• Nenhum resultado encontrado

ARTE, APROPRIAÇÃO E HIBRIDISMO NOS ROSÁRIOS DO TAMBOR DE MINA DO MARANHÃO: UMA ANALISE DE RESSIGNIFICAÇÕES SIMBÓLICAS DA ARTE AFRO- BRASILEIRA.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ARTE, APROPRIAÇÃO E HIBRIDISMO NOS ROSÁRIOS DO TAMBOR DE MINA DO MARANHÃO: UMA ANALISE DE RESSIGNIFICAÇÕES SIMBÓLICAS DA ARTE AFRO- BRASILEIRA."

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

ARTE, APROPRIAÇÃO E HIBRIDISMO NOS ROSÁRIOS

DO TAMBOR DE MINA DO MARANHÃO: UMA ANALISE

DE RESSIGNIFICAÇÕES SIMBÓLICAS DA ARTE

AFRO-BRASILEIRA.

Rosiane Cardoso*

Resumo: O texto analisa os diversos símbolos que compõem os rosários (objeto artístico do Tambor de Mina) inseridos na Cultura maranhense em meados do século XVII em uma atmosfera de opressão e repressão dos signos originários da cultura africana, possibilitando assim, reconfigurações hibridas e seus desdobramentos com a tradição clássica ocidental nos domínios da arte afro-brasileira.

Palavras- chave: Tradição Clássica, Arte afro-brasileira, Hibridismo, Tambor de Mina, Rosários

Abstract: The text examines the various symbols that make rosaries (artistic object Tambor de Mina) inserted in Maranhão Culture in the mid-seventeenth century in an atmosphere of oppression and repression of signs originating from African culture, thus enabling hybrid reconfigurations and its consequences with Western classical tradition in the fields of african-Brazilian art

Keywords: Classical Tradition, african-Brazilian Art, Hybridity, the Drum, Rosaries

*Orientanda do prof. Drº Roberto Conduru;

(2)

1 Apropriações simbólicas e identidade nos Rosários do tambor de Mina

O Tambor de Mina de acordo com Mundicarmo Ferretti (2000, p.61)” é um

culto a entidades espirituais africanas “ Voduns e orixás” que baixam na cabeça de seus filhos, nos “toques”( rituais públicos, com tambor).” Os cultos do Tambor de mina no Maranhão têm sua origem na Casa das Minas e na Casa de Nagô ambos localizam-se no Centro Histórico de São Luís. A historiografia oral e escrita narra que o processo de fundação dessas casas teve a participação fundamental das africanas “N’agontimé” na primeira casa e Josefa e Joana na segunda.

O termo mina deriva do Forte de São Jorge da Mina, na costa do ouro, atual República do Gana, um dos mais antigos empórios Portugueses de escravos na África Ocidental.É também o nome de um dos grupos étnicos absorvidos pelo tráfico de escravos.No Brasil o termo mina é atribuído genericamente a escravos procedentes da região do Golfo de Benim na África Ocidental. (FERRETTI. S, 1996, p.11)

A Mina “Nagô” desde sua fundação no Maranhão realiza seus toques com entidades africanas, nobres europeus e caboclos. A classificação das entidades por nações apresenta-se da seguinte forma: entidades africanas “(Ogum, Olokum, Averequete, Olodô, Akoveré, Xapanã, etc.)” entidades nobres (Dom Luís, Dom Carlos, Rei Sebastião, Rainha Rosa etc) entidades caboclas (João do Leme, Tapindaré, Joãozinho, Morro de Areia, João de Guará, etc.)1

Na Mina “Jeje” os rituais acontecem em homenagem às famílias de voduns, que de acordo com Ferretti agrupam-se em número de cinco:

 “Davice” (reúne os voduns nobres, zomadonu e Dadarro).  “Savalunue Aladanu” (família de voduns hóspedes da casa).

(3)

 “Dambirá” (família que corresponde ao panteão da terra, vodus que combatem as doenças e as pestes).

