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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática – Mestrado Profissional

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências e Matemática – Mestrado Profissional

Dissertação - PRODUTO

QUANDO DOIS MAIS DOIS SÃO MAIS QUE QUATRO:

sucesso de alunos de escola de periferia

hoje acadêmicos da Licenciatura em Matemática da UFPel

NÁDIA REGINA BARCELOS MARTINS

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Nádia Regina Barcelos Martins

QUANDO DOIS MAIS DOIS SÃO MAIS QUE QUATRO: sucesso de alunos de escola de periferia

hoje acadêmicos da Licenciatura em Matemática da UFPel

Produto da dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Faculdade de Educação, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Educação.

Orientadora: Profª. Drª. Maria de Fátima Duarte Martins

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 4 DESENVOLVIMENTO ... 6 ANO DE 2014 ... 6 ANO DE 2015 ... 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 15 APÊNDICES ... 16

APÊNDICE I – Modelo do termo de consentimento ... 17

APÊNDICE II – Modelo de solicitação enviado à Brigada Militar ... 18

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INTRODUÇÃO

Há mais de uma década leciono na Escola Municipal de Ensino Fundamental Doutor Mário Meneghetti, no bairro Getúlio Vargas, na cidade de Pelotas. Furtos, assassinatos, prisões, tráficos, tiroteios e mortes de alunos ou de seus familiares fazem parte do nosso cotidiano.

Há muito tempo questionava-me de que maneira poderia ajudar meus discentes a diminuírem ou reconhecerem o quanto a violência vem se alastrando a cada ano que passa em suas vidas. Perguntava-me de que forma a disciplina de Matemática podia intervir nesta realidade, auxiliando na diminuição dos dados estatísticos criminais ou fazendo com que os estudantes se desviassem do caminho das drogas e de suas consequências.

Percebo que a escola proporcionou novas oportunidades para muitas pessoas. No primeiro ano de funcionamento, havia ao redor da mesma, alguns pontos de drogas e lugares de prostituição. Já no segundo, esse número foi diminuindo, passando a haver novos moradores comprometidos com a educação e futuro de seus filhos.

Mesmo assim, esses locais de criminalidade foram se afastando da escola, mas ainda existem no bairro, onde circula a venda de entorpecentes e consequentemente a violência desencadeada pelo mesmo. Conforme HALPERN e PIEGAS (2013, p.2-3), no jornal Diário Popular1, só no Getúlio Vargas houve 5 assassinatos, o que representa um dos maiores índices se comparado com os crimes ocorridos em outras localidades. Desses óbitos, três eram parentes de nossos alunos. A maioria dos crimes ocorrem em decorrência do uso do crack ou similares. São dívidas pagas com a própria vida e assaltam para adquirirem dinheiro para a compra do produto.

1 O Diário Popular é um dos mais importantes jornais locais que traz notícias de Pelotas e de

sua região. A maioria de suas reportagens abrange documentários da cidade de Pelotas como educação, economia, saúde, polícia, sociedade entre outras.

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Logo, minha proposta inicial no ano de 2014 era encontrar caminhos que ajudassem os alunos do “Mário Meneghetti” a reconhecerem as características do lugar onde residem e encontrarem meios de interferirem, ou quem sabem alternativas que diminuíssem a violência que os circunda. Paralelo a isso, almejava fazer com que os discentes refletissem sobre a possibilidade de continuidade de sua formação ao finalizem o ensino fundamental em nossa escola. Visto que era o penúltimo ano de suas permanências no “Menega”, antes do ingresso no ensino médio/técnico.

Assim sendo, o produto começou a desenvolver-se em 2014 (de forma involuntária, sem ser planejado) em duas turmas de sétimas séries (oitavo ano) do ensino fundamental na E.M.E.F. Doutor Mário Meneghetti. A sétima A possuía 20 alunos (11 meninas e 9 meninos) e a sétima B tinha 24 alunos (13 meninas e 11 meninos). Ambas as turmas estavam inaugurando as novas salas de aula, implementadas pela Prefeitura Municipal de Pelotas: as salas de “lata”, os contêineres. Estes recintos possuíam e continuam contendo somente ar refrigerado, ou seja, no verão não resfria em nada, é muito quente; no inverno, é muito frio. Segundo uma discente mencionou em aula, num dos dias mais frios do inverno: “bem vindos ao frigorífico, pois estamos dentro de

geladeiras”.

