• Nenhum resultado encontrado

Tipologia da condição de vida dos produtores nos territórios da cidadania do Rio Grande do Norte: Uma análise do na visão dos produtores rurais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Tipologia da condição de vida dos produtores nos territórios da cidadania do Rio Grande do Norte: Uma análise do na visão dos produtores rurais"

Copied!
111
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RURAL

IONARA JANE DE ARAÚJO

TIPOLOGIA DA CONDIÇÃO DE VIDA DOS PRODUTORES NOS TERRITÓRIOS DA CIDADANIA DO RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DO

DESENVOLVIMENTO NA VISÃO DOS PRODUTORES RURAIS

(2)

IONARA JANE DE ARAÚJO

TIPOLOGIA DA CONDIÇÃO DE VIDA DOS PRODUTORES NOS TERRITÓRIOS DA CIDADANIA DO RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DO

DESENVOLVIMENTO NA VISÃO DOS PRODUTORES RURAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Rural da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia Rural. Área de concentração: Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural. Orientador: Prof. Dr. José Newton Pires Reis.

(3)
(4)

IONARA JANE DE ARAÚJO

TIPOLOGIA DA CONDIÇÃO DE VIDA DOS PRODUTORES NOS TERRITÓRIOS DA CIDADANIA DO RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DO

DESENVOLVIMENTO NA VISÃO DOS PRODUTORES RURAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Rural da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia Rural. Área de concentração: Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. José Newton Pires Reis (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profª. Drª. Patrícia Verônica Pinheiro Sales Lima

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. Dr. Emanoel Márcio Nunes

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN)

(5)

A Deus.

(6)

AGRADECIMENTOS

Estas palavras expressam um pouco do meu agradecimento a todos que serão citados e significam uma pequena parcela de minha gratidão por cada um. É um privilégio deixar registrados meus agradecimentos e meu amor por cada um de vocês pela parte que lhes cabe nessa conquista.

Primeiramente quero agradecer:

a Deus, por ter me dado forças sempre que ameaçava fraquejar. Minha dedicação foi muito importante, mas minha fé foi fundamental.

A meus pais, Francisco Araújo e Luzineide Araújo, que são meu alicerce, que estão sempre comigo me dando apoio, segurança e amor, além de terem me educado e feito de mim uma mulher honesta e dedicada, algo que só podemos aprender em casa e que nos ajudará por toda caminhada. Quem pôde me conhecer sabe que tenho grande dedicação por eles.

A minha irmã Iara, meu cunhado Julimar e minhas amadas sobrinhas Itauana e Iuliane , bem como a minha tia Luzenir e sua família: Suzana, Dedé e Jandson. Essas duas famílias foram de extrema importância para que eu me dedicasse de forma tranquila aos meus objetivos durante essa jornada.

A Igor, que esteve sempre presente em todos os momentos, fossem estes alegres ou tristes. Obrigada por ter suportado meus estresses e sempre me ter compreendido de forma serena. Talvez nem ele saiba o quanto foi importante nessa etapa da minha vida. “Do nosso amor a gente é quem sabe...”.

(7)

Aos amigos de Areia Branca, que foram minha válvula de escape quando precisava relaxar e sempre me deram apoio mesmo de longe: Deise, Marcos, Meire, Lucineide, Leandro, Sandja e Laert. Bem como a meus familiares, os quais não vou citar, pois são muitos, mas que como minha tia Francisca, sempre se preocuparam comigo e torceram para que tudo desse certo.

Sou de poucos amigos, aqueles de verdade que levo para a vida toda. Dessa forma, não poderia esquecer minhas fiéis amigas de graduação Suyanne e Gleydy, que tiveram presentes de forma assídua durante cinco anos de minha formação acadêmica. Conviver com elas me fez outra pessoa e essa mudança me ajudou muito. Também quero agradecer ao meu orientador da graduação, prof. Francisco Soares, que se tornou uma pessoa muito especial, desde suas primeiras orientações.

Por último, deixei para agradecer a quem contribuiu diretamente com o símbolo físico e intelectual dessa conquista. Meu Orientador José Newton, que me acompanhou desde a ideia do tema até os momentos finais; aos membros da banca, professora Patrícia Verônica, a qual me ajudou com a metodologia e contribuiu com muitas sugestões, e ao professor Emanoel Márcio, o qual tive o prazer de conhecer na graduação e de contar com sua contribuição para este trabalho.

Aos responsáveis pelo projeto Territórios da Cidadania, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário(MDA) e financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ), por terem disponibilizado a base de dados

(8)

RESUMO

Descrever os grupos de famílias agrícolas presentes nos Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte, quanto a sua percepção na condição de vida e quanto a sua influência no desenvolvimento do meio, é a finalidade do presente trabalho. Para realizar essa tipologia, foi necessário construir um Índice de Condição de Vida dos Produtores (ICVP) nos 592 domicílios em que existia produção agrícola, a partir do banco de dados do MDA/SDT. Posteriormente, os produtores foram classificados em três grupos, através da análise de agrupamento, com o auxílio do software SPSS, permitindo assim caracterizar e identificar suas principais demandas. Do total de entrevistados, 22,13% se classificaram com os menores Índices de Condição de Vida dos Produtores; 53,55% com índices intermediários e 24,32% com índices maiores, que reflete a percepção dos entrevistados. 25,95% dos produtores com índices baixos estão no território de Açu Mossoró; 26,72% no Sertão do Apodi e 47,33% em Mato Grande. No índice médio os produtores estão distribuídos respectivamente em 27,44%, 38,49% e 34,07% nos territórios de Açu Mossoró, Sertão do Apodi e Mato Grande. Para o índice alto a distribuição foi de 28,47% no território de Açu Mossoró; 58,33% no do Sertão do Apodi e 13,19% em Mato Grande. O grupo alto se caracteriza por ter, em 99% dos seus estabelecimentos, pelo menos uma pessoa que trabalha apenas no domicílio, e a maior parte da renda vem da produção. As principais demandas foram: acesso a crédito, assistência técnica, pluriatividade, diversificação nas fontes de renda familiar, diversificação da produção agrícola, uso e preservação dos recursos naturais: água e participação cultural. Concluiu-se que os produtores com atividades agrícolas que pertencem aos Territórios da Cidadania do Rio Grande Norte, quando avaliados a partir de suas concepções tem características quase idênticas. Porém, não há uma concordância quanto ao ICVP dentro do estado ou até dentro dos territórios. E as ações implantadas em 2013 não conseguiram, em sua maioria, captar quais políticas são necessárias para que os produtores tornem-se mais satisfeitos com sua condição de vida.

(9)

ABSTRACT

Describe the groups of farm families present in the Territories of Citizenship of Rio Grande do Norte, as their perception on the condition of life, influencing the development of the medium, is the purpose of the present work. To accomplish this it was necessary to construct a typology Condition Index Life Producers (ICVP) in 592 households in agricultural production that existed from the database of the MDA/SDT. After the producers were classified into three groups by cluster analysis with SPSS software, and thus characterize and identify their main demands. Of the total respondents, 22.13% were classified with the lowest indices of Living Conditions Producers, 53.55% to 24.32% and intermediate levels with higher indices. What reflects the perception of respondents. Producers with low rates are 25.95% of the territory Açu Mossoró 26.72% in the Hinterland of Apodi and 47.33% in Mato Grande. On average rate producers are distributed in 27.44%, 38.49% and 34.07% in the territories of Açu Mossoró, Hinterland Apodi and Mato Grande respectively. For the high rate distribution was 28.47% in the territory of Açu Mossoró; 58.33% in the Hinterland of Apodi and 13.19% in Mato Grande. The high group is characterized by having 99% of its stores at least one person working alone at home and most of their income from production. The main demands were: access to credit; technical assistance; pluriativity, diversification in sources of household income; diversification of agricultural production; use and conservation of natural resources: water and cultural participation. In short, it was concluded that farmers with agricultural activity belonging to the Territories of Citizenship of Rio Grande Norte, when evaluated from their conceptions have almost identical features. However, there is no agreement on the ICVP within the state or even within the territories. And the actions implemented in 2013 failed to mostly capture what policies are needed for producers to become more satisfied with their living conditions.