 “Quevioçô” (família nagô entre os jeje, composta por Liça, Loco, Abe e averequete). Na Mina do Maranhão os fios de conta são conhecidos como rosários, fazendo uma alusão ao sincretismo católico. Na casa das Minas cada família corresponde a um conjunto de preceitos, onde cada membro dessa família tem um ritual próprio, indumentária e rosários diferentes.

Cada filha que dança na casa recebe um rosário com as marcas ou símbolos de seu “vodum”. O rosário é do vodum e não da pessoa e, por isso, não é despachado quando a pessoa morre, ficando guardado na casa para ser usado por outra filha que recebe o mesmo vodum. Os rosários só são usados nos dias de festa e são colocados no pescoço logo que o vodum chegue ou um pouco antes (...) As filhas mais velhas usam rosários com seis pernas, outras usam com quatro pernas. A cor predominante nas miçangas ou contas menores no rosário da Casa das Minas é a marrom, chamada “gongeva ou hongeva”, que as filhas dizem ser a marca da nação” Jeje” (...) Há também as marcas das famílias de voduns. Os rosários do povo de Davice têm pernas marrons, sem mistura de cores. (...) Em geral os rosários do pessoal da Casa das Minas têm contas pequenas, com cores escuras e sóbrias. Muitos são feitos com contas antigas, não mais encontradas no comercio e que dizem foram importadas (FERRETTI, 1996, p. 194).

Os fios de conta são elementos de identificação dos iniciados, dos pais e mães de santo, dos simpatizantes com determinado terreiro ou entidade, servindo ainda para identificar a nação (grupo étnico) de origem da religião pertencente. O fio de conta é, na opinião de Lody, um emblema social e religioso que marca um compromisso ético e cultural entre o homem e o santo. É um objeto de uso cotidiano, público, situando o indivíduo na sociedade do terreiro.

(4)

O processo de produção dos rosários está inteiramente atrelado ao sistema simbólico religioso da Mina, a criatividade é toda do santo que mostra o rosário em sonhos para seus filhos ou filhas prontinho. Ao mediún cabe apenas a compra dos materiais e dispô-los no fio (naylon).

A entidade diz de quantas pernas, quais cores, quais cabos colocar na cangoteira e na ponta”. Ela também segue um ritual para produzir seus rosários. É muito simples eu compro as contas, com o náilon e coloco velas tomo um banho coloco uma roupinha branca, com um pano virgem branco coloco as contas e teço ele. (Informação Verbal)2.

No mesmo sentido a filha de “Averequete” dona Domingas (filha da Casa há trinta e um anos) diz que: A inspiração é toda atribuída às entidades.

Eles mostram no sonho, dão detalhes e ai a gente compra as contas e faz e na hora de fazer pego um pano branco, bota uma luz e vai enfiar, confere conta por conta cinco de um lado ,cinco do outro. As entidades nos dizem de quantas pernas quer de quantas não quer. Termina lava com cachaça, defuma pra poder usar. Aprendi no sonho. (Informação Verbal) 3

Dessa forma, a criação artística dos rosários de Averequete fica restrita somente aos materiais que ele solicita. Se a marcação dele é marrom a criação fica por conta do uso dos materiais em formas diferentes nos tons de marrom.

Na Mina Jeje os rosário de maior destaque são runjeve e a manta das tobossis ou ahungele. A manta da Tobossis de acordo com Lody (2001, P.110):

É um tipo de rede, gola, peça que cobre a região do colo até o inicio do busto. É feita de miçangas de diferentes tamanhos e cores, pequenas contas redondas, corais e outros tipos que fazem uma das peças mais tradicionais e significativas do Mina Jeje do Maranhão. O “Ahungelé” é distintivo das “Tobossis” ou Tobossas, princesas crianças, membros da família real fundadora do famoso terreiro conhecido como Casa das Minas, terreiro dedicado a “Azamadonu”, todos “vondus” do “Daomé”, atual Benin.

