Aula 3
O Setup de Eletrofisiologia
Fundamentos de eletrofisiologia: uma abordagem teórico prática Programa de pós-graduação em Neurologia FMRP-USP / 17 a 28 de março de 2014
Grandezas elétricas
Carga elétrica
•
Quantificação do desbalanço entre
prótons e elétrons de uma substância
•
Símbolo: Q
•
Unidade em Coulombs [C]
•
1 elétron
1,6021 x 10
-19C
Tensão elétrica
•
Trabalho (por carga) envolvido no transporte da
carga
– Potencial elétrico (do infinito ao ponto)
– Diferença de potencial (entre dois pontos)
•
Símbolo: U
•
Unidade: volt [V]
•
1 volt = 1 joule / coulomb
•
Não se deve usar o termo voltagem
Corrente elétrica
•
Quantidade de transporte de cargas
•
Símbolo: I
•
Unidade: ampere [A]
•
1 ampere = 1 coulomb / segundo
Resistência elétrica
•
Conceito derivado dos outros dois
•
“A dificuldade que a tensão elétrica tem
para impor uma corrente em um condutor”
•
Símbolo: R
•
Unidade: ohm [
Ω
]
•
1 ohm = 1 volt / ampere
Relações entre as grandezas
Resistência x resistividade
•
Resistência
propriedade do objeto
(condutor)
•
Resistividade
propriedade da
substância (resistência por unidade de
matéria )
–
Símbolo:
ρ
–
Unidade:
Ω
m
–
R =
ρ
x L / A
• L comprimento do condutor
• A seção do condutor
Outras relações e grandezas
importantes
POTÊNCIA ELÉTRICA P [W]
Capacitância
• Capacidade de armazenar cargas
– Separação de cargas campo elétrico
• Capacitor: elemento armazenador
– Condutores próximos separados por dielétrico isolante
• Símbolo: C
• Unidade: farad [F]
• Capacitância é propriedade do objeto
Capacitor de placas paralelas
ε0= 8,854x10-12F/m
I
=
C dV
/
dt
Magnetismo e indutância
• Relação eletricidade x magnetismo
– Correntes elétricas campos magnéticos
– Campos magnéticos variantes correntes elétricas
• Indutância
– Força magnética gerada por uma corrente elétrica
– Unidade: tesla [T]
– 1 tesla = 1 newton / ampere x metro
• Auto-indutância
– Correntes elétricas variantes campos magnéticos variantes correntes elétricas variantes no sentido oposto
– Presente em todos os condutores
– Símbolo: L
– Unidade: henry [H]
Corrente DC x AC
•
DC
– Direct Current
– Não varia no tempo constante
– Baterias
•
AC
– Alternating current
– Varia sinusoidalmente no tempo (função seno)
– Rede elétrica
• 60 Hz no Brasil (60 ciclos por segundo)
Freqüência x taxa de disparo
• Freqüência: velocidade de variação
• Taxa de disparo: razão de repetição
• Ambos importam na eletrofisiologia da neuroengenharia
– Frequência: registro eletrofisiológico
Ondas senoidais (AC) de tensão
• Tensão da rede de distribuição
• Componentes de todos os sinais
FUNÇÃO DE ONDA
CORRENTE EM UM RESISTOR
Reatância
• Reação de elementos com capacitância ou indutância à passagem de corrente imposta por uma tensão razão tensão-corrente (valores máximos)
• Unidade: ohm [Ω]
REATÂNCIA CAPACITIVA
REATÂNCIA INDUTIVA
Atenção: Ambas reatâncias
dependem de ω! O que acontece quando ω 0? t
Impedância
• Reação de elementos com capacitância ou indutância à passagem de corrente imposta por uma tensão razão instantânea entre tensão-corrente
• Símbolo: Z
• Unidade: ohm [Ω] • É um número complexo
– Z = A + Bj
• A = parte real resistiva (resistência)
• B = parte imaginária reativa (reatância)
• j = Raiz quadrada de (-1) atraso / adiantamento
• Impedância do:
– Resistor: R
– Capacitor: 1/jωC(corrente adiantada 90 graus)
– Indutor: jωL(corrente atrasada 90 graus)
Fontes
IDEALMENTE:
• De tensão elétrica
– Gera e mantém uma dada tensão, qualquer que seja a corrente
• De corrente elétrica
– Gera e mantém uma dada corrente, qualquer que seja a tensão
• Lembre-se da Lei de Ohm
– Uma vez dado o meio, uma tensão ajustável determina uma corrente ou
– Uma vez dado o meio, uma corrente ajustável determina a tensão
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Os componentes ideais
•
Geram as grandezas discriminadas
•
Resistência
resistor
•
Capacitância
capacitor
•
Indutância
indutor
Componentes reais
• Têm todas as grandezas em menor grau
• Resistência
– Indutância em série
– Capacitância em paralelo
• Capacitor
– Resistência em série e em paralelo
– Indutância
• Indutor
– Resistência em série
– Capacitância em paralelo
• Cabos
– Resistência e indutância em série
Circuitos elétricos
União de diversos componentes
eletro-eletrônicos
Placas de circuito impresso
•