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Sub-índice de Condição de Vida dos Produtores da dimensão: Fatores que

favorecem o desenvolvimento ... 59 Tabela 2 - Distribuição do Sub-índice de Condição de Vida dos Produtores da dimensão

Fatores que favorecem o desenvolvimento, entre os Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte ... 60 Tabela 3 - Sub-índice de Condição de Vida dos Produtores da dimensão, características do

desenvolvimento ... 60 Tabela 4 - Distribuição do Sub-índice de Condição de Vida dos Produtores da instância

Características do desenvolvimento entre os Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte ... 61 Tabela 5 - Sub-índice de Condição de Vida dos Produtores da dimensão, efeitos do

desenvolvimento ... 61 Tabela 6 - Distribuição do Sub-índice de Condição de Vida dos Produtores da instância

Efeitos do desenvolvimento entre os Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte . 62 Tabela 7 - Classes do Índice de Condição de Vida dos Produtores rurais com atividade

agrícola do Rio Grande do Norte que residem nos municípios inseridos no programa Territórios da Cidadania ... 62 Tabela 8 - Distribuição do Índice de Condição de Vida dos Produtores rurais com atividade

agrícola entre os Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte ... 63 Tabela 9 - Situação dos membros das famílias quanto a escolaridade por grupo ... 70 Tabela 10 - Itens que refletem as condições de moradia das famílias com produção agrícola

nos Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte, por categorias do ICVP ... 71 Tabela 11 - Frequência da venda dos produtos para cooperativas e associações, por categorias

do ICVP ... 73 Tabela 12 - Avaliação do comércio das famílias que produzem também para vender, por

categoria do ICVP ... 73 Tabela 13 - Participação em programas do governo, por categoria do ICVP ... 76 Tabela 14 - Procedência da renda das famílias rurais em que produção do Território da

(11)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Território Açu-Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte - Brasil ... 41 Figura 2 - Território Sertão do Apodi no Estado do Rio Grande do Norte - Brasil ... 42 Figura 3 - Território Mato Grande no Estado do Rio Grande do Norte - Brasil ... 43 Quadro 1 - Instâncias e indicadores de desenvolvimento rural e das condições de vida dos

produtores rurais ... 38 Quadro 2 - Ações territorializadas em 2013, nos Territórios da Cidadania do Rio Grande do

(12)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição relativa das famílias nos oito indicadores que compõem a dimensão: Fatores que favorecem o desenvolvimento ... 47 Gráfico 2 - Participação em programas do governo ... 48 Gráfico 3 - Avaliação dos produtores quanto à situação de sua produção... 49 Gráfico 4 - Situação da escolaridade das famílias dos produtores rurais com produção

agrícola, nos Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte ... 51 Gráfico 5 - Situação dos domicílios dos produtores rurais com produção agrícola nos

Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte... 52 Gráfico 6 - Distribuição relativa dos produtores nos oito indicadores que compõem a

dimensão características do desenvolvimento ... 53 Gráfico 7 - Procedência da fonte de renda das famílias dos produtores rurais com produção

agrícola nos Territórios da Cidadania do Rio Grande do Norte ... 55 Gráfico 8 - Distribuição relativa dos produtores nos oito indicadores que compõem a

dimensão, efeitos do desenvolvimento ... 57 Gráfico 9 - Características da mão de obra familiar que está trabalhando dentro ou fora da

unidade de produção. Comparação entre os três grupos do Índice de Condição de Vida dos Produtores Rurais ... 68 Gráfico 10 - Situação da área utilizada para produção, comparação entre os três grupos do

Índice de Condição de Vida dos Produtores ... 69 Gráfico 11 - Situação dos membros da família, quanto a escolaridade, comparação entre os

três grupos ... 69 Gráfico 12 - Percepção da condição de moradia, comparação entre os três grupos do Índice de

Condição de Vida dos Produtores... 71 Gráfico 13 - Condições de acesso a mercados, comparação entre os grupos do ICVP ... 72 Gráfico 14 - Avaliação da atuação de instituições e organizações na localidade, comparação

entre os grupos ... 74 Gráfico 15 - Condições de acesso a crédito e assistência técnica, comparação dos grupos .... 75 Gráfico 16 - Condições para conseguir participar de programas do governo, comparação dos

grupos ... 76 Gráfico 17 - Percepção quando à renda familiar, comparação entre as categorias de produtores

... 77 Gráfico 18 - Diagnóstico do resultado da produção, levando em conta a quantidade de

trabalho utilizado; comparação entre os grupos ... 78 Gráfico 19 - Percepção do resultado da produção levando em consideração a área utilizada,

comparação entre os grupos ... 79 Gráfico 20 - Avaliação da variação da produção, comparação entre os grupos ... 80 Gráfico 21 - Visão dos produtores quanto à variação das fontes de renda ou ganho em

dinheiro de sua família; comparação entre os grupos ... 81 Gráfico 22 - Avaliação da conservação das fontes de água que abastecem o estabelecimento,

(13)

Gráfico 23 - Avaliação da área de produção no estabelecimento, comparação entre os grupos ... 83 Gráfico 24 - Avaliação da preservação nativa no estabelecimento, comparação entre os grupos

... 83 Gráfico 25 - Percepção quanto às condições de alimentação e nutrição na família, comparação

entre os grupos ... 84 Gráfico 26 - Avaliação das condições de saúde da família, comparação entre os grupos ... 85 Gráfico 27 - Proporção de indivíduos que saíram do domicílio para trabalhar fora,

comparação entre os grupos ... 86 Gráfico 28 - Percepção da situação econômica da família entre os anos de 2005 e 2010,

comparação entre os grupos ... 87 Gráfico 29 - Avaliação da situação ambiental do estabelecimento nos anos de 2005 e 2010,

comparação entre os grupos ... 88 Gráfico 30 - Percepção da participação da família em organizações comunitárias, comparação

entre grupos ... 89 Gráfico 31 - Avaliação da participação política da família, comparação entre os grupos ... 90 Gráfico 32 - Avaliação da participação da família em atividades culturais, comparação entre

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 16

1.1 Justificativa e Problema ... 19

1.2 Objetivos ... 20

1.2.1 Objetivo geral ... 20

1.2.2 Objetivos específicos ... 21

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 22

2.1 Desenvolvimento e suas adjetivações ... 22

2.1.1 Desenvolvimento sustentável ... 23

2.1.2 Desenvolvimento territorial ... 25

2.2 Programa Territórios da Cidadania ... 29

2.3 Condições de vida e sua relação com o desenvolvimento regional ... 33

2.3.1 A visão do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a mensuração da condição de vida... ... 37

3 METODOLOGIA ... 40

3.1 Área geográfica de estudo ... 40

3.2 Natureza e fonte dos dados ... 43

3.3 Natureza das variáveis adotadas na pesquisa ... 43

3.4 Métodos de análises ... 44

3.4.1 Construção do Índice de Condição de Vida dos Produtores Rurais com produção agrícola nos territórios do Rio Grande do Norte ... 44

3.4.2 Metodologia de índices agregados. ... 46

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 47

4.1 Sub-índices do Índice de Condição de Vida dos Produtores Rurais com atividades agrícolas. ... 58

4.1.1 Sub- índice dos fatores que favorecem o desenvolvimento ... 59

4.1.2 Sub-índice das características do desenvolvimento. ... 60

4.1.3 Sub-índice dos efeitos do desenvolvimento ... 61

4.2 Índice de Condição de Vida dos Produtores Rurais, com atividade agrícola. ... 62

