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OS EFEITOS DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA

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ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA

LUINE ALVES REIS

OS EFEITOS DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA

DISMENORRÉIA

(2)

ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA – EBRAMEC

CURSO PÓS GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA

LUINE ALVES REIS

OS EFEITOS DAS ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA

DISMENORRÉIA,

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós Graduação em Acupuntura apresentado à EBRAMEC–Escola Brasileira de Medicina Chinesa, sob orientação do Prof. Fábio Fonseca, e Co-Orientador Dr. Reginaldo De Carvalho Silva Filho.

SÃO PAULO 2016

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OS EFEITOS DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA

DISMENORRÉIA,

BANCA EXAMINADORA

Fábio Fonseca ORIENTADOR

Reginaldo De Carvalho Silva Filho Co-Orientador

Luine Alves Reis Seu nome aqui

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DEDICATÓRIA

(5)

AGRADECIMENTOS

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...10

2. MATERIAIS E MÉTODOS...12

3. MEDICINA OCIDENTAL...13

3.1 FISIOLOGIA FEMININA E DO CICLO MENSTRUAL...13

3.2 DISMENORRÉIA SOB A VISÃO DA MEDICINA OCIDENTAL...13

3.2.1 CLASSIFICAÇÃO...14

3.2.2 ETIOLOGIA...14

3.2.3 FISIOPATOLOGIA...14

3.2.4 DIAGNÓSTICO...16

3.2.5 TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA SEGUNDO MEDICINA OCIDENTAL...16

4. MEDICINA CHINESA...18

4.1 CONCEITO...18

4.2 ACUPUNTURA...18

4.3 ÓRGÃOS INTERNOS E A MENSTRUAÇÃO...19

4.3.1 RIM (SHEN)...20 4.3.2 FÍGADO (GAN)...20 4.3.3 BAÇO (PI)...20 4.3.4 CORAÇÃO (XIN)...20 4.3.5 ESTÔMAGO (WEI)...21 4.3.6 ÚTERO)...21

4.4 CANAIS CURIOSOS E A MENSTRUAÇÃO...21

4.5 FISIOLOGIA DA MENSTRUAÇÃO SEGUNDO MEDICINA CHINESA VERSUS MEDICINA OCIDENTAL...23

4.6 DISMENORRÉIA SOB A VISÃO DA MEDICINA CHINESA...25

4.6.1 CLASSIFICAÇÃO...25

4.6.2 ETIOLOGIA E PATOLOGIA...25

4.6.3 DIAGNÓSTICO...26

4.6.4 DIFERENCIAÇÃO DAS SÍNDROMES E TRATAMENTO...27

4.6.4.1 PLENITUDE...27

4.6.4.1.1 ESTAGNAÇÃO DE QI...27

(7)

4.6.4.1.3 ESTAGNAÇÃO DE FRIO...28

4.6.4.1.4 UMIDADE-CALOR...28

4.6.4.1.5 ESTAGNAÇÃO DE QI DO FÍGADO (GAN) CONVERTENDO-SE EM FOGO...28

4.6.4.2 VAZIO...29

4.6.4.2.1 DEFICIÊNCIA DE QI E XUE...29

4.6.4.2.2 DEFICIÊNCIA DO YANG DO BAÇO (PI) E DO SANGUE (XUE)...29

4.6.4.2.3 DEFICIÊNCIA DO YIN DO RIM (SHEN) E DO FÍGADO (GAN)...29

5. TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA COM ACUPUNTURA...31

6. CONCLUSÃO...33

(8)

RESUMO

A Dismenorréia constitui um importante distúrbio ginecológico, caracterizado por dor em cólica na região do baixo ventre ou região lombar durante a menstruação, comprometendo mulheres em qualquer faixa da idade reprodutiva. Muitas vezes, esse distúrbio impede a produtividade no trabalho ou na escola das mulheres acometidas. Sua fisiopatologia passou a ser elucidada a partir do século XX com a descoberta das prostaglandinas e seu mecanismo de ação sobre a musculatura uterina, pois até então, era vista como distúrbio psicológico associado à negação da feminilidade. A partir daí, novas técnicas de tratamento foram descobertas e outras aprimoradas, como a Acupuntura, técnica milenar chinesa que consiste na inserção de agulhas nos pontos localizados na superfície do corpo. A Acupuntura está cada vez mais se popularizando na medicina ocidental, pois seu mecanismo de ação envolve a estimulação de receptores e fibras nervosas, em complexa interação com endorfinas, serotonina e outras substâncias neuroquímicas. Essa técnica visa trabalhar o organismo como um todo a fim de promover seu equilíbrio energético. Em estudos realizados, têm apresentado resultados favoráveis na diminuição da dor em pacientes com dismenorréia, levando a melhora da qualidade de vida e bem-estar da paciente. O objetivo geral desse estudo visa demonstrar os efeitos da Acupuntura no tratamento de pacientes dismenorreicas bem como fazer um comparativo sobre a fisiologia feminina e fisiopatologia da doença sob a visão da medicina ocidental e oriental, através de uma revisão bibliográfica por meio de livros e artigos científicos nacionais e internacionais, pesquisados em meios eletrônicos como: Pubmed, Scielo e Bireme, dentre outros.