2

Entrevista concedida por Dona Fátima Filha de Iansã e de Averequete, Entrevista I. no Terreiro Mamãe Oxum e Pai Oxalá em12/12/2012. Entrevistadora: Rosiane Cardoso. São Luís 2012. Mp3 (30 min).

3 Entrevista concedida por Dona domingas.Entrevista II. No Terreiro Mamãe Oxum e Pai Oxalá

(5)

A manta desempenha diversas funções nos rituais do Tambor de Mina. No ritual exclusivamente feminino denominado baião de princesas ou descida das Tobossis, funciona como objeto representativo e complementar da força contida nas tramas do saber feminino africano e afro-brasileiro. A manta no ritual de despedida4 em caso de morte de uma pessoa que incorpore uma entidade feminina africana ou seja, uma Tobossi passa por um processo de desconstrução de suas tramas, quando morre uma das tobossis as miçangas que compõem a manta da “Gonjaí” falecida serão utilizadas para aumentar as ordens ou fileiras de miçangas das mantas das Gonjaís vivas. Desta forma cada cor agregada simboliza consequente uma Gonjaí morta, uma ancestral.

2 Fios de Contas representativos do Maranhão

[ Foto 1]:

Manta das Tobossis ou Ahungele

Fonte: Pesquisa de Campo

Lody (2001, p.110) descreve o rosário Ahunguelé, manta das tobossis ou tarrafa enquanto um colar em forma de rede que cobre a região do colo ao inicio do busto. É feita de misangas de diferentes tamanhos e cores, pequenas contas redondas, corais e outros tipos que fazem uma das peças mais tradicionais e significativas do mina Jeje do Maranhão. A manta das Tobossis como o próprio nome diz é emblemático do ritual “arrambam” ou descida das Tobossis.

4

(6)

As “Tobossis” fazem parte do grupo das divindades infantis, exclusivamente femininas, que brincavam como crianças e falavam em língua africana. [...] eram chamadas de sinhazinhas durante as feitorias.[...] Elas eram consideradas como filhas de Voduns.

Na Casa de Nagô, a chefe delas é tida como Iemanjá e elas não usam manta de miçangas como na Casa das Minas, mas usavam muitos colares e pulseiras. As filhas atuais dizem quem as Tobossis tinham mais coisas. Tinham mais afinidade com o corpo e permitiam uma ligação mais direta do que os voduns, que são adultos. Não tinham falhas e não se irritavam, seu papel, no culto era só brincadeiras. Eram espíritos mais perfeitos e elevados. (FERRETTI, 1996, p.77)

A diferença entre a manta e o hongeve está em que o primeiro simboliza um ritual (descida das tobossis) e o hungeve é a marca ou símbolo da vertente religiosa afro-brasileira no Maranhão conhecida como Mina. Em termos técnicos o Anngulé é mais elaborado, possui uma trama de entrelaçamento que divide os planos a partir das cores. O hungeve é uma guia de uma “perna” só, sem variação de cor. Ambos não possuem em suas composições elementos simbólicos como figas, búzios, cruzes etc.

3.Outros rosários, outras entidades espirituais, outras identidades e apropriações simbólicas culturais

(7)

[Figura 2]:

Acabamento do rosário de Averequete

Fonte: Jorrimar de Sousa

Nesse rosário a simbologia das cores remete ao Vodum Averequete; conhecido também como Verequete, entidade africana que chefia os terreiros de Mina no Maranhão, é ele quem vem na frente chamando os outros voduns. Averequete é um Vodum da família de Queviosô que é Nagô mas ele é muito bem vindo em terreiro de outras nações5

A cor marrom é a cor emblemática do rosário ( runjeve) no Tambor de Mina maranhense. Essa cor também faz referencia à África Ocidental (Benin) e, por conseguinte a um tipo de entidade denominada Vodun. No caso dos rosários de Averequete a variação do marrom com os tons azuis turqueza e marinho, ocorre devido às famílias que pertencem. Averequete faz parte do clãn de Quevioço; família nagô entre os jejes, composta por Liça, Loco e Abe. Esses Voduns são componentes do panteão dos astros, ou seja, averequete é a estrela – guia; Liça é o astro sol; Loco domina as tempestades; Abe é uma sereia.