4.3 Caracterizações dos grupos dos produtores residentes nos municípios do Rio Grande do Norte incluídos no Programa Territórios da Cidadania. ... 64

(15)

4.3.1.1 Grupo com índice baixo ... 64

4.3.1.2 Grupo com índice médio ... 65

4.3.1.3 Grupo com índice alto ... 66

4.3.2 Caracterizações a partir da comparação entre os grupos em cada indicador ... 67

4.3.2.1 Comparação dos grupos nos indicadores da primeira dimensão: Fatores que favorecem o desenvolvimento. ... 67

4.3.2.2 Comparação dos grupos nos indicadores da segunda dimensão: características do desenvolvimento. ... 76

4.3.2.3 Comparação dos grupos nos indicadores da terceira dimensão: Efeitos do desenvolvimento. ... 84

4.4 Principais demandas das famílias dos domicílios em que há produção. ... 91

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ... 97

REFERÊNCIAS ... 99

ANEXO A - QUESTIONÁRIO DO ÍNDICE DE CONDIÇÕES DE VIDA... 104

ANEXO B – OUTPUT DO TESTE ANOVA PARA AS DIMENSÕES: FATORES QUE FAVORECEM O DESENVOLVIMENTO,CARACTERÍSTICA DO DESENVOLVIMENTO E EFEITOS DO DESENVOLVIMETO ... 109

(16)

1 INTRODUÇÃO

As políticas públicas no Brasil surgiram para promover o crescimento econômico, relativo à aceleração do processo de industrialização. Em apenas 50 anos, o Brasil passou de uma economia basicamente agrícola para ocupar o oitavo maior PIB mundial, tornando-se uma potência industrial média, sendo pouco tempo para uma mudança tão expressiva, o que gerou a maior fratura social dentre os países com perfil semelhante. A consolidação do processo industrial trouxe consequência na distribuição de renda do Brasil, em proporções não observadas em outros países (BACELAR, 2003). De acordo com os dados da Síntese de Indicadores Sociais de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a razão dos rendimentos entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres entre 2002 e 2012, teve uma redução de 16,8 para 12,6.

Em meio ao processo de industrialização, as políticas públicas direcionadas ao meio rural se caracterizavam por seu caráter setorial, destinando-se ao crescimento do volume produtivo e dos índices de produtividade, em consequência da agregação de inovações tecnológicas pela atividade agropecuária. Como o espaço rural era apenas uma área para realizar as atividades relacionadas à agricultura, esse processo deixava os pequenos produtores e trabalhadores rurais à margem, pois a política era voltada para interesses econômicos dominantes (HESPANHOL, 2008).

O cenário de mudança no Brasil teve início com o segundo processo de transição da redemocratização, no fim do regime militar. A nova conjuntura política e social favoreceu várias mudanças. Em termos econômicos, destaca-se a mudança de um Estado desenvolvimentista para a implantação do capitalismo neoliberal, em que “o Estado condicionou o acesso às políticas públicas e a liberação dos recursos à participação organizada da sociedade” (HESPANHOL, 2008). Outro marco da nova conjuntura foi a formulação de uma nova Constituição, concluída em 1988, desencadeando um processo de descentralização administrativa.

(17)

primeiro destaque, criado em 1996. De acordo com o primeiro decreto de sua criação, o programa tinha por finalidade “promover o desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares, de modo a propiciar-lhes o aumento da capacidade produtiva, a geração de empregos e a melhoria de renda.” (DECRETO Nº 1.946, DE 28 DE JUNHO DE 1996).

Segundo Hespanhol (2008), essas mudanças nas perspectivas das políticas públicas para o meio rural foram também resultado de um novo cenário internacional na área do desenvolvimento rural. Em seu trabalho, Oliveira (2002) mostra a evolução das políticas de desenvolvimento rural na União Europeia, fazendo uma análise de fatos que se desdobram do enfoque setorial ao territorial. De acordo com o autor, surge a constatação de que o desenvolvimento rural deve abrir caminhos a iniciativas que estimulem a criação de atividades complementares às atividades agrícolas no espaço rural. O programa europeu não considera as questões setoriais, e sim as peculiaridades de cada local, levando em consideração as condições econômicas, sociais, culturais e institucionais dos territórios e, principalmente, a participação dos agentes locais beneficiários diretos das políticas.

O programa Ligação Entre Ações de Desenvolvimento da Economia Rural (LEADER) ilustra esse perfil de política na União Europeia. Implementada na década de 1990, trabalha as perspectivas territoriais para desenvolvimento local, ganhando perfil de política pública, apresentando-se como um programa de ações integradas para o desenvolvimento rural (ROVER; HENRIQUES, 2006)

Para Navarro (2001), o desenvolvimento rural se trata de ação previamente articulada, induzindo mudanças no meio rural e sua proposta sempre será buscar o bem-estar das populações rurais como objetivo final de desenvolvê-las, mesmo que o conceito tenha variado ao longo do tempo. A fim de propor essas mudanças, o Estado fundamenta-se em estratégias pré-estabelecidas, metas definidas, metodologias de implementação, lógica operacional e as demais características específicas de projetos e ações governamentais que têm como norte o desenvolvimento rural. Ainda de acordo com o autor, o acréscimo do termo sustentável na expressão desenvolvimento rural, está ligado ao plano ambiental, em face da necessidade de incorporar as dimensões ambientais nas estratégias desse processo.

(18)

atingem algumas regiões e grupos sociais mesmo já tendo ocorrido alguns avanços nessas áreas (NAVARRO, 2001).

No Brasil, a abordagem territorial se intensificou no governo do presidente Luiz Inácio da Silva, com a criação da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT), que, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) lançou, em 2008, o Programa Territórios da Cidadania, tendo como objetivo levar o desenvolvimento econômico e universalizar os programas básicos de cidadania, trazendo em sua essência a descentralização, sendo de suma importância a integração das esferas governamentais e a participação social. Os territórios foram definidos com base em conjuntos de municípios com características econômicas e ambientais comuns e com identidade e coesão social, cultural e geográfica (PORTAL DA CIDADANIA, 2013).

Entretanto, o Programa Territórios da Cidadania usa o enfoque já existente nos territórios para articular políticas públicas, não priorizando ações diretas de desenvolvimento. A estratégia de ação do programa baseia-se em dois mecanismos: a concentração das ações setoriais e a articulação destas num mesmo espaço geográfico caracterizado pela pobreza rural e denominado território (MIRANDA; TIBURCIO, 2011). A articulação dessas políticas tem por fim melhorar a condição de vida do público alvo do programa, que são principalmente agricultores familiares e assentados, sendo essa a principal alegação do programa de acordo com proposta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, para redução da desigualdade social no meio rural brasileiro, descrito no texto abaixo.

Não se pode jamais perder de vista que o Programa se propõe a alterar as condições de vida e de trabalho da população do território, principalmente dos agricultores familiares e assentados. Portanto, uma análise dos resultados deve passar, necessariamente, pela análise das alterações observáveis nos níveis de vida da população geral e, com maior cuidado ainda, da população constituída pela demanda social do MDA. (Brasil.MDA/SDT 2007).

(19)

De acordo com (Rambo et.al, 2012), essa proposta foi fundada na abordagem de capacitações de Amartya Sen; ainda segundo a mesma proposição, o esforço de construir esse índice se dá em função de várias críticas à insuficiência das análises unidimensionais.

1.1 Justificativa e Problema

Desde a implementação da Secretaria de Desenvolvimento Territorial em 2003, que a abordagem territorial no Brasil vem ganhando espaço da abordagem setorial. Dessa forma, tem-se observado um avanço na maneira de se fazer política para o desenvolvimento rural, estando o Programa Territórios da Cidadania integrado nessa linha.

