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Perfil da pesquisa científica em medição de desempenho: uma análise dos Anais do ENEGEP de 2003 a 2005

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ENEGEP 2006 ABEPRO 1

Perfil da pesquisa científica em medição de desempenho: uma análise dos Anais do ENEGEP de 2003 a 2005

Marcelo Ruy (GEPEQ/DEP/UFSCar) mruy@terra.com.br Roberto Antonio Martins (GEPEQ/DEP/UFSCar) ram@dep.ufscar.br

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar a produção acadêmica brasileira em Engenharia de Produção a respeito do tema medição de desempenho no período de 2003 a 2005. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica nos anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP). Foram consideradas as seguintes variáveis para análise: instituições de ensino onde os trabalhos foram produzidos, os objetivos dos trabalhos, metodologias utilizadas e o setor econômico onde os trabalhos estavam inseridos. Foi detectado que existe concentração geográfica da produção científica na área, muitos estudos de caso são sobre Balanced Scorecard nos setores industrial e de serviços.

Palavras-chave: Medição de desempenho, Produção científica brasileira, ENEGEP.

1. Introdução

Desde a obsolescência da contabilidade tradicional para o fornecimento de informações para a tomada de decisão de planejamento e controle, conforme citado por Johnson & Kaplan (1993), o tema medição de desempenho vem crescendo em importância, tanto que certos autores (ECCLES, 1991) afirmam que a área estava passando por uma verdadeira revolução.

Esta tese é reforçada pelo fato do Balanced Scorecard (BSC), uma estrutura de sistema de medição de desempenho, ter sido citado pela revista americana Harvard Business Review em 1997 como umas das ferramentas de gestão mais importantes dos últimos 75 anos (BOURNE et al., 2005). Para Neely (1999), os principais fatores que estão contribuindo para tal interesse são: a mudança na natureza do trabalho; o aumento da competição entre as empresas;

iniciativas específicas de melhoria (por exemplo, TQM, manufatura enxuta etc.); prêmios da qualidade, nacionais e internacionais; mudanças nos papéis organizacionais; mudanças nas demandas externas; e a tecnologia da informação.

Segundo Franco-Santos et al. (2004), a medição de desempenho é estudada a partir de várias áreas do conhecimento distintas. A Engenharia de Produção tem grande relevância na produção intelectual sobre o tema. O objetivo deste trabalho é traçar o perfil da produção acadêmica brasileira em Engenharia de Produção a respeito do tema medição de desempenho.

O procedimento metodológico utilizado para alcançar este objetivo foi uma pesquisa bibliográfica nos anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP) no período compreendido entre 2003 e 2005. Partiu-se do pressuposto que o ENEGEP seja representativo da produção acadêmica brasileira de qualidade em Engenharia de Produção.

De acordo com Tranfield et al. (2003), as revisões sistemáticas da literatura são processos- chave na área de Administração, uma vez que permitem a avaliação e o mapeamento do estágio atual do conhecimento. Isto, por sua vez, poderá gerar questões de pesquisas pertinentes que desenvolverão um passo adiante esta base de conhecimento.

O artigo se encontra dividido nas seguintes seções: inicia-se com a metodologia de pesquisa utilizada; a seguir são apresentados os dados e sua discussão; e encerra-se com as

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considerações finais do estudo.

2. Pesquisa Bibliográfica

Yin (1981) chama a atenção que há uma freqüente confusão entre estratégias de pesquisa, abordagens de pesquisa (tipos de evidência) e métodos de coleta de dados. A escolha de um tipo particular de estratégia não conduz a uma aplicação de um tipo de evidência ou método de coleta de dados específicos. Portanto, cada um desses tópicos precisa ser explicitado durante a fase de projeto da pesquisa. Porém, antes de se evidenciar tais escolhas, vale ressaltar que, de acordo com seu objetivo, a presente pesquisa pode ser considerada descritiva, uma vez que visa descrever as características de determinada população. Com relação à estratégia, a pesquisa se enquadra como bibliográfica, uma vez que foi elaborada a partir de material já publicado nos anais do ENEGEP nos anos de 2003, 2004 e 2005.

