Informativo mensal nº 32 Julho/2016
AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL
APROVAÇÃO DO PLEBISCITO PARA ACORDO DE PAZ NA COLÔMBIA E PUNIÇÃO POR CRIMES SEXUAIS
A Corte Constitucional da Colômbia aprovou o plebiscito como meio de ratificar o acordo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o governo colombiano. O Gabinete do Procurador-Geral colombiano, Jorge Fernando Perdomo, reiterou que na eventual assinatura de um acordo de paz, as FARC deverão responder pela prática de crimes sexuais. Entretanto, a guerrilha negou as acusações do promotor e um membro da delegação de paz das FARC alegou que tais declarações ameaçam diretamente o processo de paz.
NOVOS ATAQUES TERRORISTAS NA FRANÇA
Dois novos ataques reivindicados pelo Estado Islâmico (EI) causam ainda mais preocupações na França e em toda Europa. O primeiro deles ocorreu no Dia da Bastilha, feriado francês, na cidade de Nice. Enquanto civis assistiam a queima de fogos, um caminhão percorreu cerca de 2 km atropelando e atirando em diversas pessoas,
deixando 84 mortos e 18 feridos em estado grave. O Presidente francês, François Hollande, estendeu o estado de emergência do país por mais 3 meses e anunciou que ampliará as operações no Iraque e na Síria. Apesar da reivindicação do grupo Estado Islâmico, ela não foi confirmada pelas Forças de Segurança francesas, pois não haveria, ainda, provas de ligação de organizações radicais. No segundo caso, dois sequestradores invadiram uma igreja católica na Normandia, portando armas e facas e degolaram um padre e feriram duas freiras e dois fiéis. Os terroristas foram mortos pela polícia. Um deles foi identificado como Adel Kermiche, que tinha envolvimento com a radicalização islâmica.
ATENTADO EM MUNIQUE DEIXA MORTOS
Um homem armado entrou em um shopping em Munique, Alemanha, matando nove pessoas e deixando outras dezesseis feridas. O suspeito de dezoito anos morreu e não tinha evidências de ligação com grupos terroristas.
ÁSIA/LESTE EUROPEU
GOLPE DE ESTADO CONTRA ERDOGAN FRACASSA
Uma tentativa de golpe militar na Turquia deixou 265 mortos, sendo 161 civis e 104 militares golpistas. O Presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que seu governo resistiu ao golpe e que permanece firme no controle. Erdogan, recorrendo às redes sociais, pediu que a população saísse às ruas para protestar contra o golpe e os confrontos entre civis e militares foram violentos, deixando mais de 1400 feridos. Com a tentativa, o governo turco enfrenta certo criticismo mundial pelo grande número de detidos, cancelamento de 10.856 passaportes, dissolução de cerca de 2000 instituições, entre outras medidas adotadas. O grupo de direitos humanos Anistia Internacional afirmou ter claras evidências de espancamentos e torturas dos detidos, cujo número passa de 13 mil. Ainda foram emitidos 42 mandados de apreensão para jornalistas acusados de conspirar a favor do golpe.
DISPUTA SOBRE A SOBERANIA DO MAR DO SUL DA CHINA
O Tribunal de Haia afirmou que a China não tem direitos históricos sobre o Mar do Sul da China e que suas ações no local ferem a soberania das Filipinas. A China disse que não vai obedecer ao veredicto e logo depois uma aeronave chinesa realizou testes de calibragem em dois aeroportos. John Kerry, Secretário de Estado dos Estados Unidos, irá reunir-se com os ministros das Relações Exteriores dos 10 países-membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, em inglês) em Vientiane, Laos, e pedirá que eles encontrem maneiras diplomáticas de aliviar as tensões crescentes na região.
TERRORISMO EM DACA, BANGLADESH
Um ataque terrorista deixou ao menos 28 mortos em Daca, capital do Bangladesh. Sete criminosos entraram em um restaurante da cidade frequentado por diplomatas e empresários estrangeiros e fizeram reféns. Dos autores do atentado, um foi preso e o restante morreu. Foi confirmado que todos nasceram no país e as autoridades já haviam tentado prender cinco deles. Durante 12 horas, a polícia tentou negociar e dois policiais foram mortos na operação. O Estado Islâmico reivindicou a ação. Militantes também atacaram policiais que faziam a segurança do festival que marca o fim do Ramadã, matando três pessoas e ferindo outras 14 no distrito de Kishoreganj, nos arredores da capital. A ação foi realizada com pequenas bombas, tiros e armas brancas.