As trilhas são as
conexões
•
Conexões por solda
–
Melhor contato
–
Mais duradoura
–
Mais organizado
Diagrama do circuito
• Forma esquemática de se ver o circuito
• Uso de símbolos interconectados
Lei de Kirchoff das correntes
•
A soma de todas correntes
em um nó é igual a zero
–
Entram = + (positivo)
–
Saem = - (negativo)
•
Corrente não podem surgir ou
desaparecer no nó
Lei de Kirchoff das tensões
•
A soma de todas tensões em
uma direção do loop é zero
–
Aumento = + (positivo)
–
Queda = - (negativo)
•
Potenciais não podem surgir
ou desaparecer em ponto
algum do ciclo
Loop
U1 + U2 + U3 = 0
Associação simples de
componentes
Aplicação: divisores de tensão
• Usados para reduzir o sinal
Filtros passivos
• Circuitos seletores de freqüência
• Uso de componentes passivos
– Resistores, capacitores, indutores
• Baseiam-se nos fatos
– Impedância / reatância modifica-se com freqüência
Filtro passa baixas
•
Freqüências acima de um dado valor
(freqüência de corte) são atenuadas
•
Freqüência de corte
metade da potência na
saída
SAÍDA
ω
ω
ω
ω
C= 1 / RC
Filtro passa altas
•
Freqüências abaixo de um dado valor
(freqüência de corte) são atenuadas
SAÍDA
ω
ω
ω
Características dos filtros
Amplitude
Fase
Freqüênciade corte
Distorção do sinal com filtros
Fontes reais de corrente
• Contêm resistências internas
Elétrica x eletrônica
•
Componentes passivos
– R, C, L, etc
– Transformam a energia
•
Componentes ativos
– Válvulas, transistores
– Adicionam energia ao sistema
•
Eletrônica
– Quando podemos multiplicar (amplificar) a energia do sinal adiciona-se energia
– Semicondutores
Semicondutores
•
Intermediários entre condutores e isolantes
•
Germânio /
Silício
valência -4
– Baixa condutividade na prática
•
Dopagem com “impurezas”
– Arsênio / antimônio valência -5 doadores de elétron tipo n (elétrons)
– Índio / Gálio valência -3 receptores de elétrons tipo p (buracos)
Diodo
• Junção p-n
• Conduz corrente em apenas uma direção (a c)
Ponte de diodos
•
Retificador de onda completa
Transistores
• Coletor (c), emissor (e), base (b)
• A corrente c e é controlada por b
Amplificadores
•
Transistor
•
Amplificador operacional
– Capaz de realizar operações matemáticas
– Seqüência de amplificadores de transistores
• Alto ganho direto
• Alta impedância de entrada
Circuitos com amp-op
•
Beneficiam-se das características:
–
Alto ganho direto
–
Alta impedância de entrada
Amplificador inversor
• Alto ganho direto
– Entradas positiva e negativa assumem o mesmo valor
• Alta impedância de entrada
– Entradas não puxam corrente
Ganho:
Seguidor de tensão
Amplificador de instrumentação
•
Conjunto de amplificadores operacionais
•
Amplifica a diferença entre dois sinais
•
Excepcional para
–
Registro bipolares (diferenciais)
–
Eliminação de ruídos em modo comum
•
CMMR: Common mode rejection ratio
Filtros ativos
•
Usam amp-op
•
Ganho maior que 1 na banda de
passagem
Capacitor
•
Dispositivo armazenador de energia
elétrica
•
Impedância:
–
Z = 1 / jwC
–
Em DC: Z = infinito
–
Quando w muito grande: Z ~ 0
Características dos filtros
•
Respostas
– Butterworth; Chebyshev; Bessel.
•
Topologias
– Sallen Key; Akergberg Mossberg; Twin T; etc.
•
Banda
– Passa-alta; passa-baixa; passa-banda; etc.
•
Ordem
Filtros
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Espectros biomédicos
Sistemas de Instrumentação
Biomédica
Overview do sistema
COMPUTADOR
Mesurando
•
Fonte da grandeza física, propriedade ou
condição a ser medida
•
Entidade biológica:
Sensor
•
Transdutor: dispositivo transformador de energia
(qualquer
elétrica)
•
Sensível apenas à forma de energia da variável
•
Minimiza a energia extraída
•
Minimamente invasivo
•
Pode ter elemento sensor primário
•
Pode demandar fonte de energia
Tratamento do sinal
•
Condicionamento do sinal
–
Amplificação
–
Filtragem
•
Processamento do sinal
–
Operações sobre o sinal
–
Obtenção de resultados de interesse
Visualização do sinal
•
Transformação do sinal em algo perceptível
pelo examinador
– Números – Gráficos – Imagens – Sons – Etc.•
Saídas
– Áudio, vídeo
– CRT, LCD, impressora, displays
– DIGITALIZAÇÃO
Elementos auxiliares
•
Sistemas de calibração automáticos
•
Sistemas de proteção automáticos
•
Alarmes
•
Controle de condicionamento e
processamento
•
Armazenagem de dados
Visão geral do sistema simplificada
O sensor
Problema!