As variáveis escolhidas foram: instituições de ensino onde os trabalhos foram produzidos, os objetivos dos trabalhos, métodos de pesquisa utilizados e os setores econômicos, nos quais os trabalhos estavam inseridos.

A variável instituição de ensino consiste das informações relativas à universidade que o autor do trabalho revisado estava vinculado. Nos casos em que havia dois ou mais autores de universidades diferentes, foram considerados apenas os dados relativos ao primeiro autor. São eles: o nome e a sigla da universidade; o estado e a região do país de seu campus; e o tipo de instituição, se privada ou pública (estadual ou federal).

A variável objetivo relaciona-se aos tópicos que os artigos revistos abordavam dentro do tema medição de desempenho. Para fins didáticos, Martins (2005) dividiu este tema nos seguintes tópicos:

− Medição de desempenho tradicional;

− Uso/importância da medição de desempenho;

− Desenvolvimento/propostas de sistemas de medição de desempenho (SMD);

− Métodos de diagnóstico da medição de desempenho;

Estruturas de SMD (BSC, Performance Prism, Performance Pyramid etc.);

− Implementação de SMD

− Tecnologia de informação (TI) e medição de desempenho.

Além dessas sete categorias teóricas, foi adicionada uma nova, os indicadores de desempenho.

Muito embora este tópico seja um subconjunto do tópico “desenvolvimento/propostas de sistemas de medição de desempenho”, preferiu-se desmembrá-lo em duas partes: trabalhos que tratavam exclusivamente de propor indicadores de desempenho e trabalhos que propunham todo um sistema, do qual os indicadores fazem parte. Um SMD é composto dos indicadores de desempenho, de uma estrutura que os integra e de uma dimensão ambiental (MARTINS, 2002).

A variável metodologia refere-se ao tipo de método de pesquisa utilizado pelo autor ou autora para o desenvolvimento da pesquisa citado no artigo: estudo de caso, survey (levantamento), pesquisa-acão, experimento/simulação, estudo teórico/revisão bibliográfica. Vale destacar que não foi feito um julgamento sobre a adequação da escolha feita pelo autor ou autora.

A variável “setor econômico” registra se o trabalho revisado fazia ou não referência a um setor específico da economia (agroindústria, indústria tradicional, indústria de base tecnológica, serviços). Os trabalhos que pesquisavam mais de um setor foram classificados como “estudos multisetoriais”.

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Para a coleta de dados, inicialmente foi montado um formulário padronizado (ver anexo) que contém todas as variáveis de pesquisa e seus possíveis valores, conforme descrito anteriormente. Em um segundo momento, partiu-se para a seleção dos artigos que fariam parte do universo a ser pesquisado (apenas os artigos relativos à medição de desempenho) e que integrariam o banco de dados da pesquisa. Esta seleção seguiu os seguintes procedimentos: primeiramente, todos os artigos que satisfizeram um dos dois critérios relacionados abaixo foram alocados ao banco de dados.

− Os anais do ENEGEP do período considerado estavam divididos em 11 áreas temáticas e dentro da primeira (“Gerência da Produção”) existia uma seção específica chamada

“Medição do Desempenho”;

− No campo “Busca Avançada” foi feita uma busca com a palavra chave “medição de desempenho”, esta podendo ocorrer em qualquer lugar do texto. Isto se deve ao fato deste tema ter interfaces com outros temas (por exemplo, logística ou cadeia de suprimentos).

Assim, um artigo cujo objetivo se encontra em uma destas intersecções poderia ser classificado em outra área temática e ser indevidamente excluído se fosse usado apenas o critério anterior.

Em um segundo momento, cada artigo do banco de dados foi analisado com o intuito de se excluir os duplicados e aqueles cujo objetivo não estava relacionado ao tema. Chegou-se a um banco de dados final com 72 artigos.

3. Resultados e Discussão 3. 1. Instituições de Ensino

A Tabela 1 indica em ordem decrescente a quantidade de artigos publicados pelas instituições no período considerado.

