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AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

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Academic year: 2021

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FFCLRP - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO PROGRAMA DA BACHARELADO EM PSICOLOGIA

A

VALIAÇÃO DA

I

NTERVENÇÃO EM

O

RIENTAÇÃO

P

ROFISSIONAL NUMA CLÍNICA

-

ESCOLA SOB A PERSPECTIVA DO EX

-

ESTAGIÁRIO

Lorena Barbosa Fraga

Lucy Leal Melo-Silva (orientadora)

Monografia de conclusão do Programa de Bacharelado em Psicologia, apresentada ao Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP - USP.

Ribeirão Preto 2003

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SUMÁRIO

SUMÁRIO ... 1

RESUMO ... 2

1. INTRODUÇÃO... 3

2. OBJETIVOS ... 12

3. MÉTODO ... 13

3.1.PARTICIPANTES... 13

3.2.INSTRUMENTOS... 14

3.3.PROCEDIMENTOS ... 15

3.3.1. Procedimento de Coleta de dados... 17

3.3.2. Procedimento de análise dos dados ... 21

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 22

RESUMO DAS ETAPAS JÁ DESCRITAS ... 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 69

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Fraga, Lorena (2003). Avaliação da intervenção em Orientação Profissional em uma clínica – escola sob a perspectiva do ex-estagiário. Monografia de conclusão do Programa de Bacharelado do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. (Orientadora: Prof. Dra. Lucy Leal Melo Silva).

RESUMO

Considerando a necessidade de informações precisas sobre os processos de orientação profissional, o presente estudo objetiva avaliar a intervenção realizada em um Serviço de Orientação Profissional, sob a perspectiva dos ex-psicólogos-estagiários. Para coleta de dados, foram enviados: via correio e/ou e-mail, uma carta explicando o objetivo da pesquisa, um termo de consentimento livre e esclarecido e um questionário aos 54 egressos do curso de Psicologia que atenderam no período de 1994 a 2000. Dos 54 questionários enviados, 35 retornaram respondidos (64.81%). Os questionários, com questões abertas e fechadas (segundo escala likert de 5 pontos), foram elaborados com base no sistema proposto por French, Hiebert e Bezazon, em três dimensões: inputs, processos e outputs. Neste estudo, os inputs referem-se aos itens do questionário que avaliam as condições oferecidas pelo serviço. Os processos são avaliados em itens que abordam as atividades desenvolvidas, a facilitação para a tomada de decisão profissional dos clientes atendidos e o grau de importância dos temas trabalhados. Os outputs referem-se aos resultados obtidos em itens que avaliam o desenvolvimento da maturidade profissional dos clientes, o papel da Orientação realizada, os fatores que influenciam a escolha da carreira, o desenvolvimento de habilidades necessárias para a tomada de decisão. O tratamento dos dados foi realizado em três etapas: a primeira etapa através da estatística descritiva, na segunda, utilizou-se o Teste Qui-Quadrado e quando necessário o Teste Exato de Fischer com nível de significância p 0,05, na comparação com os dados dos ex-clientes (sujeitos de outro estudo) e a terceira etapa constituiu na análise qualitativa realizada através da leitura e interpretação dos dados quantitativos das respostas às questões abertas e aos comentários dos participantes Os resultados foram avaliados positivamente pelos participantes, sinalizando a eficácia do Serviço na visão dos ex-estagiários. Em comparação aos ex-clientes os estagiários avaliaram melhor a qualidade do serviço. Finalizando, pode-se concluir que a Orientação Profissional auxiliou tanto os clientes na tomada de decisão profissional, quanto contribuiu para a formação do psicólogo-orientador profissional. (FAPESP).

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3. INTRODUÇÃO

“Planeta Terra. Início do Século XXI. Ainda sem contato com outros mundos habitados. Entre luz e sombra, descortina-se a pós- modernidade. O rótulo genérico abriga a mistura de estilos, a descrença no poder absoluto da razão, o desprestígio do Estado. A era da velocidade. A imagem acima do conteúdo. O efêmero e o volátil parecem derrotar o permanente e o essencial. Vive-se a angústia do que não pode ser e a perplexidade de um tempo sem verdades seguras. Uma época aparentemente pós-tudo: pós- marxista, pós-Kelseniana, pós-freudiana”(Barroso, 2001, p43).

Os avanços da informática e do processo de globalização da economia estão ocasionando rápidas transformações nas sociedades e nas relações homem-trabalho, em decorrência disso, o mundo do trabalho, a situação de emprego, subemprego e acentuado aumento de desemprego no mundo geram grandes desafios aos cientistas, em geral. Notadamente no campo das ciências humanas, há preocupação das conseqüências de tal situação na vida do trabalhador e dos jovens em vias de ingresso na população economicamente ativa.

Essas mudanças produtivas e sociais também ocasionam impacto nas escolhas de carreiras. Nesse sentido, no estudo realizado por Bardagi, Lassance & Paradiso (2003) sobre a trajetória acadêmica e a satisfação com a escolha profissional de universitários, as autoras destacam a

“ansiedade generalizada dos profissionais, inseridos no mercado, relativa à busca de emprego, busca de qualificação e afirmação de projetos e estratégias de carreira. Essa ansiedade é assumida também pelos estudantes em formação, que reproduzem já na universidade as preocupações e inseguranças dos profissionais em atividade” (p. 155).

Sbardelini (1997) considera a necessidade de “estar atento às mudanças impostas pelas construções sociais, tendo em vista as rápidas transformações da realidade e seus significados...”. Ao referir-se ao estudo das questões envolvidas na escolha profissional a autora reflete sobre a importância de se realizar “uma constante revisão dos referenciais técnicos e teóricos, pois estes também se

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transformam e muitas vezes já não satisfazem às nossas buscas”. (p. 43)

Nesse contexto de mudanças, faz-se necessário repensar a Orientação Profissional e suas possíveis contribuições para a Educação Profissional e Desenvolvimento da Carreira, para os grupos comunitários e para a educação escolar regular. Repensar a prática da Orientação Profissional exige indubitavelmente que se compreenda a evolução da produção do conhecimento na área. Assim sendo, estudos de natureza avaliadora tornam-se necessários cada vez mais.

Diversos questionamentos têm sido feitos sobre teorias e práticas pertinentes à escolha da profissão e ao desenvolvimento da carreira, resultando no aumento expressivo de publicações na área, sobretudo internacionais, e no Brasil, observa-se incremento na área principalmente após a criação da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP) em 1993.

Embora o cenário internacional apresente inúmeras publicações no campo da Orientação Profissional, Desenvolvimento de Carreira ou Educação de Carreira, estudos que avaliam as práticas desenvolvidas, a formação, e a supervisão do orientador profissional, continuam restritos, particularmente no Brasil. Portanto, o momento configura-se como adequado tanto para a implementação de estratégias de intervenção como para a proposição de modelos de avaliação de programas, métodos e serviços.

Alguns pesquisadores têm insistido na "necessidade de continuar a expandir e aprofundar nosso conhecimento do porquê o aconselhamento para a carreira é eficaz, com quem, sob que condições e com que resultados" (Flynn, 1994, p.272).

Bardagi, Lasssance & Parradiso (2003) relatam que a formação da identidade profissional complementa a identidade pessoal e contribui para a formação da personalidade, sendo que uma boa escolha é avaliada pela forma como é tomada e pelas conseqüências cognitivas e afetivas que produz. As autoras acrescentam que

“embora o futuro de um indivíduo não dependa exclusivamente de sua opção profissional e mesmo que esta opção pode ser modificada, as questões vocacionais têm se tornado cada vez mais

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importante para as pessoas. Nesse sentido, a problemática vocacional e suas conseqüentes derivações teórico-metodológicas assumem, também, um papel importante na pesquisa psicológica contemporânea” (p.154).

