Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Naturais e Exatas Programa de Pós-Graduação em Física Grupo de Teoria da Matéria Condensada
Álgebra Linear
Jonas MazieroReferências
M. A. Nielsen e I. L. Chuang, Quantum Information and Quantum Computation (Cambridge University Press, Cambridge, 2000);
A. F. R. de Toledo Piza, Mecânica Quântica (Edusp, São Paulo, 2009).
Sumário ±σ
Espaços Vetoriais;
Independência Linear e Bases; Produto Interno; Procedimento de Gram-Schmidt;
Desigualdade de Cauchy-Schwarz; Operadores Lineares e Matrizes;
Produto Externo e a Relação de Completeza; Autovalores e Autovetores;
O Adjunto de um Operador;
Operadores Hermitianos; Projetores; Operador Normal; Operador Unitário; Produto Tensorial;
Funções de Operadores;
Comutadores e Anticomutadores; · · · .
Números Complexos
Dados dois números reaisa, b ∈ Rquaisquer, então
z := a + ib ∈ Cé um número complexo, ondei =√−1.
Partes realRez = a ∈ Re imagináriaImz = b ∈ Rdo número complexoz;
Conjugado de um número complexo: z∗ :=a − ib ∈ C; Dadosz := a + ib ∈ Ce˜z := ˜a + i˜b ∈ Ccoma, b, ˜a, ˜b ∈ R temos:
z = ˜z ⇒ a = ˜a e b = ˜b; z ± ˜z := (a ± ˜a) + i(b ± ˜b);
z˜z = (a + ib)(˜a + i˜b) = a˜a + ia˜b + ib˜a − b˜b; z ˜ z := z ˜ z ˜z∗ ˜z∗ = z˜z∗ ˜a2+ ˜b2.
Módulo de um número complexo:
|z| :=√zz∗ =pa2+b2;
Plano Complexo (plano de Argand-Gauss)
Números complexos podem ser representados como pontos no plano Cartesiano (veja a Figura ao lado). Temos então cos θ = a |z| e sin θ = b |z|. Assim z = a + ib = |z|(cos θ + i sin θ) = |z| exp(iθ), com0 ≤ θ < 2π e 0 ≤ |z| < ∞. Também θ =arctan(b/a).
Álgebra Linear
É o estudo deespaços vetoriaiseoperações linearesnesses espaços.
UmEspaço Vetorialé um conjunto de objetos que têm
certas propriedades (veja a próxima transparência)
Exemplo.Cn: conjunto de todas as listas de números
complexos (zi ∈ C)
(z1, · · · ,zn)
Cada objeto (lista) desse conjunto é umvetor. Notação matricial (matriz coluna)
|vi = v1 .. . vn ondevi ∈ C
|rótuloié anotação de Diracpara vetores, muito utilizada
em Mecânica Quântica.
Propriedades de um Espaço Vetorial (C
n)
1 Existe a operação deadiçãode objetos.Para |vi = (v1, · · · ,vn) ∈ Cne |ui = (u1, · · · ,un) ∈ Cn
|vi + |ui := v1+u1 .. . vn+un ∈ C n
2 Existe a operaçãomultiplicação por escalar.
Para |vi = (v1, · · · ,vn) ∈ Cnez ∈ C z v1 .. . vn := zv1 .. . zvn ∈ C n
3 Existe oelemento nulo0 := |i. |vi + |i := |vi ∀|vi
Independência Linear e Bases
Definição. Um conjunto de vetores {|vii} é linearmente
independente (LI) seP
ici|vii = |i implica em ci=0 ∀i.
Definição. Um conjunto de vetores LI{|vii}dimVi=1 ∈ Vé uma
base paraum espaço vetorialVse qualquer vetor|vi ∈ Vpode
ser escrito como uma combinação linear
|vi = dimV X i=1 ci|vii. Exemplo. Osautoestados de σz, |0i = (1, 0); |1i = (0, 1), formam uma base paraC2:
|vi = (v1,v2) =v1|0i + v2|1i.
Existem infinitas outras bases. e.g. osautoestados de σx:
|+i = 2−1/2(1, 1); |−i = 2−1/2(1, −1).
Produto interno
Uma função(·, ·) :VxV → Cé umproduto internose satisfaz os seguintes requerimentos
1 É linear no segundo argumento: (|vi,X
i
ci|wii) =X i
ci(|vi, |wii), onde ci∈ C;
2 (|vi, |wi) = (|wi, |vi)∗;
3 (|vi, |vi) ≥ 0 com igualdade se e somente se |vi = |i. Produto interno para Cn:
(|vi, |wi) ≡ hv|wi := |vi†|wi =v∗
1 · · · v∗n w1 .. . wn = X i v∗iwi Espaço de Hilbert H:
Teorema
O produto interno é linear-conjugado no primeiro argumento, i.e., dadosci ∈ C e |vii, |wi ∈ V vem que
(X i ci|vii, |wi) = X i c∗i(|vii, |wi). Demonstração (X i ci|vii, |wi) = (|wi, X i ci|vii)∗ = X i ci(|wi, |vii) !∗ = X i c∗i(|wi, |vii)∗ = X i c∗i(|vii, |wi) 10 / 63
Algumas Definições
Dois vetores |vi e |wi sãoortogonaisse seu produto interno é nulo, i.e., se
(|vi, |wi) = 0.