2003 2004 2005 Total

No Artigos % No Artigos % No Artigos % No Artigos %

USP 5 17,24% 2 8% 4 22,22% 11 15,28%

UFSCar 5 17,24% 2 8% 3 16,67% 10 13,89%

UFRGS 3 10,34% 2 8% 3 16,67% 8 11,11%

UNISINOS 1 3,45% 6 24% 0 0% 7 9,72%

UNIMEP 2 6,90% 1 4% 2 11,11% 5 6,94%

PUC 1 3,45% 1 4% 1 5,56% 3 4,17%

UNESP 2 6,90% 0 0% 1 5,56% 3 4,17%

CEFET 1 3,45% 2 8% 0 0% 3 4,17%

UFPE 3 10,34% 0 0% 0 0% 3 4,17%

UFSM 0 0% 1 4% 1 5,56% 2 2,78%

UFRJ 1 3,45% 0 0% 1 5,56% 2 2,78%

UNIFEI 1 3,45% 1 4% 0 0% 2 2,78%

Demais 4 13,79% 7 28% 2 11,11% 13 18,06%

Total 29 100% 25 100% 18 100% 72 100%

Tabela 1 – Quantidade e porcentagem de artigos por instituição no período 2003-2005.

Cabe ressaltar que o total obtido pela USP constitui-se da soma dos artigos de três das suas unidades: Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) com 6 artigos, Escola Politécnica de São Paulo com 4 artigos e Faculdade de Economia e Administração (FEA) com 1 artigo. O mesmo aconteceu com o CEFET (2 artigos da unidade do Paraná e 1 da unidade do Rio de

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Janeiro). Na categoria “demais” estão todas as instituições que publicaram apenas 1 artigo.

São elas: FESO, FMU, UERJ, UFF, UFMG, UFPB, UFRRJ, UFSC, UNICAMP, UNICASTELO, UNIP, UNISC E UPM.

A partir destes dados é possível afirmar que:

− O Estado de São Paulo possui a maior quantidade de publicações, 47,22% do total;

− Apenas duas de suas escolas, USP e UFSCar, respondem por 29,17% do total;

A USP possui maior quantidade de artigos, porém levando-se em conta seus campi de forma separada, a UFSCar aparece como a instituição que mais publicou;

− Somando-se a produção da UFSCar à da EESC, a cidade de São Carlos desponta como maior centro de produção sobre o tema, com 22,22% do total;

− A região Sudeste concentra 61,1% da produção científica e apenas 5,6% da mesma está fora do eixo Sul-Sudeste;

− As escolas públicas são responsáveis por 70,8% das publicações, sendo que deste montante, 68,6% das publicações originaram-se em Instituições Federais de Ensino (IFEs) e os outros 31,4% em Instituições Estaduais;

− Houve uma queda consecutiva na quantidade de artigos no período considerado. Pela Tabela 2 é possível inferir que isto foi principalmente devido à queda na quantidade de publicações sobre o tópico “indicadores de desempenho”, que era a dimensão com maior intersecção com outras áreas da Engenharia de Produção. Excluindo-se esta dimensão da análise, tem-se que a quantidade de artigos nos anos de 2003, 2004 e 2005 foram respectivamente 16, 20 e 15, desaparecendo a tendência de queda.

3.2. Objetivos

A Tabela 2 mostra em ordem decrescente de ocorrência os objetivos dos artigos analisados em função das categorias teóricas propostas na seção 2. Na Tabela 3 tem-se estes mesmos objetivos para as 5 primeiras instituições com maior produção.

2003 2004 2005 Total

No Artigos % No Artigos % No Artigos % No Artigos %

Indicadores de desempenho 13 44,83% 5 20% 3 16,67% 21 29,17%

Desenvolvimento de SMD 1 3,45% 7 28% 3 16,67% 11 15,28%

Estruturas para SMD 5 17,24% 4 16% 2 11,11% 11 15,28%

Diagnóstico da MD 2 6,90% 3 12% 4 22,22% 9 12,50%

Implementação de SMD 3 10,34% 3 12% 3 16,67% 9 12,50%

Uso/importância da MD 4 13,79% 1 4% 2 11,11% 7 9,72%

TI 1 3,45% 2 8% 0 0% 3 4,17%

MD tradicional 0 0% 0 0% 1 5,56% 1 1,39%

Total 29 100% 25 100% 18 100% 72 100%

Tabela 2 – Quantidade e porcentagem de artigos por objetivo no período 2003-2005.