Com o objetivo de justificar a necessidade de estudos de natureza avaliadora, o trabalho de Fouad (1994) foi selecionado para este estudo. A autora realizou a revisão das publicações referentes ao período de 1991 a 1993 (publicada na Journal of Vocational Behavior). Fouad delineou algumas recomendações para pesquisas futuras em nove itens. Um deles trata da sugestão de pesquisas de natureza avaliadora. Para ela,

...“precisamos determinar a eficácia das intervenções no tratamento. O ideal do modelo cientista / profissional em que os profissionais avaliam o seu próprio trabalho não parece estar operando para a grande maioria dos profissionais que escrevem sobre seus trabalhos. Os pesquisadores precisam saber que profissionais considerar efetivos, e precisam ajudar a informar os profissionais sobre os tratamentos efetivos. Não importa o cenário, dar escrutínio cuidadoso à eficácia dos programas, seminários, e tratamentos usados, deve-se capacitar os psicólogos de aconselhamento a prover melhores serviços aos clientes” (Fouad, 1994, p. 160-161).

As conclusões da referida autora apontam preocupação metodológica e ética com as pesquisas realizadas, assim como áreas positivas. Ela termina a revisão destacando que inúmeros estudos importantes foram desenvolvidos no período, aumentando nosso conhecimento sobre o comportamento vocacional.

Além do artigo de revisão há estudos avaliativos que também foram selecionados objetivando compreender como as avaliações sobre a prática profissional estão sendo realizadas. Um estudo foi publicado no European Journal of Psychological of Education (Guichard) e três foram publicados no Canadian Journal of Counselling (Flynn, Hiebert e French).

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Guichard (1992), ao avaliar os métodos educacionais utilizados na França e destinados ao atendimento a adolescentes, apontou que a orientação não está mais limitada à transição da educação para o trabalho como na primeira metade do século passado. A orientação agora é vista como uma ação educacional que prepara o adolescente e o adulto para várias escolhas que terão que tomar na vida.

Portanto, de uma concepção que intervêm de forma mais pontual passa a uma estratégia que claramente delineia o direcionamento da orientação, educação profissional e carreira ao longo da vida.

A carreira é definida como a combinação e seqüência de papéis desempenhados por uma pessoa durante o curso de sua vida. Tais papéis incluem os de criança, estudante, 'hobby', cidadão, trabalhador, esposo (a), pais, e aposentados, posições que são associadas a expectativas de papéis ocupados pela maioria das pessoas e, outros menos comuns como criminoso, reformado e amante.

(Super, 1980, p.282).

Alguns dos papéis mencionados podem ser desempenhados simultaneamente. A seqüência ou a combinação de posições no trabalho refere-se especificamente à carreira ocupacional. Como as pessoas são orientadas nas situações específicas de decisão acerca de suas "escolhas" ocupacionais? Quais os métodos de facilitação da escolha profissional de jovens? Como são? Quais os resultados?

Os trabalhos dos conselheiros de orientação, na França, por exemplo, com jovens em escolas, freqüentemente se referem a três tipos de métodos: Ativação do Desenvolvimento Vocacional (L'activation du Développement Vocationnel et Personnel - ADVP), Psico-educação do Projeto Pessoal e de Carreira (Psychopédagogie du Projet Personnel et Professionel - PPPP) e Descoberta de Atividades de Carreira e Projetos Pessoais (Découverte des Activités Professionnelles et Projets Personnels - DAPP). Na prática quais métodos estão sendo eficazes?

“Até o momento, poucos estudos tentaram determinar se esses métodos realmente atingiram os objetivos expressos. Em particular, tem havido poucas avaliações comparando o progresso respectivo de grupos experimentais e controle. Não obstante, algumas tentativas foram feitas, todas tiveram que

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proporcionar uma resposta às várias questões metodológicas” (Guichard, 1992, p. 75).

Uma das questões metodológicas colocadas é a seguinte: o que deve ser medido com o propósito de demonstrar se os objetivos fundamentais de fato foram atingidos? Como confirmar, por exemplo, que o indivíduo que participou de um determinado programa, realmente, usará as competências desenvolvidas naquele programa ao tomar decisões de carreira?

Na tentativa de resolver esta questão surgem outros problemas, como por exemplo o que se refere aos dispositivos que seriam utilizados para a realização da avaliação.

Flynn (1994) avaliando a efetividade do Aconselhamento de Carreira no Canadá, aponta a literatura da área como escassa. Ele concluiu que os dados de pesquisa mostram o aconselhamento de carreira como efetivo e comparável à eficácia obtida em outras intervenções psicológicas, educacionais e comportamentais. Se por um lado este achado é importante ao equiparar o aconselhamento de carreira a outras intervenções psicológicas, por outro lado evidencia a necessidade de aprofundamento na natureza das avaliações, indicando a necessidade cada vez maior de realização de estudos na área, como apontou Silva & Jacquemin (2001).

Além disso, Flynn (1994) destacou que os profissionais de aconselhamento para carreira, tipicamente deram pouca atenção às questões do processo. Nas avaliações realizadas, o enfoque principal esteve nos métodos e resultados mais do que nas interações conselheiro - cliente.

Avaliar procedimentos de intervenção em Orientação Profissional configura-se em uma questão complexa, considerando a existência de poucos estudos sobre o tema e principalmente os objetivos da intervenção relativos ao desenvolvimento da carreira que se dará ao longo da existência. Freqüentemente os conselheiros / orientadores "lamentam que são vulneráveis em face de preocupações crescentes com a responsabilidade mas não parecem ver a avaliação como solução potencial" (Hiebert, 1994, p.334).

Conger et al. apud Hiebert (1994), com base em um levantamento realizado com 1600 conselheiros e administradores de Centros de Aconselhamento, no Canadá, apontaram que em alguns setores 40% dos profissionais não realizavam qualquer tipo de avaliação, menos de 1/4 dos conselheiros

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avaliavam o impacto da intervenção sobre os clientes, e menos de 1/5 fazia acompanhamento. Embora muitos profissionais acreditem que seja importante a realização de avaliações, poucos dentre eles realizam qualquer tipo de avaliação formal da intervenção realizada.

Para Hiebert (1994), o fato do aconselhamento de carreira ter se afastado de suas raízes na educação, tornou problemático avaliar a mudança de cliente. Para ele a exploração da carreira esteve centrada em resultados de testes mais do que no desenvolvimento da autoconsciência.

Para o referido autor, a avaliação deve estar incorporada ao processo regular de aconselhamento e centralizada na experiência do cliente e não no modelo de referência do orientador ou do teste utilizado. Enfim, que a avaliação considere "resultados e processos como inexplicavelmente entrelaçados sendo ambos partes integrantes do aconselhamento" (Hiebert, 1994, p. 336).

Segundo French et al. (1994) pouco se sabe sobre eficácia, eficiência e adequação dos programas elaborados para ajudar as pessoas nas questões relativas a emprego, a carreira. Qual o impacto dos programas e serviços de Orientação Profissional ou Desenvolvimento de Carreira em longo prazo na vida de crianças e jovens?

“...Esta falta de dados de avaliação e mais seriamente a falta de clareza sobre a natureza das abordagens técnicas e estratégias que poderiam ajudar a identificar as características essenciais de programas e serviços de desenvolvimento de carreira efetivos, preocupados e eficientes, está causando danos de uma variedade de formas. Uma preocupação está na possibilidade de que procedimentos ineficazes e inadequados estão sendo utilizados. Uma segunda preocupação é que em época de desafio econômico a ausência de informação avaliativa pode levar aqueles que tomam decisões a questionar a necessidade e o apoio a esses programas” (French et al. 1994, p.262).

Para French et al. (1994), algumas novas considerações necessitarão serem introduzidas no processo de avaliação. Os autores apontam três considerações. A primeira delas, a colaboração, deve ser o componente central da avaliação, rompendo-se assim com práticas do passado, quando a avaliação

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freqüentemente vinha de cima, com pouca consideração dada a envolver aqueles que estavam sendo avaliados. Para eles a avaliação será significativa se todos os depositários (cliente, família, conselheiro, professor, administrador da instituição e alunos) dos programas e serviços se tornarem participantes do planejamento, realização e disseminação dos resultados da avaliação.

