• Nenhum resultado encontrado

Modelo geográfico para gestão de recursos hídricos na bacia do Rio Preto Distrito Federal

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Modelo geográfico para gestão de recursos hídricos na bacia do Rio Preto Distrito Federal"

Copied!
157
0
0

Texto

(1)

PEDRO FRANARIN ALVES

MODELO GEOGRÁFICO PARA GESTÃO DE RECUROS HÍDRICOS NA BACIA DO RIO PRETO – DISTRITO FEDERAL

Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação “Strictu Sensu” em Planejamento e Gestão Ambiental, da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Dr. Paulo Jorge Rosa Carneiro

(2)

TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, defendida e aprovada, em 31 de outubro de 2006, pela banca examinadora constituída por:

Prof. Dr. Paulo Jorge Rosa Carneiro ORIENTADOR

Oscar Cordeiro Netto, Dr.

Marcelo Gonçalves Resende, Dr.

Gustavo Macedo de Mello Baptista, Dr.

(3)
(4)

Ao Prof. Dr.Paulo Carneiro,

Motivador, orientador, norte, amigo e companheiro.

Aos demais professores (as),

Por acreditarem e me transmitirem o que há de maior importância na formação do caráter de uma pessoa, o conhecimento.

Aos Colegas de turma,

Parceiros e incentivadores de uma nova mente.

(5)

RESUMO

A presente dissertação trata do desenvolvimento de um Modelo Geográfico para a Gestão de Recursos Hídricos, com a finalidade de auxiliar a tomada de decisão e ao planejamento a cerca da outorga de uso de água, instituída pela Lei 9.433 de 97, que trata da Política Nacional de Recursos Hídricos. A área objeto do estudo fica localizada na porção da bacia do rio Preto inserida no Distrito Federal, com base em dados levantados e confeccionados pelo projeto Rio Preto: Modelo Geográfico para Gestão de Recursos Hídricos, da Universidade. Católica de Brasília – UCB.

A bacia do rio Preto é o principal pólo de desenvolvimento agrário do Distrito Federal, tendo como principal fator condicionante ao desenvolvimento, a gestão de seus recursos naturais. Localizada em áreas de cabeceiras do rio Preto e a montante do reservatório da Usina Hidroelétrica de Queimado, a agricultura de alta tecnologia (irrigada) fica limitada à quantidade de água disponível para o seu uso. Tendo em vista o desafio da gestão dos seus recursos, esta dissertação traz um modelo que espacializa e define, com auxilio das ferramentas mais modernas de geoprocessamento e a partir dos dados dos meios físico, biótico e sócio-econômico, zonas onde volumes limites de água podem ser disponibilizados para o uso direto na irrigação a partir de pontos de controle estabelecidos para o calculo das respectivas áreas de drenagem.

Este zoneamento permite uma primeira impressão visual da sensibilidade ambiental e das respectivas disponibilidades em termos de recursos hídricos, auxiliando tomadas de decisão com agilidade e precisão, ações necessárias ao processo de gerenciamento dos recursos hídricos.

Além do zoneamento da bacia, esta dissertação também traz uma primeira avaliação do uso da água a partir de dados cadastrais dos usuários, mostrando a situação de necessidade premente de mecanismos de gestão dos recursos hídricos, ressaltando as áreas prioritárias para este tipo de ação, assim como para o atendimento da expansão da agricultura de alta tecnologia.

(6)

ABSTRACT

The present dissertation deals with the development of a Geographic Model for Water Resources Management, with the purpose of assisting the decision taker and the planning about the grant of water uses, instituted from the Brazilian Law 9.433 of 1997, which deals the Water Resources National Politics. The study’s object is located in Preto’s river basin portion inserted in the Distrito Federal territory, based in data raised and confectioned fot the Rio Preto: Geographic Model for Water Resources Management project, of the Universidade Católica de Brasilia - UCB. The Preto’s river basin is the main region of agrarian development in Distrito Federal having the main condition factor to its development the management of its natural resources. Located in the Preto’s river headboard areas and in the sum of Queimado’s Water Plant reservoir, the agriculture of high technology (irrigated) is limited to the amount of water availability.

Considering the challenge of natural resources management, this dissertation brings a model that show places, positions and defines, with the assistance of the most modern GIS tools and from biotic, physic and social-economic data, zones where water volumes limits can be amounted for the direct use in the irrigation from the establishment of control points that calculates the respective draining areas.

This zoning allows the first visual impression of environmental sensitivity and its respective availabilities in terms of water resources, assisting the decision taker with agility and precision, attributes necessaries to the process of water resources management.

Beyond the basin zoning, this dissertation also brings a first evaluation of the water’s uses from cadastral data of water users, showing the situation and necessity of water resources management mechanisms, standing out the priority areas for this type of action, as well the attendance of high technology agriculture expansion.

(7)

Sumário

Índice de Tabelas ... ix

Índice de Figuras...x

Índice Cartográfico ... xii

1 INTRODUÇÃO ... 13

1.1 Objetivos ... 18

1.2 Justificativa ... 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO... 24

2.1 Marco Legal ... 24

2.1.1 Outorga de direito de uso da água e cobrança pelo uso da água... 25

2.1.2 Licenciamento ambiental de projetos de irrigação ... 29

2.1.3 Agenda 21... 31

2.2 Sistemas / Modelos... 37

2.3 Espaço Geográfico... 39

2.4 Modelos em Geografia... 40

2.4.1 Paisagem ... 41

2.5 Cartografia ... 44

2.5.1 Representação Gráfica ... 44

2.5.2 Cartografia Temática... 44

2.5.3 Carta-Base... 45

2.5.4 Cartografia Ambiental ... 45

2.6 Geoprocessamento... 46

2.7 Irrigação ... 47

2.7.1 A irrigação no Brasil ... 48

2.8 Hidroeletricidade ... 53

2.9 Água para Abastecimento Humano ... 55

3 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 56

3.1 Histórico de Ocupação da Bacia ... 56

(8)

3.3 Ação Governamental das Instituições... 59

4 DESCRIÇÃO DA ÁREA DO MODELO ... 66

4.1 O rio Preto... 66

5 METODOLOGIA ... 70

5.1 Sistemas de Apoio Cartográfico... 73

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 75

6.1 Cartas-base ... 75

6.1.1 Carta de Compartimentação Geológica ... 75

6.1.2 Carta de compartimentos geomorfológicos... 82

6.1.3 Carta de Classificação de Solos ... 85

6.1.4 Carta de Cobertura Vegetal / Uso e ocupação ... 93

6.1.5 Carta de Clima e Estações ... 100

6.1.6 Carta Altimétrica... 108

6.2 Cartas-derivadas... 111

6.2.1 Carta das Condições Naturais de Recarga... 111

6.2.2 Carta de Drenabilidade ... 114

6.2.3 Carta de Demanda de Água ... 117

6.2.4 Carta de Disponibilidade Hídrica... 120

6.2.5 Carta Institucional ... 123

7 APLICAÇÃO DO MODELO GEOGRÁFICO PARA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS ... 125

7.1 Carta Síntese ... 125

7.1.1 Zona 1... 126

7.1.2 Zona 2... 127

7.1.3 Zona 3... 128

7.2 Gerenciamento da bacia e aplicação do Modelo ... 130

7.2.1 Zona 1... 130

7.2.2 Zona 2... 132

7.2.3 Zona 3... 132

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 134

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 137

(9)

Índice de Tabelas

Tabela 1.1 - Dados básicos da UHE Queimado...21

Tabela 1.2 - Impactos da Irrigação na geração de energia na Usina Hidrelétrica de Queimado...22

Tabela 2.1 - Classificação dos projetos de irrigação pelo método empregado e dimensão efetiva da área irrigada, por propriedade individual. ...30

Tabela 2.2 - Participação da irrigação no setor agrícola brasileiro em hectare (ha) (CHRISTOFIDIS, 1999)...50

Tabela 2.3 - Potencial Hidrelétrico Brasileiro no ano de 1998 (Eletrobrás, 1998) ...54

Tabela 2.4 - Variação do consumo per capita em função da população urbana atendida ...55

Tabela 6.1 - Tipos de Vegetação de Média Escala do Distrito Federal...94

Tabela 6.2 - Média dos Totais Mensais e Anuais de Precipitação das Estações Pluviométricas da CAESB (1979 - 1995) ...102

Tabela 6.3 - Descrição dos pontos selecionados. ...105

Tabela 6.4 - Dados para geração da Curva-Chave QMLT (MAURIZ, 2005) ...120

Tabela 7.1 – Dados hidrológicos de referência para o zoneamento proposto pelo Modelo Geográfico para Gestão de recursos Hídricos na Bacia do Rio Preto – DF. ...126