Na composição do rosário de averequete, mais precisamente no acabamento encontra-se um búzio africano. Os búzios são pequenas conchas de forma

5 FERRETTI,M.(2000) São formas de agrupar as entidades espirituais da Mina (Jeje, Nagô, Cambinda,

(8)

ovalada com uma saliência arredondada de um lado e uma fenda serrilhada do outro. Recebe o nome cientifico de (cyproea moneta) e o popular de Caurim ou cauri. No passado foi usado como moeda na África e em países orientais. No Brasil assim como na África é usado para as oferendas, jogos, e enfeites de adereços rituais. As conchas são identificadas como machos ou fêmeas, pelo tamanho e pela serrilha. Os búzios em um contexto diaspórico simboliza na composição do acabamento do rosário o continente de origem da religião Mina. A tradição africana, nesse caso foi conservada no tocante ao significado que remete a própria África.

[ Figura 3]:

rosário de Cura

6

Fonte: Pesquisa de Campo

Nos rosário de Cura Brinquedo ou “Toque” de Maracá as contas são predominantemente naturais e especifica como a lágrima de nossa senhora. Segundo CACCIOTORE, (1988) essa semente recebe o nome científico de (Croton antiriphiliticum ou Ophtalmoblatum pendecular Muell e Arg. –

6

(9)

euforbiácea) planta usada em oftalmia. Dá florinhas azuis, sendo por isso dedicada a Yemanjá. (P. 192).

Os rosários de Cura geralmente trazem na ponta uma estrela de Davi ou de São Salomão. O selo de São Salomão é constituído por dois triângulos entrelaçados de modo que dão lugar a uma estrela de seis pontas.

De acordo com Cirlot (1978, p. 402) A estrela de Davi simboliza a alma humana como conjunção da consciência e o inconsciente, significados pelo fogo. (triângulo) e a água (triângulo invertido) em interpenetração. Esta forma interpenetrada representa o principio imaterial chamado azoth visto a partir da imaginação por um ponto central da forma. A origem da estrela de Davi remonta ao século IV, nesse período esse símbolo não possuía um caráter místico, era usado como forma ornamental das sinagogas e lápides no Sul da Itália.

[Figura 4]:

rosários representativo da nação Turca e de Yemanjá.

Fonte: Ribamar Nascimento

(10)

que intercalam os intervalos entre as contas pequenas na cor branca. O fechamento é articulado com uma firma branca e uma mini placa de madeira contendo uma escavação do símbolo cruz. Os rosários compostos pelas cores verde, amarelo e vermelho são representativos das entidades oriundas da nação Turca.

Os Turcos segundo Ferretti, M. (2000, p.128) entraram na Mina no final do século XIX, (antes da abolição da escravidão no Brasil) em terreiros abertos por africanos. Rei da Turquia é talvez o chefe da maior família de entidades caboclas do tambor de Mina e a entidade espiritual mais conhecida fora dos cultos afro-brasileiros.

Ainda sobre os turcos, Oliveira, (1941, P.47) Diz que os turcos constituem uma família de Voduns, turcos mauritanios de influência islâmica. São encantados comumente chamados de Mouros, chefiados por João Buralaia.

Na composição artística deste rosário representativo da nação Turca, o acabamento porta uma figa um signo que desde a antiguidade vem sendo atualizado e ressignificado por várias culturas. O origem do termo em latim “fícus” remonta a árvore figueira cuja madeira era confeccionada pelos Europeus este amuleto. A figa de origem europeia compõe o arremate do rosário afro-brasileiro.