A partir destes dados é possível tecer as seguintes considerações:

− Trabalhos sobre o tópico “indicadores de desempenho” foram os mais freqüentes, 29,17%

do total. Isto não causa surpresa uma vez que este tópico é o mais multidisciplinar, com diversas interfaces com outras áreas temáticas da Engenharia de Produção;

− O tópico “medição de desempenho tradicional” foi o menos estudado. Este resultado também não é inesperado, uma vez que: este tópico é mais correlato às Ciências Contábeis que à Engenharia de Produção; tais medidas vêm sendo criticadas por diversos autores

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(JOHNSON & KAPLAN, 1993). Cabe dizer que este único artigo foi submetido pelo Departamento de Contabilidade da FEA;

− Todos os demais tópicos tiveram uma quantidade de publicações bem próximas, com exceção do tópico “tecnologia da informação”. Devido à grande importância da TI para a área da medição de desempenho (NEELY, 1999). Isto se configura em uma lacuna das pesquisas brasileiras até o momento. Nota-se que dois dos três trabalhos em TI são oriundos da UFSCar;

− A USP (com 3 artigos da EESC e 1 da Escola Politécnica) destaca-se como instituição que mais produziu artigos no tópico “desenvolvimento de SMD”, com 36,36% do total.

USP UFScar UFRGS Unisinos Unimep Demais No Artigos No Artigos No Artigos No Artigos No Artigos No Artigos

Indicadores de desempenho 2 4 2 3 1 9

Desenvolvimento de SMD 4 0 1 2 0 4

Estruturas para SMD 1 1 1 1 1 6

Diagnóstico da MD 1 2 1 1 2 2

Implementação de SMD 2 1 2 0 0 4

Uso/importância da MD 0 0 1 0 1 5

TI 0 2 0 0 0 1

MD tradicional 1 0 0 0 0 0

Total 11 10 8 7 5 31

Tabela 3 – Quantidade de artigos por objetivo para as principais instituições.

3.3. Métodos de Pesquisa

A Tabela 4 mostra em ordem decrescente de ocorrência os métodos de pesquisa utilizados pelos autores dos artigos analisados no período considerado. Em seguida, a Tabela 5 relaciona os objetivos dos trabalhos com os métodos empregados para alcançá-los.

2003 2004 2005 Total

No Artigos % No Artigos % No Artigos % No Artigos %

Estudo de caso 15 51,72% 12 48% 10 55,56% 37 51,39%

Teórico 10 34,48% 8 32% 7 38,89% 25 34,72%

Survey 4 13,79% 3 12% 1 5,56% 8 11,11%

Pesquisa-ação 0 0% 1 4% 0 0% 1 1,39%

Experimento/Simulação 0 0% 1 4% 0 0% 1 1,39%

Total 29 100% 25 100% 18 100% 72 100%

Tabela 4 – Quantidade e porcentagem de artigos por tipo de método de pesquisa no período 2003-2005.

Estudo de caso Teórico Survey Pesquisa-ação Experimento/

Simulação No Artigos No Artigos No Artigos No Artigos No Artigos

Indicadores de desempenho 10 6 5 0 0

MD tradicional 0 1 0 0 0

Uso/importância da MD 3 3 1 0 0

Desenvolvimento de SMD 8 3 0 0 0

Diagnóstico da MD 6 1 2 0 0

Estruturas para SMD 3 8 0 0 0

Implementação de SMD 7 1 0 1 0

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TI 0 2 0 0 1

Total 37 25 8 1 1

Tabela 5 – Quantidade de artigos por objetivo para cada tipo de método de pesquisa.