Tabela 7.2 – Dados de utilização da água na Zona 1 ...131

Tabela 7.3 - Dados de utilização da água na Zona 2 ...132

(10)

Índice de Figuras

Figura 1.1 - Relações de consumo de água conforme os principais setores da

sociedade (ONU, 1997)...14

Figura 1.2- Distribuição espacial das cinco principais bacias hidrográficas no Distrito Federal. ...15

Figura 2.1 - Concepção geral do modelo computacional. ...38

Figura 2.2 - Relações interdisciplinares entre SIG e outras áreas. Fonte: MAGUIRE et al. (1991) ...46

Figura 2.3 - Evolução da área irrigada no Brasil entre 1950 e 2003 (Adaptado de ANA, 2004b)...48

Figura 2.4 - Participação da irrigação na área cultivada (42 milhões de hectares).Fonte: FAO (2001)...49

Figura 2.5 - Limitações da agricultura pelas condições dos climas e dos solos. (CORREIO AGRÍCOLA, 1997)...51

Figura 2.6 - Produção mundial de cereais necessária e estimada. (CORREIO AGRÍCOLA, 1997)...52

Figura 2.7 - Aumento de produtividade pelos diferentes fatores. (Baseado em dados de CHRISTOFIDIS, 2000) ...53

Figura 3.1 - Organização Institucional dos Produtores por ocorrência no cadastro. .59 Figura 3.2 - Distribuição dos escritórios da Emater – DF no Distrito Federal (EMATER, 2006). ...63

Figura 4.1 - Localização da bacia hidrográfica do rio Preto (Adaptado de ANA (c), 2005) ...67

Figura 4.2 - Área de estudo no Distrito Federal e entorno. ...68

Figura 5.1 - Interação entre cartas. ...72

Figura 5.2 – Fluxograma metodológico do modelo ...73

Figura 6.1 - Precipitação Anual (adaptado de www.inmet.gov.br)...101

Figura 6.2 - Isoietas do Distrito Federal, baseada nos dados da tabela 1(Fonte: Baptista, 1997) ...103

Figura 6.3 - Evaporação Anual (adaptado de www.inmet.gov.br). ...105

(11)

Figura 6.5 - Distribuição percentual dos usuários de água cadastrados na bacia do rio Preto – DF ...118 Figura 6.6 - Distribuição percentual modalidades de irrigação cadastradas na bacia do rio Preto – DF(PC - Pivô central,AC – Aspersão Convencional, AP – Autopropelido, GT – Gotejamento, MN – Mangueira, MA – Micro aspersão, SC – Superfície Sulcos) (Alves, 2003). ...118 Figura 6.7 - Curva-Chave do rio Preto considerando as Vazões Médias de Longo Termo (QMLT). ...121

Figura 6.8 - Curva-Chave do rio Preto considerando as Vazões com 95% de permanência (Q95)...121

(12)

Índice Cartográfico

Carta 1 - Carta Hidrográfica ...69

Carta 2 - Carta Geológica ...81

Carta 3 - Carta de Unidades Geomorfológicas...84

Carta 4 - Carta Pedológica ...92

Carta 5 - Carta de Cobertura Vegetal / Uso e ocupação...99

Carta 6 - Carta de Clima e Estações...107

Carta 7 - Carta Hipsométrica...110

Carta 8 - Carta das Condições Naturais de Recarga ...113

Carta 9 - Carta de Drenabilidade...116

Carta 10 - Carta de Demanda de Água...119

Carta 11 - Carta de Disponibilidade Hídrica ...122

Carta 12 - Carta Institucional...124

Carta 13 - Carta síntese ...129

(13)

1 INTRODUÇÃO

A maior parte dos problemas ambientais e econômicos de uma sociedade ou uma região tem sua origem na falta de um planejamento elaborado com base em conhecimento das dinâmicas ambientais e socioeconômicas.

Grigg (1996) afirma que gestão de recursos hídricos está, em essência, na aplicação de medidas estruturais como: construção de reservatórios e transposição de vazões, por exemplo, e não-estruturais como: políticas públicas, campanhas de sensibilização, educação e treinamento, que atuam no controle tanto dos sistemas naturais como dos artificiais de recursos hídricos, em benefício da humanidade e do meio ambiente. No Brasil, que ainda adota uma visão compartimentada do ambiente e da sociedade se convive, principalmente, e muitas vezes, somente com a adoção de medidas estruturais para solução dos conflitos que envolvem recursos hídricos. Isto porque, a maioria das decisões tomadas para gestão de conflitos é de caráter circunstancial e imediatista que, muitas vezes, não constitui a forma mais completa de solução dos problemas.

A visão compartimentada e a adoção de medidas meramente estruturais acaba por acentuar os conflitos no Brasil, que possui uma grande disponibilidade hídrica, embora mal distribuída. Esses aspectos tornam a gestão deste recurso extremamente difícil e onerosa. Mais expressivo ainda é a questão da agricultura de alta tecnologia, que cresce, gerando renda e divisas para o país, porém exercendo cada vez mais pressões sobre os recursos hídricos, e proporcionando o estabelecimento de conflitos com outros usos. A expansão da fronteira agrícola implica mudança nos padrões da economia, que por outro lado agrava a problemática da gestão dos recursos hídricos no Brasil.

(14)

Figura 1.1 - Relações de consumo de água conforme os principais setores da sociedade (ONU, 1997).

Os impactos da agricultura irrigada e a importância do seu manejo, face à escassez que se enuncia de recursos hídricos está evidenciada na Agenda 21 (1992) capítulos 14 e 18, onde se vêem propostos programas vinculados ao uso da água para produção de alimentos, ressaltando-se que:

“...a sustentabilidade da produção de alimentos depende cada vez mais de práticas saudáveis e eficazes de uso e conservação da água, entre as quais se destacam o desenvolvimento e o manejo da irrigação, inclusive o manejo das águas em zonas de agricultura de sequeiro, o suprimento de água para a criação de animais, aproveitamentos pesqueiros de águas interiores e agrosilvicultura”.

A Agenda 21 (1992) enfatiza ainda o caráter prioritário de se alcançar a segurança alimentar e, ao mesmo tempo, economizar água para outras finalidades, em países onde a agricultura não deve apenas proporcionar alimentos para populações em crescimento.

(15)

A região do DF pode ser dividida em cinco bacias hidrográficas (Paranoá, Maranhão, Descoberto, São Bartolomeu e Preto), cada uma com distinta e específica vocação passando, conseqüentemente, por diferentes tipos de pressões (Figura 1.2).

Figura 1.2- Distribuição espacial das cinco principais bacias hidrográficas no Distrito Federal.

Na bacia do rio Preto, conforme discutido durante o Seminário Interinstitucional promovido pela Universidade Católica de Brasília - UCB, em setembro de 2003 (Carneiro, 2003), dos 195.000 ha que constitui seu território, no DF e nas áreas que drenam para o leito principal, cerca de 70.000 ha são ocupados por atividades agropecuárias e destes, cerca de 7.000 ha são de lavoras irrigadas. Trata-se de uma região altamente produtiva, responsável por 80% da produção agrícola do Distrito Federal e que, todavia, apresenta evidentes registros de conflito pelo uso da água (Maldaner, 2003).

A irrigação na bacia do rio Preto se dá por meio de diversos processos, destacando-se: Pivô-central (40%), Aspersão Convencional (30%), Superfície e Sulcos (21%) e outras modalidades (9%) e ainda conta com incentivos do Governo Distrital para sua expansão, atendendo aos interesses dos produtores. A preocupação da sociedade e das entidades gestoras (SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e Recursos

(16)

Hídricos, ADASA – Agência de Água e Saneamento do Distrito Federal e ANA – Agência Nacional de Águas), no entanto é que tal expansão não comprometa a sustentabilidade da bacia.

E assim sendo tem-se um imenso desafio pela frente, que consiste não apenas da aplicação dos instrumentos estruturais, como a engenharia, ou o desenvolvimento de máquinas, equipamentos e implementos mais eficientes, mas também da adoção de políticas públicas, planos e práticas de planejamento e gestão ambiental que proporcione capacitação, conscientização e educação aos atores envolvidos, motivando-os à adoção de uma postura consciente diante das exigências do uso racional e compartilhado dos recursos hídricos.