Trabalhos como o de Oliveira (2002) trazem relatos sobre o início da abordagem territorial na Europa, onde, a partir dos anos de 1970, começa a ganhar força superando o enfoque setorial. Essa mudança resultou em desenvolvimento de políticas do tipo top-down para políticas bottom–up. O principal impacto nesse redirecionamento nas discussões acerca do desenvolvimento nas políticas foi, de acordo com o autor, a compreensão das diferenças regionais e territoriais como um elemento a ser valorizado, considerando as especificidades regionais como elemento de definição de políticas e instrumentos de intervenção no espaço.

A partir da evolução da política europeia de desenvolvimento rural, é nítida a importância de uma política bottom-up, pensada “de baixo para cima”, com base na realidade econômica, social, cultural e institucional de determinados espaços, onde haja a intervenção dos agentes sociais e dos próprios beneficiados. De acordo com o Portal da Cidadania, que é um meio de divulgação das ações governamentais brasileiras, o programa Territórios da Cidadania traz em sua proposta a integração das esferas governamentais e da sociedade, caracterizando-se como uma política bottom-up entendendo a região como promotora de seu desenvolvimento. Diante das afirmações, cabe o questionamento: Será que o programa Territórios da Cidadania, mesmo com características de política endógena, consegue captar as características específicas da população? Como um dos seus principais objetivos é erradicar a pobreza no campo, o programa pode está incorrendo no erro de generalizar as necessidades nos territórios, pois o MDA, ao utilizar o ICV nos territórios, pode identificar nível de condição de vida geral dos territórios, mas não as demandas específicas dos produtores.

(20)

respondido bem às dificuldades dos setores mais vulneráveis da população no atendimento de suas necessidades, sendo uma estratégia recomendada pelas principais instituições financiadoras de políticas públicas como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento em países de terceiro mundo. Entretanto, não é fácil identificar quais as demandas de uma determinada região ou até mesmo de um grupo, e ao trazer esse problema para um país de medidas continentais como o Brasil, o desafio torna-se maior. Barbosa (2013) cita alguns desafios percebidos no meio rural. Entre eles destacam-se: luta pela terra, reivindicação de crédito e assistência técnica para a produção, melhoria da infraestrutura (estradas, iluminação, saneamento), garantia dos serviços sociais básicos (educação e saúde), dentre outros.

Observando a importância de uma análise mais detalhada dos produtores do meio rural, o presente trabalho se propõe a realizar uma tipologia da condição de vida dos produtores nos territórios do Rio Grande do Norte, a partir do banco de dados do MDA/SDT. Perguntas relacionadas à percepção dos moradores dos domicílios rurais quanto a sua condição de vida, diante de questionamentos relativos ao desenvolvimento foram critérios utilizados pelo órgão supracitado para avaliar o programa dos Territórios da Cidadania. A fim de aprofundar e detalhar a visão dos produtores quanto a sua condição de vida, alguns questionamentos se fazem necessários: como estão distribuídos os produtores dentro dos territórios quanto a sua concepção em relação a sua condição de vida? Há uma concordância por parte dos produtores nos territórios quanto à condição de vida?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

(21)

1.2.2 Objetivos específicos

 Construir o Índice de Condição de Vida dos produtores residentes nos municípios do Rio Grande do Norte inseridos no Programa Territórios da Cidadania.

 Classificar o nível de condição de vida dos produtores residentes nos município do Rio Grande do Norte inseridos no programa território da cidadania.

 Caracterizar os grupos dos produtores residentes nos municípios do Rio Grande do Norte incluídos no Programa Territórios da Cidadania.

(22)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Desenvolvimento e suas adjetivações

A utilização do termo desenvolvimento varia de acordo com o contexto no qual é aplicado, seja na linguagem coloquial ou na formal. De acordo com o dicionário Aurélio, o desenvolvimento é a ação ou efeito de desenvolver; crescimento. Quando aplicado à economia, é sinônimo de crescimento global de um país ou região, progresso. Ainda na mesma definição o dicionário especifica o desenvolvimento sustentável como um modelo de crescimento socioeconômico que não agride o equilíbrio ecológico.

Para Cândido (2010), o desenvolvimento “é um processo de mudança dinâmico e contínuo, que varia de região para região, dependendo de características históricas, geográficas, biológicas, econômicas, políticas, religiosas etc.”. Sob a ótica econômica, de acordo com Furtado (1983), o desenvolvimento é o aumento do fluxo de renda real e serviços por unidade de tempo à disposição da coletividade. Os economistas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) divergem a esse respeito, pois relacionam o termo ao processo de mudanças qualitativas de uma estrutura econômica e social. Já para Oliveira (2002), qualquer que seja a concepção dada ao desenvolvimento, este deve resultar do crescimento econômico acompanhado de melhorias na qualidade de vida.

Corroborando com a afirmação de Oliveira, Alves (2006) declara que, a partir da década de 1970, surgiu a necessidade de avaliar, de forma comparativa e mais enfática, o desenvolvimento e as condições de vida de uma determinada sociedade, pois o crescimento econômico que vinha ocorrendo nessa época, principalmente nos países subdesenvolvidos, não foi acompanhado por uma melhora na qualidade de vida da população.

O conceito de desenvolvimento vem-se modificando, assumindo diferentes significados ao longo do tempo, relacionados a riqueza, progresso, aumentos dos índices econômicos etc. Mais recente, algumas adjetivações são atribuídas à expressão, tais como sustentabilidade, ruralidade, territórios, condições de vida, liberdade, democracia, entre outras.

(23)

desenvolvimento valorizando sua visão sistêmica, vendo-o como uma questão social, em que o Estado deixa de ser o ator principal, e novos personagens se inserem nesse ato.

2.1.1 Desenvolvimento sustentável

No Brasil a relação dos termos desenvolvimento e meio ambiente surge de forma mais acentuada na década de 1990, quando suas associações tiveram auxílio do termo sustentabilidade (CÂNDIDO, 2010). De acordo com o vocabulário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2004), o termo está intimamente ligado ao Desenvolvimento Sustentável, envolvendo ideias de pactos intergeracional e perspectiva de longo prazo. O órgão define Sustentabilidade como “a capacidade de um processo ou forma de apropriação dos recursos continuar a existir por um longo período”.

Sachs (1993) afirma que, ao planejar o desenvolvimento, devem-se considerar as cinco dimensões da sustentabilidade: Social, visando garantir uma melhor distribuição de renda; Econômica, possibilitando gestão e alocação mais eficientes dos recursos; Ecológica, viabilizando a intensificação do uso dos recursos de vários ecossistemas; Espacial, objetivando maior equilíbrio na configuração rural/urbana e melhor distribuição territorial dos assentamentos e das atividades econômicas; e a dimensão Cultural, buscando a continuidade cultural nos processos de mudança.

O termo desenvolvimento sustentável foi utilizado primeiramente pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), em Ottawa (Canadá, 1986), na conferência mundial sobre a conservação e o desenvolvimento de IUCN. O conceito posto com um novo paradigma teve como princípios: integrar conservação da natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades humanas fundamentais; perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação social e a diversidade cultural; e manter a integridade ecológica (MONTIBELLER FILHO, 1993).

(24)

haverá o dobro de pessoas a depender do mesmo meio ambiente?”. Daí surge uma das principais definições da expressão, que é “atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também as suas” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1988).

O conceito tomou maiores proporções, popularizando-se definitivamente na conferência da Organização das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992 (Rio 92), quando as questões ambientais assumiram papel de destaque em todo o mundo.

De forma mais abrangente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004) afirma que o desenvolvimento sustentável constrói e harmoniza as ideias e conceitos relacionados ao crescimento econômico, à justiça e ao bem-estar social, à conservação ambiental e à utilização racional dos recursos naturais. Considerando as dimensões social, ambiental, econômica e institucional do desenvolvimento.