(9)

ABSTRACT

The dysmenorrhea is an important gynecological disorder characterized by colic pain in the lower abdomen or lower back during menstruation, affecting women in any range of reproductive age. Often this disorder prevents productivity at work or school of affected women. Its pathophysiology has come to be elucidated from the twentieth century with the discovery of prostaglandins and their mechanism of action on the uterine muscles, because until then, was seen as a psychological disorder associated with denial of femininity. From there, new treatment techniques were discovered and other enhanced as acupuncture, ancient Chinese technique that involves inserting needles at points located on the body surface. Acupuncture is increasingly becoming popular in Western medicine, because its mechanism of action involves the stimulation of receptors and nerve fibers in complex interaction with endorphins, serotonin and other neurochemicals. This technique aims to work the body as a whole in order to promote their energy balance. In studies, have shown favorable results in reducing pain in patients with dysmenorrhea, leading to improved quality of life and well-being of the patient. The general objective of this study is to demonstrate the effects of acupuncture in treating dismenorreicas patients as well as making a comparison on female physiology and pathophysiology of the disease in the vision of Western and Oriental medicine, through a literature review from books and scientific articles national and international, researched in electronic media such as Pubmed, Scielo and Bireme, among others.

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(11)

10 1-INTRODUÇÃO

A dismenorréia é uma queixa periódica em consultórios ginecológicos. O termo deriva do grego, sendo também conhecida como cólica menstrual ou menstruação dolorosa ou difícil e que muitas vezes é ignorada pela mulher em virtude da falta de perspectivas eficazes no seu tratamento ou por acreditar que a dor acompanhada do fluxo menstrual seja um resultado fisiológico do seu ciclo e portanto suportável (DARDES et al, 2011).

De acordo com Borges et al (2007), grande parte da população feminina é afetada por esse problema, causando sérios desconfortos e certas limitações que podem levar desde à improdutividade no trabalho ou nos estudos, até ao absenteísmo ou afastamento do trabalho durante o período menstrual.

Segundo Motta, Salomão e Ramos (2000), a dismenorréia foi descrita por Hipócrates como resultado de obstrução cervical e estagnação do fluxo menstrual. De acordo com esses autores, cerca de 50% a 70% da população feminina em algum momento da vida apresentam menstruação dolorosa, sendo que 10% têm diminuída sua produtividade no trabalho ou na escola, contudo se torna difícil determinar sua real prevalência devido à variação dos critérios diagnósticos, bem como a grande quantidade de mulheres dismenorréicas que não procuram auxílio médico.

Refere Giraldo, Eleutério e Linhares (2008), que a cólica menstrual em certos casos poderá vir acompanhada com: cefaléia, náusea, vômitos, desconforto digestivo, diarréia ou constipação, desmaios, dor na região das mamas e inchaço abdominal que pode persistir por toda a fase menstrual.

Por muito tempo a dismenorréia foi vista como um distúrbio psicológico associado à negação da feminilidade e que após o casamento melhorava. A partir da segunda metade do século XX, a fisiopatologia desta síndrome passou a ser elucidada por meio da descoberta das Prostaglandinas (Pgs) e seu mecanismo de ação sobre a musculatura uterina, o que propiciou a utilização de novas técnicas de tratamento e descoberta de terapia medicamentosa mais eficiente a base de medicamentos Antiinflamatórios não hormonais (AINES), antiespasmódicos, analgésicos, métodos anticoncepcionais hormonais, tais como contraceptivos orais e técnicas que estão se popularizando como massagens, fisioterapia e Acupuntura (DIEGOLI e DIEGOLI, 2007).

(12)

11 bem como a melhora do seu estado de humor, sua produtividade e consequentemente proporcionando aumento da qualidade de vida.

(13)

12 2-MATERIAIS E MÉTODOS

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13 3-MEDICINA OCIDENTAL

3.1 FISIOLOGIA FEMININA E DO CICLO MENSTRUAL

A fisiologia do sistema reprodutor feminino envolve o Sistema Nervoso Central (principalmente o Hipotálamo), a Hipófise, o Ovário e o Útero. O Hipotálamo irá produzir o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), o qual regula simultaneamente os hormônios Luteinizante (LH) e Folículo Estimulante (FSH) secretados pela hipófise, desse modo, o ovário responde a esses dois hormônios resultando de forma sequencial no crescimento folicular, ovulação e formação do corpo lúteo. O ovário então produz estrógenos (responsáveis pelo crescimento do endométrio) na primeira parte do ciclo menstrual e após a ovulação, quantidades significativas de progesterona são produzidas a fim de transformar o endométrio em um ambiente ótimo para a gravidez e caso essa não ocorra, o ovário deixa de produzir estrógeno e progesterona, ocorrendo a descamação do endométrio, começando o ciclo novamente (BEREK, 2008).

Para Conceição (2005), o ciclo menstrual é um processo dinâmico organizado, resultante de vários fenômenos bioquímicos, moleculares e celulares, sendo a menstruação seu fenômeno clínico objetivo mais evidente. Ela consiste da descamação do endométrio (células endometriais, sangue e muco) que ocorre ciclicamente devido à suspensão do estímulo hormonal (estrógeno e progesterona), na ausência da gravidez. Durante o ciclo menstrual normal, as alterações histológicas do endométrio dividem-se em duas fases:

 Fase Folicular: começa do primeiro dia da menstruação até o dia da ovulação. Nesta fase há o predomínio do hormônio estrogênio, o qual leva ao aumento da camada de células dentro do útero. Pode ter a duração de 14 dias ou maior que isso, fazendo com que os ciclos regulares se tornem mais curtos ou mais extensos.