A segunda consideração, a integração, objetiva valorizar a avaliação como parte do desenvolvimento e implementação do programa / serviço. A avaliação realizada no fim do programa, ou em algum ponto arbitrário da prestação de serviço, foi considerada insuficiente para os autores, pois poderá ser tarde demais para tratar algumas das preocupações dos parceiros da avaliação. Os autores advogam a idéia de que os objetivos de um programa ou serviço devem determinar tanto o enfoque da intervenção quanto o enfoque da avaliação e dos procedimentos envolvidos para obter os dados da avaliação.

Na terceira consideração, a expansão, os autores chamam a atenção para o fato de que a pesquisa empírica tem sido bastante promissora com relação aos efeitos das intervenções da carreira e que existe muita novidade boa que deve ser compartilhada. Entretanto, advertem que selecionar as boas notícias e aplicá-las a partes do programa / serviço - que precisa de modificação - pode acarretar mais problemas do que soluções. “Muitas vezes é necessário que novos procedimentos sejam desenvolvidos de forma que a ação social possa ser vista como parte legítima do resultado do aconselhamento" (French et al.

1994, p.265).

Qual tipo de informação é adequado para o planejamento de avaliações? A informação obtida através de testes, de questionários, de entrevistas de registros de observações? De dados quantitativos ou qualitativos?

“Muitos tipos de informação têm potencial para contribuir para julgamentos sobre a eficácia dos programas e serviços. A ênfase dada no passado em dados quantitativos e, padronizados freqüentemente levou à exclusão de dados qualitativos e informais em muitos empreendimentos de avaliação. Recentemente uma abordagem mais equilibrada está começando a ser defendida, uma

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abertura continuada a métodos de avaliação qualitativos integrando tanto processos qualitativos quanto quantitativos será importante” (French e col. 1994, p. 265).

O relevante é começar com a seguinte questão: qual é o desempenho desejado do orientador e do orientando? Na tentativa de responder a essa indagação recomenda-se planejar tanto as tarefas de intervenção quanto as tarefas de avaliação. Desta forma os próprios resultados das avaliações indicarão caminhos para atingir o objetivo almejado.

Um modelo de avaliação foi proposto em um Simpósio sobre Problemas e Soluções para Avaliar Programas e Serviços do Desenvolvimento de Carreira realizado em Halifax, na Universidade do Monte Saint Vicent, no Canadá, em março de 1994.

O modelo consiste de uma avaliação em três dimensões: inputs, processos e outputs.Os inputs são as restrições físicas e os recursos que operam na instituição que presta o serviço (regulamentos, oportunidades de treinamento, orçamentos para treinamentos da equipe, etc). Os processos são os meios usados para prestar um serviço (aconselhamento individual e em grupo, seminários, instrução em sala de aula, auto-ajuda). É importante perceber quais tipos de processos funcionam melhor com os recursos disponíveis da equipe e que alcancem os resultados que a clientela demanda. Os outputs consistem nos resultados diretos do processo, ou seja; resultados de aprendizagem que derivam diretamente do programa de intervenção (habilidades para resolver problemas, para tomar decisões, de auto- administração e planejamento financeiro, alterações no contexto social, motivação do ciente à alteração, autoconsciência, etc).

Considerando a complexidade do domínio dos programas e Serviços de Desenvolvimento de Carreira, French et al. (1994) avaliaram que o referido modelo pode enfrentar melhor tal complexidade.

Os referidos autores argumentam que a avaliação deve incluir tanto metodologia qualitativa quanto quantitativa, utilizar tanto dados informais coletados nos procedimentos de intervenção como métodos padronizados tradicionais. Consideram-se de fundamental importância avaliar os resultados e os processos integrados, os fatores intrapessoais e contextuais do cliente.

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Propostas de avaliação precisam ser apresentadas a administradores e financiadores dos programas e serviços, além dos clientes e conselheiros. Particularmente os orientadores precisam ser convencidos de que a avaliação pode proporcionar informação útil aos conselheiros, além de constituir sólido apoio para a continuidade de sua intervenção. As revisões mostraram a relevância da realização de estudos desta natureza, evidenciando a necessidade de ampla divulgação dos resultados.

Nesse sentido, justificam-se os objetivos do presente estudo em nossa realidade: avaliar os resultados e processos de intervenção em Orientação Profissional (OP) numa Clínica-Escola de um curso de Psicologia de uma Universidade pública, sob a perspectiva do psicólogo-estagiário, a fim de compreender a prática desenvolvida e a formação do aluno.

Outro fato que justifica tal objetivo é que esse serviço, de extensão universitária, é dirigido à comunidade de Ribeirão Preto e região e destinado a pessoas na faixa etária de 14 a 65 anos de idade. A maioria dos que procuram o serviço é atendida, chegando à média de 150 a 200 pessoas por semestre, predominando a procura por adolescentes na faixa etária de 16 a 19 anos. Entretanto, observou-se, no corrente ano, o aumento da demanda de atendimentos a população adulta. Considerando a demanda de clientes e a necessidade de fornecer um atendimento adequado e de qualidade a todos, constata-se a importância de realizar pesquisas que avaliem a intervenção efetivada.

Cabe ressaltar que o caráter das atividades e dos serviços prestados à comunidade é influenciado pela formação acadêmica recebida pelo estagiário, pois é no âmbito da formação que se dá a consolidação da imagem da profissão de Psicologia (Santos & Melo-Silva, 2003). A identidade de psicólogo está sendo desenvolvida mais intensamente nesta etapa de formação e será continuada ao longo da vida.

Acredita-se que os dados obtidos neste estudo serão relevantes devido à necessidade de aprimoramento das estratégias de intervenção e de capacitação profissional do psicólogo / orientador profissional, ampliando-se assim, o conhecimento obtido em outros estudos (Melo-Silva, 1999b, 2000).

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2. OBJETIVOS

Este projeto (processo nº 2001/10763- 4) faz parte de um projeto mais amplo intitulado:

“Avaliação da intervenção em orientação profissional em uma clínica- escola” (processo nº 2001/00348- 0). O referido projeto objetiva avaliar a intervenção desenvolvida no Serviço de Orientação Profissional (SOP) de uma Clínica–Escola do Centro de Psicologia Aplicada (CPA) do Departamento de Psicologia e Educação, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade do Estado de São Paulo sob três perspectivas:

A) visão de ex-clientes que concluíram e dos que interromperam o processo de atendimento de Orientação Profissional;

B) visão de familiares dos ex-clientes concluintes;

C) visão de ex-estagiários (conselheiros) que realizaram atendimento em Orientação Profissional, objeto do presente estudo.

Além disso, um quarto estudo (D) avaliou a estrutura de inclinação profissional de parte da amostra do estudo A, por meio da aplicação do Teste de Fotos de Profissões (BBT –Berufsbilder Test) de Martin Achtnich (1991) e de uma entrevista clínica.

Tendo-se em vista a necessidade de aprimoramento das estratégias de intervenção e de capacitação profissional do psicólogo/orientador profissional, o presente estudo tem como objetivo principal:

- Avaliar a intervenção em Orientação Profissional, sob a óptica dos psicólogo-estagiários que prestaram atendimento à população jovem, desde 1994 até 2000, na referida Clínica-Escola.

Indiretamente o presente estudo também possibilita:

- Avaliar as contribuições do estágio em Orientação Profissional para a formação do aluno e para o exercício da profissão de psicólogo.