ORIENTE MÉDIO
ISRAEL E PALESTINA
O Departamento de Estado dos Estados Unidos acusou Israel de, sistematicamente,
“roubar” terras que pertencem à Palestina, após o Estado judeu ter autorizado a construção de 800 prédios na Cisjordânia e em Jerusalém. A autorização veio como uma resposta a dois ataques terroristas. Segundo uma pesquisa realizada em Israel, 52% dos israelenses votariam contra uma retirada do país da Cisjordânia, caso fosse realizado um
referendo. Um atirador palestino emboscou uma família israelense que viajava na Cisjordânia, o que levou o Exército a enviar centenas de militares para a área, sendo esta a maior operação no território em dois anos. O Exército também impôs um fechamento no distrito de Hebron, área suscetível a conflitos, onde muitos dos recentes ataques têm se originado. O Dr. Anwar Eshki, antigo General saudita, afirmou que uma solução bilateral para o conflito Israel-Palestina eliminaria brechas e desculpas para que o Irã apoie grupos terroristas, além de dizer que uma aliança entre Israel e o mundo árabe depende da paz entre israelenses e palestinos. Ele também comentou que o conflito não é fonte de terrorismo, apesar de oferecer um cenário que favorece atos terroristas na região. O grupo extremista Hamas lançou um novo vídeo promocional para seu acampamento de verão, no qual compila e oferece treinamento militar e ensinamentos religiosos para jovens palestinos que desejam fazer parte da luta pela causa de Alá.
CENÁRIO SÍRIO
Segundo a Anistia Internacional, grupos militantes que lutam contra o governo na Síria e recebem apoio da Arábia Saudita, Turquia, Qatar e Estados Unidos têm cometido
"crimes de guerra”. O relatório da organização pediu às potências regionais que parem de fornecer armas ou prestar outras formas de apoio às facções envolvidas em crimes de guerra ou outras violações. Rebeldes sírios avançaram na cidade de Al Bukamal controlada pelo Estado Islâmico, na fronteira com o Iraque, em uma nova ofensiva apoiada pelos Estados Unidos. O Comando Geral do Exército Sírio e das Forças Armadas anunciou que o plano para restaurar a segurança e establidade da cidade de Alepo está obtendo cada vez mais sucesso, principalmente nas áreas ao norte. O último feito foi o corte de todas as linhas de abastecimento e os corredores que os terroristas estavam usando para transferir mercenários, armas e munições aos bairros orientais.
ESTADO ISLÂMICO NO ORIENTE MÉDIO: AVANÇOS E RETROCESSOS O Estado Islâmico (EI) realizou uma ofensiva abatendo um helicóptero armado russo durante uma missão na Síria, deixando mortos. O EI declarou que seu líder máximo Omar Al-Shishani morreu em batalha na cidade iraquiana de Sharqat. O EI teria perdido 12 % do território que detinha no Iraque e na Síria no primeiro semestre de 2016, depois
de uma série de reveses a partir de 2015. As Forças iraquianas estão agora realizando operações para um impulso final na retomada da região da cidade de Mosul. Os militares dos Estados Unidos disseram que o Pentágono está aberto ao envio de tropas adicionais para o Iraque, se necessário, para atender às exigências específicas das Forças de Segurança iraquianas. Aconteceram vários ataques no Iraque durante o mês contra policiais e civis.
ÁFRICA
RDC: ONU SE PREOCUPA COM “POSSÍVEL” VIOLÊNCIA NO PAÍS E REBELDES AGRIDEM PESSOAS ATÉ A MORTE
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, expressou sua preocupação quanto à situação política da República Democrática do Congo (RDC). As Forças de Paz da ONU estão desenvolvendo planos de contingência, preparando-se para uma possível onda de violência na próxima eleição presidencial do país. O Secretário-Geral ainda alertou que talvez seja necessário que o país solicite ajuda a outras Missões de Paz da ONU. Rebeldes do grupo ugandês Forças Democráticas Aliadas agrediram nove pessoas até a morte em uma vila no nordeste da RDC.
AL SHABAAB E SOMÁLIA
O líder do Al Shabaab, grupo jihadista da Somália, Ahmed Diriye, descreveu a Turquia como uma inimiga da nação e acusou forças de paz estrangeiras de saquearem o país e violarem os direitos humanos dos somalianos. A União Africana (UA) diz possuir planos de retirar seus soldados da Somália até dezembro de 2020. A organização disse que as responsabilidades de segurança serão transferidas para o Exército Nacional da Somália, que atualmente é extremamente ineficaz. As tropas da UA chegaram à Somália em 2007 para defender o governo contra ataques do Al Shabaab. Apesar da proposta acima, este grupo realizou um ataque duplo na capital da Somália. Uma das ações aconteceu próxima ao edifício das Nações Unidas e a outra foi logo após a primeira perto ao aeroporto Aden Adde. Elas deixaram 13 pessoas mortas.