 Fase Lútea: vai da ovulação até o início da menstruação. Há o predomínio do hormônio progesterona, o qual estabiliza o endométrio por 14 dias, esperando a possível gravidez. Caso esta não ocorra, o corpo lúteo que se forma no ovário após a ovulação diminui levando também à diminuição da progesterona, ocorrendo novamente a menstruação.

3.2 DISMENORRÉIA SOB A VISÃO DA MEDICINA OCIDENTAL

(15)

14 anos de idade. A dor menstrual desde o princípio da humanidade foi vista como um fardo inevitável da mulher. Culturas antigas acreditavam que a menstruação se tratava de uma força poderosa, a qual deveria ser reprimida. No século XIX as mulheres eram vítimas de cirurgias radicais como histerectomia, ooferectomia e neurotomias pré-sacrais. Foi então que nos cinquenta anos seguintes a consideraram como uma desordem psicossomática. Com o passar dos anos as mulheres começaram a dar novos significados à menstruação, como indicativo de uma perspectiva que define o início e o fim do potencial reprodutivo, uma afirmação de “mulher”, maturação ou até mesmo período de celebração (MAGALHÃES et al, 2011).

3.2.1 CLASSIFICAÇÃO

A dismenorréia pode ser classificada em primária (intrínseca), relacionada à dor em cólica recorrente, localizada no abdome inferior de mulheres, que se manifesta na ausência de doença pélvica detectável, enquanto a secundária (adquirida) é causada por alguma anomalia pélvica, como mioma uterino, endometriose, cistos ovarianos, adenomiose, dentre outras (CONCEIÇÃO et al, 2005).

Refere Dardes et al (2011), que a dismenorréia primária ocorre a partir da adolescência até segunda e início da terceira década, então diminui com o passar dos anos pelo fato de não apresentar uma causa definida, sendo característica inerente à mulher que ovula . Já a secundária aumenta com o decorrer do tempo.

3.2.2 ETIOLOGIA

O termo dismenorréia apresenta-se como sinônimo de dor pélvica relacionada ao ciclo menstrual, que se inicia no primeiro dia de sangramento menstrual ou primeira menstruação (menarca) e se prolonga até a próxima menstruação. A menarca traduz um importante evento no amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise-ovários.

Segundo Freitas et al (2011), o ciclo menstrual normal varia de 21 a 35 dias e média de 28 dias, com sangramento durando em torno de 4 a 6 dias. No entanto o número de dias da primeira fase do ciclo menstrual (proliferativa ou folicular) pode variar, já a segunda fase (lútea ou secretora) apresenta normalmente 14 dias.

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15 Uma das principais teorias que justificam a dismenorréia primária envolve as Prostaglandinas (PG’s), as quais derivam de um ácido graxo chamado ácido araquidônico (CONCEIÇÃO, 2005).

Sob a ação das fosfolipases A2, os fosfolipídeos de membrana celular liberam esse ácido araquidônico, o qual converte-se em endoperóxidos ou PG2, isoprostanos e leucotrienos. Então a ação de uma isomerase redutase nos endoperóxidos leva a produção das Prostglandinas PGF2-alfa, PGE2 e PG2 (DIEGOLI e DIEGOLI, 2007).

As PGs atuam como mediadores intracelulares e após caírem na circulação são metabolizados pelos pulmões, rins e fígado. Existem diferentes tipos de prostaglandinas, no entanto acredita-se que o aumento desproporcional de PGF2-alfa e PGE2, estaria envolvida na exacerbação das contrações uterinas (MOTTA, SALOMÃO E RAMOS, 2000).

De acordo com Conceição (2005), as PGF2-alfa e PGE2 podem ser isoladas no sangue menstrual, na urina, no plasma e no tecido endometrial. É sabido que ao final da fase secretora do ciclo menstrual existe uma maior concentração de progesterona, esta leva a instabilidade dos lisossomos das células endometriais e como resultado a liberação de enzimas como a fosfolipase A, a qual promove a liberação de ácido araquidônico, precursor de PGs.

Esse mesmo autor relata que as PGs produzidas no endométrio iriam atuar no miométrio promovendo um aumento da contratilidade uterina, isquemia e dor subsequente.

Figura 1: Fisiopatologia da Dismenorréia

(17)

16 3.2.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da dismenorréia primária é feito de forma criteriosa por meio de anamnese e exame físico normal, enquanto a secundária dá-se por meio de exames subsidiários e de imagens, devido à inconsistência observada na anamnese e achados anormais ao exame físico (HAIDAR et al, 2012).

De acordo com Giraldo et al (2008), a anamnese e exame físico realizados de 6 a 12 meses após a menarca já são satisfatórios para diagnóstico da dismenorréia primária, bem como a dor sentida na região pélvica associada com início do fluxo menstrual.

Fonte: RBM- Giraldo et al, 2008.

3.2.5 TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA SEGUNDO A MEDICINA OCIDENTAL

O tratamento mais antigo proposto por Hipócrates para aliviar a dor durante o período menstrual foi a aplicação de calor na região pélvica, sendo uma forma de tratamento utilizada com sucesso nos dias atuais. No entanto antes de qualquer prescrição medicamentosa, faz-se necessário aconselhar a paciente a prática de exercícios físicos, os quais promovem a liberação de endorfinas e consequentemente o alívio fisiológico da dor (CONCEIÇÃO, 2005).

