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Válvulas Aórticas Transcatéter – Normas de Orientação Clínica

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Academic year: 2021

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EM DISCUSSÃO PÚBLICA

1/6 NÚMERO: 016/2013

DATA: 21/10/2013

ASSUNTO: Implantação de válvulas aórticas transcatéter PALAVRAS-CHAVE: Válvulas aórticas transcatéter

PARA: Médicos do Sistema Nacional de Saúde

CONTACTOS: Departamento da Qualidade na Saúde (dqs@dgs.pt)

Nos termos da alínea a) do nº 2 do artigo 2º do Decreto Regulamentar nº 14/2012, de 26 de janeiro, por proposta conjunta do Departamento da Qualidade na Saúde e da Ordem dos Médicos, emite a Norma seguinte:

1. A TAVI é realizada em Hospitais com Cardiologia de Intervenção e Serviço de Cirurgia Cardíaca. (Nível de evidência B, grau de recomendação I).

2. O programa de implantação de válvulas aórticas transcatéter (transcatheter aortic valve implantation - TAVI) é realizado por um grupo multidisciplinar de profissionais de saúde (Heart Team) incluindo Cardiologistas, Cirurgiões Cardíacos e outros Especialistas, se necessário. A TAVI é realizada em Hospitais com Cardiologia de Intervenção e Serviço de Cirurgia Cardíaca. (Nível de evidência B, grau de recomendação I).

3. A TAVI está indicada (Nível de evidência B, grau de recomendação I) em pessoa que, cumulativamente: a) tenha o diagnóstico de estenose aórtica grave e sintomática;

b) não seja candidata a cirurgia valvular convencional; c) tenha esperança de vida superior a um ano.

4. Constituem contra indicações clínicas para a realização da TAVI (Nível de evidência B, grau de recomendação I):

a) demência grave; b) fragilidade extrema;

c) dependência grave nas atividades de vida diária (dependência não causada pela estenose aórtica); d) endocardite infeciosa ativa;

e) outras condições clínicas com sobrevida inferior a um ano.

5. Constituem contra indicações anatómicas para a realização da TAVI (Nível de evidência B, grau de recomendação I):

a) dimensão do anel > 29 mm ou ≤ 17 mm; b) insuficiência mitral grave;

c) isquemia grave não corrigível;

d) disfunção ventricular grave (sem potencial de melhoria);

Francisco Henrique Moura George

Digitally signed by Francisco Henrique Moura George DN: c=PT, o=Ministério da Saúde, ou=Direcção-Geral da Saúde, cn=Francisco Henrique Moura George

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Norma nº 2/6 e) hipertensão pulmonar grave e irreversível.

6. O algoritmo clínico/árvore de decisão referente à presente Norma encontra-se em Anexo.

7. As exceções à presente Norma são fundamentadas clinicamente, com registo no processo clínico. 8. O conteúdo da presente Norma, após discussão pública e análise de comentários recebidos, poderá vir

a ser alterado quando da avaliação científica do Departamento da Qualidade na Saúde e validação científica final da Comissão Científica para as Boas Práticas Clínicas.

CRITÉRIOS DE SUPORTE À APLICAÇÃO DA NORMA

A. Compete ao Heart Team decidir sobre os meios complementares de diagnóstico a realizar como estudo pré-operatório, nomeadamente:

i. exames anatómicos: ETT, ETE, cateterismo com coronariografia, aortografia e angiografia periférica, angio-TC torácico, abdominal e pélvico;

ii. exames funcionais: PFR, testes de fragilidade, testes de avaliação motora, e testes de avaliação mental, entre outros.

B. O risco cirúrgico para substituição valvular convencional deve ser avaliado por Cirurgião Cardíaco e Cardiologista, e esta avaliação deve ser apoiada por dois algoritmos internacionalmente aceites e disponíveis na internet:

i. STS Model - http://riskcalc.sts.org/STSWebRiskCalc261/de.aspx ii. EuroScore II – http://www.euroscore.org/calc.html

C. Para cada doente, tem de ser estudado e selecionado o melhor tipo de prótese valvular e a melhor via de acesso para TAVI. Os diferentes acessos atualmente disponíveis são:

i. transfemoral; ii. transapical; iii. transaxilar; iv. transaórtico.

AVALIAÇÃO

A. A avaliação da implementação da presente Norma é contínua, executada a nível local, regional e nacional, através de processos de auditoria interna e externa.

B. A parametrização dos sistemas de informação para a monitorização e avaliação da implementação e impacte da presente Norma é da responsabilidade das administrações regionais de saúde e das direções dos hospitais.

C. A efetividade da implementação da presente Norma nos cuidados de saúde primários e nos cuidados hospitalares e a emissão de diretivas e instruções para o seu cumprimento é da responsabilidade dos conselhos clínicos dos agrupamentos de centros de saúde e das direções clínicas dos hospitais.

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Norma nº 3/6 D. A Direção‐Geral da Saúde, através do Departamento da Qualidade na Saúde, elabora e divulga

relatórios de progresso de monitorização.