Anorma(“comprimento”) de um vetor |vi é definida como
|||vi|| :=p(|vi, |vi) Vetor unitárioou normalizado:
|||vi|| = 1. Para ∀|vi,se definimos |˜vi := |vi
|||vi||, −1cm então |||˜vi|| = 1. Um conjunto de vetores {|vii} éortonormalse
Procedimento de Gram-Schmidt
Dada uma base {|wii}dimVi=1 ∈ V de vetores linearmente independentes, obtemos umabase ortonormal{|vii}dimVi=1 ∈ V definindo
|v1i := |w1
i |||w1i|| e, para1 ≤ k ≤ dimV − 1, definindo
|vk+1i :=
|wk+1i −
Pk
i=1(|vii, |wk+1i)|vii
|||wk+1i −Pki=1(|vii, |wk+1i)|vii||
.
Desigualdade de Cauchy-Schwarz (DCS)
Teorema.Dados quaisquer dois vetores |vi, |wi ∈ H, resulta
que |(|vi, |wi)|2≤ (|vi, |vi)(|wi, |wi)
Prova.Partimos do fato que (|ψi, |ψi) ≥0 e definimos
|ψi := |vi + z|wi, com z ∈ C. Assim
(|ψi, |ψi) = (|vi, |vi) + z(|vi, |wi) + z∗(|wi, |vi) + |z|2(|wi, |wi) ≥ 0 Agora, se|wi = |ientão |(|vi, |i)|2=0 = (|vi, |vi)(|i, |i) e a DCS é satisfeita. Por outro lado, se|wi 6= |idefinimos
z := −(|wi, |vi)/(|wi, |wi) e resulta que
(|vi, |vi) − (|wi, |vi)
(|wi, |wi)(|vi, |wi) −
(|wi, |vi)∗
(|wi, |wi)(|wi, |vi) +
|(|wi, |vi)|2
(|wi, |wi)2(|wi, |wi) ≥ 0 (|wi, |wi)(|vi, |vi) − |(|vi, |wi)|2− |(|wi, |vi)|2+ |(|wi, |vi)|2≥ 0
Temos ainda que(|wi, |wi)(|vi, |vi) = |(|wi, |vi)|2se e somente se|vi ∝ |wi. Prova. Assumimos |vi ∝ |wi = c|wi. Então (|vi, |vi) = |c|2(|wi, |wi) e |(|vi, |wi)|2= |c|2(|wi, |wi)2, o que implica que
(|vi, |vi)(|wi, |wi) = |(|vi, |wi)|2.
Agora assumimos que (|vi, |vi)(|wi, |wi) = |(|vi, |wi)|2e |||wi|| 6= 0. Usamos o procedimento de Gram-Schmidt para construir uma base ortonormal {|wii}dimVi=1 com |w1i := |wi/|||wi||. Podemos escrever |vi =PdimVi=1 ci|wii. Assim (|vi, |vi) = ( dimV X i=1 ci|wii, dimV X i=1 cj|wji) = dimV X i,j=1 c∗icj δij z }| { (|wii, |wji) = dimV X i=1 |ci|2 e |(|vi, |wi)|2= |( dimV X i=1
ci|wii, |||wi|||w1i)|2= |||wi||2 dimV X i=1 |ci|2| δi1 z }| { (|wii, |w1i)|2= |||wi||2|c1|2. Com isso vem que
|||wi||2 dimV X i,j=1 |ci|2− |c1|2 =0
e portantoci=0 se i 6= 1 e consequentemente |vi ∝ |wi.
Operadores Lineares
Umoperador linearentre espaços vetoriaisV e W é qualquer
função (mapa)A : V → W que é linear em seu domínio, i.e.
A X i ci|vii ! =X i ciA(|vii)
Dizemos que um operador linearA está definido em Vse A : V → V.
Dois operadores lineares importantes: OperadoridentidadeemV:
IV|vi := |vi para todo |vi ∈ V.
OperadorzeroemV:
Matrizes como Operadores Lineares
Uma matriz complexa {Aij} é um mapa
{Aij}mxn : Cn→ Cm. Explicitamente (Amxnv1xn=w1xm): A11 A12 · · · A1n A21 A22 · · · A2n .. . ... . .. ... Am1 Am2 · · · Amn v1 v2 .. . vn = w1 w2 .. . wm onde wi = n X j=1 Aijvj
Dizer que uma matrizA é um operador linearsignifica que
A X i ci|vii ! =X i ciA(|vii) 16 / 63
Linearidade de Matrizes
ConsideremosA = {Aij}, |vi = {vi} e |wi = {wi}. Definimos
ainda
|xi := a|vi + b|wi = {xi} = {avi+bwi}.