A Assembleia Geral da ONU em 1987 e a Conferência do Rio em 1992 foram eventos importantes para consolidar a nova fase do desenvolvimento, definindo um conceito e o popularizando. Entretanto, ainda não se chegou a um conceito definitivo. Segundo o Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente do IBGE, a definição “desenvolvimento sustentável” tem se modificado muito rapidamente, estando em construção,e cada área apresenta sua própria concepção:

(25)

ciência e tecnologia e o acesso a novas tecnologias. (VOCABULÁRIO BÁSICO DE RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE DO IBGE, 2004)

Os vários conceitos de desenvolvimento sustentável trazem em sua essência a dinâmica endógena, em que as mudanças se iniciam de baixo para cima. Com essa abordagem, o desenvolvimento não é apenas um crescimento das atividades econômicas, mas é também a garantia do bem-estar da população a longo prazo, através de melhorias sociais, sustentabilidade ambiental e instituições mais conscientes em suas orientações políticas.

Acompanhando as novas temáticas mundiais de sustentabilidade, o governo brasileiro cria a Secretaria de Desenvolvimento Territorial, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em que as políticas públicas de desenvolvimento com enfoque territorial entram em evidência, tendo como focos, as políticas de desenvolvimento territorial sustentável.

2.1.2 Desenvolvimento territorial

De acordo com Schneider (2004), a abordagem territorial como síntese para as discussões sobre desenvolvimento rural no Brasil se originou pelo esgotamento teórico e prático da abordagem regional, que se tornou, insuficiente como instrumento de planejamento normativo das ações práticas do Estado e dos agentes políticos. Nesse contexto a abordagem territorial ganha destaque, emergindo como um processo ligado à globalização, pois a nova dinâmica econômica e produtiva depende de decisões e iniciativas que são tomadas e vinculadas em função do território, bem como passa a ser uma nova unidade de referência para a atuação do Estado e a regulação de políticas públicas.

(26)

uma nova unidade de referência, o território. E as ações de intervenção resultante deste deslocamento passaram a ser denominadas de desenvolvimento territorial.

De acordo com Brasil (2003), o desenvolvimento territorial “promove a superação da visão da participação como condição para a obtenção de compensações, pondo em destaque a cooperação, a co-responsabilidade e a inclusão econômica e social”. Brasil (2003) ainda destaca que essa nova abordagem do desenvolvimento encara a questão ambiental além da visão convencional de manejo de recursos naturais. Articula as dimensões urbana e rural de forma orgânica. Estimula a diversificação econômica dos territórios. Trata a questão da tecnologia não apenas como fator incremental da produtividade, mas também como promoção de conceitos de inovação tecnológica e competitividade territorial. Desse modo, destaca a importância do capital humano, como a capacidade transformadora inerente aos conhecimentos dos indivíduos; do capital social, que quando se refere às instituições , relações e normas, molda a quantidade e qualidade das interações sociais, viabilizando a governabilidade através de redes e contratos de integração; do capital natural, como a base de recursos naturais. Portanto, o desenvolvimento territorial configura espaços demográficos integrados que compartilhem estruturas sociais, econômicas e institucionais construídas em processos históricos de apropriação do espaço.

Ainda segundo Brasil (2003), o território é definido como um espaço físico, geograficamente delimitado, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos, caracterizados por critérios multidimensionais, como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, tendo uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, podendo distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial valorizando os atributos locais e regionais no processo de desenvolvimento.

Para Santos (2001), o território está diretamente relacionado com a sociedade não sendo apenas um conjunto de sistemas naturais ou de coisas criadas pelo homem, ou seja, não é apenas o resultado da superposição, mas é o chão e a população, um sentimento de pertencer ao que nos pertence. Ao pensar o desenvolvimento com enfoque territorial, o território ganha outro conceito, ganha novas formulações e deixa de pressupor divisão ou recorte espacial.

(27)

além dos centros urbanos levando essa perspectiva para o espaço rural, porém para o rural que ultrapasse as fronteiras do agrícola.

O desenvolvimento territorial está intimamente ligado a outras abordagens do desenvolvimento, por exemplo, o desenvolvimento rural. Essa ligação, segundo Schneider (2004), se dá, pois se pressupõe que o nível de tratamento analítico e conceitual dos problemas concretos deva ser o espaço em que transcorrem as relações sociais, econômicas, políticas e institucionais, sendo construído a partir da ação entre os indivíduos e o ambiente, em que o território é entendido como conteúdo desse espaço.

Segundo Brasil (2003), em boa parte do país, as comunidades rurais e urbanas estão associadas em termos de causas e efeitos de diversos problemas sociais, econômicos e ambientais. Essa associação pode causar um processo de descentralização no crescimento econômico e no fortalecimento das cidades médias. Ainda de acordo com o autor, o desenvolvimento rural deve ser concebido num quadro territorial, supondo políticas públicas que estimulem a formulação descentralizada de projetos capazes de valorizar os atributos locais e regionais no processo de desenvolvimento.

Ainda seguindo a linha do desenvolvimento territorial, Perafán (2007) apresenta em sua tese, O Território do Desenvolvimento e o Desenvolvimento dos Territórios: o novo rosto do Desenvolvimento no Brasil e na Colômbia, uma discussão sobre os termos desenvolvimento local, endógeno e territorial, chegando à conclusão de que esses termos podem ser usados como sinônimo, dado que as três propostas resgatam a variável espaço para explicar o dinamismo econômico, as relações sociais e institucionais que se manifestam em certas regiões e a importância do local como fator de competitividade no desenvolvimento. De acordo com a autora, pode-se caracterizar desenvolvimento territorial de igual forma que as abordagens supracitadas:

a) Na perspectiva sistêmica, é de alta relevância o papel dos agentes locais na organização dos fatores e na coordenação do processo cumulativo e mais ainda na definição do modelo de desenvolvimento; b) interpretam-se os processos de desenvolvimento, com base em uma perspectiva territorial e não funcional e se outorga ao território um caráter de ator e não só de receptor na tomada de decisões pelos agentes externos; c) a organização das empresas estão condicionadas pelo sistema de relações econômicas, institucionais e socais com a participação dos atores socais; d) valorizam-se os atributos culturais, políticos e institucionais das comunidades que habitam os territórios; e) governança local e participação tornam-se atributos do detornam-senvolvimento territorial ( PERAFÁN, 2007).

(28)

realização de projetos de acumulação de renda compatíveis com os ativos culturais locais e respeitosos do meio ambiente (DELGADO, 2007). Sendo assim, percebe-se que o conceito de território está diretamente ligado ao desenvolvimento e à sustentabilidade, como citou o autor, as políticas territoriais têm a finalidade de reduzir a pobreza reequilibrando o social e o territorial.

Dada a importância do desenvolvimento do meio rural com enfoque territorial, o governo brasileiro propõe políticas para o desenvolvimento sustentável nos territórios rurais. Delgado (2007) relata que, a partir do governo Lula, os territórios surgem como uma nova institucionalidade política, voltada para agricultura familiar. cria-se então o Programa Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais (PDSTR), tendo como foco o desenvolvimento territorial. A justificativa dada pelo SDT no documento Referências para o desenvolvimento territorial sustentável para essa nova abordagem, é a insuficiência das políticas públicas implementadas nas últimas décadas ou a falta de foco no principal objetivo, que era a generalização de melhorias na qualidade de vida e nas oportunidades de prosperidades das populações rurais.