Assim sendo a presente dissertação busca estabelecer numa discussão sobre a importância da gestão dos usos múltiplos dos recursos hídricos, por meio de ações não estruturais, a partir da adoção de um modelo geográfico para a gestão de recursos hídricos. Este modelo foi elaborado com base nos estudos desenvolvidos pela Universidade Católica de Brasília, em projetos de pesquisa da graduação em Engenharia Ambiental e do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão Ambiental. Utiliza também dados da esfera pública, mostrando a variedade da importância da temática tratada.

Explicita como o Poder Público pode utilizar esta ferramenta metodológica de forma a auxiliar o processo de planejamento regional e gestão do uso e ocupação do solo, trazendo uma metodologia inovadora, tendo em conta a necessidade de correlacionar informações espacializadas de forma mais eficiente e econômica possível se empregando recursos de base de dados disponibilizados por meio de Sistemas de Informação Geográfica – SIG.

A Dissertação apresenta-se dividida em 9 capítulos e um Anexo. A primeira parte, em seqüência a esta introdução, traz os objetivos e a justificativa da dissertação mostrando o que será apresentado no restante do trabalho, explicitando-se o porque de se estar estudando esta metodologia e problemática gerencial.

(17)

estudada) e traz uma descrição das partes que possuem relação com o modelo, já sinalizado na Agenda 21, documento internacional assinado por mais de 100 países, no ano de 1992 na Rio 92 Conferência mundial do Meio Ambiente, que sugere os passos, metas e custos aproximados para implantação de ações prioritárias para o desenvolvimento sustentável no mundo para o século 21.

Ainda na segunda parte apresenta-se uma conceituação e descrição de sistemas e modelos, espaço geográfico, modelos em geografia, cartografia e geoprocessamento. Estes tópicos possibilitam um entendimento das atividades realizadas por este trabalho, fazendo com que o leitor tenha maior afinidade com os termos utilizados para se descrever a metodologia e a própria descrição do modelo. Finalizando o capítulo se tem uma descrição dos principais tipos de uso de água na área de estudo dentre eles a irrigação, o abastecimento humano e a geração de energia.

No terceiro capítulo faz-se uma descrição da área estudada, indicando o histórico da ocupação na bacia, a forma que os produtores se organizam, institucionalmente, e a ação governamental das instituições na bacia do rio Preto, fazendo jus aos aspectos político-sociais da região.

Na quarta parte descreve-se aos aspectos físicos da área do modelo, tratando principalmente dos aspectos do ciclo da água na região. Estes aspectos auxiliam no entendimento das características referentes à disponibilidade hídrica e a sazonalidade que ocorre na região de estudo.

No capítulo 5 descreve-se a metodologia utilizada para aquisição de dados para o modelo e como este modelo foi gerado a partir da sobreposição de temas relativos ao meio físico, uso e ocupação da bacia e fatores políticos regionais.

Na parte final da Dissertação, capítulos 6 e 7, apresentam-se os dados levantados e processados para bacia, mostrando e descrevendo as bases utilizadas e os aspectos característicos de cada atributo utilizado, aplicando-se os dados cadastrais da bacia no modelo.

(18)

A dissertação também conta com um apêndice fotográfico e imagens que retratam a realidade de conflito pelo uso da água na bacia além das referências bibliográficas utilizadas para o seu desenvolvimento.

1.1 Objetivos

O objetivo geral da presente dissertação é desenvolver um Modelo Geográfico para a Gestão dos Recursos Hídricos, tendo em conta a bacia do rio Preto, no Distrito Federal - DF, no intuito de auxiliar a tomada de decisão e o processo de planejamento do uso sustentável dos seus recursos.

Tendo em conta o que é inerente ao objetivo geral da presente dissertação, os objetivos específicos a serem alcançados são:

• Produzir um sistema de utilização permanente e de atualização prática da base de dados cadastrais da bacia do rio Preto;

• Propor estratégias e mecanismos flexíveis de interação interinstitucional voltados para os interesses dos atores sociais; e

• Identificar indicadores que permitam a avaliação de eficiência e consolidação do modelo.

1.2 Justificativa

As práticas agrícolas desenvolvidas na bacia do rio Preto vem se desenvolvendo desde a implantação dos Núcleos Rurais do rio Preto, do rio Jardim, do rio Taquara e do rio Tabatinga, tendo se intensificado a partir do início dos anos 1980, com a implantação do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal PAD-DF (CARNEIRO, 2003 e MALDANER, 2003).

(19)

Atualmente, a bacia do rio Preto apresenta uma série de conflitos que estão diretamente ligados às dificuldades que tem origem na forma de organização dos usuários e no modo como se da a exploração dos recursos da bacia o que tem evidenciado a necessidade de se estabelecer uma entidade gestora e de se desenvolver instrumentos e mecanismos que viabilizem o desenvolvimento da bacia (ALVES, 2003).

A bacia do rio Preto ainda mantém sua vocação rural, sendo a única bacia do DF que ainda não tem parcelamentos urbanos em sua área, sendo um ponto positivo, que contrasta com a falta de informações sobre a região. Não existem dados hidrológicos confiáveis disponíveis, que deveriam ter sido implantados a partir dos estudos iniciais do Projeto da SEAPA, com estações de monitoramento com séries históricas já com pelo menos 10 anos de dados. O que se dispõe atualmente, se baseia em dados secundários, decorrentes de regionalizações, obtidas por meio da série hidrológica da Usina Hidrelétrica - UHE Queimado (VEIGA et al., 2006).

Este é um ponto que chama a atenção por se tratar de um problema decorrente da falta de medidas não estruturais, o que seria um passo importante para a utilização racional dos recursos naturais da região.

Conforme citado por Maldaner (2003), as principais causas dos conflitos residem no: favorecimento dos pioneiros (os primeiros usuários da região foram beneficiados, em relação ao acesso á água); na falta de comprometimento dos produtores (em relação à manutenção dos canais coletivos e na disponibilidade de água a jusante); na ausência de planejamento nas instalações dos equipamentos (pivôs centrais instalados nas cabeceiras e nascentes dos rios); e na má conservação das nascentes, rios e canais. Soma-se a estas questões ainda a distribuição irregular das chuvas, o desperdício e a falta de organização dos usuários.

Na região da bacia do rio Preto é possível distinguir cinco modalidades diferentes de conflito pelo uso da água (ALVES, 2003 e MALDANER, 2003).

Primeira: Irrigantes versus não irrigantes; Segunda: entre pequenos irrigantes;

(20)

Quarta: entre grandes irrigantes; e

Quinta: irrigantes versus Usina Hidrelétrica (UHE) de Queimado.

A primeira situação ocorre na bacia como um todo, pois existem potenciais irrigantes que têm acesso privilegiado à água, têm a intenção de irrigar, mas não conseguem autorização governamental para este fim.

A segunda situação ocorre, principalmente, na área dos canais de uso coletivo em época de estiagem, pois a vazão do canal diminui muito na estação seca. Não sendo revestidos e não havendo uma manutenção adequada, o canal não consegue manter a vazão necessária para atender a todos os usuários. Portanto, fica privilegiado aquele que está situado nos trechos iniciais dos canais, que acabam por estipular como será o uso da água a jusante, interrompendo o seu fluxo quando há pouca disponibilidade de água ou deixando-a fluir quando têm atendidas às suas necessidades.

A terceira situação é muito comum em corpos hídricos de pequeno porte e de pequena vazão. Ela se estabelece quando um grande produtor fica situado a montante de um pequeno produtor, pois quando os grandes irrigam não há água disponível para quem está localizado a jusante.

Por se tratar de uma área que possui um prolongado período de estiagem e por existirem grandes captações, muitas vezes mal dimensionadas, este tipo de conflito se torna grave entre os produtores.

A quarta situação é muito parecida com a anterior. Isto porque em muitos casos existem vários produtores de grande porte em um único tributário do rio Preto. Quando se inicia o plantio de milho irrigado, por exemplo, a partir dos meses de setembro e outubro, quem está localizado a montante é sempre beneficiado em detrimento dos demais.

A quinta e última situação de conflito para região se dá por conta da implantação da usina hidrelétrica de Queimado, com 105 MW de potência instalada e outorgada para produzir 90 MW de energia.

(21)

a uma vazão de 66 m³/s. Por outro lado a Vazão Média de Longo Termo (Vazão MLT), segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro, é de 57,0 m³/s (MAURIZ, 2005).