Todos os estudantes eram moradores do bairro. Nenhum deles utilizava transporte alternativo para chegar na escola. São moradores das proximidades desta instituição de ensino o que favorece a frequência dos mesmos. São raríssimos os casos de infrequência nas turmas. A maioria das famílias dos discentes recebe auxílio do governo como bolsa família, vale gás e/ou bolsa escola.

Logo, em 2014 o objetivo da atividade realizada foi evidenciar a importância da utilização do cinema/documentário como dispositivo que permitisse o conhecimento de outras realidades vigentes no Brasil, auxiliando no processo de reflexão e análise do contexto educacional no qual estávamos inseridos, problematizando a diversidade e igualdades do nosso país.

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Inclusive o desenvolvimento deste trabalho2, bem como o suporte teórico que o sustentou foi apresentado no XVI Encontro de Pós-Graduação UFPEL (ENPOS) em 2014. O mesmo salienta o quanto o documentário é um dispositivo importante para gerar reflexão e ampliar discussões a respeito de temas considerados. Neste caso, analisou- se debates sobre violência e sucesso/fracasso escolares.

Embora os estudos e questionamentos sobre o que vem a ser um filme, qual sua contribuição e de que forma ele é realizado tenha sido desenvolvido em 2014, a execução do produto desta dissertação foi ocorrer no ano de 2015, quando os discentes encontravam-se em uma única turma de oitava série. Foi a partir do projeto desenvolvido em 2014 que estes alunos inspiraram-se e decidiram gravar um filme realizado por eles. Mais precisamente um documentário sobre a Escola Mário Meneghetti, alusivo aos seus dez anos de funcionamento.

A seguir será descrito as etapas e atividades desenvolvidas em 2014 e 2015, a partir das quais foi criado o produto desta dissertação, uma película, intitulado “Formando vidas há mais de uma década: Escola Mário Meneghetti”.

DESENVOLVIMENTO

ANO DE 2014

Inicialmente conversei com os alunos, de duas turmas de sétima série do ensino fundamental sobre a violência que circunda nossa escola e que está tão presente em nosso bairro. Questionou-se qual seu entendimento sobre o assunto e se já haviam vivenciado ou presenciado algum tipo de violência. Esta etapa foi finalizada com a produção de uma redação3.

2 Disponível em: <http://cti.ufpel.edu.br/siepe/arquivos/2014/CH_00909.pdf>. Acesso em: 04

jun. 2016.

3 Antes de pedir aos alunos que fizessem redações sobre determinados temas, foi entregue a

cada um deles, um termo de consentimento para os pais assinarem autorizando-os a participar da pesquisa e explicando o objetivo da mesma. O modelo do termo está em Apêndice I.

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Depois com auxílio das entrevistas e reportagens do Diário Popular, fizemos um comparativo com as informações adquiridas. Também buscou- se ajuda na Brigada Militar4, que possui os dados estatísticos5 dos casos de violência, roubos, vendas e apreensões de drogas em cada lugar de Pelotas. Assim conseguiu- se verificar e comprovar os dados obtidos nas escritas dos alunos.

Seguidamente foi realizada uma “roda de conversa” com as turmas com o intuito de saber qual era o desejo deles após concluírem a escola. Problematizei as respostas com uma nova pergunta: vocês acham que têm condições de sair da Escola Mario Meneghetti, cursar o ensino médio ou técnico e chegar à Universidade?

Para exemplificar a experiência de alunos e alunos em ambientes escolares diversos, utilizou- se o documentário “Pro dia nascer feliz”, de Jardim (2007). Optou-se pelo documentário por entender sua capacidade de apresentar conteúdos reais, suscitar a reflexão, gerar pensamentos, ideias e problematizar a violência em ambientes escolares diversos. O documentário aborda como ocorre o ensino nas escolas de algumas cidades do país, tais como escolas do sertão nordestino e de grandes centros econômicos como São Paulo.