O Plano Plurianual-PPA 2004-2007 preparado pelo então governo, teve características diversas, pois foi reintroduzida a preocupação com um desenvolvimento diferenciado, inovando ao organizar um debate público em todo território, mesmo que de forma embrionária e problemática (DELGADO, 2007). Entretanto, foi o PPA de 2008-2011 que teve uma maior oferta de subsídio territorial, o que ser percebido no texto exposto abaixo:

O território terá um papel determinante na estratégia de desenvolvimento escolhida para o próximo PPA, pois carrega o conjunto das variáveis que interferem nas possíveis trajetórias a serem perseguidas pelo Brasil. As regiões não podem ser tratadas apenas como provedoras passivas de insumos ao desenvolvimento. Devem ser consideradas como estruturas espaciais ativas nas quais o ambiente sócio-econômico e os traços histórico-culturais e sócio-geográficos sejam decisivos para o sucesso ou o fracasso de qualquer desenvolvimento. As políticas públicas encontram, nas escalas sub-regionais e locais, melhor possibilidade de articulação das ações com a gama variada de atores e demais grupos sociais, que assim obtêm melhor resposta aos problemas da agenda de desenvolvimento.(BRASIL/MPOG/SPIE, 2007)

(29)

incentivo à ação coletiva voltada para a realização de projetos de acumulação de renda compatíveis com os ativos culturais locais e respeitosos do meio ambiente.

Dentre essas políticas, destaca-se a política “Territórios da Cidadania”, em que a articulação das políticas públicas ganha destaque especial. O enfoque territorial é pensado de forma endógena levando em consideração as dinâmicas econômicas, sociais, políticas e culturais do território, sendo vantajoso quando comparado a políticas em que a unidade de intervenção é o município, pois a visão de território é de uma construção social e não simplesmente político-administrativa (DELGADO, 2007).

2.2 Programa Territórios da Cidadania

Em 2003 foi criado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT), que pertence ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Programa de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais (Pronat), lançado com um novo formato de política, tendo o território como uma nova institucionalidade, articulando os municípios em torno de uma estratégia comum. Em 2008, com o mesmo caráter normativo, foi elaborado o Programa Territórios da Cidadania, que atualmente está sob a responsabilidade do Ministério da Casa Civil, tendo por princípio articular a atuação de diferentes órgãos do governo federal. Porém, a coordenação continua sendo da SDT.

A criação dessa nova política buscou da continuidade a política de desenvolvimento territorial. Sendo um desdobramento do programa anterior, surge com a intenção de associar em torno de um mesmo território um leque de políticas públicas, como mencionado anteriormente, com a articulação de diferentes órgãos, sendo este um dos principais desafios que diferencia as duas políticas. O programa Territórios da Cidadania tem como ideia principal a necessidade de se pensar o desenvolvimento por meio da implementação de ações multissetoriais, aplicadas de forma direcionadas às áreas prioritárias, sendo estas normalmente carentes. Esse plano tem por objetivo intervir nas causas estruturais para a pobreza rural (TIBURCIO E MIRANDA ,2011)

(30)

social, trata-se de pensar a lógica da territorialização de políticas, a partir de um encontro de ações que vai de baixo para cima, pelos atores locais, não necessariamente agrários, tornando-se esta uma das principais diferenças do programa.

O programa Territórios da Cidadania integra as políticas no intuito de reduzir a desigualdade, medida que o governo define como uma estratégia de desenvolvimento regional sustentável (PORTAL DA CIDADANIA, 2013).

Brasil.MDA/SDT, (2007) define o objetivo do programa em quatro pontos:

 Integrar as políticas públicas a partir de planejamento territorial;

 Ampliar os mecanismos de participação social na gestão das políticas públicas;

 Aumentar a oferta e universalização de programas básicos de cidadania;

 Proporcionar a inclusão produtiva das populações pobres e segmentos sociais mais desiguais.

Ao definir os municípios que compõem os territórios da cidadania, determinou-se no Decreto de 25 de fevereiro de 2008 que os mesmos se agrupariam segundo critérios sociais, culturais, geográficos e econômicos, reconhecidos pela sua população como um espaço ao qual pertencem historicamente construídos, com identidades que ampliam as possibilidades de coesão social e territorial, tendo ainda que ter uma população média inferior a 50 mil habitantes e densidade populacional média menor que 80 habitantes/Km2. Desta forma, de acordo com MDA, facilita-se uma visão da realidade dos grupos sociais, das atividades econômicas e das instituições, proporcionando um melhor planejamento para o desenvolvimento dessas regiões. O Art. 3º do Decreto de 25 de fevereiro de 2008 define os critérios para identificação dos territórios a ser incorporado no Programa:

I - estar incorporado ao Programa Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais, do Ministério do Desenvolvimento Agrário;

II - menor Índice de Desenvolvimento Humano - IDH territorial; III - maior concentração de beneficiários do Programa Bolsa Família;

IV - maior concentração de agricultores familiares e assentados da reforma agrária; V - maior concentração de populações tradicionais, quilombolas e indígenas; VI - baixo dinamismo econômico, segundo a tipologia das desigualdades regionais constantes da Política Nacional de Desenvolvimento Regional, do Ministério da Integração Nacional;

VII - convergência de programas de apoio ao desenvolvimento de distintos níveis de governo; e VIII - maior organização social. (BRASIL - DIÁRIO OFICIAL,

(31)

Com base nesses critérios, há hoje 120 Territórios da Cidadania, que contemplam 1800 municípios, distribuídos entre as cinco regiões do país. Quase metade desses municípios encontra-se na região Nordeste.

As ações ofertadas pelo programa atingem três eixos: ação produtiva, cidadania e infraestrutura. Para executar as ações, os órgãos públicos envolvidos poderão firmar convênios, acordos de cooperação, ajustes, entre outros instrumentos de igual validade com os órgãos e entidades das esferas públicas: federal, estadual ou municipal, bem como com consórcios públicos, entidades de direito público ou privado sem fins lucrativos, nacionais ou estrangeiras, sempre considerando a legislação atual. (BRASIL - DIÁRIO OFICIAL, DECRETO DE 25 DE FEVEREIRO DE 2008).

Os eixos citados acima estão envolvidos em duas linhas de ações, sendo a primeira relacionada às ações de apoio às atividades produtivas, envolvendo ações como: Assistência Técnica; Formação Continuada e Qualificação Profissional para Técnicos e Agricultores; Crédito Rural do PRONAF; Seguro Agrícola; Garantia Safra no Semiárido; Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar; Qualificação dos Assentamentos – Crédito Fundiário e INCRA; Assentamento de Famílias - Crédito Fundiário e INCRA; Infraestrutura de Apoio à Agricultura Familiar; Apoio às Cooperativas de Agricultores Familiares e Redes de Economia Solidária; Apoio a Grupos Produtivos de Mulheres Rurais; Regularização Fundiária; Recursos Hídricos para Produção; Cisternas no Semiárido; Agroindústrias Familiares; Bancos de Sementes e Apoio à Constituição da Cadeia de Biodiesel.

A segunda linha é refere-se a ações de acesso a direitos e de fortalecimento institucional. As ações envolvidas são: Bolsa Família;Construção de Cisternas; Priorização do Programa Luz para Todos nos territórios;Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural; Implantação e Fortalecimento dos Colegiados;Alfabetização de Jovens e Adultos; Programa Dinheiro Direto na Escola; Pró-Info Rural (infraestrutura em escolas rurais); Farmácia Popular;Médico da Família;Agentes Comunitários de Saúde; Programa Brasil Sorridente;Programa de Economia Solidária;Programa de Qualificação; Programa de Microcrédito;Constituição e Fortalecimento de Consórcios Públicos;Implantação e Fortalecimento de Consads; Inclusão Digital nas Escolas e Assentamentos; Arca das Letras; Pontos de Cultura; Programa Saberes da Terra.

(32)

adesão ao programa por meio da oferta de ações, baseadas nos eixos definidos. Os que aderem a essas ações têm seus recursos inalterados, entretanto os valores são alocados para regiões mais necessitadas, ou seja, o montante é redistribuído, buscando eficiência e melhoria de suas aplicações no campo.