A figa é um amuleto em forma de mão humana fechada, com o dedo polegar entre o indicador e o médio. Tem finalidade protetora, contra mal olhado, feitiços, doenças etc. Sua origem é antiguíssima e aparece na maioria dos povos, tendo sido trazida para o Brasil provavelmente pelos europeus. A técnica de construção da figa é executada nos materiais de coral, azeviche, marfim e madeira, especialmente a branca chamada Guiné (CACCIOTORE, 1988, p. 126).

(11)

devido ao fruto (figo) representar em sua cultura o órgão sexual feminino. Entre os Turcos a figa significa ato obsceno referindo-se ao ato sexual.Para as entidades do Panteon Turco no Tambor de Mina as figas simbolizam também proteção espiritual de parte da entidade ao filho (a) de santo.

[Figura 5]:

rosário do caboclo Zezinho

Fonte: Pesquisa de campo

Os rosários do caboclo Zezinho traz a harmonia das cores amarelo, marrom e o branco intercaladas por firmas marrom e amarelas. A ponta traz um símbolo clássico representativo do cristianismo; a cruz. A cruz ratifica o sentido histórico do cristianismo quando se apresenta em forma de crucifixo ou seja, o cristo sobre a cruz.

“El madero horizontal corresponde al principio pasivo, al mundo de la manifestación. El sol y la luna son lós representantes cósmicos de esse dualismo, que se repite em la contraposión de sexos entre el discípulos amado y la santa madre, que, además, exponem el consecuente y antecedente de la vida y obra de Jesús y, por ello, El passado e y el futuro. Los dos ladrones constituyen el binário de la contraposición em ló moral, ES decir, lãs dos actitudes posibles del nombre: penitencia y salvación, prevaricación y condenación’’.

(CIRLOT,1978, p.154)

(12)

terreiros onde reproduzem um altar carregado de santos católicos e no centro o cristo

crucificado.Em geral a cruz reúne uma conjugação de contrários, antagonismo básicos da existência humana; positivo e negativo, superior, inferior, a vida e a morte, construção e destruição,

(13)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os terreiros são lugares de arte, educação e ciência, valorizar o terreiro enquanto espaço de conhecimentos tradicionais da cultura afro-brasileira nos permite ampliar as possibilidades artísticas. Na contemporaneidade onde o conceito, o significado e a ideia são requisitos elementares à criação, que enxergue na atualidade à riqueza e as lacunas da produção do “passado”. O terreiro enquanto um centro educativo pode nos ensinar a sermos solidários, cooperativos e a viver o real sentido de família. Ao falar, ao fazer o terreiro de mina também ensina o respeito às diferenças, a partir da integração de diferentes classes, gêneros e idades. Ainda sim alguns terreiros de Mina do Maranhão mesmo com tanta ciência, saberes e potencial educativo ainda tem um longo caminho no que diz respeito a sistematizar seus conhecimentos, no intuito de contribuir com o extermínio de equívocos, distorções e preconceitos sobre suas práticas.

Os estudos das Tradições Clássicas de maneira geral admite analisar a Arte sem restringir-se à cronologia dos estilos ou movimentos artísticos. Amplia as perspectivas de observações e relações possíveis com a política, religião e formas. Em um contexto de Arte afro-brasileira as variadas tradições clássicas ocidentais apresentam-se nos rosários do Tambor de Mina questionando o contexto socioeconômico em que esses símbolos foram inseridos. Renovando significados e finalidades eventualmente distintas, como por exemplo o elemento Figa que em seu lócus de origem - Itália representa a fertilidade e o erotismo.

Porém no Brasil configura-se um elemento simbólico religioso significando proteção contra as energias negativas, mal olhado, etc. Desta forma, os elementos que compõem os rosários do Tambor de mina são originados de tradições internacionais, mas que foram reinterpretados ao longo da história do escravismo e da colonização brasileira enquanto símbolos de identidades, resistência e luta.