O reservatório de Queimado, considerado como reservatório regulador de vazão, do seu volume total, da ordem de 590 x 106 m³ , dispõem de um volume útil de cerca de 389,5 x 106 m³. Este volume, no caso das três unidades de geração, operando na capacidade máxima, seria suficiente para cerca de 70 dias de geração (Tabela 1.1). Carneiro (2003) salienta que o Consórcio CEMIG/CEB, entende que seja possível utilizar, como recurso hídrico para irrigação, aquilo que for excedente à vazão garantida e segundo seu próprio entendimento, “a irrigação no rio Preto não deverá representar problemas para a geração”.

Tabela 1.1 - Dados básicos da UHE Queimado.

Localização Unaí MG / Cristalina GO

Rio Rio Preto

Potência 105 MW

Geradores 3

Comp. Barragem 1060,0 m Altura da

Barragem

62 m

Queda Total 189 m

Volume Útil 389,5 x 106 m³ Fonte: (http://www.cemig.com.br/institucional/usinas/30.asp)

(22)

Tabela 1.2 - Impactos da Irrigação na geração de energia na Usina Hidrelétrica de Queimado.

Cenários da Irrigação na bacia do rio Preto

(ha)

Consumo anual (m3/ano) Perda Potencial na Energia Firme

8.000 34,1 x 106 2,6%

13.000 56,2 x 106 4,3%

16.000 69,1 x 106 ?

Fonte: IESA, 1993

Observando-se os mesmos cenários com base nas condições apresentadas pelos dados mais recentes (Fundação Rural, 2004) tem-se que (considerando somente a porção da bacia que fica no território do Distrito Federal), para os atuais 7.646,05 hectares ocupados com sistemas de irrigação, já deve existir um comprometimento na energia firme daquela usina da ordem dos 2,6%, e qualquer perspectiva de expansão da irrigação, na bacia em geral, é suficiente para se ultrapassar esta previsão.

Conforme se observa em Carneiro (2003), o Distrito Federal, além de não dispor de uma fiscalização que permita atender situações deste porte, não dispõem de informações compartilhadas entre os diferentes órgãos governamentais distritais que deveriam estar atuando numa gestão integrada dos recursos do seu território.

Dentro deste cenário surgiu, em 1999, a proposta de um Programa de Certificação da Agricultura Irrigada, que já no ano de 2000 teve seus estudos iniciais estabelecidos por meio de um convênio entre a Agência Nacional de Águas - ANA, a Fundação da Universidade Católica de Brasília - Funiversa e o Movimento Brasil Competitivo – MBC. Este Programa visava a implementação de atividades relacionadas à normalização e regularização de usos (cadastro e outorga); monitoramento hidrometereológico; sistemas de informações georrefereciada, programa de proteção de nascentes; recomposição de matas ciliares e recarga de mananciais e uso racional e conservação de solo e água; difusão de ações e tecnologias para economia de água e formação de associações.

(23)

se a educação ambiental como ferramenta básica para estimular os usuários da bacia a compreender a sua situação e se trabalhar pela sustentabilidade da produção.

(24)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Marco Legal

A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, (Art. 20, III e 26, I) estabelece que as águas de lagos, rios e as águas subterrâneas constituem bens da União ou dos Estados.

Assim sendo, fica para o Poder Público, estadual ou federal, no âmbito da competência comum, a responsabilidade pela gestão, cabendo-lhes a competência de registrar, acompanhar e fiscalizar quaisquer tipo de intervenção, seja para fins de pesquisa ou de exploração de recursos hídricos. Essa autorização é denominada de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos, regulamentada pela Lei n.º 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Trata-se, portanto de um ato administrativo mediante o qual o Poder Público outorgante (União, Estados ou Distrito Federal) faculta ao outorgado (usuário da água) o uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nas condições expressas no respectivo ato. Os objetivos deste instrumento é assegurar o controle quantitativo e qualitativo da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso a este recurso, disciplinando a sua utilização e compatibilizando demanda e disponibilidade hídrica. A Lei n.º 9.984/2000, que criou a Agência Nacional de Águas – ANA, conferiu a esta Agência a competência para emitir outorgas de direito de uso dos recursos hídricos de domínio da União. A maioria dos Estados e o Distrito Federal possuem órgãos próprios com competência legal para emitir as outorgas de direito de uso das águas de seus domínios (CARDOSO e MONTEIRO, 2004).

Dentre as leis citadas acima ainda cabe a observância da legislação aplicada, considerando vários diplomas legais e regulamentos e, em especial os seguintes: a) Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA

(25)

• Resolução do Conama 237/97 – Dispõe sobre os procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental e, respectivos instrumentos de gestão ambiental.

• Resolução do Conama 001/86 – Dispõe sobre a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente b) Legislação Federal

• Lei No 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.

• Lei Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

• Lei 6938, de 31 de Agosto de 1981, que institui a Política Nacional de Meio Ambiente.

• Lei 6.662/79, que trata da Política Nacional de Irrigação.

• Lei No 4.771, de 15 de Setembro de 1965, que institui o Código Florestal

c) Legislação Distrital

• Lei Orgânica do Distrito Federal

• Lei 2.725, de 13 de Junho de 2001. Institui a Política Distrital de Recursos Hídricos e cria o Sistema de Gerenciamento Integrado do DF.

• Lei 041, de 13 de Setembro de 1989. Institui a Política Ambiental do DF – alterada pela Lei 1339/97.

• Decreto 22.359, de 22 De Agosto de 2001, que dispõe sobre a outorga dos recursos hídricos do DF.

2.1.1 Outorga de direito de uso da água e cobrança pelo uso da água

(26)

preservação ambiental, paisagismo, lazer, navegação, etc.) podem ser concorrentes, gerando conflitos entre setores usuários, nota-se que gerir recursos hídricos é uma necessidade premente e que tem o objetivo de ajustar as demandas econômicas, sociais e ambientais por água em níveis sustentáveis, de modo a permitir, sem conflitos, a convivência dos usos atuais e futuros da água.

De acordo com Garrido (2001), a outorga é um instrumento de gestão do Poder Público, voltado para a sociedade civil organizada, capaz de produzir efeitos positivos em favor dos usuários da água. A experiência brasileira já demonstrou que a introdução do regime de outorga em algumas regiões, foi extremamente útil para promover a atenuação, quando não a completa erradicação, de conflitos entre usuários competidores pela água.

Segundo Cardoso e Monteiro (2004) deve-se observar que a outorga é um instrumento articulado com o plano de recursos hídricos, com o enquadramento e com a cobrança pelo uso da água. Uma vez que os critérios de alocação de água serão definidos pelo plano, esses deverão respeitar as metas de qualidade do enquadramento e, ainda, deverão determinar os quantitativos a serem arrecadados pela cobrança.

Os citados autores ainda comentam que:

– O Art. 11 estabelece que o regime de outorga tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água, e que para que isso seja possível, é fundamental o conhecimento dos impactos quali-quantitativos de cada usuário e, principalmente, a sistematização da avaliação cumulativa desses impactos sobre o corpo de água. Além disso, o “efetivo exercício dos direitos de acesso à água” reporta ao Art. 1º, inciso IV, dos fundamentos, o qual determina que “a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas”. Em outras palavras, implantar um regime de outorgas que favoreça uma única finalidade é descumprir triplamente a lei.

(27)

uso para fins de aproveitamento de potenciais hidrelétricos e a extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo.

Estes tipos de uso são denominados de serviços que, juntamente com as travessias têm na água um obstáculo, a ser superado. Por não se constituírem em usos consultivos da água, propriamente, estes devem ser objeto de análises que avaliem as possíveis interferências no regime, na qualidade ou na quantidade das águas, bem como as interferências com a navegação.

– O Art. 12, §1º, estabelece que algumas formas de uso da água podem ser consideradas insignificantes, tirando, com isso, a obrigatoriedade da outorga, mas não a responsabilidade de computá-las e quantificá-las nos balanços quali-quantitativos, pois um conjunto de usos insignificantes pode tornar-se significativo. Entretanto cabe perguntar como estabelecer o limite entre vazão insignificante e vazão outorgável? O Comitê da bacia do rio Paraíba do Sul, por exemplo, deliberou, em 2002, o limite mínimo de 1,0 L/s como vazão outorgável, ou seja, vazões inferiores a esse valor seriam consideradas insignificantes, portanto, dispensadas de outorga, uma vez que o Art 20 da Lei 9.433/97 permite essa condição. Aliás, a Lei 9.433/97 estabelece que o uso não precisa estar outorgado para que esteja habilitado a pagar pela água. Basta que esse uso seja sujeito à outorga.

– O Art. 13 estabelece que “Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a Classe em que o corpo hídrico estiver enquadrado ou atender a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso”.