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3. MÉTODO

3.1. Participantes

Foram participantes deste estudo, egressos do curso de psicologia (N=30) e psicólogos em aprimoramento (N=5) que realizaram atendimento no Serviço de Orientação Profissional da Clínica Psicológica do Centro de Psicologia Aplicada, do Departamento de Psicologia e Educação, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, no período de 1994 até 2000, totalizando 35 participantes. Dentre eles, três realizaram atendimento em 1994; dois em 1995; quatro em 1996; seis em 1997; seis em 1998; oito em 1999 e seis em 2000, conforme mostra Tabela 1. Cumpre esclarecer que alguns estagiários atenderam em mais de um ano, sendo considerado o primeiro ano do atendimento.

Tabela 1- Porcentagem dos Participantes do estudo (N=35) em cada ano que prestaram atendimento.

Ano Participantes

N %

1994 3 8.57

1995 2 5.71

1996 4 11.43

1997 6 17.14

1998 6 17.14

1999 8 22.86

2000 6 17.14

Total 35 100.00

Dos 35 participantes, 31 são do sexo feminino e, quatro do sexo masculino. Por ocasião da pesquisa os participantes informaram sobre os estudos de Pós-Graduação: sete deles registraram especialização incompleta, oito especialização completa, seis mestrado incompleto, dois mestrado completo, três doutorado incompleto e, nenhum doutorado completo. Totalizando 26 cursos de pós- graduação tanto em universidades públicas quanto em particulares. Dos 35 participantes, 23 estavam

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trabalhando e 12 não estavam por ocasião da coleta dos dados. Dentre os que estavam trabalhando, três relataram estar fora da área de Psicologia. Entretanto, uma dentre os três, relatou desenvolver atividades esporádicas em Orientação Profissional. E do restante que trabalha, cinco registraram atuar na área de Orientação Profissional, em consultório e/ou docência. Cabe ressaltar que existem participantes cursando mestrado ou doutorado que não consideraram tal atividade como trabalho.

3.2. Instrumentos

Os dados foram obtidos através de um questionário, com questões fechadas e abertas, objetivando avaliar o atendimento em Orientação Profissional. O questionário contém itens sobre a identificação dos participantes, as informações sobre a formação e a situação atual de trabalho dos mesmos, objetivando apresentar o perfil dos participantes, citado anteriormente.

As questões fechadas foram elaboradas através de uma Escala do tipo Likert de cinco pontos, onde o participante tem como tarefa avaliar segundo a indicação do enunciado. As respostas podem variar de 1 a 5 como por exemplo:

A) 1- péssimo, 2- ruim, 3- regular, 4- bom, 5- excelente;

B) 1- nada, 2- pouco, 3- regular, 4- muito, 5- totalmente;

C) 1-nenhuma, 2- pouca, 3- média, 4- muita, 5- extrema.

Já as questões abertas, envolvem temas gerais. Incluindo também os comentários após cada questão fechada e os espaços para sugestões solicitadas aos participantes ao longo de todo o questionário, com o objetivo de favorecer um espaço mais livre para suas manifestações.

Além disso, os questionários foram preparados com base no sistema proposto por French et. al.

(1994) para uma avaliação que contemple três dimensões de análise (inputs, processos, outputs).

Nesse estudo, as dimensões foram adaptadas à realidade do serviço (objeto de estudo). Os inputs referem-se às condições oferecidas pelo serviço, tais como: a localização da USP, o local de atendimento, a primeira entrevista (triagem), a duração do atendimento, os recursos materiais e humanos disponíveis.

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Os processos abordam questões como: as atividades desenvolvidas, a interação estagiário-cliente, o atendimento, atividades complementares, a assiduidade dos clientes, enfim a facilitação para a tomada de decisão profissional dos clientes atendidos. Nessa parte do estudo, o grau de importância dos temas trabalhados também é objeto de investigação.

Os outputs referem-se aos resultados obtidos por meio do processo de Orientação Profissional.

Avaliam-se a maturidade para a tomada de decisão profissional, as influências percebidas na escolha e, o quanto o processo ajudou os clientes na resolução de conflitos e dificuldades, assim como no desenvolvimento de habilidades necessárias para a organização de um projeto de vida profissional.

Cabe lembrar que as questões foram organizadas com base em alguns estudos de natureza avaliadoras realizadas no Brasil, tais como: Zaslavsky e cols. (1979); Melo-Silva, (1999b, 2000);

Pimenta e Kawashita (1986); Carvalho (1995).

3.3. Procedimentos

A primeira etapa desse estudo, de natureza longitudinal (1994 a 2000) consistiu num levantamento bibliográfico, realizado no segundo semestre de 2000, a fim de agregar informações necessárias para a delimitação do objeto de estudo. Concomitante realizou-se leituras sobre diversos artigos publicados relacionados ao tema e à metodologia adequada ao objeto de estudo. Reuniões semanais com a equipe de pesquisadores também foram realizadas. Essas reuniões objetivaram discutir questões relacionadas aos objetivos dos projetos nos seus respectivos enfoques, na adequação e na elaboração dos mesmos. Além disso, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP, conforme resoluções: do Conselho Nacional de Saúde (Nº 196 de 10/10/96) e do Conselho Federal de Psicologia (Nº 016/2000, de 20/12/00).

A segunda etapa, iniciada no primeiro semestre de 2001, consistiu na preparação do instrumento de coleta de dados. Optou-se por utilizar um questionário contendo questões abertas e fechadas anteriormente descrito. Os questionários foram preparados e reformulados, detalhadamente, junto à

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supervisora, diversas vezes, consistindo em trabalho minucioso, desenvolvido durante todo o primeiro semestre de 2001, visando a melhor adequação dos mesmos aos objetivos da pesquisa. Além disso, os questionários foram analisados pelos alunos da disciplina Técnicas de Entrevistas, ministrada pela docente Profa. Dra. Rosalina Carvalho da Silva. Essa avaliação foi realizada em uma das aulas da referida disciplina como uma atividade de aprendizagem proposta pela docente acima mencionada. Cada aluno respondeu a um questionário, podendo assim, fornecer sua opinião quanto às mudanças e adequação dos mesmos. Ao término da aula, as sugestões foram recolhidas e entregues à equipe responsável.

Além disso, consistiu também parte dessa etapa, a preparação da carta de esclarecimento sobre o objetivo da pesquisa.

Na terceira etapa desse estudo, já no segundo semestre de 2001, os questionários foram submetidos a um estudo piloto com 5 estudantes estagiários em Orientação Profissional, cursando o 5ª ano de Psicologia da FFCLRP. Através desse estudo, foi possível fazer algumas alterações nos questionários, constituindo a versão final do instrumento.

A etapa seguinte consistiu no levantamento dos endereços dos ex-estagiários e psicólogos, em aprimoramento, que atenderam no período de 1994 a 2000. Tal procedimento foi realizado junto à Seção de Graduação, junto à Secretaria do Centro de Psicologia Aplicada (CPA) e através de arquivos da própria orientadora que prestou supervisão aos ex-estagiários.

Posteriormente, no segundo semestre de 2001, houve a preparação das etiquetas. Para tanto, foi necessária a criação de um banco de dados contendo os nomes e os respectivos endereços dos participantes. Nessa fase, foi necessário efetuar ligações telefônicas a cada um dos psicólogos ex- estagiários objetivando a atualização dos respectivos endereços. Esse procedimento assumiu fundamental importância já que teve um caráter esclarecedor e incentivador para os participantes desse estudo, corroborado pelo alto número de questionários respondidos (69.64%). Por outro lado, é importante ressaltar as dificuldades encontradas:

- alterações de alguns números de telefones devido a mudanças nas companhias telefônicas;

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- números de telefones fora de serviço;

- ligações não atendidas.

Foi um processo que exigiu muito esforço, paciência e persistência. Dentre os participantes contatados pelo telefone, 15 deles optaram por receber o questionário via e-mail, comunicando então seus respectivos endereços eletrônicos.