Contempla também as dificuldades dos discentes para conseguir estudar, ocasionando, algumas vezes, o abandono da escola. Situações como a falta de transporte adequado para levar os alunos para estudar no município vizinho, a luta dos educandários contra a sedução das drogas, a falta de professores e as condições inadequadas da estrutura física das escolas faz com que alguns alunos percam-se no caminho e desistam da escola. Porém, há relatos que salientam que nada supera a força de vontade. Assim como alguns abandonam a chance de um futuro melhor, há os que não são captados

4 A solicitação feita à Brigada Militar para adquirir informações sobre a violência no bairro

Getúlio Vargas (BGV) encontra- se em Apêndice II.

5 Os dados obtidos sobre a violência e apreensões no BGV, no primeiro semestre deste ano,

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pelas malesas da escola e conseguem superar as situações conflitivas impostas por essa realidade.

Após a apresentação do filme realizou-se uma nova roda de conversa focando nas semelhanças/diferenças com a escola a que pertencem. Para finalizar esta etapa, solicitei aos alunos uma nova escrita abordando o que o documentário tinha em comum com a realidade deles. Essa questão balizou as discussões sobre as expectativas dos alunos e das alunas a cerca da possibilidade de finalizar seus estudos e chegar a uma faculdade, após assistirem “Pro dia nascer feliz”.

Analisando as questões, antes das turmas assistirem o documentário, duas respostas chamaram atenção de imediato: a primeira foi um aluno que disse que “jamais chegaremos à faculdade, pois somos pobres”. Outro menino disse “não iremos à universidade, pois somos moradores do bairro Getúlio Vargas”. Pós a apresentação do filme uma menina disse: “vou ser enfermeira sim, pois o que importa é à força de vontade e não as condições econômicas do bairro em que moramos”.

Nas respostas, aqui apresentadas sucintamente, observou-se o quanto as opiniões dos discentes modificaram-se antes e depois de assistirem ao documentário. Pode-se inferir que os alunos e as alunas não percebem como o ensino ocorre fora das ruas do seu bairro e assim consideram seu território o mais problemático quando comparado ao de outras escolas.

Percebe-se que os resultados vão ao encontro do pensamento de ALMANSA (2013) quando faz referência ao uso do cinema na construção da educação, para o autor o cinema participou, e participa de uma educação que se constrói com e a partir de um cultivo das mesmas e logo mais fazemos nossas escolhas, escolhas éticas e políticas, criamos para nós modos de vida nos quais o cinema se faz presente como objeto de pensamento, de estudo, de trabalho.

Nossa vida está repleta de imagens que povoam nosso cotidiano. A importância dessas imagens na nossa cultura torna inevitável sua transformação em objeto de estudo e pesquisa. A proliferação de imagens

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chega ao sistema educacional através de diferentes formas, sendo que as mais estimulantes chegam por meio de filmes, de programas de TV e sites de relacionamento como o facebook, por exemplo.

Esta tendência se exprime através das variadas pesquisas na área de educação que, ao invés de se deterem exclusivamente no campo da escola institucional e da sala de aula, focalizam os saberes propagados pelos mais variados campos da cultura. Dentre todos estes lugares onde os saberes se propagam, destaca-se a mídia.

Embora o termo “mídia” seja usado como substituto para “meios de comunicação” (SABAT, 2001), o alcance deste campo, denominado midiático, não diz respeito apenas aos veículos tradicionais nos quais são difundidas as informações (rádio, televisão, jornais, vídeo, etc.), mas também a outros veículos e produtos que servem como meios de propagação do imaginário e dos discursos da cultura. Por intermédio desta tecnologia, acreditando no desafio proposto por GUIDOTTI (2011) “pensou- se o cinema como arte, afecção, meio de fazer pensar” no auditório da Escola Mário Meneghetti juntamente aos estudantes das sétimas séries do ensino fundamental.

Foi possível perceber a importância da utilização do cinema/documentário como dispositivo que permite o conhecimento de outras realidades vigentes no Brasil, auxiliando no processo de reflexão e análise do contexto educacional no qual estamos inseridos, problematizando a diversidade e igualdades do nosso país. Os discentes perceberam que a educação em outras localidades apresenta problemas bem piores que os que ocorrem em sua escola. Também, reconheceram situações semelhantes as que visualizam em seu cotidiano e inspiraram-se nas histórias reais, narradas pelos estudantes da película, para seguirem o mesmo caminho: não desistirem de seus sonhos e irem em busca de seus ideais.

