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Cad. Cedes, Campinas, v. 36, n. 100, p. 257-258, set.-dez., 2016
EDITORIAL
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publicação do Caderno CEDES Estandarización edu-cativa y sus alternativas: una perspectiva crítica dispo-nibiliza ao leitor interessado nos rumos da educação, a análise de políticas educativas que, participando de uma tendência global, se materializam em ações diferenciadas nos países da Amé-rica Latina e na Espanha. Essas ações afetam diretamente a vida de professores, alunos e famílias. O Caderno concentra as análises no caso do Chile, país que desde a ditadura de Pinochet conta com um sistema de avaliação calcado nos moldes preconizados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As reformas educacionais e mesmo as leis mais recentes dos governos democráticos amenizam alguns aspectos de um siste-ma cujo viés padronizador e controlador, no entanto, persiste-manece dominante. O Chile é, provavelmente, o país da América Latina cujo sistema de avaliação engloba um número maior de aspectos, ao avaliar alunos e docentes, classificar escolas e disponibilizar essa informação à sociedade civil.Diversos efeitos das políticas tendentes à padronização são ana-lisados em contextos diferentes como o do Brasil, Argentina, Espanha e México. O Caderno descortina aspectos importantes como o pressupos-to economicista da educação, fortemente enraizado na Teoria do Capital Humano, e a participação do setor privado na elaboração de políticas que beneiciam seus negócios e que resultam em ações e práticas na escola e na sala de aula.
A análise dos efeitos não desejados dos modelos baseados em resultados constitui outra contribuição do Caderno, que se debruça so-bre diferentes exemplos para avançar na crítica à padronização. O
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tamento da noção de qualidade; a redução e a simpliicação do currículo e dos conhecimentos disponíveis para professores e alunos; a promoção da competição e do individualismo; o clima de trabalho tenso, gerador de ansiedade e medo em docentes e alunos; o ensino centrado nas exi-gências dos testes; e o uso de recursos materiais e humanos para preparar escolas, professores e alunos para as provas são algumas das ideias discu-tidas nos textos. As questões relacionadas à diversidade, ao gênero e ao multiculturalismo estão presentes também, assim como as relexões sobre o papel da tecnologia digital e seu potencial para promover mudanças. Em tempos de Base Nacional Comum Curricular e de Reforma do En-sino Médio (Medida Provisória nº 746/2016), entre outras, os textos ora apresentados destacam, ainda, as experiências de resistência e a necessida-de necessida-de elaborar propostas alternativas para abordar os diversos problemas que afetam a educação e ameaçam a sua qualidade.