Assim (A|xi)i = X j Aijxj = X j Aij(avj+bwj) = aX j Aijvj+b X j Aijwj = a(A|vi)i+b(A|wi)i. Ou seja,
A|xi = A(a|vi + b|wi) = aA(|vi) + bA(|wi)
Operadores Lineares como Matrizes
Consideremos um operador linearA : V → We bases de vetores{|vii}mi=1∈ V e{|wji}nj=1 ∈ W. Para cadai existem
{Aji}nj=1 ∈ C tal que A|vii = n X j=1 Aji|wji.
A matriz{Aji}mxné umarepresentação matricial parao
operador linearA.
OBS. Para fazer a conexão entre matrizes e operadores
lineares devemosespecificar as basesde entrada (domínio) e saída (imagem) para o operador linearA e também devemos
especificar comoA atua na sua base domínio.
Resumindo.Os pontos de vista de operadores lineares e de
matrizes são equivalentes.
Matrizes de Pauli. σ
0:= I
Vamos considerarV = W = C2 e umabase(base
computacional) |0i :=1 0 , |1i :=0 1
Representação matricial paraI := σ0: σ0|0i = σ011|0i + σ210 |1i σ0|1i = σ012|0i + σ220 |1i Ação de σ0:
σ0|0i = |0i e σ0|1i = |1i. Ou seja
σ0 =1 0
0 1
Matrizes de Pauli. σ
1:= σ
xRepresentação matricial paraσx:= σ1:=X: σ1|0i = σ111|0i + σ211 |1i
σ1|1i = σ112|0i + σ221 |1i
Ação de σ1(porta lógica NOT da computação clássica e quântica):
σ1|0i = |1i e σ1|1i = |0i. Ou seja
σ1 =0 1
1 0
, que tem autovalores ±1 e autovetores
| ↑xi = 2−1/2(|0i + |1i) | ↓xi = 2−1/2(|0i − |1i)
Matrizes de Pauli. σ
2:= σ
yRepresentação matricial paraσy:= σ2:=Y: σ2|0i = σ211|0i + σ212 |1i
σ2|1i = σ212|0i + σ222 |1i Ação de σ2:
σ2|0i = exp(iπ/2)|1i e σ2|1i = exp(−iπ/2)|0i. Ou seja1
σ2 =0 −i
i 0
,
comi =√−1. Temos que σ2 tem autovalores ±1 e autovetores
| ↑yi = 2−1/2(|0i + i|1i) | ↓yi = 2−1/2(|0i − i|1i) 1
Matrizes de Pauli. σ
3:= σ
zRepresentação matricial paraσz:= σ3:=Z: σ3|0i = σ311|0i + σ213 |1i σ3|1i = σ312|0i + σ223 |1i Ação de σ3:
σ3|0i = |0i e σ3|1i = exp(iπ)|1i. Ou seja
σ3=1 0
0 −1
,
comi =√−1. Temos que σ2tem autovalores ±1 e
autovetores
| ↑zi = |0i | ↓zi = |1i
Representação Matricial para Operadores Compostos
Consideremos operadores linearesA : V → WeB : W → Xe bases{|vii} ∈ V,{|wji} ∈ We{|xki} ∈ X. Questão. Qual a
representação matricial paraa transformação linear B(A(·)) = B ◦ A(·)? Temos que A(|vii) =X j Aji|wji Então B(A(|vii) = X j AjiB(|wji) = X j AjiX k Bkj|xki = X k X j BkjAji|xki = X k (BA)ki|xki
Operador Produto Externo e a Relação de Completeza
Produto Externo.Consideremos |vi, |˜vi ∈ V e |wi ∈ W. O operador linear produto externo |wihv| : V → W é definido como
|wihv|(|˜vi) = |wi(|vi, |˜vi) = (|vi, |˜vi)|wi
Assim, para {|vii}, |˜vi ∈ V e {|wii} ∈ W, a combinação linearPiai|wiihvi| é um operador linear que atua da seguinte forma
X i ai|wiihvi|(|˜vi) = X i ai(|vii, |˜vi)|wii.
Relação de Completeza.Consideremos uma base ortonormal {|ji}dimV
j=1 ∈ V. Qualquer vetor |vi ∈ V pode ser escrito como |vi =P
jvj|ji, com vj= (|ji, |vi) ∈ C. Assim vem que
dimV X j=1 |jihj|(|vi) = dimV X j=1 |ji(|ji, |vi) = dimV X j=1 vj|ji = |vi, ou seja dimV X j=1 |jihj| = IV. 24 / 63
Outra Demonstração da Desigualdade de Cauchy-Schwarz
Teorema.Dados quaisquer dois vetores |vi, |wi ∈ H, resulta que
|(|vi, |wi)|2≤ (|vi, |vi)(|wi, |wi)
Prova.Usamos o procedimento de Gram-Schmidt para construir uma base ortonormal {|ji} e definimos
|1i := |wi |||wi||. Utilizando a relação de completezaP
j|jihj| = I escrevemos (|vi, |vi)(|wi, |wi) = (|vi, I(|vi))(|wi, |wi) = (|vi,X
j
|jihj|(|vi))(|wi, |wi) = (|vi,X
j
|ji(|ji, |vi))(|wi, |wi)
= X
j
(|ji, |vi)(|vi, |ji)(|wi, |wi) =X j
|(|vi, |ji)|2(|wi, |wi)
≥ |(|vi, |1i)|2(|wi, |wi) := |(|vi, |wi)|
2
Representação de Operadores como Produto Externo ConsideremosA : V → W e bases ortonormais {|vii}dimV
i=1 ∈ V e {|wji}dimW
j=1 ∈ W.