Considerando os dados obtidos após a visualização do filme “Pro dia nascer feliz” constatou- se que os discentes, em sua grande maioria, repensaram sobre sua realidade e perceberam que possuem condições escolares, embora insuficientes, melhores se comparadas a outras escolas do

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país. Mudaram a concepção de que o mundo acadêmico se faz distante de seu alcance, perceberam-se como atores de um projeto educativo, cujo sucesso depende em parte de sua dedicação aos estudos, pois uma escola pública de qualidade depende da participação de todos, na luta por políticas públicas para qualificar a educação e que valorize a escola como um lugar de formação de pessoas na qual todos envolvidos possam ter condições de vivenciar o processo educativo com dignidade e prazer.

Assim como muitos estudantes apresentados na película, em situações bem mais desfavoráveis, obtiveram sucesso escolar, eles também podem sonhar com um projeto de vida. Alunos da escola referida nesse trabalho cursam Licenciatura em Letras, Direito, Educação Física e Matemática (foco da minha dissertação), talvez desfazendo mitos e preconceitos de que as crianças de escolas públicas, localizadas principalmente em bairros pobres e violentos não podem sonhar.

ANO DE 2015

Em 2015, os discentes começaram a questionar a ideia de construírem um filme a partir de uma escolha do grupo da sala de aula. Logo, procurou-se a Professora Cintia Langie, do curso de Cinema da UFPEL, a fim de que a mesma pudesse nos auxiliar na execução da película. A Professora Cintia nos apresentou às graduandas e bolsistas Kelly Christ e Digliane Andrade, sem as quais certamente a realização deste produto não teria ocorrido.

O próximo passo foi definir o que seria gravado. Por fim os alunos optaram em fazer um documentário sobre sua escola, em homenagem aos dez anos de funcionamento. A partir deste instante começaram as oficinas com as graduandas, algumas delas foram realizadas na escola e outras no prédio do curso de cinema. Ao todo foram cinco encontros de formação para as gravações: três na escola e dois na faculdade. Além destes, criou-se um grupo no facebook como forma de agilizarmos nossas ideias e dúvidas com as bolsistas. As fotos ilustram alguns desses encontros.

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Figuras 1 e 2 - Oficina de cinema na escola: com Kelly e Digliane.

Figuras 3 e 4 - Oficina de cinema na escola: com Kelly

Figuras 5 e 6 - Oficina de cinema na faculdade de cinema: com Kelly.

Após a conclusão do documentário, as graduandas nos estimularam a participar do Festival de Vídeo Estudantil que ocorre no final do ano em Pelotas. Aventuramo-nos, inexperientes, como forma de conhecimento do processo, mas sem muitas expectativas, afinal, era nosso primeiro filme. Todos

1 2

3 4

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os vídeos realizados pelas escolas de Pelotas participam da disputa. Eles são enviados às escolas municipais (embora participem ou não do concurso), onde são apresentados às turmas que votam em categorias: melhor filme, melhor documentário, melhor ator/ atriz, melhor ator/ atriz coadjuvante entre outras. Depois passa pela votação do corpo docente técnico do curso de cinema.

Passadas estas duas etapas, chega-se ao resultado final. Para surpresa, nosso documentário ganhou o troféu de primeiro lugar na categoria “Melhor Documentário” no IV Festival de Vídeo Estudantil de Pelotas. Quando menciono surpresa não quer dizer que não confiávamos no potencial do nosso trabalho, pois nos empenhamos para tal. Mas é que concorremos com escolas experientes que já fazem este tipo de atividade em alguns anos anteriores. “Éramos marinheiros de primeira viagem”. Esse resultado foi muito estimulante para os alunos. Tanto que esta turma organizou a Semana de Consciência Negra na Escola, levando inclusive o reitor da UFPEL, Mauro Del Pino, para palestrar. A seguir fotos de alguns discentes com seu troféu.

Figuras 7 e 8 - Alunos da oitava série com o troféu.