(14)

Considerações em processo

Os estudos das Tradições Clássicas de maneira geral admite analisar a Arte sem restringir-se à cronologia dos estilos ou movimentos artísticos. Amplia as perspectivas de observações e relações possíveis com a política, religião e formas. Em um contexto de Arte afro-brasileira as variadas tradições clássicas ocidental apresenta-se nos rosários do Tambor de Mina questionando o contexto sócio-econômico em que esses símbolos foram inseridos. Renovando significados e finalidades eventualmente distintas, como por exemplo o elemento Figa que em seu lócus de origem - Itália representa a fertilidade e o erotismo.

Porém no Brasil configura-se um elemento simbólico religioso significando proteção contra as energias negativas , mal olhado, etc. Desta forma, os elementos que compõem os rosários do Tambor de mina são originados de tradições internacionais, mas que foram reinterpretados ao longo da história do escravismo e da colonização brasileira enquanto símbolos de identidades, resistência e luta.

(15)

Referências

CONDURU, Roberto. Arte Afro-brasileira. Belo Horizonte:C/Arte, 2007.

CACCIOTORE,Gridolle, O. Dicionário de cultos afro-brasileiros: Com a indicação da origem das palavras. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.

FERRETTI, Sergio Figueiredo. Querebentan de Zomadonu: etnografia da Casa das Minas. São Luís: Edufma,1986.

LODY, Raul. Jóias de Axé: fios-de-conta e outros adornos do corpo: a joalheria afro-brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

OLIVEIRA, Jorge Itaci.Orixás e voduns nos terreiros de Mina. São Luís:VCR Produções e Publicidades, 1987.

OXALA,Paulo de. Figa, seu uso no dia a dia. Disponivel em: http://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/pai-paulo-de-oxala/figa-seu-uso-no-dia-dia-9753291.html acesso em 04 de abril de 2014.

RAMOS, Menezes, R. Gonçalves, T. Estudos da tradição clássica: Atualização e heterogeneidade. Disponivel em: http://historiadaarte50anos.wordpress.com/artigos/estudos-da-tradicao-classica/ acesso em: 17 de agosto de 2013.

SANTOS, Maria do Rosário Carvalho. Boboromina: Terreiros de São Luís; uma interpretação

sócio-cultural. São Luís: SECMA/SIOGE,1989.

SILVA, Vagner Gonçalves da. “Arte religiosa afro-brasileira - As múltiplas estéticas da devoção brasileira”. In: A Divina Inspiração Sagrada e Religiosa – Sincretismos (Catálogo), São Paulo, Museu Afro Brasil, 2008. P. 118-205.

Referências

Documentos relacionados

O Diretor-Presidente da Embrapa constituirá um grupo de trabalho, formado por até 10 técnicos desta Empresa e, se for o caso, de outras instituições, para análise e seleção

Os Toques de Tambor realizados em terreiros de pajés de Cururupu (Tambor de Curador), embora possam ser encarados como um ritual de religião afro-brasileira costumam se afastar mais

Pode-se exemplificar no Maranhão com diferenças entre os rituais religiosos do tambor de mina e a dança folclórica do tambor de crioula (Ferretti, 2002). Em decorrência do

De modo geral, o termo vodum é usado para designar as entidades da encantaria africana (jeje, como Dossu, nagô, como Xangô, cambinda, como Vandereji) e, às

Apesar do Maranhão ser conhecido como “berço” do tambor de mina (religião afro-brasileira muito conhecida no Norte do Brasil), muitos terreiros maranhenses (casas

ESTES NÃO TERÃO NECESSIDADE DE JULGAMENTO, POIS SUAS AÇÕES SÃO CLARAS.. HÁ UMA NARRATIVA DO PROFETA DO ISLÃ QUE NOS DIZ QUE HÁ TRÊS CONDIÇÕES QUE TORNARÃO FÁCIL O JULGAMENTO

O objetivo deste trabalho é propor um modelo matemático implícito para o reconhecimento automático de veículos presentes em imagens aéreas digitais em áreas urbanas, bem

Ressaltamos que a história oral, que é contada pelos membros mais velhos do terreiro, contém um grande número de referências a entidades voduns do Tambor de Mina