(18)

17 Segundo Santiago et al (2002), o tratamento da dismenorréia primária pode ser abordado conforme o desejo ou não das pacientes à contracepção, pois nos casos de desejo da contracepção, o uso de anticoncepcional hormonal oral torna-se a primeira escolha, cuja eficácia chega até 90%. Sendo os AINES a segunda escolha por conta dos efeitos colaterais, sensibilidade à droga ou contra-indicações.

Para Dardes et al (2011), os AINES representam a primeira linha de tratamento para dismenorréia primária, pois agem inibindo a ciclo-oxigenase, levando a diminuição da síntese de PGs a partir do ácido araquidônico presente no endométrio e consequente diminuição do tônus uterino. Os efeitos adversos a essa classe de medicamentos são relativamente leves e toleráveis, pois sua posologia se faz de forma intermitente, sendo os mais recomendados os de primeira linha como o ibuprofeno, ácido mefenâmico e naproxeno, baseado na eficiência e tolerabilidade.

Já em caso de dismenorréia secundária a utilização de AINES pode ser útil para alívio da dor, no entanto é indispensável que se determine sua verdadeira causa, afim de que um tratamento adequado seja proposto.

Infelizmente com a automedicação, a utilização de AINES se tornou comum e muitas das vezes são administrados de forma irregular o que facilita a redução da sua eficácia (HAIDAR et al, 2012).

(19)

18 4-MEDICINA CHINESA

4.1 CONCEITO

De acordo com Yamamura (2009), a Medicina Chinesa integra um vasto campo de conhecimento de origem e de concepção filosófica abrangendo diversos setores ligados à saúde e à doença, enfatizando os fenômenos precursores das alterações funcionais e orgânicas que desencadeiam o surgimento de sinais e sintomas, cuja causa está relacionada ao desequilíbrio da energia interna induzida pelo meio ambiente ou pela alimentação desregrada, emoções retidas e fadigas. Dessa forma, a Medicina Chinesa aborda vários setores, desde o modo pelo qual o indivíduo possa crescer e desenvolver-se normalmente até os casos extremos do processo de adoecer. Assim, cinco recursos essenciais destacam-se: Alimentação, Tai Chi Chuan, Acupuntura e Ervas Medicinais.

4.2 ACUPUNTURA

A Acupuntura utiliza da experiência teórica e clínica na cura de doenças por meio de agulhamento, moxabustão, ventosas, sangria, auriculoterapia e outras técnicas. Essa ciência originou-se há aproximadamente 4500 anos na China, mas apesar de sua antiguidade, apresenta-se em contínuo desenvolvimento e progresso. De acordo com a teoria da Acupuntura, o corpo humano representa um estado de equilíbrio entre as energias Yin e Yang . O desequilíbrio entre essas duas energias no interior do corpo ou de qualquer órgão é considerado não saudável ou um estado de doença. Assim na arte da Acupuntura, diferentes técnicas podem ser empregadas para estimular pontos reflexos com o intuito de restabelecer o equilíbrio e alcançar o efeito terapêutico (WEN, 2008).

Segundo esse mesmo autor, o agulhamento consiste da utilização de agulhas especiais afim de estimular pontos de Acupuntura através do corpo com o intuito de provocar várias respostas terapêuticas de acordo com a doença e condição do paciente.

(20)

19 Esse autor relata ainda que as principais teorias da Medicina Chinesa abordam o Yin-Yang, os Cinco Movimentos e os Zang Fu (Órgãos e Vísceras), sendo o Yin e o Yang essenciais à existência de tudo o que existe no Universo.

Para Maciocia (2007), todo processo fisiológico, sinal ou sintoma pode ser analisado por meio da teoria do Yin-Yang, assim como os Cinco Elementos ou Movimentos que sustentam a natureza, onde a Madeira representa o movimento expansivo e exterior em todas as direções, o Metal faz parte do movimento contraído e interior, a Água indica o movimento para baixo, o Fogo representa o movimento para cima e a Terra representa a neutralidade ou estabilidade. Todos esses movimentos encontram aplicações importantíssimas na medicina.

Os Zang Fu fazem parte da essência da Medicina Chinesa, localizados no centro da estrutura organizacional do corpo. Os Zang têm características Yin, são mais sólidos e internos, sendo responsáveis pela formação, transformação, armazenamento, liberação e regulação das Substâncias Puras, das quais fazem parte o Qi, Sangue (Xue), Essência (Jing), Líquidos Corpóreos (Jin Ye) e Espírito (Shen). Já os Fu têm características Yang, mais ocos e externos, são responsáveis por recepcionarem e armazenarem os alimentos e bebidas, pela passagem e absorção de seus produtos de transformação e pela excreção dos resíduos (ROSS, 1985).

De acordo com Wang (2005), os Órgãos (Zang) são representados pelo Coração (Xin), Pulmão (Fei), Fígado (Gan), Baço (PI) e Rim (Shen). Já fazem parte das Vísceras (Fu) o Intestino Delgado (Xiao Chang), Intestino Grosso (Da Chang), Vesícula Biliar (Dan), Estômago (Wei), Bexiga (Pangguang), Triplo Aquecedor (Sanjiao).