Ao pensar no produto, algumas questões emergiram e me fizeram refletir. Por que não fazer um documentário com os graduandos, foco desta dissertação? Por que não criar algo relacionado às suas histórias de vida? Por que trabalhar na execução do produto com os alunos que tenho na escola hoje? Que vantagem isso traria para eles?

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Logo, percebi que criar algo com os acadêmicos seria quase impossível, pois dois deles trabalham e estudam, paralelamente, tendo pouco tempo disponível para outras tarefas. Seria sobrecarregá-los em demasia, já que um produto exige tempo e dedicação para execução. Trabalhar com os alunos da escola permite aos mesmos ampliar o seu horizonte e perceber novas possibilidades de aprendizagem e continuidade dos estudos. As idas à universidade, o contato com as graduandas do cinema mostrou a estes discentes que a academia não é um sonho impossível de ser conquistado, apenas exige esforço para tal.

Tanto que esta turma de formandos foi uma das que mais se destacou na escola em termos de notas, execução de projetos e planejamento de ações futuras. Inclusive, foi a primeira turma a organizar um seminário conforme exposto. Talvez se tivéssemos pensando em atividades desse porte como forma de incentivo, talvez tivéssemos mais alunos universitários espalhados pelos cursos de graduação. É uma forma de começar a mudar as formas de se trabalhar e dar continuidade nas mesmas em busca de melhores resultados futuros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se dois momentos diferenciados e de importante aquisição de conhecimentos por parte dos estudantes. O primeiro ocorreu no ano de 2014, quando involuntariamente iniciou a construção deste produto. A princípio, refletir sobre o documentário “Pro dia nascer feliz” e tentar contextualizá-lo era um dos objetivos a ser alcançado. Portanto ele foi muito além de uma simples meta a ser atingida.

O filme não só levou os estudantes a criticarem e, ao mesmo tempo, elogiarem a escola na qual estudam, como também fez com se enxergassem de forma mais positiva, com expectativas futuras possíveis de serem conquistadas. A película permitiu que cada aluno e cada aluna olhassem para seu interior e se percebessem como seres humanos com capacidades

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intelectuais, sociais e pessoais acima do que esperavam, antes de assistirem ao documentário.

Outro momento importante a ser considerado e destacado, ocorreu em 2015, quando os mesmos estudantes – agora cursando a oitava série- decidiram fazer um filme. A iniciativa e curiosidade de criar, editar e gravar uma película começou em 2014 quando eles assistiram “Pro dia nascer feliz”. Eles perceberam e comentaram que era um filme simples, com cenas comuns e que chamava muito atenção.

Portanto, em 2015 disseminei a ideia deles criarem sua própria gravação. O impacto foi imediato e muito bem recebido por parte destes. Tanto que foi só entrar em contato com o pessoal do curso de cinema, que seguidamente começaram as oficinas na escola e outras na Faculdade de Cinema da UFPel. Numa das idas à Universidade, no retorno para a escola, na linha de ônibus que faz Centro- Getúlio Vargas, o pessoal da turma encontrou com duas ex-alunas da escola que atualmente cursam o ensino médio. Elas questionaram aos alunos o que faziam no ônibus. Todos orgulhosos, gabaram-se que vinham da faculdade pois estavam com as bolsistas do curso de cinema editando seu filme. A cena foi hilária! As meninas ficaram boquiabertas enquanto que os estudantes se considerando os maiores cineastas do planeta.

A gravação do documentário aumentou a autoconfiança destes alunos. Tanto que tiveram a iniciativa de pedirem à direção da escola para organizarem a Semana de Consciência Negra, conforme foi salientado neste texto. Além disso, possibilitou o conhecimento de um pouquinho da Universidade, dos seus prédios, das suas salas de aula, em suma, de outra forma de seguir a caminhada. Acredito que esta experiência fique para sempre guardada na lembrança de cada discente daquela turma e que certamente servirá de incentivo para que muitos continuem a árdua e longa jornada em busca do conhecimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMANSA, Sandra Espinosa. O cinema como prática de si: narrativas

sobre experiência e formação. Reunião da Associação Nacional de Pós-

Graduação e Pesquisa em Educação, 36, Goiânia: Anais... ANPED, GT 16, 2013. Disponível em < www.anped.org.br> Acesso em: 21 jul. 2014.