Após as confirmações dos endereços, percebeu-se a importância de realizar um levantamento junto à lista telefônica e junto à agência de correios para obtenção e/ou atualização dos Códigos de Endereçamento Postal (CEP).

3.3.1. Procedimento de Coleta de dados

O procedimento de coleta de dados realizou-se em diversas fases, como mostra o cronograma das etapas realizadas.

Inicialmente o envio dos questionários foi realizado sob duas formas. A primeira consistiu na postagem de 39 envelopes, contendo:

- a carta esclarecendo o objetivo da pesquisa e pedindo a colaboração do ex-estagiário (Anexo 1);

- o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 2);

- o questionário (Anexo 3);

- um envelope resposta pré-franqueado e subscritado;

A segunda consistiu no envio de 15 e- mails contendo a carta explicativa, o termo de Consentimento e o questionário, que se encontram anexados. Nesta oportunidade solicitou-se a impressão do termo de consentimento que após ser assinado deveria ser enviado ou entregue em mãos ao grupo de pesquisa responsável.

Cumpre esclarecer que alguns ex-estagiários continuam vinculados à Universidade, seja porque estão matriculados em cursos de Pós-graduação (mestrado e doutorado) seja porque participam de cursos de aprimoramento e/ou de grupos de estudos. Por esse motivo alguns questionários foram entregues em

(19)

mãos.

Para ambos os grupos foram solicitados devolução do referido questionário e termo e consentimento no prazo máximo de um mês.

No final do segundo semestre de 2001 foram enviados, via correio ou via e-mail, todos os 54 questionários para os participantes.

Após a realização de uma checagem das correspondências que haviam retornado, no final do segundo semestre de 2001 e início do primeiro semestre de 2002, realizou-se uma listagem dos participantes que ainda não haviam respondido o questionário.

Constatou-se que dos 54 questionários enviados, 10 (18.5%) retornaram ainda no segundo semestre de 2001, evidenciando a adesão à pesquisa de imediato.

Desses 10 questionários respondidos, oito referia-se a participantes que os receberam via correio e dois que haviam recebido via e-mail, conforme mostra Tabela 2. Cumpre esclarecer que esses dois participantes que responderam através de e-mail não enviaram o termo de consentimento de imediato, tornando-se necessário reenviar um e-mail a ambos esclarecendo a importância do termo assinado.

Através desse novo contato, via endereço eletrônico, decidiu-se com cada um deles a melhor maneira da equipe pesquisadora estar recebendo o termo impresso devidamente assinado. Dessa forma, um deles optou por enviar o termo impresso via correio; o outro optou por estar entregando o mesmo em mãos.

Para esse, a pesquisadora foi até o departamento onde o mesmo estava vinculado e recolheu o termo devidamente assinado.

Tabela 2- Freqüência das respostas obtidas, num primeiro momento, de acordo com a forma de recebimento dos questionários.

Questionários enviados Questionários respondidos

N % N %

Correio 36 66.66 8 22.22

E-mail 15 27.77 2 13.33

Em mãos 3 5.55 0 0

Total 54 100.00 10 18.51

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Numa segunda etapa do procedimento de coleta de dados, próximo ao término do tempo estipulado para estar recebendo os questionários respondidos, foi decidido à realização de novas ligações telefônicas para os participantes que ainda não haviam enviado o questionário respondido. Embora essa etapa tenha apresentado dificuldades semelhantes às já descritas anteriormente, pelos mesmos motivos citados, assumiu fundamental importância, pois:

- constatou-se o extravio de alguns questionários;

- funcionou como uma lembrança para responder aos questionários;

- proporcionou aos ex-estagiários resgatar o vínculo, ainda que em memória, com o estágio, a supervisora e a faculdade;

- proporcionou maior proximidade com a pesquisadora diminuindo o distanciamento e a formalidade observada em situações de pesquisa;

- funcionou para o esclarecimento de dúvidas quanto aos objetivos do estudo e quanto à extensão do prazo de devolução;

- possibilitou aos ex-estagiários resgatar lembranças vividas no período do estágio ;

- possibilitou nova opção quanto à forma de estarem recebendo o questionário, alguns que inicialmente optaram por estar recebendo via e-mail, solicitaram receber a pesquisa via correio.

Além disso, através das ligações telefônicas, foi possível perceber as dificuldades que impediram, de certa forma, os ex-estagiários de responderem o questionário de imediato:

- não recebimento da correspondência referente a este estudo ou porque o endereço havia alterado, ou porque o endereço postado era da residência de seus pais e na atualidade os ex-estagiários estavam residindo em outros endereços;

- perda do questionário após tê-lo recebido.

Ao constatar tais dificuldades evidenciou-se a necessidade de prorrogar o tempo de devolução dos questionários e do reenvio de novas correspondências e e-mails para os participantes.

A próxima etapa consistiu numa nova postagem dos envelopes contendo a carta, o termo de consentimento, o questionário e um envelope resposta pré-franqueado e subscritado. Também foram

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reenviados: a carta, o termo e o questionário via endereço eletrônico.

Dessa forma foi possível estar recebendo a resposta de mais 17 participantes via correio, três respostas via e-mail, e nove em mãos.

Cabe ressaltar que novamente houve dificuldades com os questionários retornados via e-mail quanto ao termo de consentimento. Foi necessário contatar os três participantes que responderam via e- mail para recolher o termo de consentimento devidamente assinado. Como os três participantes estavam vinculados a FFCLRP-USP esse contato foi feito pessoalmente embora tenha havido muita dificuldade na localização dos mesmos devido ao horário disponível de ambas as partes.

Outra dificuldade também relacionada com o encaminhamento via e-mail foi o fato de poucos participantes terem avisado que haviam recebido o e-mail. Isso exigiu da pesquisadora o reenvio de vários e-mails a fim de certificar que os mesmos estavam sendo encaminhados corretamente. Entretanto somente os que responderam (cinco participantes) o questionário enviaram aviso que haviam recebido a pesquisa. Assim sendo, os outros participantes que não enviaram aviso nem o questionário respondido foram considerados não recebedores da pesquisa, sendo inseridos na categoria questionários extraviados, conforme mostra a Tabela 3.

Ainda de acordo com a Tabela 3, o extravio dos questionários postados foi mínimo, evidenciando as dificuldades de se fazer esse estudo via e-mail.

Tabela 3- Porcentagem dos questionários enviados, respondidos e extraviados com relação à forma que foram enviados, respondidos e extraviados.

Questionários enviados

Questionários recebidos respondidos

Questionários Extraviados

N % N % N %

Postados 36 66.66 21 58.33 2 3.70

Anexados via e-mail 15 27.77 5 33.33 10 18.51

Em mãos 3 5.55 9 16.66 - -

Total 54 100.00 35 64.81 12 22.22

É interessante observar que dentre esses questionários respondidos, vários foram entregues em mãos, mesmos não tendo sido enviados dessa maneira, conforme evidenciou a Tabela 3.

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Acredita-se que o vínculo mantido, de alguma forma, com a supervisora contribuiu:

- para entrega em mãos de vários questionários;

- para que as dificuldades descritas anteriormente não apresentassem impedimento significativo para o retorno dos questionários;

- para alta adesão à pesquisa.

Não obstante essas dificuldades tenham existido, a adesão à pesquisa pode ser verificada ao longo dos anos delimitados nesse estudo, consultando a Tabela 4

Tabela 4. Porcentagem dos questionários respondidos em relação aos questionários enviados em cada ano.

Ano Questionários enviados Questionários

Respondidos

N % N %

1994 7 12.96 3 42.85

1995 4 7.41 2 50.00

1996 9 16.66 4 44.44

1997 6 11.11 6 100.00

1998 8 14.81 6 75.00

1999 11 20.37 8 72.72

2000 9 16.66 6 66.66

Total 54 100.00 35 64.81

3.3.2. Procedimento de análise dos dados

No primeiro semestre de 2002, foi criado um banco de dados Access, versão 97 para inserção dos resultados. No final do primeiro semestre de 2002 e início do segundo semestre de 2002 o programa foi alimentado com os dados obtidos através das respostas efetuadas pelos ex-estagiários de Orientação Profissional.