De acordo com Leite e Wesz Jr (2012), em alguns territórios essas, ações podem representar um acréscimo de recursos, enquanto que em outras localidades os valores têm poucas alterações, pois se traduzem na mesma soma que já chegava aos municípios antes de sua integração no Território da Cidadania. Contudo, mesmo naqueles em que os valores dos recursos não se alteram, os autores destacam vantagens em fazer parte do programa, uma vez que a coordenação realiza um acompanhamento dos mistérios para evitar que haja uma redução nos recursos. Caso isso seja inevitável, ainda há uma pressão da Casa Civil e do Ministério do Planejamento, para que os recursos destinados ao Programa Territórios da Cidadania não sejam atingidos, dando uma maior estabilidade aos municípios, Mas vale ressaltar que, por não dispor de recursos próprios, o Programa torna-se frágil em sua estrutura orçamentária.

Leite e Wesz Jr (2012) expõem alguns pontos positivos e negativos dessa dinâmica orçamentária dos territórios. Segundo os autores, a territorialização das ações foi uma inovação que garante que a quantia prevista inicialmente na Matriz de Ação Federal chegue a seu lugar de destino, garantindo que os territórios mais pobres e com dinamismo econômico baixo tenham acesso prioritário a algumas linhas, evitando a concentração de recursos nos territórios mais desenvolvidos e organizados. O que essa prática não evita é que os recursos sejam aplicados em maiores proporções em determinados municípios no interior dos territórios. O ponto negativo destacado pelos autores é que, uma vez que o recurso é direcionado a um local, fica comprometida sua aplicação em outro espaço, e a não execução da ação prevista fará o recurso retornar à fonte, ou seja, no momento em que é aprestado um destino de execução para um valor, e o território contemplado não tem interesse no recurso direcionado ou ocorra algum outro problema que inviabilize sua execução, esse montante não poderá ser encaminhado para outro território que demande o recurso, e o mesmo acabará voltando à sua origem.

(33)

oportunidade para se repensar a atuação no meio rural e para outros o programa, embora seja importante, não acrescentou muitas oportunidades de ação em comparação à situação anterior.

2.3 Condições de vida e sua relação com o desenvolvimento regional

É corrente o uso do termo qualidade de vida em vários trabalhos acadêmicos, bem como sua definição. Entretanto, pouco foi encontrado sobre o termo condição de vida, numa forma conceitual ou uma definição clara, como se encontrou da primeira expressão aqui citada; o que se observou foi o uso dos termos como sinônimo. Uma das definições encontradas para o termo condição de vida não se aplica aos dados e objetivos do trabalho.

Pessoa e Silveira (2008) declaram que condição de vida se restringe às circunstâncias do dia a dia das pessoas, quanto a emprego, habitação, família e que essa situação ainda é medida através de indicadores objetivos de resultados e recursos. Ao comparar o termo a qualidade de vida, os autores relatam que este avança para uma perspectiva mais ampla, pois “incorpora todos os domínios da existência humana fundamentais para uma participação normal na vida em sociedade”,como a participação política e a integração social e não apenas os domínios identificados usualmente no conceito de condição de vida, além de se preocupar em avaliar como as pessoas se sentem com relação a suas vidas.

Contudo, tendo por tema A tipologia da condição de vida dos produtos nos territórios da cidadania do Rio Grande do Norte: uma análise do desenvolvimento na visão dos produtores rurais, optou-se no presente trabalho por tentar encontrar uma definição clara para condição de vida, de acordo com os indicadores utilizados e os objetivos propostos, e assim poder fazer a ligação com o desenvolvimento.

Os autores Almeida, Gutierrez e Marques, (2012) do livro Qualidade de vida: definição, conceitos e interfaces com outras áreas de pesquisa exibem uma discussão sobre qualidade de vida, buscando sempre um debate dos conceitos objetivos e subjetivos do termo. É salutar apresentar para tal discussão aqui proposta (condição de vida) alguns pontos do trabalho dos autores.

(34)

delas, seja de ordem econômica, social seja emocional. Um dos problemas apontados pelos autores para definir qualidade de vida é que o conceito pode ficar muito amplo, ao tentar alcançar a maioria dos fatores que exercem influência.

Baseando-se na ideia de Barbosa (1998) que a qualidade de vida pode ser definida através de elementos ou variáveis, fruto de indicadores objetivos e/ou subjetivos, Almeida; Gutierrez e Marques (2012) apresentam a diferença entre esses indicadores. Para eles:

Esses tipos de indicadores [objetivos], por se aterem a determinadas populações, na maioria das vezes países ou Estados oficiais, estabelecem dados generalizantes referentes às condições de vida dos sujeitos (que interferirão diretamente na qualidade de vida dos mesmos), configurando um perfil socioeconômico de determinado grupo de análise. Por razão de o termo e a percepção de qualidade de vida não serem objetos bem definidos no senso comum, e por constituírem uma forma de propaganda mercadológica e política, a utilização desse tipo de índice pelos governos é prática constante, visando divulgar as benfeitorias de seus mandatos....indicadores [subjetivos] atendem à premissa de que só é possível falar em qualidade de vida a partir da análise da percepção individual dos sujeitos sobre a própria vida... Logo, esses instrumentos indicadores buscam avaliar tanto questões individuais de percepção quanto a presença de bens materiais na vida dos sujeitos, sendo que informados pelo indivíduo e não por órgãos generalizantes, como na forma objetiva de análise... O processo se faz sobre a percepção individual dos sujeitos em relação a sua condição de vida. (ALMEIDA ET. AL. 2012)

Além dessa diferença em relação aos indicadores, Almeida; Gutierrez e Marques, (2012) dizem que, ao trabalhar com a qualidade de vida na esfera objetiva, o pesquisador está livre do juízo de valor dos indivíduos, em que essencialmente estão as cargas culturais, ambientais, econômicas e outros fatores que influenciam o indivíduo. Porém os autores alertam que, ao ignorar as diversidades, as conclusões ao optar por esse método podem ser duvidosas.

Ao analisar os indicadores do MDA, pode-se perceber, a partir do Cálculo do Índice de Condição de Vida (ICV), amplamente incorporado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial, definido no artigo de Rambo et al. (2012) como “um indicador sintético de desenvolvimento territorial na escala humana que permite apreender a percepção que os indivíduos têm sobre suas condições de vida” , que se pode, a priori, nesse sentido, definir condição de vida igualmente a qualidade de vida subjetiva.

Nessa linha, Almeida; Gutierrez e Marques (2012) descrevem que “qualidade de vida não se esgota nas condições objetivas de que dispõem os indivíduos, tampouco no tempo de vida que eles possam ter, mas no significado que dão a essas condições e à maneira como vivem”.

(35)

sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

Cândido (2010) afirma que a “qualidade de vida está frequentemente relacionada às oportunidades disponíveis para as pessoas, ao significado e propósito que elas dão para suas vidas e à forma como elas tiram proveito das possibilidades em suas vidas”. Nessa perspectiva subjetiva, o autor cita Diener (1984), para apontar aspectos de uma avaliação subjetiva do bem-estar, usando o termo para defender os indicadores subjetivos, declarando que esse indicadores vêm se destacado em vários trabalhos, que adotam que o bem-estar deve ser declarado pelo indivíduo e não por presunção de um pesquisador.

Entretanto, por se tratar de questões subjetivas, mesmo que os indivíduos enfrentem momentos de tristeza ou dor física, eles podem se definir como muito satisfeitos com sua vida, podendo sua concepção variar de acordo com outros fatores, como o valor de suas contribuições à sociedade ou outro objetivo pessoal.