Representação deA na forma produto externo
A = IWAIV = dimW X j=1 |wjihwj| A dimV X i=1 |viihvi| ! = dimW X j=1 dimV X i=1
(|wji, A|vii)|wjihvi|
Representação matricial de A
Aji:= (|wji, A|vii) são os elementos na linhaj e coluna i.
Exemplo. Matriz de Pauli σx
σx= |0ih1| + |1ih0|.
Autovalores e Autovetores
Osautovetoresde um operador linearA são vetores não nulos
|vi ∈ V tais que
A|vi = v|vi, ev ∈ C são osautovalores deA.
Autovalores(equação característica):
(A − vI)|vi = |i ∴ (A − vI)−1(A − vI)|vi = |i ∴ |vi = |i. Portanto det(A − λI) = 0
Autovetores
(A − λI)|vi = |i
Representação diagonal(decomposição ortonormal) deA em V: A =X
i
λi|iihi|, onde {|ii}dimV
i=1 é uma base ortonormal paraV.
Degenerescência.Um autovalor tem dois ou mais autovetores correspondentes.
Adjunto de um Operador
Dado um operador linearA : H → H, existe um único operador linearA†tal que, para todo |vi, |wi ∈ H,
(|vi, A|wi) = (A†|vi, |wi).
A†é conhecido com oadjunto (ou Hermitiano conjugado) de
A.
Alguns resultados e definições: A††
=A;
(A|vi, |wi) = (|wi, A|vi)∗= (A†|wi, |vi)∗= (|vi, A†|wi) = ((A†)†|vi, |wi) (AB)†=B†A†
(|vi, AB|wi) = (A†|vi, B|wi) = (B†A†|vi, |wi) = ((AB)†|vi, |wi); Dado um vetor |vi define-sehv| := |vi†. Então(A|vi)†= hv|A†; (|vihw|)†= |wihv|;
(P
iaiAi)†=Pia∗iA † i
Prova. Dadosai∈ C, A : H → H e |vi, |wi ∈ H, temos que (|vi,X
i
aiAi|wi) = X
i
ai(|vi, Ai|wi); ((·,·) é linear no 2oargumento)
= X i ai(A † i|vi, |wi) = (X i a∗iA †
i|vi, |wi); ((·,·) é anti-linear no 1 o argumento) = ((X i aiAi) † |vi, |wi) A†= (AT)∗ = (A∗)T.Ex. A = a11 a12 · · · a21 a22 · · · · · · . .. ⇒ A †= a∗11 a∗21 · · · a∗12 a∗22 · · · · · · . ..
Operadores Hermitianos
Um operador é ditoHermitiano (ou auto-adjunto) se
A†=A
Operadores Hermitianos tem autovalores reais (A|ai = a|ai) (|ai, A|ai) = (|ai, a|ai) = a(|ai, |ai) = a
= (A†|ai, |ai) = (A|ai, |ai) = (a|ai, |ai) = a∗(|ai, |ai) = a∗
Portantoa = a∗⇒a ∈ R.
Os autovetores de um operador Hermitiano correspondentes a autovetores diferentes são ortogonais. Consideremos
A|ai = a|ai e A|bi = b|bi com a 6= b.
(|ai, A|bi) = (|ai, b|bi) = b(|ai, |bi)
= (A†|ai, |bi) = (A|ai, |bi) = a(|ai, |bi) Portanto (a − b)(|ai, |bi) = 0 ⇒(|ai, |bi) = 0.
Projetores
Consideremos uma base {|ji}dimWj=1 ∈ W, sendo W um subespaço do espaço vetorialV. Assim, podemos construir uma base {|ji}dimVj=1 ∈ V com dimV ≥ dimW. Por definição
P := dimW X j=1 |jihj| é umprojetor no subespaço W.
P† =P; (P|pi = p|pi comp ∈ R)
P2 =P; (P|pi = P2|pi = p2|pi ⇒ p2=p ⇒p = 0, 1)
P + Q = IVcom Q = dimV X j=dimW+1 |jihj| sendo ocomplemento ortonormal de P.
Operador Normal
Um operadorA é dito normal se
AA†=A†A.
Se um operadorA é Hermitiano (A†=A) então A é normal (A†A = AA).
Teorema (Decomposição Espectral).DadoA : V → V, resulta que A é
normal se e somente se existir uma base ortonormal deV na qual A é diagonal.
Prova.Iniciamos assumindo que existe uma base ortonormal {|aii} na qualA é diagonal, i.e., A =P
iai|aiihai|. Segue então que
AA† = (X i ai|aiihai|)( X j aj|ajihaj|) † =X i X j aia ∗ j|aii δij z }| { (|aii, |aji)haj| = X i a∗iai|aiihai| = X j X i a∗jai|aji(|aji, |aii)hai| = (X j aj|ajihaj|)†( X i ai|aiihai|)=A†A 32 / 63
Agora assumimos queA é normal, i.e., AA†=A†A.