Estes dados mostram que:

− O estudo de caso foi o método mais utilizado, com 51,39% do total, seguido por artigos com pesquisas teóricas. Somados, ambos perfazem um total de 86,11%. Isto sugere que o tema medição de desempenho encontra-se em sua fase inicial de desenvolvimento;

− O método experimento/simulação foi utilizado uma única vez, em uma simulação na área de TI. Dentre as 8 categorias teóricas de tipos de objetivos adotados neste trabalho, a única que aparentemente pode em algumas situações requerer uma abordagem experimental é justamente a área de TI. Ou seja, atualmente, simulações em TI na área de medição de desempenho são uma lacuna nas pesquisas acadêmicas brasileiras;

− Outro método pouco utilizado foi o da pesquisa-ação. Devido às características de tal abordagem, seria de se esperar uma estreita relação entre tal método de pesquisa e o objetivo “Implementação de SMD”. Para esta situação em particular, há muito mais estudos de caso que pesquisa-ação, ou seja, as pesquisas vêm privilegiando muito mais estudar situações que já haviam implementado um sistema de medição de desempenho que estudar o processo de implementção. Isto pode ser pelo fato de que, dentre todas as estruturas de sistemas de medição de desempenho existentes, a mais utilizada pelas empresas é o BSC e que cuja implantação é feita no Brasil por uma conhecida empresa de consultoria. É digno de nota que dos 9 trabalhos sobre implementação (7 casos, 1 teórico e 1 pesquisa-ação), apenas 1 estudo de caso não era sobre BSC. Além disto, outra causa provável é o tipo de relação existente entre universidade e empresa.

3.4. Setores Econômicos

A Tabela 6 mostra em ordem decrescente de ocorrência os setores econômicos em que os trabalhos revisados estavam inseridos. Na Tabela 7, logo em seguida, estão relacionados ao método de pesquisa utilizados pelos autores dos artigos e os setores econômicos.

2003 2004 2005 Total

No Artigos % No Artigos % No Artigos % No Artigos %

Nenhum/não citou 10 34,48% 8 32% 8 44,44% 26 36,11%

Serviços 7 24,14% 10 40% 6 33,33% 23 31,94%

Indústria 7 24,14% 6 24% 2 11,11% 15 20,83%

Estudo Multisetorial 1 3,45% 1 4% 2 11,11% 4 5,56%

Agroindústria 2 6,90% 0 0% 0 0% 2 2,78%

EBT 2 6,90% 0 0% 0 0% 2 2,78%

Total 29 100% 25 100% 18 100% 72 100%

Tabela 6 – Quantidade e porcentagem de artigos por setor econômico no período 2003-2005.

Teórico Estudo de caso Survey Pesquisa-ação Experimento Total No Artigos No Artigos No Artigos No Artigos No Artigos

Nenhum/não citou 24 1 0 0 1 26

Serviços 1 19 2 1 0 23

Indústria 0 11 4 0 0 15

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ENEGEP 2006 ABEPRO 7

Estudo Multisetorial 0 2 2 0 0 4

Agroindústria 0 2 0 0 0 2

EBT 0 2 0 0 0 2

Total 25 37 8 1 1 72

Tabela 7 – Quantidade de artigos por setor econômico para cada tipo de método de pesquisa.

A partir dos dados das Tabelas 6 e 7, pode-se concluir que:

− Os estudos que não fazem referência a nenhum setor foram a maioria, o que é explicado pela quantidade de artigos teóricos. A partir da Tabela 7 é possível observar que dos 26 artigos sem setor, 24 eram teóricos;

− Dos estudos setoriais, destacam-se pela quantidade o setor de serviços e a indústria tradicional, que com 31,94% e 20,83% do total, respectivamente, somam 52,77% do total de artigos. Por outro lado, apenas 5,56% dos estudos são na agroindústria e nas empresas de base tecnológica, constituindo-se em uma grande lacuna das pesquisas brasileiras sobre o tema. Estudos multisetoriais também não foram muito freqüentes, o que também se caracteriza como o uma lacuna a ser preenchida.