•
No corpo:
–
Solução iônica
–
Corrente de íons
•
No equipamento:
–
Metal / semicondutor
–
Corrente de elétrons
•
Eletrodo:
–
Transdutor eletroquímico-eletrônico
Interface eletrodo-eletrólito
ELETRODO ELETRÓLITO C e -i A -C+ C C C e -e -e -A -AReação no eletrodo
•
Como cargas cruzam a interface?
–
Não há elétrons livres no eletrólito
–
Não íons livres no eletrodo
•
Há uma reação química reversível na
interface
Equação da reação
• n: valência do cátion C
• m: valência do ânion A
• para a direita: oxidação
• para a esquerda: redução
• Átomo C oxida no cátion Cn+que é depositado no
eletrólito enquanto n elétrons ficam livres no eletrodo
C C
n++ ne
-Reação e direção da corrente
• Quando i = 0
– Oxidação = redução
• Quando i é para a direita (eletrodo eletrólito)
– oxidação > redução
• Quando i é para a esquerda (eletrólito eletrodo)
– oxidação < redução
C C
n++ ne
-A
m-A + me
-Eletrodos polarizáveis e não
polarizáveis
•
Perfeitamente polarizáveis
– Não há passagem de cargas na interface
– Corrente de deslocamento (capacitor)
•
Perfeitamente não polarizáveis
– Quaisquer cargas circulam livremente
– Não há sobrepotencias
•
Nenhum dos dois pode ser fabricado
Eletrodos reais
• Eletrodo de platina
– ~ Perfeitamente polarizáveis
– Vc>> Vrou Va
• Eletrodo de prata / cloreto de prata
– ~ Perfeitamente não polarizável
Eletrodos monopolares x
bipolares
Tensão constante x corrente constante
Eletrodeposição
Condicionamento do sinal
Probes
/
headstages
• Primeiros amplificadores
• Encontram-se próximos ao mesurando
• Funções
– Amplificação
– Aumento da impedância de entrada
Headstages
comerciais
Amplificadores
•
Multiplicam o sinal por um valor
•
Vo = G x Vin
•
Unidades V / V
•
Pode ser feito:
– Com amplificadores operacionais
Filtros
•
Circuitos seletores de freqüência
•
Resposta depende da freqüência
•
Depende de componentes reativos (capacitores
e indutores)
•
Filtro passivo
– Utiliza apenas componentes passivos
•
Filtro ativo
– Utiliza amplificadores operacionais e capacitores
•
Amplificador + filtro
pré-aplificador
Espectros biomédicos
Galvanômetro
•
Ponteiro sobre escala
•
Núcleo metálico
móvel com
enrolamento
Polígrafos
•
Canetas / penas traçam o sinal
•
Papel deslizante
•
Mesmo mecanismo do galvanômetro
Tubos de Raios Catódicos
•
Cathode Ray Tube (CRT)
•
Elétrons acelerados acertam tela que
fosforece
Saída digital
•
Visualização do sinal na tela do
computador
•
Armazenamento digital do sinal
•
Associação com dados clínicos
•
Transmissão dos dados
•
Possibilidade de análises complexas
•
Dependente da conversão analógico
digital
Introdução
•
Conversão de formatos de energia elétrica:
– Analógica digital
•
“Tradução” da eletricidade
•
Denominado AD/C (Analog to Digital
Conversion)
Sinal analógico
• Contínuo no domínio do tempo (x) e da imagem (y)
• Representado por um gráfico sem “quebras”
• É a forma que a natureza se comporta
• Entre dois pontos quaisquer, existem infinitos pontos
Sinal digital
• Representação em termos de variáveis binárias (que assumem apenas dois valores)
– Ligado / desligado
– Aberto / fechado
– 0 ou 1
• Uma variável que pode assumir um valor 0 ou 1 é um dígito binário ou bit(bynary digit)
• Em sistemas digitais: 0 = 0 V; 1 = 5 V (geralmente)
Aspectos da conversão A/D
•
Impossível registrar infinitos valores
distintos em infinitos instantes de tempo
memória finita!
•
Codificação binária da amplitude
•
Amostragem temporal do sinal
Codificação binária da amplitude
• Código binário: conjunto seqüencial de bits (00101101)
• O número de códigos possíveis (n) é dado pelo número de bits (b) usados para o código:
– n = 2b
– Exemplo: utilizando 2 bits 4 códigos
• Na conversão AD:
– Amplitude código binário
• Memória finita número de bits usado no código é limitado número de códigos é finito
Amostragem temporal
•
Sinal analógico
contínuo
infinitos
instantes de tempo
•
Memória finita
só é possível guardar
“amostras” do sinal
•
Amplitudes codificadas apenas em alguns
instantes de tempo
•
Freqüência de amostragem (f
s): número de
amostras por segundo (samples/s – S/s)
Exemplo de má
freqüência de
amostragem:
Conversores A/D atuais
•
Freqüência de amostragem
– 15 KS/s a 4 MS/s
•
Resolução
– 8, 12, 16 bits
•
Número de canais
– 2, 4, 8, 16, 32 e 64
•
Compatibilidade
– ISA, PCI, RS-232