Sejaai um autovetor deA e P o projetor no auto-espaço de ai
(Vi) e sejaQ o projetor no complemento ortonormal de P, ou
seja,P + Q = IV. Assim A = IVAIV = (P + Q)A(P + Q) = PAP |{z} =aiP +PAQ + QAP | {z } =aiQP=0 +QAQ
ComoA é normal, dado um vetor |vi ∈ Vi, vem que
AA†|vi = A†A|vi = aiA†|vi. Ou seja,A†|vi é um elemento de Vi. Então
(PAQ)†=Q†A†P†=QA†P |{z}
∈Vi
Portanto
A = PAP + QAQ.
LembrandoA : V → V. Assim, dada uma base {|vji}dimVj=1 ∈ V,
podemos escrever A = dimV X j,k=1 Ajk|vjihvk| com Ajk:= (|vji, A|vki).
Percebe-se por conseguinte quePAP e QAQ são diagonais com relação a uma base ortonormal do subespaçoP e Q, respectivamente.
PortantoA é diagonal em uma base do espaço total V, completando assim a prova.
Operadores Positivos
Um operadorA é dito positivo (notação A ≥ 0) se (|vi, A|vi) ≥ 0 ∀|vi.
Se (|vi, A|vi) > 0 ∀|vi 6= |i, então A é dito positivo definido. Um operador positivo (A ≥ 0) é necessariamente Hermitiano (A = A†).
A†A é positivo (A†A ≥ 0) para qualquer operador linear A. Prova. DefinindoA|vi := |wi temos
Operador Unitário
Um operadorU é dito unitário se U†U = I = UU†
Operadores unitários preservam o produto interno: (U|vi, U|wi)= (U†U|vi, |wi) = (I|vi, |wi)=(|vi, |wi). Os autovalores de um operador unitário (U|ui = u|ui) tem módulo|u| = 1e portanto podem ser escritos de maneira geral comou = exp(iθ), comθ ∈ R.
(|ui, |ui) = 1
= (U|ui, U|ui) = (u|ui, u|ui) = |u|2hu|ui = |u|2 ⇒ |u| = 1
⇒ u = |u| exp(iθ) = exp(iθ)
O vetores |rii = (ui1,ui2,ui3, · · · )das linhas deU formam um conjunto ortonormal, i.e., (|rii, |rji) = X k uiku ∗ jk= δij UU†= I ∴ u11 u12 u13 · · · u21 u22 u23 · · · u31 u32 u33 · · · .. . ... ... . .. u∗11 u ∗ 21 u ∗ 31 · · · u∗12 u ∗ 22 u ∗ 32 · · · u∗13 u ∗ 23 u ∗ 33 · · · .. . ... ... . .. = 1 0 0 · · · 0 1 0 · · · 0 0 1 · · · .. . ... ... . ..
O vetores |cii = (u1i,u2i,u3i, · · · )das colunas deU formam um conjunto ortonormal, i.e., (|cii, |cji) = X k ukiu ∗ kj= δij U†U = I ∴ u∗ 11 u∗21 u∗31 · · · u∗12 u ∗ 22 u ∗ 32 · · · u∗13 u ∗ 23 u ∗ 33 · · · .. . ... ... . .. u11 u12 u13 · · · u21 u22 u23 · · · u31 u32 u33 · · · .. . ... ... . .. = 1 0 0 · · · 0 1 0 · · · 0 0 1 · · · .. . ... ... . ..
Operador Unitário. Representação Produto Externo
Consideremos uma base ortonormal {|vii} ((|vii, |vji) = δij).
Assim {|wii} := {U|vii} também forma uma base ortonormal:
(|wii, |wji) = (U|vii, U|vji) = (U†U|vii, |vji) = (|vii, |vji) = δij
Portanto U =X i |wiihvi| Matrizes de Pauli σ0 = |0ih0| + |1ih1| σ1 = |0ih1| + |1ih0| σ2 = −i|0ih1| + i|1ih0| σ3 = |0ih0| − |1ih1|
são Hermitianas e unitárias σi † = σi,i = 0, 1, 2, 3 σi 2 = σ0 38 / 63
Produto Tensorial
O produto tensorial é utilizado para tratar espaços vetoriais utilizados na descrição desistemas de muitos corpos a partir
dos espaços vetoriais de suas partes constituintes.
Consideremos dois espaços de Hilbert Hae Hbe bases ortonormais
{|iai} ∈ Hae{|jbi} ∈ Hb
comi = 1, · · · , dimHaej = 1, · · · , dimHb. Uma base ortonormal para o espaço produto tensorial Ha⊗ Hbé definida como
{|iai ⊗ |jbi}.
Temos assim quedimHa⊗ Hb=dimHadimHb.
Qualquer vetor |ψabi ∈ Ha⊗ Hbpode ser escrito como |ψabi =X
i,j
ci,j|iai ⊗ |jbi, comci,j∈ C.