4.3 ÓRGÃOS INTERNOS E A MENSTRUAÇÃO

Segundo Auteroche et al (1987), dentre os cinco Órgãos (Zang), é o Coração (Xin) que impulsiona o Sangue por meio da transformação do Qi dos Alimentos em Sangue (Xue), enquanto o Fígado (Gan) o conserva, liberando a pedido do organismo, condicionando o funcionamento normal ou patológico das menstruações e o Baço (PI) o controla e o guarda. Já o Pulmão (Fei) rege o Qi, ao mesmo tempo que o Rim (Shen) conserva a Essência (Jing), que é a base para que o Sangue menstrual seja formado, apresentando profunda relação com os Vasos Ren Mai e Chong Mai. Juntos, esses órgãos formam o Qi e o Xue. Não obstante, o Shen, o Gan, o PI, o Xin, o Wei e o Útero apresentam uma correlação privilegiada com a fisiologia e sintomas patológicos femininos.

(21)

20 abundância e circulação correta de Qi e Xue, bem como o bom funcionamento dos Órgãos, possibilitam assegurar as manifestações fisiológicas como menstruação, fertilidade, gravidez e parto.

4.3.1 Rim (Shen)

Referido como a Raiz da Vida ou do Qi Pré-Celestial, pois armazena a Essência (Jing), a qual entende-se como a matéria base para a manutenção de todas as atividades orgânicas, como a formação do Sangue menstrual, o qual é chamado Gui Celestial, pois representa a descida do Gui Celestial materializado em Água (MACIOCIA, 2000).

4.3.2 Fígado (Gan)

Apresenta importante função na fisiologia e menstruação feminina, devido a sua relação com o Útero e Sangue (Xue), pois o Útero faz o armazenamento de Xue que na maioria das vezes é recebido do Fígado (Gan); ele também representa a conexão entre o Sangue menstrual e o Sangue (Xue) normal que faz a nutrição dos cabelos, unhas, olhos, tendões; exerce significativa influência sobre a menstruação por meio do Qi, cuja função é movimentar o Sangue de modo a preparar o período menstrual (MACIOCIA, 2000).

4.3.3 Baço (PI)

Além do seu papel fundamental na formação de Sangue (Xue), governa-o no sentido de mantê-lo dentro dos vasos sanguíneos e também considerado a base da vida pós-celestial (ROSS, 1985). O Qi do Baço (PI) exerce grande influência sobre a fisiologia feminina pois apresenta movimento ascendente e mantém o Útero no lugar.

4.3.4 Coração (Xin)

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21 4.3.5 Estômago (Wei)

Apresenta suma importância na fisiologia feminina devido a sua ligação com o Baço (PI) na origem do Qi e Xue, se tornando conhecido também como Raiz do Qi Pós-Celestial. Além disso, está conectado ao Útero pelo Canal Chong Mai, fato esse, que explica o aparecimento da êmese durante a gravidez (MASTROROCCO, 2007).

4.3.6 Útero

De acordo com Maciocia (2000), pelo fato do Útero apresentar forma de um órgão Yang e função de um órgão Yin classifica-se como órgão Extraordinário, ou seja, sua cavidade apresenta função de drenagem (Yang) ao mesmo tempo em que armazena o Sangue (Xue) e nutre o feto (Yin).

Seu nome chinês Bao, significa Palácio do Feto ou Proteção da Vida. Ele atrai e recolhe o Sangue (Xue), o qual cheio de energia aloja-se no Útero por um determinado período. Após o desgaste do Xue e deficiência de energia para transmitir a vida, ocorre a menstruação (RUBINI, 2012).

4.4 CANAIS CURIOSOS E A MENSTRUAÇÃO

A função da menstruação depende de três Canais Curiosos: Du Mai, Ren Mai e Chong Mai, particularmente dos dois últimos. Esses Canais originam-se entre os Rins, onde pulsa a Força Motriz e assim, fluem através do Útero nas mulheres. O Chong Mai é o Mar do Sangue, pois influencia no suprimento e no movimento próprio do Xue no Útero controlando a menstruação em todos os aspectos. O Ren Mai domina todos os canais Yin do corpo e está intimamente relacionado ao Útero e todo sistema reprodutor feminino, mas em se tratando de energias, está conectado ao Yin, Essência e Fluídos Corpóreos fornecendo substâncias Yin para todos os processos fisiológicos e passagens hormonais das mulheres, diferente do Canal Chong Mai, o qual está relacionado com Sangue e Qi. Já o Canal Du Mai percorre a linha média dorso-lombar, governando todos os canais Yang do corpo, ele apresenta o papel de manter o equilíbrio entre Yin e Yang. (MACIOCIA, 2000).

(23)

22 Os Canais Curiosos formam o vértice de energia que emana do centro do corpo, pelo espaço entre os Rins, onde reside a Força Motriz (Qi Dong). O Chong Mai situa-se no centro deste vértice de energia. O Qi e Xue desse canal são distribuídos por todo o corpo em meridianos menores no nível energético do Qi Defensivo, e quando seu Qi chega em R-6 (Zhaohai), R-9 (Zhubin), B62(Shenmai), B-63 (Jinmen) e VB-26 (Daimai) origina os Canais Yin Qiao Mai, Yin Wei, Yang Qiao Mai, Yang Wei e Dai Mai, todos Canais Curiosos.

Figura 2 - Órgãos Internos e Menstruação

(24)

23 4.5 FISIOLOGIA DA MENSTRUAÇÃO SEGUNDO MEDICINA CHINESA VERSUS MEDICINA OCIDENTAL

De acordo com Maciocia (2000), quatro fases podem ser identificadas no ciclo menstrual:

1. Fase Menstrual: Para a Medicina Chinesa (MC), a fisiologia feminina é dominada pelo Sangue e durante o ciclo menstrual, o Xue apresenta-se em constante movimentação, pois há o livre fluxo de Qi do Fígado (Gan), bem como do Xue do Gan, enquanto que na Medicina Ocidental (MO) observa-se a diminuição dos níveis de progesterona e estrógeno que levam à descamação do endométrio.