GUIDOTTI, Flávia Garcia. Do intolerável ao impensável: potências

educativas de um cinema cruel. Pelotas: Projeto de tese, Doutorado, UFPEL

–RS, 2011. 80 f.

HALPERN, Bruno, PIEGAS, Cíntia. Como reduzir a violência?. Diário Popular, Pelotas, 23 dez. 2013. Criminalidade, p. 2-3.

Pro dia nascer feliz. Direção João Jardim. Produção: Tambeline Filmes.

Versão com Vinhetas. Maio, 2007. 88’ 20

SABAT, Ruth. Quando o cinema ensina sobre gênero e sexualidade. Porto Alegre: tese, UFRGS, 2001.

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APÊNDICE I – Modelo do termo de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO

O presente termo refere- se a participação do (a) aluno (a) _______________________________________________________________ como sujeito na pesquisa intitulada Quatro Casos de Sucesso Matemático

no Bairro Getúlio Vargas em Pelotas - RS, cujo objetivo é evidenciar a

história de quatro estudantes da E. M. E. F. Doutor Mário Meneghetti, que atualmente cursam Licenciatura Plena em Matemática, na UFPEL.

Sua participação é fundamental para análise das características do Bairro Getúlio Vargas, bem como para expor seu pensamento sobre o ensino na sua escola e em outras instituições de ensino.

Todos os dados coletados através de textos ou questionários serão mantidos em sigilo quanto ao autor ou respondente. O nome dos estudantes

não será citado, nem nos textos realizados, nem nos questionários

desenvolvidos.

Como professora de Matemática da E. M. E. F. Doutor Mário Meneghetti conto com sua colaboração.

Pelotas, ____ de ______________________ de 2014.

_________________________________________________________ Assinatura do (a) responsável do (a) aluno (a)

_________________________________________________________ Assinatura da pesquisadora responsável

Caso surjam dúvidas, entre contato com a professora Nádia Martins pelo telefone (53) 3273- 7420 (manhã ou tarde) ou na própria escola (manhã ou tarde).

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APÊNDICE II – Modelo de solicitação enviado à Brigada Militar

Solicito, por meio deste, à Brigada Militar que disponha os dados estatísticos da criminalidade ocorrida no Bairro Getúlio Vargas, neste ano. O objetivo destas informações será reforçar o conteúdo já explicitado no jornal Diário Popular sobre os índices que apresenta na sua secção policial, sobre a violência, nesta localidade.

Todos estes subsídios serão utilizados na dissertação de mestrado, que encontra- se em construção, pelo Programa de Pós- Graduação no Ensino de Ciências e Matemática (PPGECM) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Estou cursando o segundo semestre deste curso, sou professora da E.M.E.F. Doutor Mário Meneghetti, localizada neste bairro e o foco do meu estudo são os alunos desta instituição. Portanto, como este estabelecimento escolar situa- se nesta imediação, necessito caracterizá-lo. Um de seus atributos é a violência que circunda sobre o mesmo.

Assim sendo, almejaria, se possível, colocar os dados obtidos junto à Brigada Militar e os coletados no Diário Popular como fontes que comprovem as características deste local. Não necessito de nomes, apenas de dados numéricos que enfatizem os furtos, assassinatos, brigas entre outros que ocorreram no bairro.

Certa de sua atenção, desde já agradeço.

__________________________________________ Nádia Regina Barcelos Martins

CPF 94216223087 RG 3062650373

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APÊNDICE III – Dados estatísticos da Brigada Militar

Números de ocorrências no Bairro Getúlio Vargas (Julho de 2014) Tipo de Ocorrência Quantidade

Roubo a ônibus 9 Roubo a pessoa 4 Roubo a comércio 4 Roubo a residência 4 Estupro 1 Desordem 12

Ocorrência Maria da Penha 6

Assistência à incapaz (apoio a SAMU) 4

Agressão com lesão 7

Lesão corporal por faca 1

Homicídio 1

Tentativa de homicídio 4

Furto de veículo 2

Furto simples (objetos/ residência) 2

Ocorrências de trânsito 10

Recuperação de veículos 5

Prisão de foragido 4

Prisão de procurado 6

Furto qualificado residência/comércio 9

Ocorrências com drogas 2

Armas apreendidas 2

Perturbação do sossego 2

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