Esse processo de inserção das informações no Programa Computacional, consistiu numa das dificuldades dessa etapa da pesquisa conforme descrito a seguir. A tarefa foi minuciosa, trabalhosa e complexa devido ao fato do questionário ser bastante longo e detalhado (com muitos itens nas questões).

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Além disso, o programa computacional apresentou diversas falhas que foram verificadas durante o processo de alimentação dos dados. Essas falhas foram corrigidas pela técnica, do setor de informática, responsável pela preparação do referido programa.

No segundo semestre de 2002, os dados foram tabulados segundo análise da freqüência e sistematizados em termos de valores percentuais. A tabulação foi feita seguindo os mesmos critérios das questões do questionário. Optou-se por acrescentar uma coluna “em branco” para agrupar questões não respondidas.

No final do segundo semestre de 2002 e início do primeiro semestre de 2003 os dados foram analisados segundo estatística descritiva. Nesse período, também foi realizado o tratamento estatístico, comparando os dados obtidos neste estudo com os obtidos no estudo relativo ao subprojeto A, ou seja, a pesquisa sobre avaliação do Serviço de Orientação Profissional na visão de clientes concluintes, objetivando comparar a visão dos ex-estagiários com a visão dos ex-clientes. Considerou-se relevante à análise comparativa dos dados obtidos nos dois grupos, pois se podem ampliar as possibilidades de compreensão dos resultados. O tratamento estatístico com Qui-Quadrado foi realizado e quando necessário o Teste Exato de Fisher, com nível de significância p 0.05.

Para as questões abertas e comentários, o tratamento dos dados foi qualitativo através da análise de conteúdo temático (Bardin, 1977). Os dados serão interpretados com base nos resultados de pesquisas sobre avaliação de serviços

4. RESULTADOS

Os dados obtidos estão sistematizados a seguir e apresentados através de tabelas; descritos com base em uma interpretação sobre os resultados, utilizando também o tratamento estatístico realizado. A análise qualitativa foi realizada através da leitura e interpretação dos dados quantitativos e das respostas às questões abertas e aos comentários dos participantes e foi discutida com base no referencial teórico da

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área.

Os resultados serão apresentados em três partes. Na primeira, sobre a avaliação do processo de Orientação Profissional pelo grupo de ex-estagiários, o tratamento, foi realizado através da estatística descritiva; ou seja, através da porcentagem das repostas obtidas em cada subitem. Ainda nesta etapa, realizou-se uma discussão dos dados, com algumas reflexões das pesquisadoras, tendo como base a experiência da prática realizada e a literatura da área. Tiveram o intuito de levantar hipóteses a serem verificadas e discutidas numa etapa posterior. A segunda parte consiste na comparação entre os grupos de ex-estagiários com os dos ex-clientes concluintes (amostra da outra pesquisa, referida anteriormente, como Subprojeto A) através do tratamento estatístico. A terceira parte consiste na análise qualitativa dos dados e na discussão dos resultados obtidos nos comentários e nas questões abertas, considerando-se os filtros perceptuais das pesquisadoras.

4.1. Avaliação da Orientação Profissional na perspectiva do ex-cliente.

O item relativo às condições oferecidas (Tabela 05) aponta que as condições são em geral percebidas como boas pelos ex-estagiários, o que pode ser constatado pela ausência de respostas no critério “péssimo”. Em decorrência disso, optou-se por não inserir tal critério na referida tabela.

No subitem referente à localização 45.7 % dos participantes apontam que é Regular, 37.1 % que é Ruim, 14.3% que é Bom e apenas 2.8% que é Excelente. Através dos resultados apresentados, percebe-se que a maioria dos estagiários classificou a localização da USP como Regular e Ruim, provavelmente devido à distância do centro da cidade. Este dado é interessante porque em outro estudo sobre a avaliação do Serviço de Orientação Profissional na visão de ex-clientes, a maioria dos usuários (62%) considerou a localização boa e excelente (Estudo A).

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Tabela 05- Freqüência das respostas obtidas pelo total dos participantes (N=35), segundo o conceito atribuído às condições oferecidas pelo serviço nos itens avaliados e porcentagem em cada um deles.

ITENS Ruim Regular Bom Excelente Em branco

N % N % N % N % N %

Localização da USP 13 37.1 16 45.7 5 14.3 1 2.8 0 0

Sala de Atendimento:

Casa 7 6 17.1 10 28.6 14 40.0 5 14.3 0 0

Sala de Dinâmica de Grupo 1 2.8 3 8.6 23 65.7 5 14.3 3 8.6

Bloco didático 4 11.4 5 14.3 18 51.4 3 8.6 5 14.3

Bloco E – CPA 5 14.3 9 25.7 18 51.4 2 5.7 1 2.8

Inscrição no serviço 0 0 4 11.4 25 71.4 4 11.4 2 5.7

Entrevista de triagem 0 0 3 8.6 23 65.7 7 20 2 5.7

Tempo da sessão individual 1 2.8 4 11.4 17 48.6 12 34.3 1 2.8 Tempo do encontro em

grupo

0 0 1 2.8 17 48.6 16 45.7 1 2.8

Duração do processo 1 2.8 3 8.6 17 48.6 13 37.1 1 2.8

Recursos materiais disponíveis

2 5.7 11 31.4 16 45.7 4 11.4 2 5.7 Competência como

estagiário

1 2.8 4 11.4 28 80.0 1 2.8 1 2.8

Competência de seus colegas 0 0 2 5.7 29 82.8 2 5.7 2 5.7 Competência dos

supervisores

0 0 1 2.8 11 31.4 21 60 2 5.7

Secretaria (Casa 7) 1 2.8 5 14.3 19 54.3 8 22.8 2 5.7

Secretaria (Bloco E-CPA) 3 8.6 15 42.8 11 31.4 3 8.6 3 8.6

Em relação às salas de atendimento, os resultados apresentam variações de acordo com as salas.

Na Casa 7, à rua Pedreira de Freitas, 40 % dos estagiários a classificaram como Boa, 28.6 % como Regular, 17.1 % como Ruim e 14.3 % como Excelente. Já a sala de dinâmica, 65.7 % dos ex-alunos a classificaram como Boa, 14.3 % como Excelente, 8.6 % como Regular e 8.6 % não responderam e apenas 2.8 % como Ruim. Referente ao Bloco Didático; 51.4 % o inserem no critério Bom; 14.3 % no critério Regular; 14.3 % não responderam, 11.4 % no critério Ruim e 8.6 % no critério Excelente. Para o Bloco E, 51.4 % dos participantes o classificaram como Bom, 25.7 % como Regular, 14.3 % como Ruim, 5.7%. Como Excelente e 2.8 % deixaram o subitem em Branco. Esses resultados indicam uma preferência pela sala de dinâmica e pelo bloco didático embora esse último tenha apresentado maior porcentagem de questões não respondidas.

Com relação à inscrição no serviço, 71.4 % dos participantes responderam que é boa, 11.4 %

(26)

que é Regular, o mesmo percentual respondeu que é Excelente, e apenas 5.7 % não responderam a questão. Pode-se dizer que a maioria (82.8 %) dos ex-estagiários considera a entrada do cliente no serviço (contato inicial com a secretaria) como Boa e Excelente.

Quanto a primeira entrevista (triagem), há uma concentração de respostas nos subitens bom (65.7 %) e Excelente (20 %), enquanto nos subitens Regular (8.6 %) e em Branco (5.7 %) englobam o restante das respostas. Novamente o impacto inicial com o serviço, e desta vez com o estagiário é avaliado positivamente pelos ex-estagiários. Estes dois subitens encontram correspondência com os dados encontrados na pesquisa mencionada anteriormente (Estudo A).