Convenção
|iai ⊗ |jbi ≡ |iai|jbi ≡ |ia,jbi ≡ |iajbi ≡ |iji.
Propriedades do Produto Tensorial
1 Paraz ∈ C e |ψai ∈ Ha e |φbi ∈ Hb z(|ψai ⊗ |φbi) = (z|ψai) ⊗ |φbi = |ψai ⊗ (z|φbi) 2 Para |ψai, |ξai ∈ Hae |φbi ∈ Hb (|ψai + |ξai) ⊗ |φbi = |ψai ⊗ |φbi + |ξai ⊗ |φbi 3 Para |ψai ∈ Hae |φbi, |χbi ∈ Hb |ψai ⊗ (|φbi + |χbi) = |ψai ⊗ |φbi + |ψai ⊗ |χbi
Operadores Lineares em H
a⊗ H
bConsideremos vetores |ψai ∈ Hae |φbi ∈ Hbe operadores
linearesA : Ha→ ˜Ha eB : Hb→ ˜Hb. Define-se um operador linearA ⊗ B : Ha⊗ Hb→ ˜Ha⊗ ˜Hbcomo A ⊗ B(|ψai ⊗ |φbi) := A(|ψai) ⊗ B(|φbi) Linearidade deA ⊗ B A ⊗ B(|Ψabi) = A ⊗ B(X i,j ci,j|iai ⊗ |jbi) =X i,j ci,jA(|iai) ⊗ B(|jbi) ParaAj: Ha→ ˜HaeBj: Hb→ ˜Hb, um operador linear
Cab : Ha⊗ Hb→ ˜Ha⊗ ˜Hbpode ser representado de maneira
geral como
Cab =X i,j
ci,jAi⊗ Bj, comci,j ∈ C.
Por definição (X i,j ci,jAi⊗ Bj)(|ψai ⊗ |φbi) :=X i,j ci,jAi(|ψai) ⊗ Bj(|φbi). 42 / 63
Produto interno e Produto de Kronecker
Produto interno para espaços produto tensorial
(|ψabi, |φabi) = (X j,k cj,k|jai ⊗ |kbi,X m,n dm,n|mai ⊗ |nbi) := |ψabi†|φabi =X j,k c∗j,kdj,k.
Dadas matrizes {Ai,j}mxn e {Bk,l}p,qoproduto de Kroneckeré definido como A ⊗ B := mxp linhas nxqcolunas z }| { A11B A12B · · · A1nB A21B A22B · · · A2nB .. . ... . .. ... Am1B Am2B · · · AmnB Notação:A⊗n:= nvezes z }| { A ⊗ · · · ⊗ A. Exemplo. A⊗2=A ⊗ A.
Funções de Operadores
Dado um operador normalA com decomposição espectral
A =X
a
a|aiha|,
uma funçãof : C → C desse operador é definida como f (A) :=X
a
f (a)|aiha|.
Exemplo.
exp(θσ1) =exp(θ)| ↑xih↑x| + exp(−θ)| ↓xih↓x|
Dados ~n ∈ R3 com ||~n|| = 1, θ ∈ R e ~σ = (σ1, σ2, σ3), segue que exp(iθ~n · ~σ) = cos(θ)I + i sin(θ)~n · ~σ
Prova.Vamos utilizar as séries de Taylor,
f (x)|x0 = ∞ X n=0 dnf (x) dxn x0 (x − x0)n n! , para exp(x)|0=1 + x + x 2 2 + x3 3! + x4 4! + x5 5! + · · · cos(x)|0 = 1 −x 2 2 + x4 4! − x6 6! + · · · sin(x)|0 = x −x 3 3! + x5 5! − x7 7! + · · ·
Mostremos que (~n · ~σ)2 = I. (~n · ~σ)2 = (n1σ1+n2σ2+n3σ3)(n1σ1+n2σ2+n3σ3) = n21(σ1)2+n1n2σ1σ2+n1n3σ1σ3 +n1n2σ2σ1+n22(σ2)2+n2n3σ2σ3 +n1n3σ3σ1+n2n3σ3σ2+n2 3(σ3)2 = (n21+n22+n23)I = I Assim obtemos
exp(iθ~n · ~σ) = I + (iθ~n · ~σ) +(iθ~n · ~σ) 2 2 + (iθ~n · ~σ)3 3! + (iθ~n · ~σ)4 4! +(iθ~n · ~σ) 5 5! + · · · = I + iθ~n · ~σ − θ 2 2I − i θ3 3!~n · ~σ + θ4 4!I + i θ5 5!~n · ~σ + · · · = (1 −θ 2 2 + θ4 4! − · · · )I + i(θ − θ3 3! + θ5 5! − · · · )~n · ~σ = cos(θ)I + i sin(θ)~n · ~σ 46 / 63
A Função Traço
O traço de um operadorA, numa certa representação matricial, é definido como
tr(A) :=X
j
Ajj
Propriedades da função traço
tr(AB) = tr(BA) (cíclico); Prova.tr(AB) = X i (AB)ii=X i X j AijBji=X j X i BjiAij = X j (BA)jj=tr(BA)
tr(A + B) = tr(A) + tr(B) (linear);
tr(zA) = ztr(A)comz ∈ C.
