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Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.30 número2

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Academic year: 2018

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Sr. Editor,

Sempre é muito saudável o debate no

sentido da discussão, esclarecimento e, se

possível, da formação de um consenso acerca

de como deve ser a forma escrita de vocábulos

de grafia controversa que são observadas com

certa freqüência na língua portuguesa.

Um exemplo recente desta situação foi

publicado nesta revista, onde Rezende

25

e

Tosta

28

expuseram suas opiniões a respeito da

opção mais correta entre os termos designados

para protozoários de gênero Trypanosoma

(em português, tripanosoma, tripanossoma,

tripanosomo ou tripanossomo). Concordam os

dois pesquisadores que não é cabível a vogal

final

o

, com isso descartando as formas

tripanosomo

e

tripanossomo. Entretanto, no

que se refere à duplicação da letra s não existe

um consenso. Apesar dos fortes argumentos

do Prof. Rezende, creio que a nomeclatura mais

pertinente é tripanossoma. Ademais, o que é

normalmente verbalizado é tripano

ss

oma e

não tripano

z

oma.

De qualquer maneira, já que foi levantada

essa questão, existe um outro termo, mais

utilizado e abragente do que tripanossoma,

que também apresenta grafia diversa. Qual dos

dois vocábulos é o correto: parasito ou parasita?

A etimologia dessa palavra é decorrente do

grego

pará (ao lado, junto) e sîtos (alimento)

onde, no século IV a.C., era empregada para

denominar aqueles que alimentavam-se ao

lado dos pritanes no Pritaneu (edifício público

dos magistrados)

26

. Acompanhando a evolução

desse termo, houve a passagem para o latim

como

parasîtus, sendo posteriormente para a

língua francesa como parasite. Em 1813, foi

estabelecida para o português a terminologia

parasito

5

. A partir de então, podem ser observadas

na literatura especializada ou não as duas

formas (com terminação em

o

ou

a

) empregadas

indistintamente

13 15 16 18 19 23 24 27 29

. Para agravar esta

situação, o termo parasita

é o mais utilizado

popularmente.

Apesar de os dicionários e glossários da

língua portuguesa denominarem parasito

5 11 14 22 26

,

parasita

12 21

ou ambos

1 2 3 4 6 7 8 9 10 17 20

como formas

corretas, é necessário que haja a aplicação de

s o m e n t e u m d o s t e r m o s p a r a , c o m o j á

aventado pelos outros dois investigadores, a

uniformidade essencial na nomeclatura científica.

Portanto, pelas raízes acima destacadas, o

modo exato escrito e falado deve ser parasito.

O termo parasita pode e deve ser empregado

sim como tempo do verbo parasitar, mas não

na qualidade de substantivo.

Retornando ao início dessas ponderações,

mesmo concordando com Tosta que tripanossoma

é o mais (senão o único) coerente, não seria

aceitável então a denominação parasito?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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163

Recebido para publicação em 31/07/96.

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 30(2):163-164, mar-abr, 1997.

CARTA AO EDITOR

(2)

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Carta ao Editor. Quintas LEM. É o Tripanosoma cruzi um parasito? Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 30:163-164, mar-abr, 1997.

164

Luis Eduardo M. Quintas

Departamento de Farmacologia Básica e Clínica do

Instituto de Ciências Biomédicas da

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