Este artigo dispõe, claramente, que as condições preexistentes que possibilitam o transporte aquaviário devem ser preservadas, mesmo após a implantação de interferências no corpo de água, tais como barragens e travessias.

– O Art. 14, §1º estabelece que “O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União”

(28)

Há avanços importantes nessa Resolução, os quais procuram tornar o processo mais transparente e ágil. Nesse sentido, seguem observações sobre os artigos considerados mais relevantes para o presente texto.

– O Art. 10 estabelece que “A autoridade outorgante deverá assegurar ao público o acesso aos critérios que orientaram as tomadas de decisão referentes a outorga”. Essa norma permite que a população interaja diretamente na concessão de outorga, opinando e sugerindo modificações.

– O Art 12, § 1º, que estabelece que “as vazões e os volumes outorgados poderão ficar indisponíveis, total ou parcialmente, para outros usos no corpo de água, considerando o balanço hídrico e a capacidade de autodepuração para o caso de diluição de efluentes”, deixa evidente que podem existir conflitos entre diferentes usos e que alguns terão que ser priorizados de acorde com o artigo 13.

– O Art. 13 estabelece que “a emissão da outorga obedecerá, no mínimo, às seguintes prioridades: I - o interesse público e II - a data da protocolização do requerimento, ressalvada a complexidade de análise do uso ou interferência pleiteados e a necessidade de complementação de informações”.

Esse artigo procura resolver o problema das pressões políticas que os órgãos de recursos hídricos sofrem para aprovar determinados pleitos de outorga. Trata-se de uma regra simples e básica, mas que estabelece uma ordem mínima e prioritária no processo de análise e liberação das outorgas.

– O Art. 29 estabelece que “a autoridade outorgante poderá delegar às Agências de Água o exercício das seguintes atividades relacionadas à outorga de uso dos recursos hídricos situados em suas respectivas áreas de atuação: I - recepção dos requerimentos de outorga; II - análise técnica dos pedidos de outorga; III - emissão de parecer sobre os pedidos de outorga”.

2.1.1.1 Solicitação de Outorga

(29)

Categoria de Outorga:

• Outorga de direito de uso de recursos hídricos – para os casos de novas outorgas;

• Alteração de outorga de direito de uso de recursos hídricos – altera as condições de uma outorga emitida;

• Renovação de outorga de direito de uso de recursos hídricos – para os casos de vencimento da outorga;

• Transferência/cessão de outorga de direito de uso de recursos hídricos – para os casos de transferência do empreendimento a terceiros, nas mesmas condições de utilização da água da outorga original.

Modalidade de Outorga:

• Derivação ou captação de água;

• Lançamento de efluentes;

• Obras hidráulicas – para os casos de construção de barragens, canalizações, diques, etc;

• Execução de serviços – para os casos de serviços de desassoreamento, derrocamento, limpeza de margens, etc;

• Travessia – para os casos de construção de pontes, dutos, túneis, etc. que cruzem o manancial;

• Outros.

Finalidade do Uso:

• Irrigação, Indústria, Aqüicultura, Criação de animais para fins comerciais, Saneamento, etc.

2.1.2 Licenciamento ambiental de projetos de irrigação

(30)

de água, drenagem, caminhos internos e a lavoura propriamente dita, bem como qualquer outra ação indispensável à obtenção do produto final do sistema de irrigação.

A Resolução classifica os empreendimentos de irrigação em categorias, de acordo com a dimensão efetiva da área irrigada, por propriedade individual, e o método de irrigação empregado, conforme tabela a seguir:

Tabela 2.1 - Classificação dos projetos de irrigação pelo método empregado e dimensão efetiva da área irrigada, por propriedade individual.

Área Irrigada (ha) Método de

irrigação empregado

< 50 50 -100 100 - 500 500 - 1000 > 1000

Aspersão A A B C C

Localizado A A A B C

Superficial A B B C C

Os métodos de irrigação empregados compreendem:

I - Aspersão - pivô central, auto propelido, convencional e outros; II - Localizado - gotejamento, microaspersão, xique-xique e outros; e III - Superficial - sulco, inundação, faixa e outros.

De acordo com a mesma Resolução o órgão ambiental licenciador, no exercício de sua competência e controle, expedirá Licença Prévia - LP, Licença de Instalação - LI e a Licença de Operação - LO, para os empreendimentos de irrigação.

Após a data de expedição desta Resolução os responsáveis pelos empreendimentos em operação, devem regularizar sua situação, em consonância com o órgão ambiental competente, mediante a obtenção de LO, nos termos da legislação em vigor, para a qual será exigida a apresentação dos estudos ambientais pertinentes, contendo:

I - descrição geral do empreendimento;

II - avaliação dos impactos ambientais provocados;

(31)

IV - instrumentos gerenciais existentes ou previstos para assegurar a implementação das medidas preconizadas.

Em adição, uma análise do artigo 5º permite concluir que o Projeto de Aproveitamento Hidroagrícola do Rio Preto, em função da sua premissa de utilização de métodos mais eficientes de irrigação com menor consumo de água, deveria ser contemplado com prioridade pelo órgão ambiental licenciador, estabelecendo critérios diferenciados de exigibilidade e procedimentos alternativos para o licenciamento,

É interessante notar, também, que o artigo 6º estabelece a possibilidade de “um único processo ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos, ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão ambiental licenciador, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades .” Nesse sentido, a continuidade do licenciamento ambiental do Projeto de Aproveitamento Hidroagrícola do Rio Preto deveria ser considerada sob esta ótica.

2.1.3 Agenda 21

A questão sobre o uso da água para manejo integrado rural na irrigação é tratada na Agenda 21 das Nações Unidas principalmente no capítulo 18 “Proteção dos recursos de água doce e de sua qualidade”, área de programa F “Água para a produção de alimentos e desenvolvimento rural sustentáveis”.

Esta área reconhece a dependência da conservação da água no desenvolvimento e manejo da irrigação. Mostra que o desafio está em desenvolver e aplicar tecnologias e métodos de manejo economizadores de água.

(32)

Objetiva também, no contexto rural, quatro passos que foram enunciados:

(a) Deve-se considerar a água como um recurso finito que tem um valor econômico, com implicações sociais e econômicas significativas, refletindo a importância de satisfazer necessidades básicas;

(b) As comunidades locais devem participar em todas as fases do manejo da água, assegurando a plena participação da mulher, tendo em vista o papel fundamental que desempenha no abastecimento, manejo e uso em suas atividades diárias;

(c) O manejo dos recursos hídricos deve-se desenvolver dentro de um conjunto abrangente de políticas de (i) saúde humana; (ii) produção, conservação e distribuição de alimentos; (iii) planos de atenuação das calamidades; (iv) proteção ambiental e conservação da base de recursos naturais.

(d) É necessário reconhecer e apoiar ativamente o papel das populações rurais, com particular ênfase na mulher.

Por fim prevê em seus objetivos assegurar a todos o acesso a água de boa qualidade, não só nesta geração mais também nas futuras fazendo alusão ao conceito de Desenvolvimento Sustentável.

As atividades previstas para o uso e manejo dos recursos hídricos em regiões agrícolas que os utilizem com a finalidade de irrigação são:

(a) Uso eficiente dos recursos hídricos:

(i) Aumentar a eficiência e a produtividade do uso da água na agricultura para a melhor utilização de recursos hídricos limitados;

(ii) Fortalecer as pesquisas sobre manejo da água e do solo em condições de irrigação ou pluviais;

(33)

(iv) Apoiar os grupos de usuários de água com o objetivo de melhorar o desempenho do manejo no plano local;

(v) Apoiar o uso adequado de água relativamente salobre para irrigação; (b) Manejo da qualidade da água:

(i) Estabelecer e aplicar sistemas econômicos de monitoramento da qualidade da água para uso agrícola;

(ii) Prevenir os efeitos adversos das atividades agrícolas sobre a qualidade da água para outras atividades sociais e econômicas e sobre as zonas pantanosas por meio, entre outras coisas, do uso ótimo dos insumos procedentes da própria exploração e da minimização do uso de insumos externos nas atividades agrícolas;

(iii) Estabelecer critérios de qualidade biológica, física e química da água para os usuários da agricultura e para os ecossistemas marinhos e fluviais;

(iv) Reduzir ao mínimo o escoamento dos solos e a sedimentação;

(v) Eliminar adequadamente as águas servidas dos estabelecimentos humanos e o esterco produzido pela criação intensiva;

(vi) Minimizar os efeitos nocivos dos produtos químicos agrícolas mediante o manejo integrado das pragas;