No que se refere ao tempo da sessão, tanto individual quanto em grupo, a porcentagem das respostas se mantém (48.6 %) referente ao critério Bom. Em contrapartida, 34.3 % dos estagiários respondem que o tempo da sessão individual é Excelente enquanto 45.7 % respondem como excelente o tempo da sessão em grupo. Já 11.4 % dos estagiários vêem como Regular o tempo da sessão individual ao passo que 2.8 % apontam esse critério para o tempo da sessão em grupo. No critério Ruim, há a classificação somente do tempo da sessão individual 2.8 %. Nos dois subitens em questão, a porcentagem dos que deixaram em Branco foi de 2.8 %. Esses resultados mostram que o tempo da sessão em grupo é melhor avaliado como Bom e Excelente (94.3 %) do que o tempo da sessão individual nos mesmos critérios (82.9 %).

Em relação ao tempo de duração do processo, 48.6 % dos participantes responderam que é Bom; 37.1 % que é Excelente, enquanto 8.6 % dos participantes responderam que é Regular, 2.8 % que é Ruim, sendo a mesma porcentagem de respostas em Branco.

Sobre os recursos materiais disponíveis, são avaliados como Bons (45.7 %), Regulares (31.4

%) e Excelentes (11.4 %), enquanto que como Ruins e em Branco (5.7 %).

No subitem relativo à sua competência como estagiário(a) 80 % das respostas foram avaliadas como Boas, 11.4 % como Regulares, 2.8 % como Ruins e em Branco. Na pesquisa com os ex-clientes, mencionada anteriormente, a competência do estagiário foi avaliada da seguinte forma: como Boa 50.96% como Excelente 29.80 %. É importante observar que somando os critérios bom e excelente, as

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duas amostras apresentam uma certa semelhança (82.8 % e 80.8 %, respectivamente).

Concernente a competência de seus colegas, 82.8 % dos participantes a classificam como Boa, enquanto 5.7 % a classificam como Regular, Excelente e em Branco. Cabe ressaltar que 82.8 % é a maior porcentagem das respostas obtidas no item condições oferecidas.

Referente a competência dos supervisores, 60 % dos estagiários responderam que é Excelente;

31.4 % que é Boa, 2.8 % responderam que é Regular equivalendo à porcentagem dos que deixaram em Branco. Cumpre destacar que 60 % consiste a maior porcentagem de respostas obtidas no critério Excelente. Esse dado mostra que a supervisão do estágio está contribuindo muito bem com a formação profissionalizante do estudante de Psicologia. Por outro lado, esta resposta pode ser enviesada considerando que o questionário tem identificação dos participantes. Nestes casos eles poderiam responder conforme julgassem que seria o esperado pela pesquisadora responsável pelo projeto. A análise qualitativa dos comentários em cada item e das questões abertas pode elucidar melhor este dado.

Sobre os atendimentos das secretarias, no subitem relativo a Casa 7, 54.3 % dos participantes o classificam como Bom, 22.8 % como Excelente, 14.3 % como Regular, 2.8 % como Ruim e 5.7 % não responderam a questão. Já em relação ao Bloco E , 42.8 % dos estagiários o classificam como Regular, 31.4 % como Bom, 8.6 % como Excelente, Ruim e em Branco. Este dado evidencia problemas na relação dos ex-alunos com a secretaria do Bloco E, responsável pela administração e funcionamento do CPA como órgão complementar e gerenciador dos estágios do Curso de Psicologia, com a qual todos os alunos mantêm contato desde o 3º ano. O que reforça a necessidade de avaliação dos serviços em todas as dimensões. Principalmente de funcionários que atuam em atendimento ao público que neste caso específico são os usuários da Secretaria do CPA: clientes, familiares, alunos, e supervisores.

Os dados sobre o Processo de Orientação Profissional são apresentados na Tabela 06. Para 65.7 % os participantes as atividades desenvolvidas facilitam Muito a tomada de decisão dos ex- clientes, enquanto 22,8 % responderam Mais ou Menos. Para 65.7 % o vínculo psicólogo / cliente facilita Muito. As atividades desenvolvidas e o vínculo com o psicólogo-estagiário são os subitens com a maior avaliação no item sobre o processo de orientação.

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Tabela -06. Freqüência das respostas obtidas pelo total dos participantes (N=35) sobre o Processo de Orientação Profissional para os clientes nos itens avaliados e porcentagem em cada um deles.

ITENS Pouco Mais ou

Menos

Muito Totalmente Em branco

N % N % N % N % N %

6.1. As atividades desenvolvidas facilitaram a tomada de decisão dos clientes.

0 0 8 22.8 23 65.7 4 11.4 0 0

6.2. A interação/ vínculo do psicólogo/ estagiário com o cliente facilitou.

0 0 6 17.1 23 65.7 5 14.3 1 2.8

6.3. A interação do cliente com os outros participantes do

atendimento em grupo ajudou.

1 2.8 9 25.7 14 40.0 11 31.4 0 0

6.4. O método de intervenção facilitou.

0 0 8 22.8 18 51.4 8 22.8 1 2.8 6.5. O teste de fotos BBT

contribuiu para o processo.

2 5.7 4 11.4 16 45.7 12 34.3 1 2.8 6.6. O atendimento dos clientes,

em grupo, contribuiu para o processo.

0 0 5 14.3 16 45.7 14 40 0 0

6.7. O atendimento dos clientes, individual, contribuiu para o processo.

0 0 7 20.0 21 60.0 7 20 0 0

6.8. A realização de atividades complementares (para casa), contribuiu para o processo.

3 8.6 18 51.4 13 37.1 1 2.8 0 0

6.9. A assiduidade dos clientes às sessões facilitou.

0 0 3 8.6 16 45.7 16 45.7 0 0

A interação entre os participantes é avaliada conforme critérios: Muito (40 %), Totalmente (31.4 %) e Mais ou Menos (25.7 %). O método de intervenção é avaliado como muito facilitador para 51.4 % dos participantes, paras os critérios Totalmente e Mais ou Menos se observa a mesma porcentagem (22.8 %).

O Teste de Fotos de Profissões (BBT) é percebido como tendo contribuído para o processo (45.7 %) e Totalmente para 34.3 % dos ex-estagiários. O atendimento em grupo, na percepção dos ex- estagiários contribui Muito para 45.7 % e Totalmente para 20 %. Enquanto o atendimento individual é percebido como Muito importante para 60 %, Totalmente e Mais ou Menos para 20 % cada.

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A realização de atividades complementares (para casa) contribui Mais ou Menos (51.4 %) e Muito para 37.1 %. A assiduidade dos clientes facilitou Muito para 45.7 %. e Totalmente para a mesma porcentagem (45.7 %).Este foi o subitem melhor avaliado no critério totalmente.

Observa-se uma certa dispersão na avaliação deste item como um todo entre os critérios Mais ou Menos, Muito e Totalmente, destacando a necessidade de maior aprofundamento nas observações registradas.

O item referente ao Grau de importância dos temas trabalhados (Tabela 07) é, em geral, bem conceituado pelos ex-estagiários o que pode ser constatado pela maioria das respostas acima da média (72.4 %), 23.7 % na média, 2.8 % abaixo da média e ausência de respostas no critério “Nenhuma”.

Cumpre esclarecer que devido à ausência de respostas no critério “Nenhuma” do item mencionado acima, optou-se por não inserir tal critério na Tabela 07.

Tabela -07. Freqüência das respostas obtidas pelo total dos participantes (N=35) sobre O grau de importância dos temas trabalhados para os clientes nos itens avaliados em porcentagem em cada um deles.