Ao associar qualidade de vida diretamente com bem-estar, Cândido (2010) declara que o conceito está relacionado a fatores como recursos materiais e financeiros, mas também está ligado a aspectos não econômicos, como os sentimentos e o ambiente natural. O autor cita (STIGLITZ et al., 2009) para descrever que os recursos são transformados de acordo com a capacidade de cada indivíduo, podendo ter uma menor ou maior capacidade de apreciação da vida. Essa capacidade irá refletir no seu ponto de vista em relação a sua condição de vida independente da oferta de recursos. O bem-estar dos indivíduos é naturalmente subjetivo e nessa percepção os indicadores subjetivos constituem uma avaliação mais completa do que os indicadores objetivos, pois avaliam aspectos como: vivências, aspirações, sucessos e emoções, possibilitando que a diversidade das opiniões seja devidamente mensurada (CÂNDIDO, 2010).

Todos os conceitos apresentados foram relacionados à percepção do indivíduo, que está relacionada a seu estilo de vida, englobando sentimentos, juízo de valor, carga cultural, bem como às condições de desenvolvimento possíveis para sua vida.

(36)

possibilidades ou condição de satisfazer suas necessidades básicas (ALMEIDA, GUTIERREZ E MARQUES, 2012).

Com base nessa revisão, é possível perceber que condição de vida proposta pelo trabalho é subjetiva. Diante dos conceitos e da proposta do Índice de Condição de Vida (ICV), bem como por experiência empírica, pode-se chegar à conclusão que condição de vida é a percepção do indivíduo quanto ao seu meio, seu sentimento, sendo influenciado por critérios financeiros, educacionais e até por sua crença. Ao ser questionado sobre alguns critérios que refletem sua condição de vida, este levará em consideração sua atual situação comparada com sua vivência anterior. Se em algum momento sua condição esteve melhor, sua avaliação será negativa, mas se nada modificou, ele irá avaliar de forma positiva. Além dos outros critérios mencionados, o que merece destaque nessa construção é a crença: independente de como esteja a condição de vida, em todos os sentidos, quanto maior a crença, melhor será julgada a condição de vida.

Apesar da subjetividade até então discutida, Veenhoven (2000) afirma que a apreciação subjetiva da vida depende da satisfação do indivíduo acerca de diferentes domínios, como a família, o trabalho, a comunidade, a saúde, a renda, a educação e outros fatores. Porém, estes irão depender das políticas públicas, da prestação de serviços públicos e da satisfação do indivíduo com estes serviços, ou seja, para o autor o julgamento do indivíduo quanto a sua condição de vida também é refletido pela satisfação do que lhe é ofertado em termos de políticas públicas.

A fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida para as pessoas, Cândido (2010) afirma que se devem utilizar indicadores que traduzem seu nível de qualidade de vida, felicidade e bem-estar individual ou de uma comunidade e só a partir dessa avaliação, o poder público estará apto para programar políticas públicas específicas, que proporcionem aumento na qualidade de vida da população. A implementação dessas políticas pode proporcionar o desenvolvimento da região. A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1988) define como principal objetivo do desenvolvimento a satisfação das necessidades e aspirações humanas, além de necessidades como alimentação, habitação, emprego e vestuário. A comissão também destaca como necessária uma melhor qualidade de vida, afirmando ser uma das principais aspirações da humanidade.

(37)

No Brasil, a política top down ganhou destaque com a criação da SDT, como já citado no trabalho. O Índice de Desenvolvimento Territorial na escala humana ou Índice de Condição de Vida teve como propósito, de acordo com o MDA, captar a percepção dos indivíduos acerca do desenvolvimento. Para Cândido (2010) o processo de aprimoramento das condições de vida e o desenvolvimento regional devem ocorrer simultaneamente nas dimensões econômica, social, ambiental, cultural, espacial e humana.

2.3.1 A visão do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a mensuração da condição de vida

O indicador de condição de vida do MDA/SDT usa em sua essência a condição de vida como mais uma abordagem do desenvolvimento, empregando suas multidimencionalidades, através dos critérios de Amartya Sen, para realizar o cálculo do ICV. De acordo com Rambo et. al(2012), a abordagem que relaciona o desenvolvimento à percepção da condição de vida ganhou destaque com o mencionado autor, cuja a proposta é possibilitar aos indivíduos o acesso ao tipo de vida que gostariam de ter. Antes dos conceitos empregados por Sen, o desenvolvimento de uma região era reflexo apenas de seus indicadores econômicos.

Para Sen (2010) o desenvolvimento é um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam, entretanto não haverá liberdade de escolha se os indivíduos não dispuserem de capacidades. A liberdade destacada pelo autor depende de determinantes como serviços de educação, saúde e liberdade de participar de discussões e averiguações públicas. As principais privações de liberdade que devem ser removidas, para que ocorra desenvolvimento são: pobreza, carência de oportunidades econômicas, negligência dos serviços públicos e intolerância excessiva de Estados repressivos.

(38)

A abordagem de Sen “faz com que estudiosos do desenvolvimento rural passem a rediscutir as estratégias de combate à pobreza com base na hipótese de que mais importante do que dar comida aos pobres seria dotá-los de recursos que estimulassem suas capacidades, fortalecendo os meios de que dispõem para realizar suas atividades” (SCHNEIDER, 2013).

Diante do exposto, percebe-se que o ICV proposto pelo MDA é um indicador que busca representar as mudanças percebidas, em termos das condições de vida das famílias nos territórios, através da concepção dos entrevistados (SGE, 2011), dessa forma, os questionários foram elaborados, proporcionando respostas em valores pré-estabelecidos, organizadas em escalas que variam de 1 a 5 pontos, (1= péssimo a 5= ótimo), captando assim a avaliação feita pelos produtores, sobre os diversos aspectos. As informações foram extraídas através de questionários aplicados de agosto a dezembro de 2010. Para obter a amostra dos Estados, o órgão usou a metodologia para amostras aleatórias com sorteio em dois estágios, a partir de dados do Sistema de Informações dos Territórios - SIT e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O universo da pesquisa foi constituído pela população rural residente nos municípios que compõem os Territórios da Cidadania, e a unidade amostral foram os domicílios rurais.

O questionário elaborado pelo SGE é composto por 3 instâncias e 24 indicadores, divididos de acordo com o Quadro 1. Foram incluídas no questionário, além de perguntas para obtenção dos indicadores para a construção do ICV, também questões que identificassem os respondentes, com o objetivo de esboçar um perfil desses indivíduos, bem como questões referentes ao modo de produção (ver anexo A).

De acordo o SGE, o Índice foi obtido em situações sem produção, com produção familiar e com produção não familiar, uma vez que, ao ir a campo, observou-se que nem todos os domicílios rurais possuem produção. Entre os que possuem, alguns de seus membros são agricultores familiares, outros não. O grupo que pode obter o ICV a partir de sua concepção original, ou seja, considerando os 24 indicadores, são aqueles com produção. Os domicílios sem produção não têm informações para as instâncias 1 e 2. Dessa forma, o índice desse grupo é calculado apenas com a instância 3.

Quadro 1 - Instâncias e indicadores de desenvolvimento rural e das condições de vida dos produtores rurais

Instâncias Indicadores

Fatores que favorecem o desenvolvimento (intitulamentos)

Mão de obra familiar em atividade dentro ou fora da unidade

Referências

Documentos relacionados

Outras possíveis causas de paralisia flácida, ataxia e desordens neuromusculares, (como a ação de hemoparasitas, toxoplasmose, neosporose e botulismo) foram descartadas,

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

Frente aos principais achados desse estudo serão apresentadas propostas de ações a serem aplicadas dentro dos contextos escolares que enfrentam em seu cotidiano

[r]

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é um estágio profissionalizante (EP) que inclui os estágios parcelares de Medicina Interna, Cirurgia Geral,

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

O setor de energia é muito explorado por Rifkin, que desenvolveu o tema numa obra específica de 2004, denominada The Hydrogen Economy (RIFKIN, 2004). Em nenhuma outra área