(vii) Educar as comunidades sobre as conseqüências poluidoras do uso de fertilizantes e produtos químicos para a qualidade da água, a segurança dos alimentos e a saúde humana;

(c) Programas de desenvolvimento dos recursos hídricos:

(34)

(ii) Formular programas de desenvolvimento de irrigação de larga escala e longo prazo, levando em consideração seus efeitos sobre o nível local, a economia e o meio ambiente;

(iii) Promover as iniciativas locais para o desenvolvimento e manejo integrado dos recursos hídricos;

(iv) Oferecer assessoria e apoio técnico adequado e fomentar a colaboração institucional no plano das comunidades locais;

(v) Promover, tendo em vista o manejo da terra e da água, um enfoque da agricultura que leve em consideração o nível de informação, a capacidade de mobilizar as comunidades locais e os requisitos dos ecossistemas das regiões áridas e semi- áridas;

(vi) Planejar e desenvolver programas múltiplos de energia hidroelétrica, assegurando-se de que as preocupações ambientais sejam devidamente levadas em conta;

(d) Manejo dos recursos hídricos escassos:

(i) Desenvolver estratégias de longo prazo e programas de implementação prática para o uso da água na agricultura de maneira compatível com as condições de escassez e de demandas concorrentes;

(ii) Reconhecer a água como um bem social, econômico e estratégico no manejo e planejamento da irrigação;

(iii) Formular programas especializados centrados na preparação para as secas, com ênfase no problema da escassez de alimentos e na proteção ambiental; (iv) Promover e intensificar a reutilização das águas servidas na agricultura;

(35)

(a) Financiamento e estimativa de custos: foi previsto um custo total anual médio de 13,2 bilhões de dólares no período de 1993 a 2000.

(b) Meios científicos e tecnológicos: mostra a necessidade urgente de que os países monitorem os recursos hídricos seguindo os requisitos prioritários para pesquisa:

(I) Identificação das áreas críticas de pesquisa adaptativa relacionada com a água;

(II) Fortalecimento da capacidade de pesquisa adaptativa das instituições dos países em desenvolvimento;

(III) Intensificar a conversão dos resultados das pesquisas sobre os sistemas agrícolas e de pesca relacionados com a água em tecnologias práticas e acessíveis e dar o apoio necessário para a adoção rápida delas;

Além da transferência tanto vertical quanto horizontal da tecnologia e que os organismos de apoio exterior devem facilitar crédito, insumos, mercados, preços adequados, transporte além de incluir uma infra-estrutura para ensino e treinamento relacionado com água e serviços de apoio à agricultura. Isto deve ocorrer para que se contribua para o desenvolvimento da economia rural.

(c) Desenvolvimento dos recursos humanos: se tem a necessidade de promover o ensino e treinamento dos recursos humanos por meio de:

(I) avaliação das necessidades de manejo e formação de recursos humanos atuais e de longo prazo;

(II) estabelecimento de uma política nacional de desenvolvimento de recursos humanos; e

(III) início e implementação de programas de treinamento para o pessoal de todos os níveis, bem como para os agricultores. As medidas necessárias são as seguintes:

(36)

adequadas e regulamentos para facilitar a adoção de medidas sobre o uso agrícola de água. Para isto deve-se tomar medidas nas seguintes áreas:

(I) Melhora das políticas de utilização da água relacionadas com a agricultura, a pesca e o desenvolvimento rural e das estruturas jurídicas para a implementação dessas políticas;

(II) Revisão, fortalecimento e reestruturação, caso necessário, das instituições existentes, com o objetivo de aumentar suas capacidades em atividades relacionadas com a água, reconhecendo ao mesmo tempo a necessidade de gerenciar os recursos hídricos no nível mais baixo adequado;

(III) Revisão e fortalecimento, quando necessário, da estrutura organizacional, relações funcionais e vínculos entre ministérios e entre departamentos de um mesmo ministério;

(IV) Tomada de providências específicas de apoio ao fortalecimento institucional mediante, inter alia, orçamentos para programas de longo prazo, treinamento de pessoal, incentivos, mobilidade, equipamento e mecanismos de coordenação; (V) Intensificação, quando apropriado, do envolvimento do setor privado no desenvolvimento dos recursos humanos e no estabelecimento de infra-estrutura; (VI) Transferência de tecnologias existentes ou novas de uso da água com a criação de mecanismos de cooperação e intercâmbio de informações entre instituições nacionais e regionais.

(37)

2.2 Sistemas / Modelos

A Teoria Geral dos Sistemas – TGS, afirma que as propriedades dos sistemas não podem ser descritas significativamente em termos de seus elementos separados. A compreensão dos sistemas somente ocorre quando seus elementos são estudados globalmente, envolvendo todas as interdependências dos seus subsistemas (BERTALANFFY apud RIBEIRO, 1993).

A TGS fundamenta-se em:

a) Os sistemas existem dentro de sistemas. As moléculas existem dentro das células, as células dentro dos tecidos, os tecidos dentro dos órgãos, os órgãos dentro dos organismos, os organismos dentro de colônias, as colônias dentro de culturas nutrientes, as culturas dentro de conjuntos maiores de culturas, e assim por diante

b) Os sistemas são abertos. É uma decorrência da premissa anterior. Cada sistema que se examine, exceto o menor ou o maior, recebe e descarrega algo aos outros sistemas, geralmente aqueles que lhe são contíguos. Os sistemas abertos são caracterizados por um processo de intercâmbio infinito com seu ambiente, que são os outros sistemas. Quando o intercâmbio cessa, o sistema se desintegra, isto é, perde suas fontes de energia.

c) As funções de um sistema dependem de sua estrutura. Para os sistemas biológicos e mecânicos esta afirmação é intuitiva. Os tecidos musculares, por exemplo, se contraem porque são constituídos de uma estrutura celular que permite contrações.

(38)

estudos, começaram a romper o isolamento e a entrever que havia uma repetição de esforços no desenvolvimento de certos princípios por outras ciências. Isto levou alguns cientistas a desenvolverem uma teoria geral de sistemas que espelhasse as semelhanças, sem prejuízo das diferenças, válida para todas as ciências. Essa preocupação começou com a Física, Biologia e as Ciências Sociais, principalmente, espalhando-se rapidamente para as demais ciências (BERTALANFFY apud CHIAVENATO,1993).

Na linguagem cotidiana, o termo modelo tem ao menos três usos diferentes: como substantivo, o modelo implica uma representação; como adjetivo, implica um ideal; e como verbo, “modelar” significa demonstrar. No uso científico, deve-se incorporar parte de todos três significados: na construção de modelos, criamos uma representação idealizada da realidade a fim de demonstrar algumas de suas propriedades. Os modelos são feitos necessariamente pela sua complexidade da realidade que representam. Eles são uma prova conceitual de nossa compreensão e como tal, fornecem ao pesquisador um quadro aparentemente racional e simplificado ou uma fonte de hipóteses de trabalho a testar contra a realidade. Os modelos não contêm toda verdade mais uma parte útil e compreensiva (HAGETT, 1965).

A modelagem conceitual se refere às entidades envolvidas dentro de um projeto específico e seus relacionamentos; a modelagem lógica refere-se à hierarquia e à rede relacional e a modelagem física às estruturas digitais utilizadas para organizar e armazenar os dados no computador (Figura 2.1).

Figura 2.1 - Concepção geral do modelo computacional.

(39)

maneira possível, as relações de um espaço geográfico com o todo. O sistema deve ser definido como um nódulo, uma periferia e energia, mediante a qual as características pioneiras elaboradas e localizadas no centro conseguem projetar-se na periferia, podendo ser então modificado (SANTOS, 2002C).

De acordo com Santos (2002B), para cada situação de lugar, o modelo seria definido de duas maneiras. De um lado, ele é considerado como conjunto de sistemas locais tomado em um mesmo momento histórico e em lugares diferentes, no interior de um mesmo espaço.

O mesmo autor relata que do outro lado, o modelo pode ser construído a partir da simulação da evolução no tempo, dos sistemas locais, cada um dando como resultado um outro sistema local assim o primeiro seria o modelo descritivo, o segundo o modelo evolutivo enquanto que os modelos com caráter de previsão levarão em conta os modelos evolutivo e descritivo, a fim de permitir a compreensão dos dinamismos verticais e horizontais, isto é, a totalidade dos mecanismos e das tendências sem os quais nenhum modelo de previsão é possível.