2. Fase Pós-Menstrual: para a MC, durante essa fase, o Xue e o Yin estão deficientes e os Vasos Penetração e Concepção estão enfraquecidos, no entanto para a MO este período corresponde a fase folicular em que os folículos crescem e os níveis de estrógeno aumentam por meio da influência de um hormônio chamado Folículo Estimulante (FSH).

3. Fase do Meio do Ciclo: observa-se pela MC que o Xue e o Yin irão encher os Vasos Chong Mai e Ren Mai, Já na visão da MO, esta fase corresponde à ovulação, onde o óvulo será liberado do folículo e o corpo lúteo se desenvolverá a partir do Hormônio Luteinizante (LH).

(25)

24 Figura 3 - Fases do Ciclo Menstrual

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25 4.6 DISMENORRÉIA SOB A VISÃO DA MEDICINA CHINESA

Observa-se que para a Medicina Chinesa, a Dismenorréia (Tong Jing) é fruto das emoções contidas, da Estagnação de Sangue (Xue) na matriz (útero e anexos) ou mesmo a presença de Frio Perverso que estaria impedindo o livre fluxo de Energia (Qi) obstruindo seus canais (YAMAMURA, 2009).

4.6.1 CLASSIFICAÇÃO

De acordo com Yamamura (2009), a dismenorréia pode ser classificada de duas formas:

 Plenitude (Excesso), a qual ocorre quando o fluxo menstrual se antecipa, havendo aumento do fluxo e coloração vermelho-vivo, tendendo ao vermelho-escuro. Seria causada por emoções refreadas com posterior aumento do Yang do Fígado (Gan).

 Vazio (Deficiência), relacionada ao atraso menstrual, cuja instalação dá-se com o início do ciclo menstrual, havendo diminuição do fluxo sanguíneo e coloração pálida. Nesta classificação ocorre Deficiência da Energia do Rim (Shen) causando insuficiência energética e má nutrição do útero. O autor relata também que a penetração de Frio Perverso frente ao vazio do Shen (Rim) levaria à Estagnação de Xue na matriz.

Segundo Auteroche et al (1987), a Dismenorréia por Excesso agrava-se pela pressão, enquanto a Deficiente apresenta-se com fraca intensidade, mas persiste por um longo período de tempo.

Na visão da Medicina Chinesa, o Fígado (Gan), o Vaso Penetrador (Chong Mai) e o Vaso Concepção (Ren Mai) são os principais responsáveis pela fisiologia da menstruação. Além disso, a Estagnação de Qi e Xue seriam a causa patológica mais considerável na dismenorréia, pois se houver Estagnação do Qi do Fígado (Gan), a dor será sentida antes da menstruação, e caso haja dor durante o período menstrual é sinal de Estagnação de Xue do Gan. Portanto o Sangue (Xue) deve ser profuso e deslocar-se de forma adequada a fim de que o período menstrual ocorra normalmente e livre de dor (MACIOCIA, 1996).

4.6.2 ETIOLOGIA E PATOLOGIA

Do ponto de vista de Maciocia (1996), dentre os fatores etiológicos e patológicos que causam a dismenorréia, fazem parte:

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26 Segundo Ross (1985), o Gan é responsável por harmonizar o livre fluxo do Qi e quando não se adequa a esta função, desencadeia uma série de manifestações características da desarmonia deste órgão como reações inadequadas, excessivas ou inapropriadas, pois também é responsável pela harmonia das emoções.

Frio e Umidade: A intensa exposição ao Frio e à Umidade gera invasão de Frio no útero, o qual se contrai, levando à Estase de Xue e períodos menstruais dolorosos. A mulher apresenta maior predisposição à invasão de Frio no útero, principalmente na puberdade, durante ou após a menstruação, pois nessa fase o Xue e o útero encontram-se enfraquecidos.

Esforço Físico Excessivo: O esforço físico excessivo leva a Deficiência de Qi e Xue, principalmente de Wei e Baço (PI). Esse padrão de desarmonia implica na inadequada nutrição dos Vasos Chong Mai e Ren Mai de forma que o Xue perde a força para movimentar-se causando relativa Estagnação e dor.

Excesso de Atividade Sexual e Partos: O excesso de atividade sexual e grande quantidade de partos próximos uns dos outros, enfraquece o Shen e o Fígado (Gan). Isso leva ao Vazio dos Vasos Penetração e Concepção, os quais não conseguem movimentar o Qi e o Xue de forma adequada, desencadeando a dismenorréia.

4.6.3 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da dismenorréia segundo Maciocia (1996), pode ser obtido por intermédio de algumas avaliações como:

Hora da Dor e Pressão: a dor sentida antes e durante o período menstrual e que piore sob pressão exercida sob o abdome inferior seria do tipo Plenitude; agora, caso a dor seja sentida após o período menstrual e melhore com a pressão seria do tipo Vazio.

Calor-Frio: caso a paciente sinta-se aliviada com aplicação de calor, indicaria uma condição de Frio ou Estase de Sangue, já se a dor agravar-se pelo calor, indicaria Calor no Sangue (Xue).