ITENS Pouca Média Muita Extrema Em branco

% % % % %

Escolha da carreira 0 0 57.1 42.8 0

Medo de Vestibular 0 28.6 48.6 22.8 0

Medo de Errar 5.7 5.7 40.0 45.7 2.8

Influência da família 2.8 20.0 34.3 42.8 0

Autoconhecimento 0 11.4 22.8 65.7 0

Medo do mundo adulto 2.8 28.6 42.8 25.7 0

Informação sobre as profissões 0 11.4 45.7 42.8 0

Mercado de trabalho das profissões 0 22.8 42.8 34.3 0

Transformações no mundo do trabalho

2.8 28.5 37.1 31.4 0

A dedicação aos estudos 11.4 25.7 40.0 17.1 5.7

Escola pública e escola privada 8.6 42.8 28.6 17.1 2.8

O grupo 2.8 37.1 31.4 28.6 0

A amizade entre os participantes 0 45.7 42.8 11.4 0

No subitem referente ao tema escolha da carreira, 57.1 % dos participantes o aponta como Muito importante para se trabalhar e 42.8 % como sendo de Extrema importância. Esses dados mostram

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que 100 % dos ex-estagiários conceituam o grau de importância desse subitem acima da média. Cabe ressaltar que 57.1 % é a maior porcentagem de respostas obtidas no critério Muita importância. De fato escolher uma profissão ou definir a carreira consiste na motivação pela qual os clientes buscaram o serviço, razão pela qual este tema é considerado relevante pelos psicólogos-estagiários, pois norteia todo o processo de intervenção.

O subitem concernente ao medo de vestibular é avaliado com uma relativa dispersão de opinião:

Média importância (28.6 %), Muita importância (48.6 %) e Extrema importância (22.8 %), provavelmente em decorrência dos diferentes graus de ansiedade dos clientes. Ainda assim, cabe destacar que 48.6 % é a segunda maior porcentagem de respostas obtidas no critério Muita importância.

O tema medo de errar é percebido pelos ex-estagiários como tendo Extrema importância (45.7%) a ser trabalhado; e Muita importância (40 %), os demais critérios foram pouco assinalados. Com relação à influência da família, 42.8 % dos participantes avaliam que é de Extrema importância trabalhar tal tema, e 34.3% avaliam que é de Muita importância. Referente ao autoconhecimento, a maioria dos ex-estagiários (88.6 %) o avalia acima da média. Sendo que 65.7 % das respostas concentram-se no critério de Extrema importância, maior porcentagem de respostas obtidas no item grau de importância dos temas trabalhados. Os três temas citados anteriormente são, de certa forma, inerentes à questão da escolha da carreira. São temas que indubitavelmente caracterizam-se como ponto de urgência para a intervenção.

Concernente ao tema medo do mundo adulto observa-se uma dispersão maior nos critérios:

Muita (42.8 %), Média (28.6 %), e Extrema (25.7 %), o que significa que para os psicólogos-estagiários este tema tem valor diferente. E, nesse sentido, uma hipótese pode ser relativa ao grau de maturidade dos clientes atendidos por cada um dos psicólogos-estagiários, e a percepção que ficou para eles sobre a utilidade de se trabalhar com este tema, pois clientes mais seguros e decididos lidam melhor com as tarefas de desenvolvimento, entre elas, pensar e responsabilizar-se com o seu futuro, com a vida adulta e, portanto, este tema pode não ter sido emergente nestas situações.

No que se refere à informação sobre as profissões, 45.7 % das respostas concentram-se no

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critério Muita importância, e 42.8 % no critério Extrema importância. A informação profissional é parte integrante de qualquer processo de Orientação Profissional, logo era esperada uma boa avaliação sobre a pertinência de disponibilizar ou estimular a busca de informações sobre as carreiras.

Sobre o mercado de trabalho, a concentração de respostas mantém-se no critério Muita (42.8%), o restante das respostas distribuem-se nos critérios Extrema (34.3 %) e Média importância (22.8%). Relativo às transformações no mundo do trabalho, há uma dispersão maior das respostas:

37.1 % no critério Muita; 31.4 % no critério Extrema importância; e 28.5 % no critério Média importância. Embora os psicólogos-estagiários considerem a necessidade de se trabalhar com as questões pertinentes ao trabalho, parece que as dispersões nas respostas são influenciadas pelo interesse imediato de alguns clientes, que é o ingresso em uma carreira universitária, ou tecnológica, ou técnica.

Assim, quando a intervenção é em grupo os temas mais prementes são trabalhados porque a estratégia de atendimento é fundamentada na didática do emergente, em atender à necessidade do grupo. Por outro lado, a equipe tem observado que outros clientes estão, indubitavelmente, preocupados com o futuro, porque em várias famílias a questão emprego/desemprego faz parte do cotidiano. E, neste momento particular da vida do psicólogo-estagiário este é assunto mais preocupante porque o toca diretamente.

Sobre a dedicação aos estudos, embora o maior valor percentual das respostas no subitem esteja no critério Muita (40 %), é possível observar a distribuição de respostas em todos os conceitos: Média (25.7 %) Extrema (17.1 %), Pouca (11.4 %) e em Branco (5.7 %). Cabe ressaltar que 11.4 % é a maior porcentagem de respostas no conceito pouca, assim como 5.7 % é a maior porcentagem de respostas em branco. O interessante neste item é a distribuição de respostas nos diferentes conceitos e a pouca importância assinalada por 11.4 % dos psicólogos-estagiários. Aqui cabe refletir sobre algumas hipóteses. Uma consiste na ênfase ao “psicologismo”, o que levaria o estagiário a se preocupar mais com conteúdos internos, tais como: dinâmica de interesse, motivação, traços de personalidade e outros; do que com as condições educacionais e as reais possibilidades de passar no vestibular. Outra hipótese consiste na atividade fim do psicólogo que é lidar com aspectos subjetivos do cliente e, assim, intervir em suas questões afetivo-emocionais que estão dificultando ou impedindo a tomada de decisão

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ocupacional livre e autônoma. Vale destacar que embora se espere que problemas relativos à dedicação aos estudos sejam de competência da escola, observa-se que muitas vezes é precisamente o mau desempenho acadêmico que se configura em um dos problemas emocionais, ocasionado o temor aterrorizante do vestibular e do mundo adulto. Nestes casos o psicólogo intervém e daí decorre a atribuição, de certa forma, favorável nos conceitos Muita e Extrema, como mostra a Tabela 07.

Escola pública e escola privada é um tema que também teve uma distribuição de respostas em todos os conceitos: 42.8 % Média, 28.6 % Muita, 17.1 % Extrema, 8.6 % Pouca e 2.8 % em Branco.

Este tema tem sido emergente em atendimentos nos quais predominam alunos de escola pública remetendo ao medo do vestibular em decorrência da “crença generalizada” da baixa qualidade do ensino da escola pública.

O grau de importância que se deu ao grupo foi: Média, 37.1 % ; Muita, 31.4 %; Extrema, 28.6%;

Pouca, 2.8 % e não houve resposta deixada em Branco nesse subitem. O uso da modalidade de atendimento em grupo, no Serviço de Orientação Profissional, baseia-se em argumentos relativos à adequação da intervenção com adolescentes juntos com seus pares, possibilitando experiências que conduzam à aprendizagem, neste caso, aprender a escolher. O que corrobora a avaliação acima da média neste item.

Com relação à amizade entre os participantes, 45.7 % dos ex-alunos vêem o tema com importância Média; 42.8 % o vêem com Muita importância e 11.4 % o vêem com Extrema importância.

Esta modalidade de atendimento traz vantagens extremamente relevantes “uma vez que a participação grupal leva a experiências profundas de autoconhecimento, conhecimento do outro e interação”

(Carvalho, 1995, p.81).

Os dados sobre os Resultados obtidos com o Processo de Orientação Profissional são visualizados na Tabela 08, através de três conjuntos de informações: (1) crenças sobre o desenvolvimento da maturidade e a contribuição da Orientação Profissional; (2) fatores que influenciam na escolha da carreira; e (3) em que o processo contribuiu.

Referências

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