2.3 Espaço Geográfico

Vidal de La Blache (apud Moraes, 1999) definiu o objeto da Geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem. Colocou o homem como um ser ativo, que sofre a influência do meio, porém, que atua sobre este, transformando-o. A natureza passou a ser vista como possibilidade para ação humana, concebendo o homem como hóspede que cria cumulativamente e constantemente um relacionamento com a natureza, permitindo assim, utilizar os recursos naturais disponíveis.

De acordo com Santos (2002A), o território seria o conjunto de sistemas naturais mais os acréscimos históricos materiais impostos pelo homem, formado pelo conjunto indissociável do substrato físico, natural ou artificial, e mais o seu uso, ou seja, representa a base técnica mais as práticas sociais ou a combinação da técnica com a política.

(40)

ou território como sendo espaço geográfico. É a natureza, mas a natureza em seu vaivém dialético: ora a primeira natureza que se transforma em segunda, ora mais adiante a segunda que se reverte em primeira, para mais além voltar a ser segunda (MOREIRA, 2000).

A estrutura de um espaço geográfico pode se tornar mais complexa de acordo com o incremento da integração com a reprodução ampliada. Quanto mais complexa sua estrutura maior será o poder de reprodução ampliada na sociedade. Sob formas de fábricas, plantações, estradas, construções, fluxo de produção e homens, o espaço geográfico revela, como numa fotografia, o processo de trabalho. Sob forma de densificação das fábricas, plantações, estradas, construções e fluxos, o espaço revela a acumulação (MOREIRA, 2000).

Dollfus (1978) acrescenta que o espaço geográfico é um espaço percebido e sentido pelos homens em função tanto de seus sistemas de pensamento como de suas necessidades. À percepção do espaço real, campo, aldeia ou cidade, vem somar-se ou combinarem-se elementos irracionais, míticos ou religiosos dando a este uma concepção que vai variar de acordo com a cultura e história da comunidade / população que o ocupa.

Ainda segundo Dollfus (1978), o espaço geográfico é simultaneamente organizado e dividido e a divisão pode obedecer a critérios funcionais, traduzidos na paisagem. Desta forma, as paisagens se dividem entre cidades e campos, entre espaço rural e urbano, etc.

No sentido habitual o espaço rural, espaço geográfico que vai ser abordado nesta dissertação, é o campo, que constitui o domínio das atividades agrícolas e pastoris. A fisionomia do espaço agrícola e dos seus componentes está intimamente associada às contingências físicas, climáticas e culturais.

2.4 Modelos em Geografia

(41)

Um modelo é uma representação da realidade, cuja aplicação ou uso, só se justifica para chegar a conhecê-la, isto é, como hipótese de trabalho sujeita à verificação. Da mesma maneira que dos fatos empiricamente apreendidos se chega à teoria por intermédio de conceitos e de categorias historicizadas, voltando-se da teoria à coisa empírica através dos modelos.

O modelo também pode ser entendido como um conjunto de conceitos que podem ser usados para descrever a estrutura e as operações em um banco de dados (ELMASRI e NAVATHE, 1997). O modelo busca sistematizar o entendimento que é desenvolvido a respeito de objetos e fenômenos que serão representados em um sistema informatizado. Os objetos e fenômenos reais, no entanto, são complexos demais para permitir uma representação completa, considerando os recursos à disposição dos sistemas gerenciadores de bancos de dados (SGBD) atuais. Desta forma, é necessário construir uma abstração dos objetos e fenômenos do mundo real, de modo a obter uma forma de representação conveniente, embora simplificada, que seja adequada às finalidades das aplicações do banco de dados. A abstração de conceitos e entidades existentes no mundo real é uma parte importante da criação de sistemas de informação. Além disso, o sucesso de qualquer implementação em computador de um sistema de informação é dependente da qualidade da transposição de entidades do mundo real e suas interações para um banco de dados informatizado. A abstração funciona como uma ferramenta que nos ajuda a compreender o sistema, dividindo-o em componentes separados. Cada um destes componentes pode ser visualizado em diferentes níveis de complexidade e detalhe, de acordo com a necessidade de compreensão e representação das diversas entidades de interesse do sistema de informação e suas interações (CÂMARA, 2001).

Desta forma, com ou sem intuito de reformulá-la, submete-se a teoria a um teste, pois a realidade não é imutável. Assim, o modelo se encontra no mesmo nível do conceito neste caminho incessante de vai-e-vem, do fato cru à teoria e desta, de novo, ao empírico (SANTOS, 2002A).

2.4.1 Paisagem

(42)

própria, em si. Ela existe a partir do sujeito que a apreende. Cada pessoa a vê diferentemente de outra, não só em função do direcionamento de sua observação, como também em termos de seus interesses individuais. (BERTRAND, 1968; TUAN, 1980; WIEBER, 1985; PINCHEMEL,1987 in MARTINELLI e PEDROTTI, 2001). A paisagem é também a forma espacial do presente, porém testemunho de formas passadas que ainda persistem ou não. Revela, assim, um dinamismo diacrônico confirmando a evolução estrutural do processo espacial, demonstrando fases que poderão ser de estabilidade, de reformulação parcial ou de completa remodelação, engendrando novos espaços (SANTOS, 2002A, 1994, RODRIGUES, 1997; EVASO, 1999 IN MARTINELLI e PEDROTTI, 2001).

Embora externe com muita propriedade seu conteúdo social, a paisagem envolveu sempre, desde o homem primitivo, de forma incisiva, um enquadramento natural, especialmente aquele dado pela vegetação, que completa seu significado. São expressões coletivas, como floresta, que designam o conjunto. Para compreender a vida de um oásis é necessário encaixá-lo na imensidão do deserto que o encerra. O grande naturalista da primeira metade do século XIX, Alexandre von Humboldt, colocava a fisionomia da vegetação como essencial para a caracterização de uma paisagem. O agrupamento natural das plantas mostrava uma ordem no aparente caos. Disso resultou a concepção de região natural.

Não se trata, entretanto, de uma paisagem essencialmente natural, mas integradora, global, em sua totalidade concreta, junto aos objetos e às ações, ao mundo em movimento.

(43)

tecnicizada, bem como o espaço se revela cada vez mais informacionalizado (SANTOS, 1994, SANTOS 2002B; EVASO, 1999).

A paisagem visível, tida como o que vemos à nossa frente produz-se mormente em visão horizontal ou oblíqua. O campo de percepção varia bastante conforme a posição do observador e a configuração morfoescultural do terreno e respectivo arranjo de seus volumes, proporcionando grande diversidade às suas imagens. Importa reter as silhuetas da sucessão dos planos em profundidade, que podem organizar a apreciação da paisagem numa seqüência de escalas que vão diminuindo em direção ao horizonte, ao mesmo tempo em que se interpõem enquadramentos que podem encobrir parte dela, escondida por detrás (MARTINELLI e PEDROTTI, 2001).

Qualquer paisagem, por mais simples que seja, é sempre social e natural, subjetiva e objetiva, espacial e temporal, produção material e cultural, real e simbólica. Para sua completa apreensão, não basta a análise separada de seus elementos. É preciso compreender sua complexidade que é dada pela forma, estrutura e funcionalidade.

Assim, a unidade de paisagem pode ser reconhecida como resultado da conjunção de fatores distintos como: a história geológica, a morfogênese do relevo, o clima em seu movimento, a dinâmica biológica e a participação da ação humana em sua evolução histórica.

(44)

A própria representação do relevo hesitou bastante e teve que esperar até a metade do século XIX para sair definitivamente da visão lateral ou hachurada dos volumes que compunham a superfície do relevo, um claro apego à visualização da paisagem pela sucessão em profundidade dos planos verticais que perfazem o volume da litosfera em sua face exterior.

2.5 Cartografia

2.5.1 Representação Gráfica

Segundo Martinelli (2001), a representação gráfica é uma linguagem de comunicação visual com um caráter de significado único. Trata-se das relações que se pode dar entre os significados e os signos interessando, portanto, as relações que existem entre os signos que significam objetos geográficos , deixando para um segundo plano a preocupação com o significado e significante dos signos, característica básica dos sistemas de múltiplos significados.

Portanto, a tarefa essencial da representação gráfica é a de transcrever três relações fundamentais: a de diversidade, de ordem e de proporcionalidade entre objetos, por ralações visuais de mesma natureza (MARTINELLI, 2001).

2.5.2 Cartografia Temática

Os mapas temáticos, na sua multiplicidade, muitas vezes são considerados como realizações geográficas. Na realidade, os mapas temáticos interessam à Geografia na medida em que não só abordam conjugadamente um mesmo território, como também, o consideram em diferentes escalas (LACOSTE, 1976 APUD MARTINELLI, 2001).