Ciclo Menstrual: quando o ciclo apresentar-se prolongado e sangue escuro e coagulado, significa Estase de Xue. No entanto, se o sangue menstrual apresentar-se vermelho com pequenos coágulos escuros, designa Frio no útero. Há também a possibilidade de o ciclo ser pesado, curto e o sangue vermelho brilhante, neste caso denota Calor no Sangue (Xue).

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27 Característica da dor: quando a dor melhorar após a expulsão de coágulos ou for do tipo facada, puxão ou dragagem antes do período menstrual representa Estase de Xue; dor em distensão representa Estagnação de Qi; em queimação diz-se Calor no Sangue; tipo cãibra seria Frio no útero e dor do tipo dragagem após o período menstrual seria Deficiência do Shen.

4.6.4 DIFERENCIAÇÃO DAS SÍNDROMES E TRATAMENTO

Segundo Maciocia (1996), a principal diferenciação a ser feita é entre os padrões de Excesso e Deficiência. A forma mais comum é a do tipo Plenitude (Excesso), pois se caracteriza por dor mais intensa do que a do tipo Vazio (Deficiência).

Para a Medicina Chinesa, o tratamento da Dismenorréia parte do princípio geral de regular o Qi e o Xue nos Vasos Chong Mai e Ren Mai. Já com base no padrão principal, o princípio de tratamento inclui Mover o Qi e o Xue, Dispersar o Frio, Clarear o Calor ou Tonificar (MACIOCIA, 1996). Os padrões sindrômicos que serão discutidos, assim como os princípios de tratamento e pontos utilizados em Acupuntura dividem-se em Plenitude e Vazio:

4.6.4.1 Plenitude: Estagnação do Qi e Estase de Xue; Estagnação do Frio; Umidade-Calor; Estagnação do Qi do Fígado (Gan) convertendo-se em Fogo

4.6.4.1.1 Estagnação do Qi

Para Maciocia (2000), as principais manifestações clínicas desse padrão são representadas por dor no abdome inferior durante o período menstrual ou de 1 a 2 dias antes da menstruação. Além disso, sensação de distensão abdominal e mamária, sangue menstrual escuro sem coágulos, bem como a presença de tensão e irritabilidade pré-menstruais. A paciente apresentará Língua com coloração normal ou avermelhada nas laterais e Pulso Rugoso ou em Corda.

O Princípio de Tratamento baseia-se em Mover o Qi e o Xue, parar a dor e eliminar a Estagnação através do seguinte protocolo: F-3 (Taichong), VC-6 (Qihai), VB-34 (Yanglingquan), BA-8 (Diji), E-29 (Guilai), BA-10(Xuehai), BA-6 (Sanyinjiao), BA-4 (Gongsun), PC-6 (Neiguan), BA-14 (Fujie).

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28 Dor pujante, em cólica antes ou durante a menstruação, presença de coágulos cuja dor será aliviada após eliminação destes, sangue menstrual escuro e inquietude mental. A Língua encontrar-se-á definitivamente púrpura e Pulso em Corda. O Princípio de Tratamento consiste em revigorar o Sangue (Xue), eliminar a Estase e parar a dor por meio dos seguintes pontos de Acupuntura: F-3 (Taichong), VC-6 (Qihai), VB-34 (Yanglingquan), BA-8 (Diji), E-29 (Guilai), BA-10 (Xuehai), BA-6 (Sanyinjiao), BA-4 (Gongsun), B-17 (Geshu), R-14 (Siman), E-25 (Tianshu) (MACIOCIA, 2000).

4.6.4.1.3 Estagnação do Frio

Dor na região abdominal antes ou após a menstruação que pode ser aliviada com aplicação de calor no local. A paciente apresentará o sangue menstrual vermelho-brilhante e um tanto insuficiente com coágulos escurecidos, além da sensação de frio e dor na região das costas. A Língua será Pálida-Azulada ou Azulada-Púrpura e Pulso Profundo e Rugoso ou Profundo e em Corda. O Princípio de Tratamento fundamenta-se em aquecer o Útero, expelir o Frio e revigorar o Xue sedando-se os pontos VC4 (Guanyuan), VC-6 (Qihai), E-29 (Guilai), BA-6 (Sanyinjiao), e tonificando E-36 (Zusanli), nesse caso deve-se usar Moxa (MACIOCIA, 2000).

4.6.4.1.4 Umidade-Calor

A manifestação clínica descrita pelo mesmo autor nesse padrão de síndrome é caracterizada por dor hipogástrica antes do período menstrual e certas vezes na metade do ciclo. Ocorre também dor em queimação que se estende ao sacro, sensação de calor, pequenos coágulos no sangue menstrual, descarga vaginal, urina escassa e escura, sede e inquietação mental. A Língua será Vermelha com revestimento grudento amarelado e Pulso Escorregadio. Nesse padrão deve-se retirar o Calor, resolver a Umidade e eliminar a Estase sedando-se B-22 (Sanjiaoshu), VC-3 (Zhongji), BA-6 (Sanyinjiao), BA-9 (Yinlingquan), E-28 (Shuidao), abrir P-7 (Lieque) e R-6 (Zhaohai), VC-9 (Shuifen), IG-11 (Quchi), BA-10 (Xuehai), R-2 (Rangu) e F-3 (Taichong).