tr(UAU†) =tr(U†UA) = tr(A)(otraço não depende da base
utilizada na representação matricial deA);
A Função Traço Parcial
Consideremos um operador linearCab: Ha⊗ Hb→ Ha⊗ Hbna sua representação produto externo
Cab = Ia⊗ IbCabIa⊗ Ib = (X i |iaihia|) ⊗ (X j |jbihjb|)Cab(X k |kaihka|) ⊗ (X l |lbihlb|) = X i,j,k,l
(|iaihia| ⊗ |jbihjb|)Cab(|kaihka| ⊗ |lbihlb|)
= X i,j,k,l |iai ⊗ |jbi(hia| ⊗ hjb|Cab|kai ⊗ |lbi)hka| ⊗ hlb| = X i,j,k,l (hia| ⊗ hjb|Cab|kai ⊗ |lbi)|iai ⊗ |jbihka| ⊗ hlb| := X i,j,k,l
Cabij,kl|iaihka| ⊗ |jbihlb|
Um operador linear reduzidoCa : Ha→ Ha pode ser obtido
através da operação detraço parcial sobre Hb(notaçãotrb),
que é definida como
Ca = trbCab := X m hmb|Cab|mbi ≡ X i,k X m Cabim,km|iaihka| = X i,k Cai,k|iaihka|, com Cai,k:=X m Cabim,km
Espaço de Operadores Lineares e o
Produto Interno de Hilbert-Schmidt
O espaço formado por operador linearesL(H) : H → Htambém é umespaço de Hilbertcom produto interno definido como
(A, B) := tr(A†B).
L(H) : H → H é uma espaço vetorial.Dados dois operadores linearesA, B : H → H e {|vii} ∈ H, temos
1 (A+B)(P ici|vii) = A( P ici|vii)+B( P ici|vii) = P ici(A+B)(|vii); 2 (zA)(P ici|vii) = z P iciA(|vii); 3 A + oH=A com oH|vii = |i.
tr(A†B) é um produto interno.DadosA, B : H → H e bi∈ C, temos 1 (A,P jbjBj) =tr(A† P jbjBj) = P jbjtr(A†Bj) = P jbj(A, Bj); 2 (A, B) = tr(A†B) = tr(P iA ∗ jiBik) = P j P iA ∗ jiBij= (P i P jB∗ijAji)∗= (tr(B†A))∗= (B, A)∗; 3 (A, A) = tr(A†A) ≥ 0. 50 / 63
Comutadores e Anticomutadores
Ocomutador entre dois operadores A e B é definido como
[A, B] ≡ [A, B]−:=AB − BA.
SeAB = BA dizemos que A e B comutam.
Oanti-comutador entre dois operadores A e B é definido
como
{A, B} ≡ [A, B]+:=AB + BA.
SeAB = −BA dizemos que A e B anticomutam.
Comutadores e Anti-comutadores das matrizes de Pauli (j, k = 1, 2, 3) [σj, σk] = 2i 3 X l=1 jklσl {σj, σk} = 2δjkI
Comutadores de Operadores Hermitianos
Teorema.Dados dois operadores HermitianosA e B, então
[A, B] = 0 se e somente se existir uma base ortonormal {|ji} na qualA e B são diagonais, ou seja, A =P
jaj|jihj| e
B =P
jbj|jihj|.
Prova.Assumimos primeiramente queA e B são diagonais na
mesma base. Então
[A, B] = (X j aj|jihj|)( X k bk|kihk|) − ( X k bk|kihk|)( X j aj|jihj|) = X j,k ajbk(|jihj|ki |{z} δjk hk| − |kihk|ji |{z} δjk hj|) = X j ajbj(|jihj| − |jihj|) = 0 52 / 63
Agora assumimos queA e B comutam, ou seja, [A, B] = 0 ⇒ AB = BA.
Seja {|aji} uma base de autovetores não degenerados de A
com autovalorai, teremos
AB|aii = BA|aii = aiB|aii.
PortantoB|aii também é autovetor de A com autovalor ai. Isso
implica que
B|aii ∝ |aii = bi|aii.
Lei de Leibniz
[A, BC] = [A, B]C + B[A, C] [AB, C] = [A, C]B + A[B, C] Verificação.
[A, B]C + B[A, C] = ABC − BAC + BAC − BCA
= ABC − BCA
= [A, BC]
[A, C]B + A[B, C] = ACB − CAB + ABC − ACB
= ABC − CAB
= [AB, C]
Identidade de Jacobi
[A, [B, C]] + [B, [C, A]] + [C, [A, B]] = 0 Verificação.