E. A implementação da presente Norma é monitorizada e avaliada através dos seguintes indicadores: i. Percentagem anual de internamentos por cirurgias valvulares aórticas convencionais

(i) Numerador: número de internamentos por cirurgias valvulares aórticas convencionais (ICD9 35) (ii) Denominador: número total de internamentos no Serviço de Cirurgia Cardíaca

ii. Percentagem anual de doentes submetidos a TAVI entre todos os doentes com indicação para intervenção na estenose aórtica (ICD9 433.1)

(i) Numerador: número de doentes submetidos a TAVI

(ii) Denominador: todos os doentes com estenose aórtica e submetidos a intervenção (normal ou TAVI)

iii. Numero total de óbitos anuais em doentes submetidos a TAVI

(i) Numerador: número total de óbitos em doentes submetidos a TAVI, no último ano. (ii) Denominador: número de doentes submetidos a TAVI, no último ano

iv. Percentagem anual de internamentos por estenose aórtica

(i) Numerador: número de internamentos por estenose aórtica (ICD9 433.1) (ii) Denominador: número total de internamentos no Serviço de Cardiologia v. Em contexto de auditoria serão avaliados ainda os seguintes indicadores:

 Resultados clínicos da TAVI – dados anuais de mortalidade e morbilidade segundo os critérios VARC obtidos a partir de um registo contínuo obrigatório de todos os doentes;

Número anual de doentes avaliados pelo Heart Team;

 Doentes avaliados e não submetidos a TAVI – dados anuais de mortalidade e morbilidade.

FUNDAMENTAÇÃO

A. Para a realização de TAVI ser ponderada, a Cirurgia Convencional tem de ser recusada por um Cirurgião Cardíaco experiente, após observação presencial do doente, e o motivo da recusa fica registado.

B. Constituem contra indicações para Cirurgia Convencional, absolutas ou relativas, dependendo do seu grau de severidade e de associação de riscos:

i. aorta de porcelana;

ii. placas calcificadas extensas na aorta ascendente; iii. doença hepática;

iv. fibrose mediastínica após radioterapia;

v. reoperação com grave risco por enxertos patentes retro-esternais; vi. doença pulmonar obstrutiva crónica grave;

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Norma nº 4/6 vii. deformidade torácica grave.

C. A TAVI é um procedimento em evolução. É obrigatório um registo com dados clínicos de todos os doentes, anualmente, e sem limite de tempo incluindo, necessariamente, as conclusões do Heart Team. D. Constituição do Heart Team de TAVI:

i. é um conjunto multidisciplinar de Médicos com experiência nas áreas de: TAVI, Cirurgia Cardíaca, Cardiologia de Intervenção, ecocardiografia e angio-TC;

ii. outras especialidades potencial necessárias para a decisão do Heart Team são: neurologia, psiquiatria, pneumologia, nefrologia, fisiatria, gerontologia, entre outras;

iii. considera-se que um Heart Team de TAVI tem um nível adequado de experiência e de qualidade se, para além de se verificar taxas de morbilidade mortalidade inferiores a 15% e taxa de sobrevida a um ano superior a 60 %, apresentar os seguintes valores mínimos anuas:

(i) 50 substituições valvulares aórticas convencionais; (ii) 1000 cateterismos;

(iii) 400 intervenções cardíacas em laboratório de hemodinâmica;

(iv) 40/50 TAVI incluindo todos os tipos. (Na Europa a média anual de procedimentos por Centro em 2011 foi de 41 e prevêem-se a curto prazo 200-250 casos anuais em Portugal).

APOIO CIENTÍFICO

A. A elaboração da proposta da presente Norma teve o apoio científico de José Santos Neves (Coordenação Científica), Vasco Ribeiro e Rui Campante Teles e a colaboração de Lino Patrício, Luís Vouga e Pedro Canas da Silva.

B. A proposta de Norma foi submetida à audição do diretor do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-cardiovasculares.

C. Foram subscritas declarações de interesse de todos os peritos envolvidos na elaboração da presente Norma.

D. Após a discussão pública e a análise dos contributos recebidos, a presente Norma será submetida à avaliação científica do Departamento da Qualidade na Saúde e à validação científica final da Comissão Científica para as Boas Práticas Clínicas, criada por Despacho n.º 12422/2011, do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, de 8 de setembro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 181, de 20 de setembro de 2011 e alterada pelo Despacho n.º 7584/2012, do Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, de 23 de maio, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 107, de 1 de junho de 2012.

E. A avaliação científica feita pelo Departamento da Qualidade na Saúde tem o apoio científico do Professor Doutor Henrique Luz Rodrigues, responsável pela supervisão e revisão científica das Normas Clínicas.

APOIO EXECUTIVO

Na elaboração da presente Norma o apoio executivo foi assegurado pelo Departamento da Qualidade na Saúde da Direção-Geral da Saúde.

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Norma nº 5/6

SIGLAS/ACRÓNIMOS

Sigla/Acrónimo Designação

ETE Ecocardiografia Transesofágica ETT Ecocardiografia Transtorácica PFR Provas de função respiratória STS Society of Thoracic Surgeons

TAVI Implantação valvular aórtica transcatéter (Transcatheter Aortic

ValveI Implantation)

SVAC Substituição Valvular Aórtica Convencional

VARC Valve Academic Research Consortium BIBLIOGRAFIA

1. Holmes DR Jr et al .2012 ACCF/AATS/SCAI/STS expert consensus document on transcatheter aortic valve replacement: developed in collabration with the American Heart Association, American Society of Echocardiography, European Association for Cardio-Thoracic Surgery, Heart Failure Society of America, Mended Hearts, Society of Cardiovascular Anesthesiologists, Society of Cardiovascular Computed Tomography, and Society for Cardiovascular Magnetic Resonance. J Thorac Cardiovasc Surg. 2012 Sep;144(3):e29-84. doi: 10.1016/j.jtcvs.2012.03.001.

2. Arie Pieter Kappetein et al. Updated standardized endpoint definitions for transcatheter aortic valve implantation: the Valve Academic Research Consortium-2 consensus document. Eur J Cardiothorac Surg (2012) doi: 10.1093/ejcts/ezs533 First published online: October 1, 2012.

3. Darren Mylotte et al. Transcatheter Aortic Valve Replacement in Europe. J Am Coll Cardiol 2013;62:43-52.

Francisco George Diretor-Geral da Saúde

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Norma nº 6/6

ANEXOS

Referências

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