4.6.4.1.5 Estagnação do Qi do Fígado (Gan) Convertendo-se em Fogo

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29 Vermelha com revestimento amarelo nas laterais, Pulso Rápido e em Corda. O princípio de tratamento baseia-se na remoção do Calor, harmonização do Fígado (Gan), eliminação da Estagnação além de cessar a dor utilizando-se dos pontos F-3 (Taichong), F-2 (Xingjian), F-14 (Qimen), R-14 (Siman), VC-6 (Qihai), VC-4 (Guanyuan), BA-10 (Xuehai), IG-11 (Quchi), Ta-6 (Zhigou), VB-34 (Yanglingquan). Não utilizar Moxa (MACIOCIA, 2000).

4.6.4.2 Vazio: Deficiência do Qi e Xue; Deficiência do Yang do Baço (PI) e do Sangue (Xue) do Gan; Deficiência do Yin do Rim (Shen) e do Fígado (Gan)

4.6.4.2.1 Deficiência de Qi e Xue

Caracterizado por dor surda no hipogástrio ao final ou após o ciclo menstrual e sensação de repuxamento no abdome inferior, sangramento escasso, aparência pálida, cansaço, tontura discreta e fezes soltas. A dor nesse tipo de síndrome poderá ser aliviada por pressão ou massagem. A Língua será Pálida e Pulso Rugoso. Deve-se tonificar o Qi, fortalecer o Baço (PI) e nutrir Xue utilizando VC-4 (Guanyuan), VC-6 (Qihai), E-36 (Zusanli), BA-6 (Sanyinjiao), BA-8 (Diji), B-20 (Pishu) além de Moxa (MACIOCIA, 1996).

4.6.4.2.2 Deficiência do Yang do Baço (PI) e do Sangue (Xue)

Segundo Maciocia (2000), ocorre dor na região abdominal imprecisa posterior à menstruação, sangue escasso e pálido, não apresentando coágulos, dor de cabeça imprecisa, visão borrada, sensação de frio, depressão e tontura. A aplicação de calor e pressão podem aliviar a dor abdominal. A Língua será Pálida e Edemaciada enquanto o Pulso será Fino e Profundo. O princípio de tratamento fundamenta-se em aquecer o Yang, nutrir o Xue, fortalecer o Centro e parar a dor com B-20 (Pishu), VC-12 (Zhongwan), E-36 (Zusanli), BA-6 (Sanyinjiao), VC-4 (Guanyuan), F-8 (Ququan), P-7 (Lieque) e R-6 (Zhaohai), B-54 (Zhibian) e B-32 (Ciliao) esses dois últimos revigoram o Sangue (Xue) e afetam o sistema genital inferior, sendo indicados quando a dor durante o ciclo menstrual ocorre na região sacral.

4.6.4.2.3 Deficiência do Yin do Rim (Shen) e do Fígado (Gan)

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(32)

31 5-TRATAMENTO DA DISMENORRÉIA COM ACUPUNTURA

Segundo Mastrorocco (2007), até poucas décadas o mecanismo de ação da Acupuntura era explicado como puramente energético, mas com a aproximação da Medicina Chinesa, em especial a Acupuntura no Ocidente, pesquisadores direcionaram suas atenções a fim de desenvolver programas de investigação cujo objetivo era encontrar respostas com embasamento científico do seu mecanismo de ação. Desse modo, hoje são aceitos 3 mecanismos de ação, os quais são:

 Energético: diz respeito às concepções clássicas do Zang Fu e Canais de Energia ou Meridianos.

 Humoral: relaciona-se a produção e liberação de substâncias endógenas como neuro-hormônios, neurotransmissores e hormônios secretados no Sangue pela ação da Acupuntura.

 Neural: através de estudos realizados, demonstrou-se que certas áreas da pele apresentavam melhor condutibilidade elétrica em relação a áreas circunvizinhas por redução da resistência elétrica, coincidindo estas áreas com os pontos de Acupuntura Clássicos.

De acordo com Chen e Chen (2004), eficácia da Acupuntura no tratamento da dismenorréia pode ser atribuída ao fortalecimento da circulação do Sangue, bem como da Energia Vital proporcionando alívio às dores na região do útero.

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32 Canal Chong Mai com abertura em BA-4 (Gongsun) direito, os pontos Energéticos BA-6 (Sanyinjiao), BA-10 (Xuehai), B-17 (Geshu), B-23 (Shenshu), B-20 (Pishu), F-8 (Ququan), R-7 (Fuliu) bilaterais e fechamento com Yin Wei Mai por meio do PC-6 (Neiguan) esquerdo. Utilizou-se também a Moxa em E-25 (Tianshu) em todas as pacientes nas Utilizou-semanas que antecediam a menstruação. Os resultados obtidos com esse estudo foi que dentre as sete participantes, seis obtiveram uma redução da dor menstrual de 50% ou mais quando comparada com a dor que sentiam antes do tratamento com Acupuntura. Observou-se também a diminuição ou cessação do uso de remédios alopáticos.

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33 6-CONCLUSÃO

Conforme o exposto, é possível notar que a Acupuntura proporciona resultados satisfatórios no tratamento da dismenorréia e que na maioria dos casos se mostrou eficaz na redução da dor em pacientes com cólica menstrual. Essa técnica da Medicina Chinesa apresenta-se em constante evolução e com maior número de adeptos a cada ano devido às altas taxas de sua efetividade e melhora da qualidade de vida de pacientes. Com relação ao comparativo entre a Medicina Chinesa e Ocidental, a fisiologia feminina apresenta pontos em comum, já a fisiologia da menstruação, bem como o conceito e classificação da dismenorréia se diferenciam, não por serem divergentes, mas por partirem de paradigmas distintos, contudo acabam se complementando.

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34 7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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