[A, [B, C]] + [B, [C, A]] + [C, [A, B]] = [A, BC − CB] + [B, CA − AC] + [C, AB − BA]
=ABC − BCA − ACB + CBA + BCA − CAB
−BAC + ACB + CAB − ABC − CBA + BAC =0
Lema de Hadamard
eABe−A=B + [A, B] + 1
2![A, [A, B]] + 1
3![A, [A, [A, B]]] + · · ·
Prova. Temos exp(±A) = I ± A +A 2 2! ± A3 3! + · · · . Assim eABe−A = I + A +A 2 2! + A3 3! + · · · B I − A +A 2 2! − A3 3! + · · · = B + AB +A 2B 2! + A3B 3! + · · · I − A +A 2 2! − A3 3! + · · · = B + (−BA + AB) + BA 2 2! − ABA + A2B 2! + −BA 3 3! + ABA2 2! − A2BA 2! + A3B 3! + · · · 56 / 63
eABe−A = B + [A, B] + 1
2!(BAA − 2ABA + AAB) +1
3!(−BAAA + 3ABAA − 3AABA + AAAB) + · · · = B + [A, B] + 1
2!((BA − AB)A + A(−BA + AB)) +1
3!((−BA + AB)AA + 2A(BA − AB)A + AA(−BA + AB)) + · · · = B + [A, B] + 1
2!(−[A, B]A + A[A, B]) +1
3!([A, B]AA − 2A[A, B]A + AA[A, B]) + · · · = B + [A, B] + 1
2!+ [A, [A, B]] +1
3!(([A, B]A − A[A, B])A − A([A, B]A − A[A, B])) + · · · = B + [A, B] + 1
2!+ [A, [A, B]] + 1
3!(−[A, [A, B]]A + A[A, [A, B]]) + · · · = B + [A, B] + 1
2!+ [A, [A, B]] + 1
Outra prova. Define-se f (s) := esABe−sA. Então f0(s) = esA[A, B]e−sA
f00(s) = esA[A, [A, B]]e−sA f000(s) = esA[A, [A, [A, B]]]e−sA
.. .
Expansão def (s) em série de Taylor em torno de s = 0: f (s) = f (0) + sf0(0) + 1 2!s 2f00 (0) + 1 3!s 3f000 (0) + · · · = B + s[A, B] + 1 2!s 2[A, [A, B]] + 1 3!s
3[A, [A, [A, B]]] + · · ·
Agora fazs = 1. Assim eABe−A=B + [A, B] + 1
2![A, [A, B]] + 1
3![A, [A, [A, B]]] + · · ·
Relação de Baker-Campbell-Housdorff
Dado que [A, [A, B]] = [B, [A, B]] = 0 então eA+B=eAeBe−[A,B]/2
Prova. Vamos definir C := exAexBcomx sendo um escalar. Com isso dC dx = e xAAexB+exABexB e−xBe−xAexAexB = A + exABe−xA C = exAexBe−xBe−xA exAAexB+exABexB = C e−xBAexB+B
Do lema de Hadamard, temos queexABe−xA=B + x[A, B] e e−xBAexB=A + x[A, B]. Por conseguinte
dC
dx = (A + B + x[A, B]) C = C (A + B + x[A, B])
Como [C, (A + B + x[A, B])] = 0 podemos resolver a equação anterior como uma equação diferencial qualquer. Assim obtemos
C = exp(x(A + B) + x2[A, B]/2) = exAexB.
Mas
[x(A + B), x2[A, B]/2] = x3
2 ([A, [A, B]] + [B, [A, B]]) := 0.
Então
exp(x(A + B) + x2[A, B]/2) = exp(x(A + B)) exp(x2[A, B]/2) e
ex(A+B)=exAexBe−x2[A,B]/2. Fazendox = 1 concluímos a demonstração.
A Decomposição Polar
Dado um operador linearA : V → V, existe um operador unitárioU e operadores positivos J e K tais que
A = UJ = KU, comJ =√A†A e K = √AA†.
Prova.
J =√A†A ≥ 0 ⇒ J =X i
Ji|JiihJi| com (|Jii, |Jji) = δij. AssumimosJi>0 e definimos |aii := J−1i A|Jii. Assim
(|aii, |aji) = J−1i J−1j (A|Jii, A|Jji) = J−1i J−1j (A†A|Jii, |Jji) = J−1j Jiδij
DefinindoU :=P
i|aiihJi| vemos que se Ji>0 então UJ|Jii = Ji|aii = A|Jii. SeJi=0 então
UJ|Jii = 0 = |aii.
Portanto a ação deA e de UJ na base {|Jii} é a mesma e por conseguinte
A = UJ.
Podemos ver queJ é unicamente definido fazendo A†A = (UJ)†UJ = J†U†UJ = J2 ⇒ J =√A†A. Temos também que
A = UJ = UJU†U = KU, comK ≥ 0. Temos ainda que
AA† =UJ(UJ)†=UJJ†U† =UJU†UJU†=K2⇒ K =√AA†.
A Decomposição em Valores Singulares
Dada uma matriz quadradaA, existem matrizes unitárias U e V e uma matriz positiva e diagonalD tais que
A = UDV.
Os elementos deD são os valores singulares de A. Prova. Da decomposição polar vem que
A = SJ, sendoS unitária (SS†
= I = S†S) e J positiva (J ≥ 0). Do teorema espectral temos
J = TDT†,
comT unitária e D diagonal e positiva. Assim, se definimos U := ST eV := T†obtemos
A = STDT† := UDV.