ATENTADO E PRISÃO DE JIHADISTA NO MALI
Soldados foram mortos num ataque terrorista que ocorreu contra o quartel-general na cidade de Nampala, centro do Mali. O atentado foi reivindicado por dois diferentes grupos: a Aliança Nacional para a Defesa da Identidade Peul e da Restauração de Justiça (ANSIPRJ) e o Ansar Dine. Militares do Mali prenderam o líder do Ansar Dine, Mahmoud Barry.
SUDÃO DO SUL PODE ENTRAR EM NOVA GUERRA CIVIL
Um confronto entre tropas fiéis ao Presidente Salva Kiir e tropas que apoiam o Vice- Presidente Riek Machar deixou centenas de mortos em Juba, capital do Sudão do Sul. O enfrentamento entre as facções rivais fez com que o Presidente ordenasse um cessar-fogo e que o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, decretasse um novo embargo de armas. Após esses acontecimentos, foram relatadas novas ondas de violência, quando bases da missão de paz da ONU no país – UNIMISS - foram atacadas. Salva Kiir pediu a Riek Machar para voltar a Juba, como uma tentativa de salvar o cessar-fogo. Machar deixou a capital e afirmou que só retornaria quando organismos internacionais estabelecessem uma Força que separasse as duas partes. Como consequência, Salva Kiir substituiu seu Vice-Presidente por Tabar Deng Gai, atual Ministro da Mineração. A ONU alertou o Presidente que qualquer mudança política pode significar o fim do acordo de paz. O número de pessoas fugindo do Sudão do Sul continua a crescer, em sua maioria mulheres e crianças, em direção principalmente à Uganda.
Militares ugandeses atravessaram a fronteira com o Sudão do Sul em uma missão de resgate de seus cidadãos. A China anunciou que enviará tropas para ajudar na resolução da crise política. Líderes africanos criaram um plano para enviar forças regionais para o Sudão do Sul, apesar do governo local ser contra o envio. Aproximadamente 12 mil Forças de paz da ONU já estão no país, mas oficiais disseram que a União Africana teria um mandato mais forte para impor a paz. Em 2016, quando completam cinco anos da independência, há o receio de que o país entre novamente em uma guerra civil.
DEPUTADA É ASSASSINADA NO BURUNDI E NEGOCIAÇÕES DE PAZ SÃO BOICOTADAS
Hafsa Mossi, antiga Ministra da Informação do Burundi, foi assassinada a tiros. Até o momento, ela exercia o cargo de deputada na Assembleia Legislativa Leste Africana. O Burundi enfrenta uma crise política desde 2015 e vários dirigentes próximos ao Presidente vêm sendo assassinados. Representantes de cinco partidos políticos que participaram da eleição no Burundi boicotaram uma segunda rodada de negociações de paz realizada na
Tanzânia. Eles estavam insatisfeitos com a decisão do mediador, o Presidente da Tanzânia, de convidar cidadãos burundianos acusados de violarem os direitos humanos para participarem das negociações.
ONU
CONFLITOS NO SUDÃO DO SUL FAZEM AUMENTAR O NÚMERO DE REFUGIADOS EM OUTROS PAÍSES
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, se encontrou com vários membros da União Africana, nas vésperas da Vigésima Sétima Conferência da União Africana, para discutir a situação no Sudão do Sul, enfatizando a necessidade de um embargo de armamentos, sanções contra os indivíduos envolvidos na violência, contrários a paz e/ou que impedem o esforço da missão da ONU no país - UNMISS. De acordo com Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), mais de 26.000 pessoas fugiram do Sudão do Sul para Uganda neste mês.
ONU PEDE LIBERTAÇÃO DE SEQUESTRADOS NO IRAQUE
O Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, Zeid al-Hussein, pediu ao governo do Iraque a localização e libertação imediata dos 600 homens e garotos sequestrados após a recaptura de Fallujah. Zeid ainda afirmou que as autoridades iraquianas devem priorizar a proteção dos cidadãos contra ataques do Estado Islâmico, além de garantir e prezar pela segurança de civis que tentam fugir de suas cidades e acabam encurralados por milícias do grupo extremista.
PAQUISTÃO, AFEGANISTÃO E ONU CONVERSAM SOBRE O RETORNO DE REFUGIADOS
O Paquistão manteve conversações com o Afeganistão e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) para mover refugiados afegãos que se encontram em campos para locais seguros em seu país, depois de o número de pessoas retornando ter caído muito este ano. O Escritório de Relações Exteriores do Paquistão disse que iria se aproximar do Afeganistão nas frentes políticas e diplomáticas,
enquanto o Ministério para as Regiões de Fronteira iria se envolver com o ACNUR e com o Ministério dos Refugiados do Afeganistão.
