entidades governamentais; etc.

O alcance das conclusões e eventuais recomendações dependerá do tipo de investigação levada a cabo. Assim, deve equacionar-se a possibilidade e pertinência da formulação de cada conclusão, bem como a relevância das recomendações de carácter aplicado e as sugestões para futuras investigações.

Tal como temos vindo a sugerir nos capítulos precedentes, podemos agora submeter uma primeira versão da discussão a um conjunto de questões de verificação. Uma vez mais, importa responder afirmativamente a cada uma delas:

• Cada resultado é discutido no quadro da hipótese com a qual está relacionado? • Cada resultado é discutido quanto ao seu acordo ou desacordo face aos resultados

obtidos por outros investigadores ou outros estudos?

• As generalizações efectuadas são suportadas pelos resultados? • Os efeitos possíveis de variáveis não controladas são discutidos? • Discutem-se as implicações teóricas e práticas dos resultados? • São feitas recomendações sobre acções futuras?

• As sugestões de acção futura estão baseadas no significado prático ou apenas na significância estatística, ou seja, o autor evita a confusão entre significância prática e estatística?

• São efectuadas recomendações sobre investigação futura?

3. Normas para Apresentação do Relatório Final da Tese

3.1. Formato

O formato do relatório da tese deve obedecer aos seguintes critérios:

Capa

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texto deve estar centrado e enquadrado numa página A4, com a ordem representada na figura da página seguinte.

Texto

Resumo

O texto da tese inicia-se com este ponto, o qual consiste num resumo da investigação, onde, em cerca de 300 palavras, se apresentam, de forma sucinta, os objectivos do estudo, a metodologia, os principais resultados e as conclusões obtidas. Não deve ultrapassar uma folha A4.

Índices

Devem ser listadas todas as secções da investigação, com a respectiva indicação das páginas. Deve ainda ser realizado um índice de tabelas e outro de figuras. Os anexos devem ter uma numeração própria e integrar um volume autónomo, se muito volumosos.

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA

Designação do curso de Mestrado

Título da Disserta ção

Nome do Autor

Nome do Orientador

(18)

Agradecimentos

Quando se justificarem agradecimentos, devido à colaboração prestada ao investigador, os mesmos deverão ser incluídos antes da introdução e não ultrapassar meia página.

Introdução

A introdução inicia a descrição da investigação e deve dar uma ideia global do trabalho que foi realizado. É a apresentação do problema em pesquisa, a sua pertinência e justificação. Deve permitir ao leitor ficar com uma perspectiva rápida, mas precisa, do âmbito da tese. Esta introdução não deve conter sub-capítulos. A sua extensão não deve ultrapassar as cinco páginas.

Capítulo um: Enquadramento Teórico

O enquadramento teórico destina-se a fazer o ponto de situação do conhecimento existente no campo teórico no qual se situa a investigação. Este enquadramento deve sustentar os objectivos de investigação ou as hipóteses a testar.

O quadro teórico deve estar devidamente justificado e conter as respectivas referências bibliográficas. Este capítulo pode ser subdividido em várias áreas temáticas, de acordo com as diferentes orientações que a questão de partida determinar. Se existirem hipóteses, estas devem ir emergindo à medida que o quadro teórico as for justificando e não em conjunto, no final do capítulo.

Importa sublinhar que a redacção de uma revisão de literatura não é um mero somatório de fichas de leitura ou de resumos de livros ou artigos. Esta deve demonstrar um trabalho de organização da informação teórica e empírica recolhida e evidenciar que foi apropriada pelo aluno. Uma boa revisão de literatura deverá acrescentar sempre algo ao já publicado. O texto deverá ser redigido no presente do indicativo e mostrar que é um documento da autoria do aluno. Tal significa deixar claro quando um parágra fo pertence a outro autor. Neste contexto, as estratégias mais usuais consistem em parafrasear ou citar os autores consultados. Estas duas situações podem surgir, no texto da dissertação, das seguintes formas:

Parafrasear (possibilidade 1)

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As práticas de gestão de recursos humanos e a cultura organizacional encontram-se intimamente ligadas. A cultura organizacional constrange as práticas de gestão de recursos humanos, sendo que estas últimas deverão levar em consideração as características da primeira, sob pena de se tornarem ineficazes (Yeung, Brochank e Ulrich, 1991).

Citar (possibilidade 1)

As instituições entram em declínio quando perdem a sua fonte de legitimidade. Aconteceu à monarquia, à religião organizada e ao Estado. E acontecerá às empresas, a não ser que os gestores dêem a mesma prioridade à tarefa colectiva de reconstrução da credibilidade e legitimidade das suas instituições que consagram à tarefa individual de melhoria do desempenho económico da empresa (Ghoshal, Bartlett e Moran, 2000, p. 28).

Citar (possibilidade 2)

Como argumentam Ghoshal, Bartlett e Moran (2000), as instituições entram em declínio quando perdem a sua fonte de legitimidade. Aconteceu à monarquia, à religião organizada e ao Estado. E acontecerá às empresas, a não ser que os gestores dêem a mesma prioridade à tarefa colectiva de reconstrução da credibilidade e legitimidade das suas instituições que consagram à tarefa individual de melhoria do desempenho económico da empresa (p. 28).