Assim, o mapa temático reportaria certo número de conjuntos espaciais resultantes da classificação dos fenômenos que integram o objeto de estudo de determinado ramo científico (LACOSTE, 1980 APUD MARTINELLI, 2001).

(45)

2.5.3 Carta-Base

O mapa-base é o mapa que serve de suporte para a localização dos componentes temáticos. Ele deve conter informações cartográficas básicas para atender de maneira plausível suas demandas.

São informações que, por isoladas, não trazem significado porém, são a base da combinação de fatores propícios à confecção de uma Carta Temática. Seria como os insumos para produção de modelos espaciais (MARTINELLI, 2001).

2.5.4 Cartografia Ambiental

A cartografia ambiental deve considerar as bases para a definição de uma cartografia crítica que incorpore todas as relações, mediações, contradições, oposições, entre os componentes que perfazem a natureza e a sociedade. Estas, ainda devem ser vistas à luz de que junto à sucessão dos diferentes estágios do conhecimento científico e desenvolvimento tecnológico foram produzindo-se e reproduzindo-se, com a modernização, ambientes espaciais que adquiriram certas características que a sociedade detectou como problemáticas (MOREIRA, 1986). Moreira (1986) acrescenta ainda que a cartografia que representasse esses espaços seria certamente uma cartografia envolvida com a geografia. Entretanto, não basta apenas representar temas geográficos, é preciso que ela se reporte à materialidade desse espaço, cujo ambiente é o centro das atenções.

Ainda o mesmo autor explicita que a cartografia ao se defrontar com a complexidade da realidade a ser considerada deve, também, articular as diferentes maneiras de ver dos vários ramos científicos, cada um resolvendo uma representação específica do espaço valendo-se de uma escala temporo-espacial adequada ao seu estudo e concepção.

(46)

2.6 Geoprocessamento

O termo Geoprocessamento denota a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Meio Ambiente, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional. As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG/GIS), permitem realizar análises complexas ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados geo-referenciados (Figura 2.2). Tornam ainda possível automatizar a produção de documentos cartográficos (BORROUGH, 1998).

Figura 2.2 - Relações interdisciplinares entre SIG e outras áreas. Fonte: MAGUIRE et al. (1991)

De forma genérica, “Se, onde, é importante para seu negócio, então Geoprocessamento é sua ferramenta de trabalho”. Sempre que o onde aparece, dentre as questões e problemas que precisam ser resolvidos por um sistema informatizado, haverá uma oportunidade para considerar a adoção de um SIG.

(47)

principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente baixo, em que o conhecimento seja adquirido localmente.

2.7 Irrigação

De acordo com Testezlaf (2002) estima-se que no princípio do século XX, a área total irrigada mundial estava em torno de 40 milhões de hectares. Em 1950, esse valor se elevou para 160 milhões de hectares e, segundo a FAO (2001), a área irrigada mundial em1998 era de 271 milhões de hectares. Deste total, a Índia irriga em torno de 59 milhões, a China aproximadamente 52 milhões, os Estados Unidos 22 milhões, o Paquistão 18 milhões, contribuindo esses países com 56% da área irrigada mundial.

A fim de que seja possível obter uma idéia, no contexto internacional, acerca da importância das áreas irrigadas, efetuou-se uma análise comparativa utilizando países do Continente Americano, da União Européia e, pela importância que podem representar quanto ao assunto, Japão e Israel. Foram relacionados os dados (referentes às médias dos anos 1997,1998 e 1999) de terras irrigadas com os de áreas de terras aráveis mais as áreas de culturas permanentes, provenientes dos anuários estatísticos da FAO.

As áreas irrigadas representam 18% do total de terras aráveis e ocupadas com culturas permanentes para o conjunto de países do mundo. Os países do continente americano com mais elevadas participações de áreas irrigadas são o Chile (78,4%) e Suriname (76,1%). Na outra extremidade, países em que a irrigação ocorre em pequena escala são, por exemplo, o Canadá (1,6 %), Trinidad & Tobago (2,5%) e Paraguai (2,9%), estando o Brasil entre esses onde a técnica de irrigação é bem pouco empregada (4,4%). Evidentemente, os índices de áreas irrigadas confirmam os aspectos apresentados.

Considerando-se um conjunto de 27 países americanos, o Brasil (com índice de 24) se posiciona, em ordem decrescente, como o vigésimo segundo, superando apenas Honduras, Nicarágua, Paraguai, Trinidad & Tobago e Canadá.

(48)

irrigação de 24, encontra-se em nível abaixo dos Países Baixos, Grécia, Portugal, Itália, Dinamarca, Espanha, França e Bélgica / Luxemburgo.

Pode-se observar, ainda, que Israel e Japão constituem países que utilizam a técnica de irrigação de forma expressiva. O índice de área irrigada em Israel está 154 % acima do indicador do conjunto de países do mundo, sendo ainda 3,04 vezes superior no Japão.

2.7.1 A irrigação no Brasil

Testezlaf (2002) afirma que mesmo a irrigação sendo responsável por uma contribuição significativa ao setor agroindustrial brasileiro, participando em 16% da produção, o Brasil possui uma área irrigada pequena quando comparada com a área cultivada, ou com a área potencialmente irrrigável, ou ainda, com os dados de outros países do mundo.

O potencial de expansão e aperfeiçoamento da irrigação no Brasil é evidenciado, sendo possível incrementar a sua aplicação visando a aumentar as disponibilidades alimentares e o desenvolvimento econômico nacional (Figura 2.3).

Figura 2.3 - Evolução da área irrigada no Brasil entre 1950 e 2003 (Adaptado de ANA, 2004b).

(49)

Apesar de não se dispor de uma estatística atualizada sobre a área irrigada nacional, fontes como a FAO (2001), estimavam que o Brasil teria aproximadamente de 2,7 a 3 milhões de hectares irrigados em 1998, o que corresponderia a 1,4 % da área agrícola explorada no país. A Figura 2.4 exemplifica a pouca participação da irrigação na área total cultivada do país.

4% 2%

94%

Irrigação de Superfície Irrigação Mecanizada Sem Irrigação

Figura 2.4 - Participação da irrigação na área cultivada (42 milhões de hectares).Fonte: FAO (2001).

A região Sul é a que mais participa desta área, com aproximadamente 1,2 milhões de hectares e, a região Norte é que possui a menor área irrigada entre as regiões. Esta situação é explicada pelas características de produção dos estados constituintes dessas regiões e pela característica climática de cada uma. Enquanto a agricultura do sul do país, principalmente os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, caracteriza-se pela orizicultura irrigada (cultivo do arroz), os estados do Norte se encontram nas condições de clima equatorial, sendo a área praticamente coberta pela Floresta Amazônica (IBGE, 1995).

Imagem

Figura 1.1 - Relações de consumo de água conforme os principais setores da  sociedade (ONU, 1997)
Figura 1.2- Distribuição espacial das cinco principais bacias hidrográficas no Distrito  Federal
Figura 2.1 - Concepção geral do modelo computacional.
Figura 2.3 - Evolução da área irrigada no Brasil entre 1950 e 2003 (Adaptado de  ANA, 2004b)
+7

Referências

Documentos relacionados

A Coordenação global do Plano será assumida pela Direcção Pedagógica do Colégio, devidamente apoiada por uma Equipa Operativa em articulação com os Serviços de saúde

B) De 25 a 30 anos de serviço na empresa – 105 (cento e cinco) dias; C) Acima de 30 anos de serviço na empresa – 120 (cento e vinte) dias. § 2º - Para os

Nos corpos onde há empreendimentos minerários em atividade (porção norte) foi constatado que o carste é pouco vulnerável, uma vez que não foram identificadas feições

O RogerDirect da Phonak é uma inovação da indústria que permite que os microfones Roger transmitam diretamente para os seus aparelhos auditivos Marvel.. Sem a necessidade de

Assim, o presente estudo conduzido em rebanhos de três fazendas (A, B e C) onde se processa a transferência de embriões (TE) no município de Prata no Estado de Minas Gerais teve

População e Métodos: Revisão sistemática de todos os números da Revista quanto ao tipo de artigo, número total de referên- cias bibliográficas, número de

caracterização do desempenho de crianças utilizadoras de implante coclear a nível linguístico e de tarefas de processamento auditivo central; indicadores que apontam

Evaluation of global left ventricular systolic function using three-dimensional echocardiography speckle-tracking strain parameters. Hayat D, Kloeckner M, Nahum J, Ecochard-Dugelay