4. Considerações Finais

O objetivo deste trabalho foi analisar a produção acadêmica brasileira em Engenharia de Produção à respeito do tema medição de desempenho. Diante da análise realizada tomando-se por base o Encontro Nacional de Engenharia de Produção, pôde-se constatar que a comunidade acadêmica vem reconhecendo a relevância dessa temática. No entanto, as pesquisas nessa área se distribuem de forma assimétrica na grande maioria das variáveis estudadas. Inicialmente, há uma grande concentração de trabalhos por região (Sudeste), tipo de instituição (pública e federal) e até mesmo por cidade (São Carlos). A Universidade de São Paulo e a Universidade Federal de São Carlos, além de se destacarem pela quantidade de artigos, também se destacaram nos tópicos “desenvolvimento/propostas de sistemas de medição de desempenho” e “tecnologia da informação”, respectivamente.

Em segundo lugar, há uma quantidade desproporcional de trabalhos no setor de serviços e na indústria tradicional, bem como uma ênfase exagerada no Balanced Scorecard, em detrimento de outras estruturas de sistemas de medição de desempenho. Esta última constatação pode ser fruto da grande difusão que o Balanced Scorecard vem obtendo junto a empresas de diversos setores da economia brasileira e mundial.

Finalmente, como principais lacunas encontradas tem-se: poucos estudos em tecnologia da informação; poucos estudos utilizando os métodos de pesquisa experimental e pesquisa-ação;

e poucos estudos na agroindústria e em empresas de base tecnológica.

A temática de TI é de fundamental importância na implementação de SMD, como Bourne (2005) constatou após anos pesquisando as falhas de implementação de SMD. O uso excessivo do método de estudo de caso pode até certo ponto ser preocupante pelo tipo de resultado que se obtém nesse tipo de pesquisa. São necessários estudos mais extensivos como surveys, que podem permitir o estudo de vários setores simultaneamente, ou pesquisa-ação sobre o todo o processo de desenvolvimento e implementação no qual o autor ou autora faz parte da equipe de desenvolvimento e implementação.

Porém, esta pesquisa, assim como todas, tem as suas limitações. A principal delas consiste na validade externa, uma vez que o ENEGEP foi considerado como sendo uma amostra representativa para a produção científica em Engenharia de Produção sobre o tema. Uma

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forma de se contornar tal limitação seria incluir no banco de dados também os artigos publicados nos periódicos indexados brasileiros. Outra limitação é o espaço temporal coberto.

Por outro lado, mesmo com suas limitações, esta pesquisa também deixa algumas contribuições importantes, principalmente para estudos futuros na área da medição de desempenho. Primeiro, foram validadas empiricamente as categorias teóricas nas quais, segundo Martins (2005), o tema pode ser decomposto. A grande maioria dos artigos revisados pode ser alocada pelos autores deste trabalho de forma simples e inequívoca a apenas uma das categorias teóricas propostas. Em segundo lugar, as variáveis utilizadas no estudo se mostraram eficientes para classificar e separar em grupos distintos a grande diversidade de artigos revisados. Tomando essas duas contribuições em conjunto, trabalhos futuros podem se utilizar das idéias aqui lançadas para facilitar e aumentar a confiabilidade de seu processo de revisão bibliográfica, que é chave no desenvolvimento de qualquer área científica. Com este trabalho esperou-se estar contribuindo para o avanço do conhecimento na área de medição de desempenho no Brasil.

Referências

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YIN, R.K. The case study crisis: some answers. Administrative Science Quarterly, v.26 (March), p.58-65, 1981.

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ANEXO

Instituição Setor Metodologia Objetivo

Afiliação Indústria

N o m e

bli ca

Pri va da

Ne nhu m

A gr o

Trad icion al

E.

B.

T.

Ser viç os

M ul ti

Te óri co

C as o

Su rv ey

Pes qui sa açã o

Expe rime nto

MD Trad icion al

Import ância/u so MD

Pro post as SM D

Diag nósti co MD

Estr utur as SM D

Imple menta ção SMD

T I

Indic ador es

1 2 3 4 e t c

Figura 1 – Formulário utilizado para a coleta de dados

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