Capítulo dois: Método

Este capítulo deve proporcionar uma descrição detalhada sobre o modo como a investigação foi realizada, permitindo a sua réplica p or outros, sem haver a necessidade de consultar o autor. Este capítulo é redigido no pretérito perfeito e deve conter as seguintes alíneas:

Sujeitos. Deve estar indicado o universo dos sujeitos em questão, bem como o processo de definição da amostra que fo i utilizada e a sua caracterização nas variáveis pertinentes para a sua dimensão e estratificação. Se for uma amostra representativa, deve indicar o seu grau de representatividade e como se minimizaram os erros de amostragem.

Instrumento. Esta alínea deve conter a descrição dos instrumentos de recolha de dados que foram utilizados e a respectiva justificação. Há que indicar, sempre que possível, o grau de fiabilidade e validade dos instrumentos.

Procedimentos. Devem ser apresentados os procedimentos utilizados para recolher os dados, bem como os constrangimentos e dificuldades encontrados, com especial destaque para os que possam ter impacto nos resultados. Importa indicar a data e os locais em que os dados foram recolhidos.

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Capítulo três: Resultados

Neste capítulo devem ser apresentados os resultados obtidos, utilizando-se um estilo de escrita meramente descritiva, sem proceder à interpretação dos resultados. Com vista a ilustrar os resultados, deve recorrer-se a tabelas e figuras, as quais deverão ser numeradas e conter o respectivo título. Cada tabela e figura, sem excepção, terão de ser alvo de comentário descritivo no texto. A sequência de apresentação dos resultados deve respeitar a enumeração das hipóteses ou dos objectivos.

Os resultados que não são relevantes para a interpretação da investigação devem ser remetidos para anexo. Os anexos poderão ainda conter as transcrições dos dados obtidos de forma qualitativa.

Capítulo quatro: Discussão, Conclusões e Recomendações

Este capítulo tem uma configuração totalmente distinta da que foi recomendada para o precedente. De facto, é aqui que se procede à interpretação dos resultados, à análise da medida em que o problema inicial foi solucionado, à discussão da verificação das hipóteses ou da consecução dos objectivos, ao confronto com as teorias revistas e apresentadas no quadro teórico, à enumeração das eventuais limitações e, caso tal seja viável e pertinente, à realização de recomendações de carácter prático e sugestões de investigação futura.

Referências Bibliográficas

Neste ponto devem ser colocadas todas as obras consultadas e que são referenciadas no texto. Se uma obra não foi referenciada no texto, não deve constar nas referências bibliográficas. Estas obras devem estar ordenadas de forma alfanumérica pelo apelido do primeiro ou único autor e respectiva data de publicação. Os exemplos seguintes apresentam as situações mais correntes.

Artigo de revista – um só autor:

Cohan, P. (2000). Como a Irlanda se transformou numa economia “high-tech”. Revista Portuguesa de Gestão, 3 (1), 6-9.

Artigo de revista – mais do que um autor:

Ghoshal, S., Bartlett, C. e Moran, P. (2000). Um novo manifesto para a gestão. Revista Portuguesa de Gestão, 3 (1), 18-29.

Livro – um só autor:

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Livro – mais do que um autor:

Gay, L. and Diehl, P. (1992). Research methods for business and management. New York: Maxwell Macmilan.

Capítulo de livro colectivo:

Nunes, F. e Vala. J. (2000). Cultura organizacional e gestão de recursos humanos. In A. Caetano e J. Vala (Eds), Gestão de recursos humanos: Contextos, processos e técnicas. Lisboa: RH Editora.

Ficheiro da Internet:

Bonnin, G. (1998). L’observation des comportements au point de vente: Vers une étude de la valorisation de la visite au magasin. Disponível em http://ungaro.u-bourgogne. fr/pagelatec/DOCUMENT/GESTION/DocTravail98.html.

Anexos

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Bibliografia

Obras gerais sobre métodos/estratégias de pesquisa

Cassel, C. and Symon, G. (1994). Qualitative Methods in organizational research. London: Sage.

Dunette, M and Hough, L. (1991) (Eds). Handbook of industrial and organizational psychology, Second edition, Vol 1. Palo Alto: Consulting Psychologists Press, Inc. Gay, L. and Diehl, P. (1992). Research methods for business and management. New York:

Maxwell.

Jankowicz, A. (1992). Business research projects for students. London: Chapman & Hall. Reto, L. e Nunes, F. (1999). Métodos como estratégia de pesquisa: problemas tipo numa

investigação. Revista Portuguesa de Gestão, 1, 21-32.

Yin, R. (1989). Case study research: design and methods. London: Sage.

Obras sobre técnicas de recolha de dados

Foddy, W. (1996). Como perguntar: Teoria e prática da construção de perguntas em entrevistas e questionários. Oeiras: Celta.

Blanchet, A. (1985). L’entretien dans les sciences sociales. Paris: Dunod.

Edwards, J. and Thomas, M. (1993). The organizational survey process: General steps and practical considerations. American Behavioral Scientist, 36, 4, 419-442.

Weick, K. (1985). Systematic observational methods. In G. Lindzey and E. Aronson (Eds.),

The Handbook of social psychology. New York: Random House.

Obras sobre técnicas de análise de dados

Pestana, M. e Gageiro, J. (2000). Análise de dados para ciências sociais: A complementaridade do SPSS. Lisboa: Sílabo.

Tacq, J. (1997). Multivariate analysis techniques in social science research: From problem to analysis. London: Sage.

Referências

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